sexta-feira, 27 de agosto de 2021

MANIFESTAÇÃO POLITICA EM BAIXA VERDE EM 1898


Segundo o jornal A República foi marcado para o dia 15/02/1898 uma reunião politica com a presença do chefe republicano, o coronel Felismino do Rego Dantas, na povoação de Baixa Verde, onde dispunha de todo o eleitorado que era leal e dedicado.

O coronel Felismino Dantas de fato ali chegou, quando esperavam ansiosos todos os seus amigos ali residentes fazendo naquela povoação uma entrada triunfante "porque o acompanhava crescidíssimo número de cavalheiros". Antes de chegarem a Baixa Verde foi se incorporando a cavalgada que já era bastante crescida desde a vila do Taiu, por onde passou aquele chefe politico, grupos de 6, 8 e mais cavalheiros.

As 09h00 da manhã do dia 16/02/1898 quando ali chegou ouviram-se nos ares girandolas de foguetes, ao mesmo tempo que dentre a multidão se ouviam estrepitosos vivas à democracia brasileira, ao senador Pedro Velho, ao Governador do Estado e ao coronel Felismino Dantas.

Houve um jantar para mais de 100 pessoas, inclusive senhoras.

À noite daquele mesmo dia houve animadíssima soireé, que se prolongou até as 05h00 da manhã, "reinando sempre a melhor ordem, e divisando-se nos semblantes dos circundantes grande júbilo e satisfação que lhes proporcionava aquela reunião de sinceros republicanos".

Desde a chegada do coronel Felismino Dantas até sua partida no dia seguinte à tarde "foguetes e girandolas fendiam os ares quase constantemente".

À hora da partida viu-se o chefe republicano da região sendo festejado por grande número de amigos, que o acompanharam até a grande distância donde então voltaram a seus lares, depois de darem-lhe o abraço de despedida e lhe assegurarem mais uma vez o seu apoio ao partido chefiado pelo mesmo coronel,  "o qual, pela sua boa orientação politica, traz arregimentado sob sua bandeira um partido invencível" ( A REPÚBLICA, 26/02/1898, p.2).

É uma das mais antigas, se não o primeiro, comício realizado no Mato Grande já registrado.

         Além de chefe do partido republicano na região do rio Ceará-Mirim, o coronel Felismino Dantas foi intendente do município homônimo.

Coronel Felismino Dantas.


O CINEMATÓGRAFO EM NATAL


"Dessa bela novidade

fui à primeira função,

E saí pensado mesmo

Ser aquilo arte do cão!"

A epigrafe a cima foi assinada por um certo Lulu Capeta e registrado no jornal A República em 19/04/1898 para se referir a novidade do cinema em Natal, à época chamado de cinematógrafo.

De fato era novidade a exibição de cenas em movimento visto ter sido a invenção dos irmãos Lumiere aparecido em 1895.

Uma visão mais otimista que a de Lulu Capeta do cinematógrafo foi exibida no mesmo jornal, segundo o qual:

"Sábado à noite o Sr. Nicolau Parente fez uma excelente exibição do cinematógrafo - mais uma das grandes aplicações da eletricidade, devida ao grande gênio de Edison. O trabalho agradou bastante e é uma das melhores diversões que temos gozado nesta capital".

Ainda de acordo com o citado jornal foram exibidas naquele sábado cenas do Jubileu da rainha Vitória, "onde viam-se todos os movimentos do grande cortejo", os Banhos da Alvorada, a Catedral de Milão, o Casamento do Príncipe de Nápoles, o Panorama de Veneza, a Chegada em Gondolas, a Comida aos Pombos na Praça São Marcos e a Chegada do Trem.

Sobre a exibição desses filmes escreveu o jornalista de A República: É de notar a naturalidade com que são apresentadas todas as cenas, dando a ilusão do natural. Os 'Banhos da Alvorada', sobretudo, merecem os favores do público distinguindo-se perfeitamente os gestos dos banhistas e os salpicos d'água".

De acordo ainda com o jornal citado o Sr. Parente pretendia demora-se na capital potiguar, exibindo muitas outras cenas do cinematógrafo, no entanto os filmes seriam sempre os mesmos, ou seja o jubileu da Rainha Vitória, os Banhos da Alvorada e a Chegada do trem, apesar de prometer nos dias seguintes serem mais variados.

"O público ficará agradavelmente e surpreendido com as aplicações do cinematógrafo, e é de esperar que proporcione extraordinárias enchentes à excelentes distração de que nos vimos ocupando" escreveu o jornalista do jornal citado (A REPÚBLICA, 19/04/1898, p.1).





Recortes do anúncio de exibição do cinematógrafo em Natal.
Fonte: A República, 19/04/1898, p.1.

No dia 26/04/1898 o jornal A República voltou a se ocupar da novidade do cinematógrafo em Natal, onde escreveu: "conforme estava anunciado o Sr. Nicola Maria Parente, sábado à noite, exibiu novas e interessantes vistas no 'Cinematógrafo', satisfazendo, como sempre, às exigências do público desta capital, sequioso de diversões agradáveis de um povo civilizado"( A REPÚBLICA, 26/04/1898, p.2).

