domingo, 6 de fevereiro de 2022

RETALHOS HISTÓRICOS DO MUNICÍPIO DE PEDRO AVELINO

 


      A seguir alguns retalhos históricos que permitem recontar a memória do municipio de Pedro Avelino. 





O surto de varíola em 1872

         Em 1872 a varíola havia aparecido no município de Angicos na qual foram acometidas várias pessoas. De acordo com o jornal O Assuense, no arraial de Gaspar Lopes, 11 pessoas foram acometidas, tendo sido essas pessoas imediatamente medicadas pelo homeopata Domingos Antonio de Araújo, residente em Macau, mediante módico pagamento. (O ASSUENSE, 07/03/1872, p.2).

         Ainda segundo o referido jornal em todo o município de Angicos 25 pessoas foram atingidas pela varíola, tendo sido o surto debelado somente no final do ano de 1872. (O ASSUENSE, 07/03/1872, p.2).

         Do relato a cima sobressai a informação de que naquele ano de 1872 a localidade de Gaspar Lopes, atual Pedro Avelino, já figurava como arraial, ou seja, um pequeno núcleo urbano.

A seca de 1877

A seca de 1877 foi uma das mais severas já registrada na história do Rio Grande do Norte. Em 17/06/1877 chegaram a vila de Angicos os socorros públicos destinados a pobreza desvalida daquela freguesia, sendo os mesmo distribuídos pela comissão as segundas e sábados de cada semana.

         No dia 18/06/1877 teve inicio da distribuição dos socorros, onde vieram 160 chefes de famílias, dos quais 108 eram retirantes fugindo da seca, de moradores do município foram 769, totalizando 877 pessoas para serem atendidas pelos socorros públicos.

A comissão dos socorros públicos do município de Angicos estava composta pelo Pe. Félix Alves de Souza, o Cap. Trajano Xavier da Costa, alferes Florêncio Otaviano da Costa Ferreira, alferes José Vitalino Teixeira de Souza e Alexandre Francisco Pereira Pinto. (BRADO CONSERVADOR, 06/07/1877, p.3).

Esta comissão nomeou mais duas comissões, uma para o arraial de Carapebas, atual Afonso Bezerra e outra para o de Gaspara Lopes, onde deveriam ser distribuídos igualmente os socorros públicos naqueles arraiais, tendo sido destinados 87 volumes de mantimentos para Carapebas, retornando para a vila de Angicos 70 volumes devido a retirada do frete para a condução, visto que os proprietários puderam somente auxiliar co 3 carros para o transporte dos socorros e devido ao péssimo estado em que se achava os bois e cavalos ocasionados pela seca devastadora.

De acordo com o jornal Brado Conservador os dois arraiais estavam aglomerados de retirante os quais afluíam das freguesias de Jardim de Seridó, Santana do Matos, de outros lugares da província e da Paraiba, por serem os referidos arraiais férteis nos recursos que ofereciam a sua vegetação.Assim contava uma imensa massa de retirantes na freguesia de Angicos, sobretudo nos arraiais de Carapebas e Gaspar Lopes e a cada chegavam mais e ao passo que da mesma não saia ninguém. (BRADO CONSERVADOR, 06/07/1877, p.3).

De acordo com o emissário do relato enviado ao referido jornal era digno do mais elevado elogio o escrúpulo, zelo, vigilância e atividade pelo qual procedia a comissão municipal dos socorros públicos de Angicos.

Os mantimentos eram distribuídos a proporção das pessoas existentes em cada família, sendo os nomes dos respectivos chefes de famílias anotados em cadernos devidamente preparado para tal e igualmente lançados ao lado do nome do chefe de família os nomes dos respectivos membros da mesma.

O mesmo procedimento se dava com os retirantes, porém em caderno separado, e para estes não tinha dia nem hora marcada para receberem a ajuda necessária.

