O
surto de varíola em 1872
Em 1872 a varíola havia aparecido no município de Angicos na
qual foram acometidas várias pessoas. De acordo com o jornal O Assuense, no
arraial de Gaspar Lopes, 11 pessoas foram acometidas, tendo sido essas pessoas
imediatamente medicadas pelo homeopata Domingos Antonio de Araújo, residente em
Macau, mediante módico pagamento. (O ASSUENSE, 07/03/1872, p.2).
Ainda segundo o referido jornal em todo o município de
Angicos 25 pessoas foram atingidas pela varíola, tendo sido o surto debelado
somente no final do ano de 1872. (O ASSUENSE, 07/03/1872, p.2).
Do relato a cima sobressai a informação de que naquele ano de 1872 a localidade de Gaspar Lopes, atual Pedro Avelino, já figurava como arraial, ou seja, um pequeno núcleo urbano.
A
seca de 1877
A seca de 1877 foi uma das mais severas já registrada na história do Rio Grande do Norte. Em 17/06/1877 chegaram a vila de Angicos os socorros públicos destinados a pobreza desvalida daquela freguesia, sendo os mesmo distribuídos pela comissão as segundas e sábados de cada semana.
No dia 18/06/1877 teve inicio da distribuição dos socorros,
onde vieram 160 chefes de famílias, dos quais 108 eram retirantes fugindo da
seca, de moradores do município foram 769, totalizando 877 pessoas para serem
atendidas pelos socorros públicos.
A
comissão dos socorros públicos do município de Angicos estava composta pelo Pe.
Félix Alves de Souza, o Cap. Trajano Xavier da Costa, alferes Florêncio
Otaviano da Costa Ferreira, alferes José Vitalino Teixeira de Souza e Alexandre
Francisco Pereira Pinto. (BRADO
CONSERVADOR, 06/07/1877, p.3).
Esta
comissão nomeou mais duas comissões, uma para o arraial de Carapebas, atual
Afonso Bezerra e outra para o de Gaspara Lopes, onde deveriam ser distribuídos igualmente
os socorros públicos naqueles arraiais, tendo sido destinados 87 volumes de
mantimentos para Carapebas, retornando para a vila de Angicos 70 volumes devido
a retirada do frete para a condução, visto que os proprietários puderam somente
auxiliar co 3 carros para o transporte dos socorros e devido ao péssimo estado
em que se achava os bois e cavalos ocasionados pela seca devastadora.
De acordo
com o jornal Brado Conservador os dois arraiais estavam aglomerados de
retirante os quais afluíam das freguesias de Jardim de Seridó, Santana do
Matos, de outros lugares da província e da Paraiba, por serem os referidos
arraiais férteis nos recursos que ofereciam a sua vegetação.Assim contava uma
imensa massa de retirantes na freguesia de Angicos, sobretudo nos arraiais de
Carapebas e Gaspar Lopes e a cada chegavam mais e ao passo que da mesma não
saia ninguém. (BRADO
CONSERVADOR, 06/07/1877, p.3).
De acordo
com o emissário do relato enviado ao referido jornal era digno do mais elevado
elogio o escrúpulo, zelo, vigilância e atividade pelo qual procedia a comissão
municipal dos socorros públicos de Angicos.
Os mantimentos
eram distribuídos a proporção das pessoas existentes em cada família, sendo os
nomes dos respectivos chefes de famílias anotados em cadernos devidamente
preparado para tal e igualmente lançados ao lado do nome do chefe de família os
nomes dos respectivos membros da mesma.
O mesmo
procedimento se dava com os retirantes, porém em caderno separado, e para estes
não tinha dia nem hora marcada para receberem a ajuda necessária.
O
distrito de paz
De acordo com a lei Nº 941 assinada por Francisco Altino de
Araújo, presidente da Provincia, o município de Angicos foi dividido em 3
distritos de paz, sendo o 1º o da Vila
de Angicos, o 2º composto pelos distritos das subdelegacias do Jardim e do
Bonfim, tendo por nome Distrito do Jardim e o 3º composto pelo distrito da
subdelegacia de Gaspar Lopes, conservando o mesmo nome e tendo por limites os
mesmos da subdelegacia. (COLEÇÃO DE LEIS PROVINCIAES DO RIO GRANDE DO NORTE, 1885,
p.7).
Outras informações a cerca do distrito de policial de Gaspar
Lopes só aparecem nas crônicas jornalísticas já no período republicano, onde em
10/08/1891 foram nomeado Januário José Barbosa como subdelegado do distrito de
Gaspar Lopes. (RIO GRANDE DO NORTE, 20/08/1891, p.2).
Já por
ato do governador de 12/03/1892 foram demitidos Pedro Riosa da Trindade e José
Pedro Xavier Bezerra dos cargos de 1º e 2º suplentes do subdelegado de policia
do distrito de Gaspar Lopes, tendo sido nomeados para os mesmos cargos José
Glicério Alves de Souza e José Maria Teixeira de Brito. (A REPÚBLICA, 12/03/1892,
p.1).
De acordo com o relatório do governo do Estado de 1896 no tocante a divisão policial, no distrito de Gaspar Lopes constava como subdelegado Alexandre Francisco Pereira Pinto, José Gicério Alves de Souza, José Maria Teixeira de Brito e Januário Pedro Xavier da Costa, respectivamene como 1º, 2º e 3º suplentes.( RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1896 p.208).