Dentre as cenas exibidas salientou o jornal citado a naturalidade admirável da cena "os jogadores de cartas" e o "homem cão". Entretanto, o que mais mais surpreendeu, de acordo com o mesmo jornal, foi o final do quadro "banhos da alvorada" em que "naturalmente por uma inversão das fotografias ou do aparelho projetor, os banhistas que atiravam-se à água tornavam a ascender como impelidos por uma mola, dando cambalhotas no ar e indo cair precisamente nas extremidades dos trampolins que tinham servido para lhes darem impulso no primitivo salto. É o caso de dizermos: digam os sábios da escritura, que segredos são esses da natura" ( A REPÚBLICA, 26/04/1898, p.2).Eis, então, a mais antiga, se não a primeira, descrição de um filme cinematográfico e sua critica feita em Natal.

De acordo com o mesmo jornal a exibição dos filmes naquele dia atraiu bastantes pessoas tendo o jornalista usado a expressão "a enchente foi completa"  para indicar que o o local das exibições estava lotado.

Se prometia novas exibições no dia seguinte.

O cinematógrafo foi uma invenção dos irmãos Louis e Auguste Lumiere o qual o patentearam em 13/02/1895.

O aperfeiçoamento capital introduzido nesse aparelho foi o de substituir e desenrolar continuamente a película por um movimento descontinuo, cortado de interrupções regulares, que permitia uma maior duração da iluminação, 1/24 de segundos para 16 imagens por segundo, ao invés de 1/6.000 do Kinetoscopia de Edison.

Dos filmes listados a cima que foram os primeiros a serem exibidos em Natal encontramos apenas a chegada do trem na estação que é o primeiro filme de cinema a ser produzido em 1895.O link desse filme está a baixo.

https://www.youtube.com/watch?v=LWwYhG4UW8E


A INAUGURAÇÃO DA IGREJA EVANGÉLICA DE NATAL

      De acordo com o jornal A República no dia 03/09/1898, um sábado a tarde, foi inaugurada na capital potiguar, perante a presença de fiéis e assistência de convidados, o tempo da Igreja Evangélica, edifício sólido e elegante, ainda não acabado totalmente.

O ato foi solene e começou por um hino religioso, seguindo-se uma invocação pelo ministro Wiliam Porter, ouvida de pé pelos presentes, a exceção de um outro hino, explicação de um trecho da bíblia sobre a importância dos templos e o ato propriamente da inauguração, que constituiu-se em uma ata de assinaturas pessoas presentes, a qual foi encerrada em uma caixa de madeira onde também se depositaram uma bíblia, livros religiosos, e jornais, sendo tudo enterrado sob uma pedra de mármore na entrada do edifício.

Por ocasião da inauguração se fizeram discursos análogos ao ato o Dr. Diógenes Nobrega e o capitão João Ferreira Nobre, tocando as músicas a banda de música do Batalhão de Segurança o hino nacional (A REPÚBLICA, 07/09/1898, p.1).Por equivoco de paginação a noticia deixou de ser publicada na edição do dia anterior, ou seja, no dia 06/09/1898.

Penso, salvo engano, tratar-se da Igreja Presbiteriana de Natal localizada no largo da Av. Junqueira Aires, por trás da prefeitura de Natal.





quarta-feira, 25 de agosto de 2021

SOBRE TAIPU ENTRE 1894 E 1896

 

A seguir apresentamos algumas notas que configuram um achado precioso para a compreensão da história do município de Taipu em seus primeiros anos como município autônomo.

A desobstrução da estrada pública de Taipu

De acordo com o jornal A República em 12/05/1894 foi remetido o oficio nº 736  do governo do Estado recomendando que colocasse a disposição da Intendência do Taipu, por conta da verba das obras públicas e por intermédio da coletoria do Ceará-Mirim, a quantia de 300$00 (trezentos réis), destinados à desobstrução da estrada pública que comunicava a vila de Taipu com a cidade de Ceará-Mirim (A REPÚBLICA, 12/05/1894, p.1).

A referida estrada é a atual estrada municipal do Juamirim passando pela Gameleira indo ter em Itapassaroca e a cidade de Ceará-Mirim.

Coleção de leis municipais

Já no dia 11/08/1894 foi lida no expediente da sessão anterior do Congresso Estadual a coleção de leis e resoluções da Intendência Municipal de Taipu indo as mesmas à comissão de negócios municipais (A REPÚBLICA, 11/08/1894, p.2).

Nada mais foi encontrado sobre essa coleção de leis municipais de Taipu.

Alteração de limites e terras devolutas

No dia 08/09/1894 foi apresentada em sessão do Congressão Estadual uma petição da Intendência Municipal de Taipu requerendo a alteração dos limites do respectivo município segundo as bases que o mesmo oferecia. A referida petição foi a comissão de estatísticas.

