quarta-feira, 25 de agosto de 2021

SOBRE TAIPU ENTRE 1894 E 1896

 

A seguir apresentamos algumas notas que configuram um achado precioso para a compreensão da história do município de Taipu em seus primeiros anos como município autônomo.

A desobstrução da estrada pública de Taipu

De acordo com o jornal A República em 12/05/1894 foi remetido o oficio nº 736  do governo do Estado recomendando que colocasse a disposição da Intendência do Taipu, por conta da verba das obras públicas e por intermédio da coletoria do Ceará-Mirim, a quantia de 300$00 (trezentos réis), destinados à desobstrução da estrada pública que comunicava a vila de Taipu com a cidade de Ceará-Mirim (A REPÚBLICA, 12/05/1894, p.1).

A referida estrada é a atual estrada municipal do Juamirim passando pela Gameleira indo ter em Itapassaroca e a cidade de Ceará-Mirim.

Coleção de leis municipais

Já no dia 11/08/1894 foi lida no expediente da sessão anterior do Congresso Estadual a coleção de leis e resoluções da Intendência Municipal de Taipu indo as mesmas à comissão de negócios municipais (A REPÚBLICA, 11/08/1894, p.2).

Nada mais foi encontrado sobre essa coleção de leis municipais de Taipu.

Alteração de limites e terras devolutas

No dia 08/09/1894 foi apresentada em sessão do Congressão Estadual uma petição da Intendência Municipal de Taipu requerendo a alteração dos limites do respectivo município segundo as bases que o mesmo oferecia. A referida petição foi a comissão de estatísticas.

Outra petição da mesma intendência solicitava do Congresso Estadual permissão para tributar as terras públicas do Estado que se achavam dentro do município, indo esta petição a comissão de fazenda (A REPÚBLICA, 08/09/1894, p.2).

Nada mais foi encontrado sobre essa alteração dos limites municipais.

Mudança toponímica

Mas, mais interessante por nós encontrado nos alfarrábios do jornal A República foi o registro do ofício da intendência municipal de Taipu comunicando ter mudado o nome de Vila de Taipu para vila do Livramento. A comunicação a comunicação  foi a comissão de constituição e poderes (A REPÚBLICA, 08/09/1894, p.2).

Como visto a cima, intendência municipal havia aprovado a mudança toponímica e feito a comunicação ao Congresso Estadual para as devidas providências, de ratificar ou rejeitar a deliberação municipal. Não encontramos as decisões posteriores da comissão de constituição e poderes, mas como se sabe o nome do município não foi alterado visto que os relatórios oficiais do governo do Estado do anos subsequentes citam o município com o seu nome original.

Se na prática a lei votada pela intendência de Taipu não "vingou" temos o fato de que a devoção a padroeira do Taipu, Nossa Senhora do Livramento, estava já enraizada na cultura local a ponto de se aprovar a mudança toponímica para lhe homenagear.

Recorte do jornal A República onde consta ter sido mudado o nome da vila de Taipu.
Fonte: A República, 08/09/1894, p.2.

Assim, houve uma mudança toponímica oficializada pela intendência de Taipu  a qual ou não foi ratificada pelo Congresso Estadual ou se foi caiu em descrédito e não "vingou".

        Hoje já não se faz mais sentido haver mudança toponímica pois o nome Taipu já está consagrado, a menos que dê uma doidice na Câmara de Vereadores de Taipu e mude o nome do município para bajular algum politico ou qualquer outra figura de reputação duvidosa.

Nomeação de carcereiro

Em 25/10/1895 foi nomeado o cidadão Avelino Antônio dos Santos apra exercer o lugar de carcereiro da cadeia da Vila de Taipu (A REPÚBLICA, 25/10/1895, p.1).

Eleições municipais

Naquele ano de 1895 o município de Taipu era o único do Estado que não era distrito judiciário, portanto, não houve eleições para juízes, houve apenas para os membros da intendência em eleições realizadas em 15/11/1895 para o triênio 1896-1898.

Naquelas eleições foram eleitos para a intendência municipal de Taipu: Manoel Eugenio Pereira de Andrade, Henrique Basílio do Nascimento, Vicente Rodrigues da Câmara, Carlos Alberto Davino, Francisco Teixeira de Oliveira, João Gabriel Campo e Justino Caetano Leite (A REPÚBLICA, 15/12/1895, p.3).

Obras de açudagem

Em 10/09/1895 foi provado pelo Congresso Estadual uma verba para o governo do Estado usar em açudagem nos municípios do interior do Estado. Ao município de Taipu coube a quantia de 3.000$ (A REPÚBLICA, 10/09/1895, p.1).No mesmo dia foi apresentado o orçamento da intendência de Taipu que foi a comissão de negócios municipais para a aprovação (A REPÚBLICA, 10/08/1895, p.3).

Já em 1895 o referido jornal registrou que  tendo o cidadão José Vilela Cid celebrado um contrato no valor de R$ 2.500$00 para fazer os serviços de que precisava o açude público da vila de Taipu foi recomendado pelo governador ao inspetor do tesouro que fosse entregue ao referido contratante a quantia de 1.250$000 (A REPÚBLICA, 20/10/1895, p.2).

Em 05/01/1896 o jornal A República registrou que haviam sido concluídos os serviços da reconstrução do açude púbico da vila do Taipu pelo cidadão José Veloso Cid, conforme informação enviada pela comissão nomeada pelo governo do Estado ( A REPÚBLICA, 05/01/1896, p.2).

O governador recomendou que se entregasse a quantia de 1.250$ (um conto, duzentos e cinquenta mil réis) nos termos da cláusula I do respectivo contrato de serviços de reconstrução do referido açude.

