domingo, 6 de fevereiro de 2022

RETALHOS HISTÓRICOS DO MUNICÍPIO DE PEDRO AVELINO

 


      A seguir alguns retalhos históricos que permitem recontar a memória do municipio de Pedro Avelino. 





O surto de varíola em 1872

         Em 1872 a varíola havia aparecido no município de Angicos na qual foram acometidas várias pessoas. De acordo com o jornal O Assuense, no arraial de Gaspar Lopes, 11 pessoas foram acometidas, tendo sido essas pessoas imediatamente medicadas pelo homeopata Domingos Antonio de Araújo, residente em Macau, mediante módico pagamento. (O ASSUENSE, 07/03/1872, p.2).

         Ainda segundo o referido jornal em todo o município de Angicos 25 pessoas foram atingidas pela varíola, tendo sido o surto debelado somente no final do ano de 1872. (O ASSUENSE, 07/03/1872, p.2).

         Do relato a cima sobressai a informação de que naquele ano de 1872 a localidade de Gaspar Lopes, atual Pedro Avelino, já figurava como arraial, ou seja, um pequeno núcleo urbano.

A seca de 1877

A seca de 1877 foi uma das mais severas já registrada na história do Rio Grande do Norte. Em 17/06/1877 chegaram a vila de Angicos os socorros públicos destinados a pobreza desvalida daquela freguesia, sendo os mesmo distribuídos pela comissão as segundas e sábados de cada semana.

         No dia 18/06/1877 teve inicio da distribuição dos socorros, onde vieram 160 chefes de famílias, dos quais 108 eram retirantes fugindo da seca, de moradores do município foram 769, totalizando 877 pessoas para serem atendidas pelos socorros públicos.

A comissão dos socorros públicos do município de Angicos estava composta pelo Pe. Félix Alves de Souza, o Cap. Trajano Xavier da Costa, alferes Florêncio Otaviano da Costa Ferreira, alferes José Vitalino Teixeira de Souza e Alexandre Francisco Pereira Pinto. (BRADO CONSERVADOR, 06/07/1877, p.3).

Esta comissão nomeou mais duas comissões, uma para o arraial de Carapebas, atual Afonso Bezerra e outra para o de Gaspara Lopes, onde deveriam ser distribuídos igualmente os socorros públicos naqueles arraiais, tendo sido destinados 87 volumes de mantimentos para Carapebas, retornando para a vila de Angicos 70 volumes devido a retirada do frete para a condução, visto que os proprietários puderam somente auxiliar co 3 carros para o transporte dos socorros e devido ao péssimo estado em que se achava os bois e cavalos ocasionados pela seca devastadora.

De acordo com o jornal Brado Conservador os dois arraiais estavam aglomerados de retirante os quais afluíam das freguesias de Jardim de Seridó, Santana do Matos, de outros lugares da província e da Paraiba, por serem os referidos arraiais férteis nos recursos que ofereciam a sua vegetação.Assim contava uma imensa massa de retirantes na freguesia de Angicos, sobretudo nos arraiais de Carapebas e Gaspar Lopes e a cada chegavam mais e ao passo que da mesma não saia ninguém. (BRADO CONSERVADOR, 06/07/1877, p.3).

De acordo com o emissário do relato enviado ao referido jornal era digno do mais elevado elogio o escrúpulo, zelo, vigilância e atividade pelo qual procedia a comissão municipal dos socorros públicos de Angicos.

Os mantimentos eram distribuídos a proporção das pessoas existentes em cada família, sendo os nomes dos respectivos chefes de famílias anotados em cadernos devidamente preparado para tal e igualmente lançados ao lado do nome do chefe de família os nomes dos respectivos membros da mesma.

O mesmo procedimento se dava com os retirantes, porém em caderno separado, e para estes não tinha dia nem hora marcada para receberem a ajuda necessária.

O distrito de paz

         De acordo com a lei Nº 941 assinada por Francisco Altino de Araújo,  presidente da Provincia,  o município de Angicos foi dividido em 3 distritos de paz, sendo o 1º o da  Vila de Angicos, o 2º composto pelos distritos das subdelegacias do Jardim e do Bonfim, tendo por nome Distrito do Jardim e o 3º composto pelo distrito da subdelegacia de Gaspar Lopes, conservando o mesmo nome e tendo por limites os mesmos da subdelegacia. (COLEÇÃO DE LEIS PROVINCIAES DO RIO GRANDE DO NORTE, 1885, p.7).

         Outras informações a cerca do distrito de policial de Gaspar Lopes só aparecem nas crônicas jornalísticas já no período republicano, onde em 10/08/1891 foram nomeado Januário José Barbosa como subdelegado do distrito de Gaspar Lopes. (RIO GRANDE DO NORTE, 20/08/1891, p.2).

Já por ato do governador de 12/03/1892 foram demitidos Pedro Riosa da Trindade e José Pedro Xavier Bezerra dos cargos de 1º e 2º suplentes do subdelegado de policia do distrito de Gaspar Lopes, tendo sido nomeados para os mesmos cargos José Glicério Alves de Souza e José Maria Teixeira de Brito. (A REPÚBLICA, 12/03/1892, p.1).

         De acordo com o relatório do governo do Estado de 1896 no tocante a divisão policial, no distrito de Gaspar Lopes constava como subdelegado Alexandre Francisco Pereira Pinto, José Gicério Alves de Souza, José Maria Teixeira de Brito e Januário Pedro Xavier da Costa, respectivamene como 1º, 2º e 3º suplentes.( RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1896 p.208).