Outra petição da mesma intendência solicitava do Congresso Estadual permissão para tributar as terras públicas do Estado que se achavam dentro do município, indo esta petição a comissão de fazenda (A REPÚBLICA, 08/09/1894, p.2).

Nada mais foi encontrado sobre essa alteração dos limites municipais.

Mudança toponímica

Mas, mais interessante por nós encontrado nos alfarrábios do jornal A República foi o registro do ofício da intendência municipal de Taipu comunicando ter mudado o nome de Vila de Taipu para vila do Livramento. A comunicação a comunicação  foi a comissão de constituição e poderes (A REPÚBLICA, 08/09/1894, p.2).

Como visto a cima, intendência municipal havia aprovado a mudança toponímica e feito a comunicação ao Congresso Estadual para as devidas providências, de ratificar ou rejeitar a deliberação municipal. Não encontramos as decisões posteriores da comissão de constituição e poderes, mas como se sabe o nome do município não foi alterado visto que os relatórios oficiais do governo do Estado do anos subsequentes citam o município com o seu nome original.

Se na prática a lei votada pela intendência de Taipu não "vingou" temos o fato de que a devoção a padroeira do Taipu, Nossa Senhora do Livramento, estava já enraizada na cultura local a ponto de se aprovar a mudança toponímica para lhe homenagear.

Recorte do jornal A República onde consta ter sido mudado o nome da vila de Taipu.
Fonte: A República, 08/09/1894, p.2.

Assim, houve uma mudança toponímica oficializada pela intendência de Taipu  a qual ou não foi ratificada pelo Congresso Estadual ou se foi caiu em descrédito e não "vingou".

        Hoje já não se faz mais sentido haver mudança toponímica pois o nome Taipu já está consagrado, a menos que dê uma doidice na Câmara de Vereadores de Taipu e mude o nome do município para bajular algum politico ou qualquer outra figura de reputação duvidosa.

Nomeação de carcereiro

Em 25/10/1895 foi nomeado o cidadão Avelino Antônio dos Santos apra exercer o lugar de carcereiro da cadeia da Vila de Taipu (A REPÚBLICA, 25/10/1895, p.1).

Eleições municipais

Naquele ano de 1895 o município de Taipu era o único do Estado que não era distrito judiciário, portanto, não houve eleições para juízes, houve apenas para os membros da intendência em eleições realizadas em 15/11/1895 para o triênio 1896-1898.

Naquelas eleições foram eleitos para a intendência municipal de Taipu: Manoel Eugenio Pereira de Andrade, Henrique Basílio do Nascimento, Vicente Rodrigues da Câmara, Carlos Alberto Davino, Francisco Teixeira de Oliveira, João Gabriel Campo e Justino Caetano Leite (A REPÚBLICA, 15/12/1895, p.3).

Obras de açudagem

Em 10/09/1895 foi provado pelo Congresso Estadual uma verba para o governo do Estado usar em açudagem nos municípios do interior do Estado. Ao município de Taipu coube a quantia de 3.000$ (A REPÚBLICA, 10/09/1895, p.1).No mesmo dia foi apresentado o orçamento da intendência de Taipu que foi a comissão de negócios municipais para a aprovação (A REPÚBLICA, 10/08/1895, p.3).

Já em 1895 o referido jornal registrou que  tendo o cidadão José Vilela Cid celebrado um contrato no valor de R$ 2.500$00 para fazer os serviços de que precisava o açude público da vila de Taipu foi recomendado pelo governador ao inspetor do tesouro que fosse entregue ao referido contratante a quantia de 1.250$000 (A REPÚBLICA, 20/10/1895, p.2).

Em 05/01/1896 o jornal A República registrou que haviam sido concluídos os serviços da reconstrução do açude púbico da vila do Taipu pelo cidadão José Veloso Cid, conforme informação enviada pela comissão nomeada pelo governo do Estado ( A REPÚBLICA, 05/01/1896, p.2).

O governador recomendou que se entregasse a quantia de 1.250$ (um conto, duzentos e cinquenta mil réis) nos termos da cláusula I do respectivo contrato de serviços de reconstrução do referido açude.

Litigio entre Taipu e Jardim de Angicos

Em 07/08/1895 foi enviado ao jornal A República o protesto vindo da intendência de Taipu a respeito das alterações de limites entre Taipu e Jardim de Angicos, tendo sido o mesmo registrado na edição do dia 15/08/1895.

De acordo como citado protesto: " a nossa circunscrição territorial sofreu um esbulho, uma verdadeira amputação pelo Decreto que fixou os limites de Jardim de Angicos, quando esse antigo distrito de paz foi elevado a município. É o fato que acham-se injustamente na posse de um vasto trecho de terreno, fértil e bem povoado, compreendendo o arraial de Cauassú, que tanto pela situação geográfica como pelas conveniências administrativas devia pertencer-nos. Esse terreno que não tem menos de 25 quilômetros de extensão sobre outros tantos de largo, prolonga-se da barra da Milhã à ponta do serrote "Torreão", 2 e 1/2 quilômetros distante da nossa povoação de Baixa Verde. Constando-nos que o o Congresso cogita de resolver sobre as dúvidas e litígios que  frequentemente tornam contestáveis os limites intermunicipais, avivando e retificando os mesmos limites, parece azado ensejo de apresentar as nossas fundadas queixas, esperando justiça e remédio à iniqua divisória presentemente em vigor" A REPÚBLICA, 15/08/1895, p.4).