Instrução
pública
Segundo o relatório do governo do Estado de 1896 havia uma
escola primária para o sexo masculino no arraial de Gaspar Lopes mantida pela Intendência.
(RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1896, p.90).
Já no relatório do governo estadual de 1900 constava
Francisco Januário Xavier de Menezes como professor da escola primária de
Gaspar Lopes, tendo sido o mesmo nomeado em 15/02/1896 com um ordenado de
300$000.A matricula naquele ano constava de 22 alunos dos quais 18 frequentaram
assiduamente as aulas. (RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1900,
p.143).
O prédio das Escolas Reunidas da vila de Epitácio Pessoa foi inaugurado em 12/10/1934.
Aspecto da inauguração do prédio das Escolas Reunidas de Epitácio Pessoas.
Foto: A Noite Ilustrada,19/01/1935, p.23.
Outras
informações
Em 1905 o relatório do governo do Estado citou Gaspar Lopes
como uma das duas povoações existentes no município de Angicos, sendo a outra a
de Carapebas, atual Afonso Bezerra. O
mesmo relatório também citou que próximo ao povoado de Gaspar Lopes, na foz do
riacho denominado Riacho da Onça, existia ótimo lugar para a construção de um
reservatório d’água para a população do lugar. (RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS
ESTADOS BRASILEIROS, 1905, p.95-96).
Segundo a lei orçamentária do município de Angicos publicada
no jornal A República, a intendência municipal já tinha uma despesa de 360$000 no
distrito de Gaspar Lopes, sendo 60$000 com o zelador do cemitério e de 300$000
com o professor do referido distrito. (A REPÚBLICA, 01/10/1907, p.1).
Em 1914 Gaspar Lopes aparece como povoado no Dicionário Postal Brasileiro. (ALMANAK LAEMMERT : ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ), 1914,p.157
Sobre
Gaspar Lopes
Sobre Gaspar Lopes que outrora dera seu nome para o então
arraial o jornal Diário de Pernambuco registrou na seção de obituário que
Gaspar Lopes, branco, natural do Rio Grande do Norte, com 23 anos, solteiro,
faleceu no dia 04/10/1878, no Hospital Pedro II, tendo sido sua morte motivada
pela bexiga. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 07/10/1878, p.4). Assim, o jovem havia
nascido em 1855.
Mudança
toponímica
A mudança toponímica de
Gaspar Lopes para Epitácio Pessoa ocorreu em 08/01/1922 no ato da inauguração
da estação ferroviária do ramal Lajes a Macau da EFCRGN cujo trecho de 27 km
havia sido autorizado pelo então presidente da república que doravante seria
homenageado na povoação com seu nome, perdurando até 1948 quando foi criado o município
que teve o nome alterado pela terceira vez para Pedro Avelino.
Sobre
o distrito de Epitácio Pessoa
O Pe. João Maria Cabral, em excursão de automóvel
pelo interior do Rio Grande Norte esteve de passagem pelo distrito de Epitácio
Pessoa em 1929.
Conforme o referido sacerdote: “depois de 60 km de esplendida estrada chegamos a Epitácio Pessoa, antes Gaspar Lopes, povoação do município de Angicos, que tem boa feira, regular capela e vapor para beneficiamento do algodão”. ( EXCELSIOR, 1929, p.70).
Sobre a luta pela água
O Diário de Pernambuco registrou em 1935 que “Epitácio Pessoa,
antiga povoação do município de Angicos, onde seus habitantes lutam com as
maiores dificuldades para obter água potável”.
Ainda segundo o referido jornal, as pessoas que dispunham de
recursos compravam a 1$500 uma carga de água, transportada do Riacho do Meio,
distante uma légua (6 km) da localidade.
A população pobre, pela
falta de recursos, era obrigada a beber a água do rio que era salobra e até
amarga.As pessoas de saúde frágil não levavam muito tempo para sentir os
efeitos nocivos da água contaminada com alto índice sais prejudiciais ao
organismo.
Quando a seca se prolongava e a EFCRGN retardava ou
interrompia o abastecimento em tanques transportados da lagoa de Estremoz
apareciam em Gaspar Lopes casos frequentes de desistiria e várias outras
doenças do sistema digestivo.
Acresce a isso
que só excepcionalmente essa distribuição era gratuita,ficando assim, a
população desvalida que não podia pagar pela quantidade indispensavel ao
consumo diário, sueita a todos os danos causados pela água das cacimbas locais.
Por
esse motivo, segundo o referido jornal, a maioria da população de Epitácio
Pessoa era doente.
Ainda assim , sua produção agrícola era considerável devido
a fertilidade das suas terras,sobretudo nas várzeas do Riacho do Meio, e nos
rios Bento Ferreira, Gaspar Lopes e Serra Aguda, onde o algodão prosperava
admiravelmente, produzindo colheitas abundantes e fibras de primeira qualidade.
O interventor interino, Antonio de Souza, havia iniciado ali
a construção de um açude no riacho da Onça, cuja bacia hidrográfica assegurava
um suprimento de água potável proporcional as necessidade da povoação,
agricultores e fazendeiros, atendendo a solicitação da população da região.
No entanto, mal
havia começado a construção desse açude, assumiu o cargo de Interventor
Federal, Bertino Dutra, que segundo o Diário de Pernambuco, sem a menor
indagação e por espírito mesquinho de politicagem, mandou suspender o serviço, “privando
aquela gente laboriosa de um beneficio indispensável a normalização da Sade e
de sua capacidade produtiva”. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 28/09/1933, p.3).
Aspectos de Pedro Avelino |
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