O distrito de paz

         De acordo com a lei Nº 941 assinada por Francisco Altino de Araújo,  presidente da Provincia,  o município de Angicos foi dividido em 3 distritos de paz, sendo o 1º o da  Vila de Angicos, o 2º composto pelos distritos das subdelegacias do Jardim e do Bonfim, tendo por nome Distrito do Jardim e o 3º composto pelo distrito da subdelegacia de Gaspar Lopes, conservando o mesmo nome e tendo por limites os mesmos da subdelegacia. (COLEÇÃO DE LEIS PROVINCIAES DO RIO GRANDE DO NORTE, 1885, p.7).

         Outras informações a cerca do distrito de policial de Gaspar Lopes só aparecem nas crônicas jornalísticas já no período republicano, onde em 10/08/1891 foram nomeado Januário José Barbosa como subdelegado do distrito de Gaspar Lopes. (RIO GRANDE DO NORTE, 20/08/1891, p.2).

Já por ato do governador de 12/03/1892 foram demitidos Pedro Riosa da Trindade e José Pedro Xavier Bezerra dos cargos de 1º e 2º suplentes do subdelegado de policia do distrito de Gaspar Lopes, tendo sido nomeados para os mesmos cargos José Glicério Alves de Souza e José Maria Teixeira de Brito. (A REPÚBLICA, 12/03/1892, p.1).

         De acordo com o relatório do governo do Estado de 1896 no tocante a divisão policial, no distrito de Gaspar Lopes constava como subdelegado Alexandre Francisco Pereira Pinto, José Gicério Alves de Souza, José Maria Teixeira de Brito e Januário Pedro Xavier da Costa, respectivamene como 1º, 2º e 3º suplentes.( RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1896 p.208).

Instrução pública

      Segundo o relatório do governo do Estado de 1896 havia uma escola primária para o sexo masculino no arraial de Gaspar Lopes mantida pela Intendência. (RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1896, p.90).

         Já no relatório do governo estadual de 1900 constava Francisco Januário Xavier de Menezes como professor da escola primária de Gaspar Lopes, tendo sido o mesmo nomeado em 15/02/1896 com um ordenado de 300$000.A matricula naquele ano constava de 22 alunos dos quais 18 frequentaram assiduamente as aulas. (RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1900, p.143).

        O prédio das Escolas Reunidas da vila de Epitácio Pessoa foi inaugurado em 12/10/1934.

Aspecto da inauguração do prédio das Escolas Reunidas de Epitácio Pessoas.
Foto: A Noite Ilustrada,19/01/1935, p.23.


Outras informações

         Em 1905 o relatório do governo do Estado citou Gaspar Lopes como uma das duas povoações existentes no município de Angicos, sendo a outra a de Carapebas, atual Afonso Bezerra.      O mesmo relatório também citou que próximo ao povoado de Gaspar Lopes, na foz do riacho denominado Riacho da Onça, existia ótimo lugar para a construção de um reservatório d’água para a população do lugar. (RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1905, p.95-96).

         Segundo a lei orçamentária do município de Angicos publicada no jornal A República, a intendência municipal já tinha uma despesa de 360$000 no distrito de Gaspar Lopes, sendo 60$000 com o zelador do cemitério e de 300$000 com o professor do referido distrito. (A REPÚBLICA, 01/10/1907, p.1).

         Em 1914 Gaspar Lopes aparece como povoado no Dicionário Postal Brasileiro. (ALMANAK LAEMMERT : ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ), 1914,p.157

Sobre Gaspar Lopes

         Sobre Gaspar Lopes que outrora dera seu nome para o então arraial o jornal Diário de Pernambuco registrou na seção de obituário que Gaspar Lopes, branco, natural do Rio Grande do Norte, com 23 anos, solteiro, faleceu no dia 04/10/1878, no Hospital Pedro II, tendo sido sua morte motivada pela bexiga. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 07/10/1878, p.4). Assim, o jovem havia nascido em 1855.