Instrução pública

      Segundo o relatório do governo do Estado de 1896 havia uma escola primária para o sexo masculino no arraial de Gaspar Lopes mantida pela Intendência. (RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1896, p.90).

         Já no relatório do governo estadual de 1900 constava Francisco Januário Xavier de Menezes como professor da escola primária de Gaspar Lopes, tendo sido o mesmo nomeado em 15/02/1896 com um ordenado de 300$000.A matricula naquele ano constava de 22 alunos dos quais 18 frequentaram assiduamente as aulas. (RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1900, p.143).

        O prédio das Escolas Reunidas da vila de Epitácio Pessoa foi inaugurado em 12/10/1934.

Aspecto da inauguração do prédio das Escolas Reunidas de Epitácio Pessoas.
Foto: A Noite Ilustrada,19/01/1935, p.23.


Outras informações

         Em 1905 o relatório do governo do Estado citou Gaspar Lopes como uma das duas povoações existentes no município de Angicos, sendo a outra a de Carapebas, atual Afonso Bezerra.      O mesmo relatório também citou que próximo ao povoado de Gaspar Lopes, na foz do riacho denominado Riacho da Onça, existia ótimo lugar para a construção de um reservatório d’água para a população do lugar. (RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1905, p.95-96).

         Segundo a lei orçamentária do município de Angicos publicada no jornal A República, a intendência municipal já tinha uma despesa de 360$000 no distrito de Gaspar Lopes, sendo 60$000 com o zelador do cemitério e de 300$000 com o professor do referido distrito. (A REPÚBLICA, 01/10/1907, p.1).

         Em 1914 Gaspar Lopes aparece como povoado no Dicionário Postal Brasileiro. (ALMANAK LAEMMERT : ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ), 1914,p.157

Sobre Gaspar Lopes

         Sobre Gaspar Lopes que outrora dera seu nome para o então arraial o jornal Diário de Pernambuco registrou na seção de obituário que Gaspar Lopes, branco, natural do Rio Grande do Norte, com 23 anos, solteiro, faleceu no dia 04/10/1878, no Hospital Pedro II, tendo sido sua morte motivada pela bexiga. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 07/10/1878, p.4). Assim, o jovem havia nascido em 1855.

Mudança toponímica

         A mudança toponímica de Gaspar Lopes para Epitácio Pessoa ocorreu em 08/01/1922 no ato da inauguração da estação ferroviária do ramal Lajes a Macau da EFCRGN cujo trecho de 27 km havia sido autorizado pelo então presidente da república que doravante seria homenageado na povoação com seu nome, perdurando até 1948 quando foi criado o município que teve o nome alterado pela terceira vez para Pedro Avelino.

Sobre o distrito de Epitácio Pessoa

O  Pe. João Maria Cabral, em excursão de automóvel pelo interior do Rio Grande Norte esteve de passagem pelo distrito de Epitácio Pessoa em 1929.

         Conforme o referido sacerdote: “depois de 60 km de esplendida estrada chegamos a Epitácio Pessoa, antes Gaspar Lopes, povoação do município de Angicos, que tem boa feira, regular capela e vapor para beneficiamento do algodão”. ( EXCELSIOR, 1929, p.70).

 Sobre a luta pela água

         O Diário de Pernambuco registrou em 1935 que “Epitácio Pessoa, antiga povoação do município de Angicos, onde seus habitantes lutam com as maiores dificuldades para obter água potável”.

         Ainda segundo o referido jornal, as pessoas que dispunham de recursos compravam a 1$500 uma carga de água, transportada do Riacho do Meio, distante uma légua (6 km) da localidade.

A população pobre, pela falta de recursos, era obrigada a beber a água do rio que era salobra e até amarga.As pessoas de saúde frágil não levavam muito tempo para sentir os efeitos nocivos da água contaminada com alto índice sais prejudiciais ao organismo.

         Quando a seca se prolongava e a EFCRGN retardava ou interrompia o abastecimento em tanques transportados da lagoa de Estremoz apareciam em Gaspar Lopes casos frequentes de desistiria e várias outras doenças do sistema digestivo.

         Acresce a isso que só excepcionalmente essa distribuição era gratuita,ficando assim, a população desvalida que não podia pagar pela quantidade indispensavel ao consumo diário, sueita a todos os danos causados pela água das cacimbas locais. Por esse motivo, segundo o referido jornal, a maioria da população de Epitácio Pessoa era doente.

         Ainda assim , sua produção agrícola era considerável devido a fertilidade das suas terras,sobretudo nas várzeas do Riacho do Meio, e nos rios Bento Ferreira, Gaspar Lopes e Serra Aguda, onde o algodão prosperava admiravelmente, produzindo colheitas abundantes e fibras de primeira qualidade.

         O interventor interino, Antonio de Souza, havia iniciado ali a construção de um açude no riacho da Onça, cuja bacia hidrográfica assegurava um suprimento de água potável proporcional as necessidade da povoação, agricultores e fazendeiros, atendendo a solicitação da população da região.

No  entanto, mal  havia começado a construção desse açude, assumiu o cargo de Interventor Federal, Bertino Dutra, que segundo o Diário de Pernambuco, sem a menor indagação e por espírito mesquinho de politicagem, mandou suspender o serviço, “privando aquela gente laboriosa de um beneficio indispensável a normalização da Sade e de sua capacidade produtiva”. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 28/09/1933, p.3).

Aspectos de Pedro Avelino


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