O autor do protesto assinou apenas desta forma: " S ...".

Sabemos agora que houve nas primeiras horas do município de Taipu litigios territoriais com os três municípios limítrofes, de Jardim de Angicos,  Ceará-Mirim e São Gonçalo. De Jardim de Angicos não encontramos maiores informações sobre as rusgas entre ambos municípios pela disputa do território do Cauassú, sabendo-se porém que o mesmo ao que parece foi ratificado no município de Jardim de Angicos, já com os outros dois municípios, as questões de limites foram resolvidas definitivamente por lei estadual em 1918.

     Com o município de Touros parece que sempre foi ponto pacífico os limites entre ambos, pois até o presente momento nada foi encontrado em que um dos dois questionasse as fronteiras de seus respectivos municípios.

Crônicas municipais

Em 1895 o governador do Estado havia recomendado as intendências municipais que enviassem a secretaria do governo os dados referentes aos respectivos municípios os quais deveriam constar de todas as informações possíveis a cerca da municipalidade, onde os referidos dados seriam publicados no jornal A República como uma espécie de crônicas dos municípios.

       De Taipu só encontramos o protesto a cima e os dados sobre os limites municipais que se seguem.

Os limites municipais de Taipu

Em 15/08/1895 foi apresentado no jornal A República uma descrição dos limites municipais de Taipu, segundo o qual: 

"O município de Taipu acha-se encravado entre os de Touros ao norte, Ceará-Mirim à leste, São Gonçalo ao sul e Jardim de Angicos a oeste. De Touros separa-se a corrente denominada "Riacho Seco"; do Ceará-Mirim uma linha que a partir da barra do referido Riacho ao norte, passa pela Lagoa do Mato, Barra do Cuité, Passagem das Pedras, Cruz do Salvador, Passagem do Riacho, seguindo por este a cima até o Poço do Juazeiro; de São Gonçalo uma linha que tendo por ponto de partida o referido Poço do Juazeiro, segue na direção do Poente, atravessando a Lagoa de São Joaquim a Ponta do serrote do Urubu, o tanque do Quetururé e a serra dos Macacos; de Jardim de Angicos a linha que partindo da Barra da Milhã, segue na direção sul-norte, passando pelo serrote Torreão em demando das fronteiras meridionais do municípios de Touros" (A REPÚBLICA, 15/08/1895, p.4).

O registro a cima ocorreu 4 anos após a criação do município, como não foi possível até o presente momento encontrar nenhuma informação sobre o ato de criação do município os quais constavam os respectivos limites municipais, deve-se crer que este é a mais antiga informação sobre o referido assunto e nelas podemos ter uma exata noção do tamanho do município de Taipu ao ser criado.

As obras do açude de Baixa Verde

Não encontramos os detalhes dos serviços que foram realizados na recuperação do açude da vila de Taipu, porém, o jornal A República registrou a inspeção que foi realizada na povoação de Baixa Verde onde também se estava realizando serviços de igual teor.

Segundo o jornal citado o inspetor designado para inspecionar os referidos serviços assim relatou sua visita a Baixa Verde:

"Chegando à povoação de Baixa Verde daquele nome, pertencente ao município de Taipu, verifiquei que se achava devidamente reconstruído, debaixo de boas cercas, que prometem a duração de 5 anos, o açude do sitio denominado Baixa Verde.

O serviço, a meu ver, e pelo que disseram todos os moradores do lugar, oferece seguras garantias de solidez e estabilidade.

Ali, sobre o velho açude, o empreiteiro contratante elevou as paredes primitivas, à altura de mais de 10 palmos, de sorte que ficou com uma barragem  de espessa camada de terra, de 80 braças de extensão, com 50 palmos de base e 25 de altura.

O sangradouro, obra nova, construído de pedra e cal, presta-se vantajosamente ao fim a que se destina. As cercas ocupam, em derredor do açude, um perímetro de mil braças em quadro.

Com quanto aquele açude não tivesse recebido água, no inverno deste ano passado, ocupa 150 braças d'água em seu leito, com 40  de largura e no purão como ali se diz ( A REPÚBLICA, 05/06/1896, p.1).

Ainda segundo o mesmo jornal o empreiteiro contratante dessa obra em Baixa Verde era Elias Cardoso.


domingo, 22 de agosto de 2021

O ALTO JURUÁ


Já ouviu falar no Alto Juruá em Natal? ele faz parte do bairro de Petrópolis e por pouco não ganhou autonomia como bairro da capital potiguar com a denominação de Pe. João Maria, aliás, foi lá onde passou seus últimos dias de vida o famoso padre de Natal vindo ali a falecer em 1905 e onde atualmente se encontram seus restos mortais na igreja de Nossa Senhora de Lourdes.