Mudança toponímica

         A mudança toponímica de Gaspar Lopes para Epitácio Pessoa ocorreu em 08/01/1922 no ato da inauguração da estação ferroviária do ramal Lajes a Macau da EFCRGN cujo trecho de 27 km havia sido autorizado pelo então presidente da república que doravante seria homenageado na povoação com seu nome, perdurando até 1948 quando foi criado o município que teve o nome alterado pela terceira vez para Pedro Avelino.

Sobre o distrito de Epitácio Pessoa

O  Pe. João Maria Cabral, em excursão de automóvel pelo interior do Rio Grande Norte esteve de passagem pelo distrito de Epitácio Pessoa em 1929.

         Conforme o referido sacerdote: “depois de 60 km de esplendida estrada chegamos a Epitácio Pessoa, antes Gaspar Lopes, povoação do município de Angicos, que tem boa feira, regular capela e vapor para beneficiamento do algodão”. ( EXCELSIOR, 1929, p.70).

 Sobre a luta pela água

         O Diário de Pernambuco registrou em 1935 que “Epitácio Pessoa, antiga povoação do município de Angicos, onde seus habitantes lutam com as maiores dificuldades para obter água potável”.

         Ainda segundo o referido jornal, as pessoas que dispunham de recursos compravam a 1$500 uma carga de água, transportada do Riacho do Meio, distante uma légua (6 km) da localidade.

A população pobre, pela falta de recursos, era obrigada a beber a água do rio que era salobra e até amarga.As pessoas de saúde frágil não levavam muito tempo para sentir os efeitos nocivos da água contaminada com alto índice sais prejudiciais ao organismo.

         Quando a seca se prolongava e a EFCRGN retardava ou interrompia o abastecimento em tanques transportados da lagoa de Estremoz apareciam em Gaspar Lopes casos frequentes de desistiria e várias outras doenças do sistema digestivo.

         Acresce a isso que só excepcionalmente essa distribuição era gratuita,ficando assim, a população desvalida que não podia pagar pela quantidade indispensavel ao consumo diário, sueita a todos os danos causados pela água das cacimbas locais. Por esse motivo, segundo o referido jornal, a maioria da população de Epitácio Pessoa era doente.

         Ainda assim , sua produção agrícola era considerável devido a fertilidade das suas terras,sobretudo nas várzeas do Riacho do Meio, e nos rios Bento Ferreira, Gaspar Lopes e Serra Aguda, onde o algodão prosperava admiravelmente, produzindo colheitas abundantes e fibras de primeira qualidade.

         O interventor interino, Antonio de Souza, havia iniciado ali a construção de um açude no riacho da Onça, cuja bacia hidrográfica assegurava um suprimento de água potável proporcional as necessidade da povoação, agricultores e fazendeiros, atendendo a solicitação da população da região.

No  entanto, mal  havia começado a construção desse açude, assumiu o cargo de Interventor Federal, Bertino Dutra, que segundo o Diário de Pernambuco, sem a menor indagação e por espírito mesquinho de politicagem, mandou suspender o serviço, “privando aquela gente laboriosa de um beneficio indispensável a normalização da Sade e de sua capacidade produtiva”. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 28/09/1933, p.3).

Aspectos de Pedro Avelino


sábado, 27 de novembro de 2021

A ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE FRUTICULTURA DO JIQUI

 

A Estação Experimental de Fruticultura Tropical foi fundada em 1936. Este estabelecimento agrícola foi instalado as margens da lagoa do Jiqui, no município de Natal, tendo sendo criado em parceria entre o Governo do Estado  e o Ministério da Agricultura.

         A sua finalidade principal era incrementar no território do Rio Grande do Norte o cultivo das árvores frutíferas. A época o Jiqui era um arrabalde distante da capital potiguar. O local para a instalação da referida estação experimental foi feita pelo engenheiro agrônomo Ariosto Peixoto que foi seu primeiro diretor.

Em 03/09/1938 no 2º ano de sua fundação foi inaugurado com pompas e circunstâncias o Horto Florestal Fernandes Barbosa, contando com a presença do governador Rafael Fernandes, os alunos do Liceu Industrial (atual IFRN) além de grande comitiva que vieram de Natal e outros municípios.