Litigio entre Taipu e Jardim de Angicos

Em 07/08/1895 foi enviado ao jornal A República o protesto vindo da intendência de Taipu a respeito das alterações de limites entre Taipu e Jardim de Angicos, tendo sido o mesmo registrado na edição do dia 15/08/1895.

De acordo como citado protesto: " a nossa circunscrição territorial sofreu um esbulho, uma verdadeira amputação pelo Decreto que fixou os limites de Jardim de Angicos, quando esse antigo distrito de paz foi elevado a município. É o fato que acham-se injustamente na posse de um vasto trecho de terreno, fértil e bem povoado, compreendendo o arraial de Cauassú, que tanto pela situação geográfica como pelas conveniências administrativas devia pertencer-nos. Esse terreno que não tem menos de 25 quilômetros de extensão sobre outros tantos de largo, prolonga-se da barra da Milhã à ponta do serrote "Torreão", 2 e 1/2 quilômetros distante da nossa povoação de Baixa Verde. Constando-nos que o o Congresso cogita de resolver sobre as dúvidas e litígios que  frequentemente tornam contestáveis os limites intermunicipais, avivando e retificando os mesmos limites, parece azado ensejo de apresentar as nossas fundadas queixas, esperando justiça e remédio à iniqua divisória presentemente em vigor" A REPÚBLICA, 15/08/1895, p.4).

O autor do protesto assinou apenas desta forma: " S ...".

Sabemos agora que houve nas primeiras horas do município de Taipu litigios territoriais com os três municípios limítrofes, de Jardim de Angicos,  Ceará-Mirim e São Gonçalo. De Jardim de Angicos não encontramos maiores informações sobre as rusgas entre ambos municípios pela disputa do território do Cauassú, sabendo-se porém que o mesmo ao que parece foi ratificado no município de Jardim de Angicos, já com os outros dois municípios, as questões de limites foram resolvidas definitivamente por lei estadual em 1918.

     Com o município de Touros parece que sempre foi ponto pacífico os limites entre ambos, pois até o presente momento nada foi encontrado em que um dos dois questionasse as fronteiras de seus respectivos municípios.

Crônicas municipais

Em 1895 o governador do Estado havia recomendado as intendências municipais que enviassem a secretaria do governo os dados referentes aos respectivos municípios os quais deveriam constar de todas as informações possíveis a cerca da municipalidade, onde os referidos dados seriam publicados no jornal A República como uma espécie de crônicas dos municípios.

       De Taipu só encontramos o protesto a cima e os dados sobre os limites municipais que se seguem.

Os limites municipais de Taipu

Em 15/08/1895 foi apresentado no jornal A República uma descrição dos limites municipais de Taipu, segundo o qual: 

"O município de Taipu acha-se encravado entre os de Touros ao norte, Ceará-Mirim à leste, São Gonçalo ao sul e Jardim de Angicos a oeste. De Touros separa-se a corrente denominada "Riacho Seco"; do Ceará-Mirim uma linha que a partir da barra do referido Riacho ao norte, passa pela Lagoa do Mato, Barra do Cuité, Passagem das Pedras, Cruz do Salvador, Passagem do Riacho, seguindo por este a cima até o Poço do Juazeiro; de São Gonçalo uma linha que tendo por ponto de partida o referido Poço do Juazeiro, segue na direção do Poente, atravessando a Lagoa de São Joaquim a Ponta do serrote do Urubu, o tanque do Quetururé e a serra dos Macacos; de Jardim de Angicos a linha que partindo da Barra da Milhã, segue na direção sul-norte, passando pelo serrote Torreão em demando das fronteiras meridionais do municípios de Touros" (A REPÚBLICA, 15/08/1895, p.4).

O registro a cima ocorreu 4 anos após a criação do município, como não foi possível até o presente momento encontrar nenhuma informação sobre o ato de criação do município os quais constavam os respectivos limites municipais, deve-se crer que este é a mais antiga informação sobre o referido assunto e nelas podemos ter uma exata noção do tamanho do município de Taipu ao ser criado.

As obras do açude de Baixa Verde

Não encontramos os detalhes dos serviços que foram realizados na recuperação do açude da vila de Taipu, porém, o jornal A República registrou a inspeção que foi realizada na povoação de Baixa Verde onde também se estava realizando serviços de igual teor.

Segundo o jornal citado o inspetor designado para inspecionar os referidos serviços assim relatou sua visita a Baixa Verde:

"Chegando à povoação de Baixa Verde daquele nome, pertencente ao município de Taipu, verifiquei que se achava devidamente reconstruído, debaixo de boas cercas, que prometem a duração de 5 anos, o açude do sitio denominado Baixa Verde.

O serviço, a meu ver, e pelo que disseram todos os moradores do lugar, oferece seguras garantias de solidez e estabilidade.

Ali, sobre o velho açude, o empreiteiro contratante elevou as paredes primitivas, à altura de mais de 10 palmos, de sorte que ficou com uma barragem  de espessa camada de terra, de 80 braças de extensão, com 50 palmos de base e 25 de altura.

O sangradouro, obra nova, construído de pedra e cal, presta-se vantajosamente ao fim a que se destina. As cercas ocupam, em derredor do açude, um perímetro de mil braças em quadro.

Com quanto aquele açude não tivesse recebido água, no inverno deste ano passado, ocupa 150 braças d'água em seu leito, com 40  de largura e no purão como ali se diz ( A REPÚBLICA, 05/06/1896, p.1).

Ainda segundo o mesmo jornal o empreiteiro contratante dessa obra em Baixa Verde era Elias Cardoso.


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