Igreja matriz de Nossa Senhora de Lourdes do Alto Juruá.

Sobre aquele recanto, pobre, diga-se de passagem, da capital potiguar colhemos as informações que se seguem.

A ação social da Congregação Mariana da Catedral

A associação religiosa católica Congregação Mariana dos Moços Católicos de Natal, constituídas por rapazes realizou um importante apostolado social no Alto Juruá.

Em 24/11/1946 na reunião dominical da referida associação religiosa seriam debatidos importantes assuntos aos quais se prendiam os novos planos de ação a serem postos em prática pela Federação Mariana da diocese visando a assistências social e religiosa às famílias pobres residentes no Alto Juruá, no bairro de Petrópolis ( A ORDEM, 23/11/1946, p.6).

Em 28/11/1946 seria realizada uma reunião, na sede da Federação Mariana, na rua João Pessoa, com todos os congregado marianos que deram sua adesão aos trabalhos de apostolados social no Alto Juruá, em Petrópolis. Nesta ocasião o dr. Oto Guerra falaria sobre o recenseamentos a ser feito entre as famílias pobres dali, distribuindo as fichas para colher as informações dessas famílias (A ORDEM, 27/11/1946, p.4).

Inicialmente os congregados marianos mantiveram ali aulas de alfabetização e de catecismo e fundaram também um ambulatório médico.

        Sob a direção do Pe. Emerson Negreiros, os congregados marianos iria iniciar em 1950 mais um apostolado em favor da pobreza do Alto Juruá, cooperando para o bom êxito do Ambulatório-Escola que seria brevemente instalado ali.

Para entrar em contato com a população católica dali, os marianos participariam de um concentração em frente ao prédio onde funcionava o ambulatório.

O Pe. Emerson Negreiros continuava trabalhando em favor daquela obra, apelando aos católicos em geral no sentido de remeterem os seus auxílios, que em dinheiro ou objetos (pratos, panelas, mesas, bancos, etc.) ao ambulatório-escola.

Em preparação ao mesmo já estava funcionando com grande comparecimento um centro de catecismo, a cargo das senhorinhas da Juventude Feminina Católica-JFC e segundo o jornal A Ordem reinando muito interesse no seio das famílias residentes no Alto Juruá ( A ORDEM, 28/04/1950, p.1).

A Congregação Mariana teve a iniciativa de fundar o Centro Social Nossa Senhora de Lourdes no Alto Juruá, onde aquela região habitada por gente boa e humilde necessitava de assistência.

Foi assim que procurando atender da melhor maneira possível aqueles habitantes do Alto Juruá no que se referia a assistência dentária, os congregados marianos inauguraram no dia 04/06/1950 um gabinete dentário no Centro Social Nossa Senhora de Lourdes, funcionando em prédio dotado de amplas instalações modernas, estando o mesmo a cargo do Dr. Wiliam Gurgel Cunha, sendo gratuito esse serviço traria grandes benefícios para os pobres dali (A ORDEM, 03/06/1950, p.4).

Naquele mesmo ano a Congregação Mariana iniciou um curso de alfabetização de adultos (A ORDEM, 27/06/1950, p.4).

No dia 22/10/1950 foi realizada um concentração cívico-religiosa no Alto Juruá no Centro Social Nossa Senhora de Lourdes seguindo-se de uma procissão com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes que percorreu as ruas do bairro com a presença de grande multidão, notando-se a presença de congregados marianos, tendo presidido a concentração o Pe. Emerson Negreiros. De acordo com o jornal A Ordem o povo participou da procissão com verdadeiro espirito de piedade ouvindo-se o espoucar de foguetões durante o itinerário do préstito (A ORDEM, 22/10/1950, p.4).

Em 30/11/1950 foram encerradas as aulas da classe infantil que funcionava no Centro Social Nossa Senhora de Lourdes no Alto Juruá, sob os auspícios da Federação Mariana de Natal.

A escola infantil era dirigida pela professora Margarida de Oliveira, auxiliada pela professora Maria Oliveira que esteve presente aquelas festividades a qual contou com grande número de alunos comparecendo também ali membros da Federação Mariana. Foram tiradas fotografias dos diversos aspectos daquela conclusão do ano letivo, de muito proveito para as crianças pobres daquele bairro.( A ORDEM, 01/12/1950,  p. 4).

A escola mantida pela Congregação Mariana estava localizada na rua 2 de Novembro nº 79.

Em 1951 a escola de alfabetização de adultos e catecismo estava soba direção do congregado mariano professor Felipe Neri de Andrade, auxiliado pelo congregados Olavo Silva e Dr. João Manoel de Maria (A ORDEM, 03/09/1951, p.4).

A Sociedade Progressista e Beneficente

Com a finalidade de neutralizar as constantes explorações dos agentes comunistas, que procuravam tirar proveito para a sua propaganda junto a gente pobre, foi fundada no morro do Alto Juruá no bairro de Petrópolis, na capital potiguar, a sociedade formada de operários, pequenos funcionário e trabalhadores.