Ao alunos do Liceu Industrial e demais pessoas presentes foram apresentadas demonstrações de técnicas agrícolas nos campos da Estação Experimental tais como arados e discos, adubação do terreno com leguminosas, grade de disco e cultivadores.

As 13h00 deu-se inicio a uma sessão cívica no Horto Florestal sob a presidência do Interventor Federal.Por fim falou o engenheiro agrônomo Nilo Albuquerque, diretor da Estação Experimental do Jiqui, que fez um resumo dos trabalhos sob sua direção.Encerrou-se a solenidade com a execução do hino nacional cantado pelos alunos do Liceu Industrial e acompanhado pela banda dos Escoteiros do Alecrim.

A solenidade foi fotografada e filmada por João Alves e Adel Teixeira, respectivamente. (A ORDEM, 04/09/1938, p.1-4).

Naquele mesmo dia foi inaugurado também  o confortável prédio da administração central, construído em local aprazível de onde descortinava-se todos os aspectos da Estação Experimental.

         O edifício possuía o gabinete do diretor, a secretaria, as salas de aulas, o laboratório de química, o gabinete fotográfico e um salão de aulas para o preparo de técnicos agrícolas.

         Após dois anos de criação estavam sendo empregados esforços sobremodo para que no inicio de 1939 já se alcançasse sua finalidade, fornecendo mudas de laranjeiras enxertadas, aos interessados, por preços mínimos.

         Dispunha a Estação Experimental de 10.000 porta-enxertos em condições de serem utilizados para este fim.Os pomares em formação constavam de laranjeiras finas especialmente dos tipos para exportação.

         A cultura do coqueiro também era empregada na Estação Experimental do Jiqui sendo adquirida sementes especiais, devidamente selecionadas e já dispondo de algumas centenas para fornecimento em 1939.

         Constavam ainda nos pomares da Estação Experimental do Jiqui pés de jaca, pinha, mamão, açaí, cacau, merecendo especial atenção a cultura do abacaxi e outras árvores frutíferas em observação (A ORDEM,10/10/1938,p.2).

         Em 1944 a Estação Experimental do Jiqui estava sob a direção do engenheiro João Matos Nogueira.Em 01/05/1944 foi inaugurado o aviário e a pocilga pertencentes a Comissão Brasileiro-Americana de Produção de Gêneros Alimentícios representada no Estado pelo mesmo engenheiro Matos Nogueira.

         O aviário possuía capacidade para 5 mil aves e a pocilga com mais de 700 cabeças de raças selecionadas.Em breve chegariam 4 mil aves para o referido aviário ficando assim assegurado o fornecimento de ovos para a Base Aérea de Parnamirim e ao mercado da Capital.Em 7 meses de funcionamento a pocilga forneceu 28.873 kg de carnes para a Base Aérea de Parnamirim. (A ORDEM, 29/04/1944, p.1).

         Para se chegar a Estação Experimental do Jiqui se podia tanto ir pela estrada da Base Aérea de Parnamirim como pela estrada velha ao lado direito da Estrada de Ponta Negra.

Em 1949 a atividade da Estação Experimental de Fruticultura do Jiqui constava  aviários, culturas de fibras (agave) pomicultura e iniciado a criação de caprinos.

O complexo de edifícios da Estação Experimental de Fruticultura Tropical do Jiqui constava de 1 casa para diretor, 1 casa para o escriturário, 1 casa para escritório, , 1 galpão para máquinas, 1 casa para auxiliar, 1 casa para usina elétrica, 1 casa para o motorista, 1 casa para o feitor, 2 vilas operárias, 2 casas para operário, 1 prédio para fábrica de beneficiamento de agave, 1 casa para o avicultor, 1 aviário. (A ORDEM, 26/11/1949, p.5).


Aspectos da Estação Experimental do Jiqui.Fonte: Revista da Semana, 19/10/1940,p.25.


sábado, 30 de outubro de 2021

OS PRIMEIROS NASCIMENTOS NA MATERNIDADE DE NATAL


       De acordo com o jornal A Ordem a Sociedade de Assistência Hospitalar, mantenedora da Maternidade de Natal havia estabelecido prêmios de 5 mil cruzeiros, 3 mil cruzeiros e 2 mil cruzeiros para os 3 primeiras crianças nascidas com vida na nova maternidade de Natal.

       O primeiro nascimento ocorreu 15/02/1950 as 10h00 da manhã, tomando a criança o nome de Ivete, filha de Elita Elima da Silva, que era lavadeira no Tirol. Pesou a menina 3 kg e mediu 51 centímetros.

     O segundo nascimento ocorrido foi de um natimorto, que apesar de todos os esforços nada foi possível fazer. Ficou assim em branco o segundo lugar que foi ocupado pouco tempo depois por uma criança que tomou o nome de Januário, filho de João Fernandes de Araújo e sua esposa Virgília Fernandes de Araújo. Era um prematuro de 7 meses, pesou 2,25 kg tendo 45 centímetros, ”está em forma apesar da pressa em vir ao mundo” (A ORDEM, 16/02/1950, p.4).

         O quarto nascimento e, portanto, o terceiro a receber o prêmio estabelecido pela Sociedade de Assistência Hospital foi que provavelmente teria o nome de Vicente, filho de Daniel Minervino e Eunice Alves Ferreira, naturais de Goianinha, de onde chegara a mãe da criança que teve que se submeter a uma cesariana. ”A criança nasceu aparentemente morta, mas graças ao oxigênio e outros recursos modernos, entrou a chorar dando provas de que queria viver”. (A ORDEM, 16/02/1950, p.4).

         Se vivos estão os 3 primeiros nascidos na Maternidade Januário Cicco atualmente contam 71 anos de idade.

Maternidade Januário Cicco, Natal.


sábado, 23 de outubro de 2021

DA AGONIA A EXTINÇÃO DO RAMAL LAJES-SÃO RAFAEL


        Pra inicio de conversa, na realidade o trecho entre Lajes e São Rafael não era uma ramal propriamente dito, ele fazia parte da linha tronco da EFCRGN desde seus projeto original de 1904.

Ocorre, pois, que a construção dessa ferrovia foi toda esfacelada, devagar quase parando, que os trechos que foram feitos ao longo do tempo ficaram sendo conhecidos por ramais, sem nunca terem sido de fato. O trecho em questão teria seu término na cidade de Caicó, de acordo com o projeto original, coisa que nunca ocorreu, tendo os leito ficado pronto até as margens do rio Piranhas, no atual município de Jucurutu.

O inicio da agonia do trecho Lajes-São Rafael

         Até abril de 1963 havia aumentado em 17 milhões de cruzeiros a receita do setor de carga do ramal Lajes-Macau, pertencente a Rede Ferroviária do Nordeste-RFN, que por sua vez era uma das subsidiárias da RFFSA. Tais aumento ocorreram depois de melhoramentos realizados sob a orientação da RFFSA.

Os resultados obtidos no transporte de sal despertaram o interesse de representantes da RFFSA, SUDENE e  até da ONU, que examinaram em conjunto um plano de investimentos de 300 milhões de cruzeiros, capaz de carrear a média de mil toneladas daquele produto, com um aumento de 30 milhões de cruzeiros num ramal considerado até então deficitário. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 16/06/1963, p.8).

         Outro ramal (trecho, melhor dizendo) que estava paralisado era o de São Rafael a Lajes, que entrou em pleno funcionamento naquele ano de 1963 com carros de lastro transportando blocos de mármores até o Recife e retornando ao Rio Grande do Norte carregados de postes Cavan.

As locomotivas a diesel já estavam sendo empregadas no transporte de cargas e passageiros. Aumentando assim ao máximo a rentabilidade dos serviços naquela zona.