Tratava-se da Sociedade Progressista e Beneficente do Morro Alto Juruá, cuja solenidade de fundação se verificou no dia 12/10/1947 e segundo o jornal A Ordem sua finalidade era defender os direitos e os interesses da população de referido morro.

A diretoria da nova instituição ficou assim formada: Joaquim Caldas Moreira, presidente, Luís da Costa Câmara, vice-presidente, Manoel Nicácio, 1º secretário, Severino Alves, 2º secretário, Aprígio Alves, tesoureiro. Já o conselho fiscal foi assim composto: Luís Barbalho Bezerra, Pedro Batista de Souza e Antônio Pessoa da Silva (  A ORDEM, 15/10/1947, p.2).

A referida associação esteve reunida no dia 30/10/1947, sob a presidência do capitão Juvêncio Cordeiro, engenheiro chefe do Serviço de Vales Úmidos do Nordeste, que dirigiu entusiastas palavras aos presentes, tendo o presidente da SPB, Joaquim Caldas Moreira, proferido vibrante discurso, apoiando o ato do presidente da República no rompimento das relações do Brasil como a Rússia.

Também usaram da palavra os Srs. Pedro Vilela, delegado de policia de Petrópolis e Manoel Alves de Assis, tendo sido comunicada a resolução da prefeitura de Natal em nadar construir uma estrada de rodagem na rua 2 de novembro, que muito beneficiaria a população daquele bairro (A ORDEM, 03/11/1947, p.1).

       A Sociedade Progressista e Beneficente do Alto Juruá era a encarregada de promover as festas natalinas com seus folguedos tradicionais que caracterizavam a vida social daquele recanto de Natal.

O Cruzeiro em homenagem ao Pe. João Maria

Com a aprovação do bispo diocesano e do vigário da paróquia da Apresentação, o presidente da Sociedade Progressista e Beneficente do Alto Juruá Joaquim Caldas Moreira, iria iniciar um movimento popular para a construção do Cruzeiro Padre João Maria, em homenagem ao virtuoso sacerdote querido de Natal.

A planta do monumento já havia sido aprovada e o mesmo seria erguido em frente a casa onde morreu o Pe. João Maria, à rua 2 de Novembro naquele bairro, estando a mesma exposta na vitrine da fotografia Elite do sr. João Alves, na rua Dr. Barata (A ORDEM, 12/12/1947, p.2).

A construção da capela 

De acordo com o jornal A Ordem a construção da capela no Alto Juruá se faria em breve ( A ORDEM, 02/12/1950, p.4).Em 08/01/1951 o Pe. Emerson Negreiros em reunião da Congregação Mariana demorou-se em torno do apostolado no Alto Juruá e em prol da construção da capela em honrado Pe. João Maria ( A ORDEM, 08/01/1951, p.4).

Em 26/05/1951 seria realizado no Teatro Carlos Gomes um festival artístico em beneficio da construção da capela Pe. João  Maria que um grupo de católicos estava construindo no Alto Juruá ( A ORDEM, 23/05/1951,p.4).

Em 14/05/1951 o jornal A Ordem registrou os nomes dos novos contribuinte para a construção da capela Padre João Maria, que foram eles: General Fernando Távora: Cr$ 500,00, Prof. Luis Soares: Cr$ 200,00, Juarez Bessa: Cr$: 200,000, Adauto Maia: Cr$: 200,000, Pedro da Costa Câmara: Cr$ 200,00, Julieta Silva: Cr$ 100,000, Cicero Domingos: Cr$ 100,00, Milesi Nesi Simonetti: Cr$ 100,00, Dulce Figueiredo: Cr$ 50,00, Carmem Varela: Cr$ 50,00, Dourinha Varela: Cr$ 50,00, Laura Bessa: Cr$ 50,00, Dr.Manoel Luís Gomes: Cr$ 50,00, Antonio Capistrano: Cr$ 50,00, Jonas Gurgel: Cr$ 50,00, Manoel Fernandes Negreiros: Cr$ 50,00, Francisco Canindé: 50,00, Dulce Miranda: Cr$ 50,00 (A ORDEM, 14/05/1951, p.3).

De acordo com o demonstrativo finaceiro da campanha em prol da construção da capela do Padre João Maria no Alto Juruá em 22/12/1951 apresentado pelo jornal A Ordem até aquela data já havia sido recebidos em donativos Cr$ 17.245,00, dos quais Cr$ 1.794 vindas do festival do Alto Juruá, Cr$ 504,00 do Grupo Alberto Torres, Cr$ 1.576,00 do Colégio Santo Antonio, totalizando Cr$ 4.265,00.De receitas diversas vieram de vendas de medalhas Cr$ 313,50 e de juros de depósitos Cr$ 127,00, totalizando Cr$ 440,00, somando-se tudo deu Cr$ 21.95,50 em receitas.