Foi assim, que o transporte de sal no ramal de Lajes a Macau deu um fôlego de sobrevivência ao trecho moribundo de São Rafael a Lajes, considerado já deficitário  6 anos após a abertura do tráfego, em 1957. Por isso o trecho entrou na lista dos ramais considerados antieconômicos da RFFSA e teria que ser erradicado

O ministério da viação confirmou em 27/05/1964 que foram extintos 2.080 km de ramais ferroviários considerados antieconômicos que representaria uma economia de 22 milhões de cruzeiros.(DIÁRIO DE NATAL, 27/05/1964, p.2). Esses ramais eram Leste Brasileiro (216 km), Viação Férrea Rio Grande do Sul (168 km) e Rede Ferroviária do Nordeste (308 km), entre outros. 

De acordo com o jornal Diário de Natal, o então governador Aluízio Alves  havia dito que em resultado de seu trabalho, concordou o general Afonso Albuquerque, diretor da RFFSA, em manter o trecho ferroviário de Lajes a São Rafael que seria suprimido, de acordo com a política do governo federal de supressão de ramais deficitários.O diretor da RFFSA concordou ainda em reforçar as condições do material rodante do trecho Lajes a Macau, com vistas no escoamento de sal via o porto de Natal, serviço a ser custeado pela SUDENE. (DIÁRIO DE NATAL, 31/07/1964, p.4).

Já em 1966, segundo o jornal O Poti, o Rio Grande do Norte iria perder 45 km de estradas de ferro com o fechamento em breve do ramal Angicos a São Rafael em vista do parecer da Comissão Regional para Erradicação de Ramais Antieconômicos da RFFSA. (O POTI, 01/05/1966, p.2).

Depois da desgraça feita, aparecem os “salvadores da pátria” com soluções, como foi o caso do deputado estadual Dary Dantas cujo requerimento aprovado na Assembleia Legislativa solicitava que fosse feito apelo ao ministro dos transportes para que não somente não encerrassem as atividades do ramal São Rafael a Lajes, mas ampliasse a ligação de São Rafael a Patos, na Paraíba, obedecendo um antigo traçado da EFCRGN que teria também como escalas as cidades de Jucurutu, Caicó e São João do Sabugi. O deputado Asclepiades Fernandes também subscreveu esse requerimento. (O POTI, 03/12/1967, p.3).

Em 28/04/1966 o escritório regional da RFFSA em Natal havia informado a reportagem do Diário de Natal que não havia chegado nenhuma comunicação oficial a respeito da extinção do ramal ferroviário entre Lajes e São Rafael. (DIÁRIO DE NATAL, 28/04/1966, p.2), a informação vinha sendo divulgada pela imprensa de Recife dentro do plano de supressão dos ramais considerados deficitários.

      De acordo com as informações repassadas ao citado jornal naquele trecho ferroviário estava havendo uma grande movimentação no transporte de cargas, principalmente de animais destinados ao abate para consumo de carne da capital potiguar.O informante adiantou ainda que nenhuma proposta havia sido encaminhada a administração central sobre a extinção daquele trecho ferroviário.

          Em 21/03/1967 conforme aviso de horários de trens da semana santa daquele ano ainda constava o trem destinado a São Rafael. (DIÁRIO DE NATAL, 22/03/1967, p.4).Indicando assim que ainda havia atividade naquele trecho mesmo com os rumores de seu fechamento.Porém, a sorte do trecho ferroviário em questão estava já determinada e ele ser extinto. 

       Em setembro de 1967 o engenheiro Fernando Bezerra, do DER, conseguiu junto ao DNER, a aprovação de verbas destinadas a construção de estradas pavimentadas nos trechos Mossoró-Porto Franco e São Rafael-Angicos, no valor de 320 mil cruzeiros novos. (DIÁRIO DE NATAL, 12/09/1967, p.6).Estas estradas iriam substituir os ramais deficitários. Era o inicio do fim das ferrovias potiguares.

         Ainda de acordo com o Diário de Natal naquele ano haviam sido transportadas 80 toneladas de mármore de São Rafael para Salvador, com dois trens em 11 dias. Por caminhão teria que ser utilizado uma frota que não faria o percurso em menos tempo.Mesmo assim persistia a propaganda negativa feita pelo próprio governo federal para a supressão de ramais ferroviários em favor da construção de estradas e do estimulo a industria automobilística.

         Naquele ano de 1967 foi feito ainda um desvio de 8 km de extensão a partir da estação Soldado Alberino até as salinas de Macau possibilitando o carregamento de sal, sem utilizar caminhões.Havendo mercado para o sal, voltaria a estrada de ferro a ter o que transportar.

         17/11/1967 o Diário de Natal escreveu que estava sendo estudada pela Rede Ferroviária do Nordeste o problemas do fechamento do trecho ferroviário de Lajes a São Rafael, numa extensão de 92 km, considerado pela direção da RFN como antieconômico.

     O trecho havia sido vistoriado por dois engenheiros da RFN que realizaram levantamento da situação do trecho, observando o mercado de transporte de cargas que abrangia o mármore de São Rafael, o gado proveniente de Angicos para abate em Natal e o algodão de Fernanco Pedroza.

        O engenheiro Marco Aurélio Câmara Cavalcanti de Albuquerque, diretor da RFN, disse ao referido jornal que caso viesse a ser decidido o fechamento do ramal, deveria ser construída uma rodovia entre os dois municípios, a fim de assegurar as comunicações entre Lajes e São Rafael.Quanto ao pessoal que trabalhava no trecho a ser erradicado eles seriam distribuído nos ramais de Lajes a Macau e Lajes a Natal onde havia carência de pessoal na via permanente.

         O referido engenheiro havia dito ainda que o trecho já era alvo de estudos anteriores com vistas ao seu fechamento, mas que a superintendência da RFFSA se preocupava em dar solução ao caso que atendesse aos interesses da RFFSA e do Estado, e que mesmo se fosse determinado o fim do tráfego entre Lajes e São Rafael não seriam arrancados os trilhos, o que possibilitaria uma futura autorização de tráfego quando oferecidas melhores condições de rentabilidade para a RFFSA. (DIÁRIO DE NATAL,17/11/1967,p.3).

        Conforme anúncio de horários de trens divulgado no jornal Diário de Natal em 10/04/1968 os trens de passageiros estavam circulando até São Rafael. (DIÁRIO DE NATAL, 10/04/1968, p.2).

O golpe de misericórdia

      Em 1969 o diretor do DER, o engenheiro Fernando Bezerra, autorizou ao Sr. Carlos Alberto Liberato (que se encontrava no Rio de Janeiro lhe representando) a assinar o convênio com o DNEF que iria delegar ao DER o trecho ferroviária de São Rafael a Jucurutu o qual seria transformado em rodovia, numa extensão de aproximada de 30 km no valor de 1.200 cruzeiros novos.

          Em 20/05/1969 o diretor do DER, o engenheiro Fernando Bezerra, viajou pelo interior do estado a fim de inspecionar diversas obras rodoviárias do governo do Estado, onde “se deslocará até Angicos para observar o andamento das obras de construção da rodovia Angicos-São Rafael, construído pelo DER, em substituição ao ramal deficitário da Rede Ferroviária Federal”. (DIÁRIO DE NATAL, 20/05/1969, p.2).

O fim

         De acordo com o jornal Diário de Natal em 20/08/1969 o trecho já havia sido extinto e o DNER já havia delegado ao DER a construção da rodovia que vinha sendo executada pelo governo do Estado.Enquanto isso a RFFSA continuava com o tráfego até ser concluída a rodovia. (DIÁRIO DE NATAL, 20/08/1969, p.7).

        A rodovia que substituiu o ramal ferroviário extinto da Rede Ferroviário do Nordeste, ligando São Rafael a Angicos, foi inaugurada em 02/05/1972 as 14h00 pelo ministro dos transportes cel. Mário Andreazza (DIÁRIO DE NATAL, 03/05/1972,p.10).