Desse valor foram deduzidos em despesas 5.080,00, dos quais pago para compra de um sino Cr$ 1.300,00, idem para um presépio cr$ 500,00, idem para compras de medalhas cr$ 450,00, idem para transmissão de escritura cr4 1.200,00, idem para demolição de um casa no terreno da capela Cr$ 1.150,00, idem para publicações Cr$ 380,00, idem para transportes Cr$ 100,00.

Em depósito constava em conta corrente Cr$ 15.867,00 e em caixa Cr$ 1.503,00, totalizando Cr$ 18.870,00, sendo o total geral Cr$ 21.950,50.  

Assinou o referido demonstrativo o Pe. Emerson Negreiros em 12/12/1951, responsável pela construção da capela (A ORDEM, 22/12/1951, p.4).

Segundo o jornal O Poti em 1957 continuava a construção da capela Padre João Maria no Alto Juruá, de acordo com o referido jornal "todos nós conhecemos os esforços do Ginásio ara a construção da mesma, salientando-se a ação do seu diretor, Cônego Eymard L'Eralstre Monteiro" ( O POTI, 22/10/1957, p.7).


Igreja do Alto Juruá em construção. Foto: O Poti, 22/10/1957, p.7.

Ao que parece a igreja do Alto Juruá já estava concluída em 16/10/1959, pois naquele ano seria celebrada missa em ação de graças pela alma do Pe. João Maria  na igreja já denominada Nossa Senhora de Lourdes (DIÁRIO DE NATAL, 15/10/1959, p.8).

Em 02/11/1965 foi inaugurada a Casa Paroquial de Nossa Senhora de Lourdes, anexa a igreja do Pe. João Maria. A solenidade foi realizada as 17h00 e a noite houve festa comemorativa na praça em frente a referida casa com show, serviço de bar e outras atrações (DIÁRIO DE NATAL, 30/10/1965, p.4).

Festas natalinas

Dentro das festividades natalinas na capital potiguar em 1947 houve missa campal e fandango com a presença do prefeito Silvio Pedrosa e outras autoridades.

A comissão de realização das festas naquele recanto de Natal estava composta por Luís Câmara, Aprigio Alves Severino Alves, Luís Bezerra Barbalho, Manoel de Assis e Joaquim Caldas Moreira, autor da ideia do Cruzeiro Padre João Maria e o presidente da Federação dos Folguedos Tradicionais do Rio Grande do Norte Pedro Batista (A ORDEM, 26/12/1947, p.4).

As festas do período natalino se tornaram a marca do Ato Juruá sendo ali realizados festejos populares de fandangos, lapinhas, bambelôs, etc., que atraiam para lá muitas pessoas.

A Sociedade Beneficente do Alto Juruá que tinha a sua frente o Sr. Pedro Vilela Cid, estava organizando vasto programa para os festejos de Natal, incluindo fandango, pastoril e outros festejos populares a ter inicio no dia 24/12/1949 e prolongando-se até os primeiros de janeiro do ano seguinte.

As 14h00 dia 25/12/1949 seria distribuído brinquedos, roupas e guloseimas as crianças pobres do Alto Juruá. Esta iniciativa teve apoio do comércio e sociedade natalense, iria contemplar 460 crianças pobres daquele bairro (DIÁRIO DE NATAL, 22/12/1949, p.4).

Iniciadas em 24/12/1952 prosseguiram cada vez mais animadas as festas natalenses do Alto Juruá promovidas pela Sociedade Progressista e Beneficente daquele bairro. Todas as noites vinha funcionando festas de caráter tradicional contando com o comparecimento de grande número de pessoas.

Na noite do dia 24/12/1952 houve a coroação da rainha eleita da festa, Srta. Maria Silva Santos, cuja votação foi das mais surpreendentes. A solenidade de coroação foi presidida pelo prefeito Creso Bezerra, no salão nobre do grupo escolar. As 01h40 foram encerradas as celebrações festivas para dar inicio a missa de Natal, ato esse que foi assistido por mais de 1.200 pessoas. Ninguém dentre os presentes deixou de comparecer a missa.

As festividades no Alto Juruá se estenderam até o dia 01/01/1953 sempre caracterizada pela presença de folguedos populares que tanto encanto vinha dando a tais celebrações (A ORDEM, 30/12/1952, p.4).

Em 11/12/1957 teria inicio as 20h00 uma festa no Alto Juruá com a participação de grupos apresentando danças populares, como o fandango, o bambelôs e a lapinha. Essa festa seria realizada em beneficio da construção de igreja Padre João Maria que se encontrava com serviços bastantes adiantados (DIÁRIO DE NATAL, 10/10/1957, p.6).

O crescimento do Alto Juruá

Um requerimento em comum acordo entre os deputados José Nicodemos, Arnaldo Simoneti, Antônio Soares Filho e Djalma Marinho foi assim redigido:

Atendendo que o Alto Juruá no bairro de Petrópolis, desta capital, compreende hoje um considerável núcleo de população, que essa população se compõe em sua totalidade de operários dos mais variados setores de atividades e desprovidos de maiores recursos, que  o número de casebres residenciais ali sobe a mais de dois mil, a despeito do difícil acesso ao morro onde se acham encravadas- Requeremos que a Mesa, nos termos regimentais e após ouvir o plenário, solicite da Comissão Estadual da Legião Brasileira de Assistência a inclusão, no seu orçamento para 1948, a ser elaborado e aprovado pela Comissão Central de verba suficiente à instalação e funcionamento de um Centro de Puericultura no referido Alto Juruá ( A ORDEM, 10/10/1947, p.4).