         O ministro percorreu toda a extensão da rodovia acompanhado de assessores, do representante do governo do Estado e do diretor do DER. Durante a inspeção, o ministro parou sobre a ponte do rio Caraú, e na ocasião, o engenheiro da empresa construtora prestou os esclarecimentos técnicos, à medida que o ministro ia perguntando. Diretor do DNEF, ficou satisfeito como os trabalhos realizados considerando a rodovia Angicos – São Rafael um padrão para todas as rodovias substitutivas dos ramais deficitários.

Em 1975 as antigas estações de São Rafael, Angicos, Fernando Pedroza, São Miguel, Jardim e Pedra Preta já estavam fechadas.

No tocante a estação de São Rafael ela despareceu por completo, assim como toda a cidade, submergida pelo enchimento do lago da barragem Armando Ribeiro Gonçalves em 1984.

O trecho rodoviário entre Lajes e São Rafael é feito atualmente pela BR-304, já de São Rafael a Jucurutu pela RN-118. Foram estas as rodovias construídas em substituição ao ramal ferroviário.


Estação de São Rafael já desativada na década de 1980

Estação de São Rafael, década de 1950.



Estação de São Rafael, 1958.Enciclopédia dos Municípios, IBGE,1958.


Estação de São Rafael, 1980.



Recorte do jornal Diário de Natal de 1968 constando ainda a circulação de trens entre Natal e São Rafael.


Ruínas da estação de São Rafael que apareceram com a seca ocorrida na barragem em 2013.

Trecho rodoviário entre Lajes e São Rafael.

Trecho rodoviário entre São Rafael e Jucurutu.


domingo, 3 de outubro de 2021

O DIA QUE A CÂMARA DE ESTREMOZ EXULTOU DE JÚBILO POR DOM PEDRO II TER ASSUMIDO O IMPÉRIO


A Câmara Municipal da Vila de Estremoz, na Província do Rio Grande do Norte exultou de júbilo e concebeu as mais bem fundadas esperanças por ter Sua Majestade Dom Pedro II assumido a plenitude dos poderes que pela constituição do Estado lhe competiam em 23/07/1840. Conforme o documento que fora enviado da Câmara de Estremoz para registro do fato no Correio Oficial do Rio de Janeiro:

"O Brasil de novo se encadeará na senda da brilhante carreira que lhe está designada pela Providência. Felizmente este acontecimento veio dissipar o medonho aspecto dos males, que estavam iminentes: graças a Divina Providência, já nos é dado anteolhar o nosso horizonte político desassombrado de tais névoas, já contamos com mais garantias para a estabilidade de nossa Santa Religião, para a Monarquia Constitucional, finalmente para a união e integridade do Império Brasileiro". (CORREIO OFICIAL, 09/10/1840, p.1-2).

         Dizia ainda o citado documento que a Câmara de Estremoz penetrada de tais sentimentos, que qualificava como verdadeiramente patrióticos, depois de congratular-se por tão fausto acontecimento se apressava a se manifestar por meio da imprensa rogando que se fizesse presente ao Imperador e aos ministros e fazer-lhes sentir que a Câmara Municipal de Estremoz tinha por norte a Lei, distintivo de honra.

         O documento foi enviado do Paço da Câmara Municipal da Vila de Estremoz em sessão extraordinária de 19/08/1840 tendo sido o mesmo endereçado ao ministro de Estado de Negócios do Império, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva.

        Assinaram o referido documento Manoel Varela do Nascimento, Francisco da Rocha Bezerra Junior, Felipe Varela Santiago, Francisco de Paula Paiva, Francisco Bernardo de Gouveia, Francisco de Paula Soares da Câmara e Francisco de Souza Xavier, que eram os 7 membros da Câmara Municipal de Estremoz.

Coroação de Dom Pedro II

Juramento de Dom Pedro II





A Casa de Câmara e Cadeia de Estremoz em cartão postal de 1914.