O requerimento foi aprovado na sessão do dia 14/10/1947.

Em visita ao Alto Juruá o prefeito da capital Silvio Pedrosa prometeu trabalhar pela vitória das reivindicações dos habitantes daquele lugar e falou em prestar uma homenagem a memória do Pe. João Maria com a construção de um cruzeiro em frente a casinha em que ( A ORDEM, 20/11/1947, p.2).

Já em 30/11/1947 foi a vez do governador José Varela subir o morro do Alto Juruá, onde foi recepcionado festivamente, acompanhado de seu ajudante de ordens, o deputado Túlio Fernandes e outras autoridades.

A sessão foi aberta pelo presidente da Sociedade Progressista e Beneficente do Alto Juruá, Joaquim Caldas Moreira, que falou da satisfação de todos os presentes pela visita, o deputado Túlio Fernandes fez a saudação oficial ao governador, seguindo-se um programa artístico com declamações e cânticos pelos alunos ali residentes. O governador agradeceu em rápidas palavras, tendo tocado na festividade a banda da Policia Militar ( A ORDEM, 01/12/1947, p.2).

Em visita pelo Alto Juruá a reportagem do jornal A Ordem constatou que a prefeitura de Natal havia instalado o serviço de alto falante, alinhou as casas da rua principal e desapropriaria umas casinhas para no terreno se construída uma escola primária, a prefeitura havia também reconstruído a escadaria que descia nas imediações do Hospital Miguel Couto (atual Onofre Lopes) na parte inicial da balaustrada (A ORDEM, 28/05/1949, p.6).

Não tendo para onde ir, a população pobre de Natal ia se estabelecendo os morros (dunas) que aquela época já se estavam sendo fixadas (Natal corria o risco de ser soterrada pelas dunas).

Em 1955 o Alto Juruá já se constituía um bairro, embora não o fosse legalmente, onde o casario caminhava em direção ao farol de Mãe Luiza, isso de maneira constante.

De acordo com o jornal O Poti muitas dessas construções embora não fossem classificadas como boas, faziam entretanto, com que não se tivesse a impressão de miséria profunda deixada pelo Rio de Janeiro nalguns pontos daquela cidade, "os morros de Natal com as suas casas humildes, longe estão de nos oferecer aquele triste panorama que se descortina ao lado e a cima da avenida Getúlio Vargas em pleno coração da Capital da República" (O POTI, 08/10/1955, p.3).

Em 1958 o Diário de Natal cita a Escola e Ambulatório Padre João Maria no Alto Juruá ( DIÁRIO DE NATAL, 30/12/1958, p.13).

De acordo com o Diário de Natal a prefeitura de Natal acabava de fechar negócio para a aquisição de um terreno na rua 2 de Novembro, onde no local seria construído um pequeno mercado, onde o novo estabelecimento viria beneficiar o bairro de Aparecida (ex-favela) e o Alto Juruá ( DIÁRIO DE NATAL, 17/02/1964, p.2).

Aspecto da praça do Alto Juruá.

A criação do bairro

Em 1957 foi enviado a Câmara Municipal de Natal mensagem do prefeito criando o Bairro Padre João Maria. Segundo o jornal O Poti, com tal medida desejava o município prestar a sua melhor homenagem aquele sacerdote que dedicou a sua existência a prestar os benefícios possíveis a todos quanto lhe procuravam em busca de auxílio quer material, quer conforto moral.

O Pe. João Maria de há muito era merecedor de reconhecimento da cidade, e ainda em tempo, as autoridades resolveram saldar a velha dívida para com ele com a criação do bairro onde o mesmo veio a falecer.

O novo bairro que seria criado compreenderia o Alto Juruá, Areia Preta e Praia do Meio, limitando-se com Mãe Luiza e o bairro de Santos Reis ( O POTI, p.8).

O bairro Padre João Maria não teve sua criação aprovada pela Câmara Municipal de Natal, tendo sido um dos muitos bairros criados que não vingaram na capital potiguar.

Em 1952 o governo estadual havia construído uma escola isolada no Alto Juruá (DIÁRIO DE NATAL, 26/04/1952, p.4).Na inauguração do edifício da Escola Isolada do Alto Juruá estiveram presente o governador Silvio Pedrosa e todo secretariado. Discursaram na ocasião o professor Severino Bezerra e o governador do Estado que expressou a satisfação de presidir um ato de real significação para o ensino da gente pobre daquela localidade.

A escola já registrava naquele ano a matricula de 130 alunos, crianças residentes unicamente no Alto Juruá.



Aspecto do Alto Juruá.