domingo, 13 de fevereiro de 2022

A EXCURSÃO DO PRESIDENTE GETULIO VARGAS PELA ESTRADA DE FERRO DE MOSSORÓ


Em 15/09/1933 o presidente Getúlio Vergas e sua comitiva penetraram o sertão potiguar em excursão feita pela Estrada de Ferro de Mossoró.

         De acordo com o relato da viagem publicado no jornal Diário da Manhã, a viagem pela Estrada de Ferro de Mossoró decorreu em ordem. Na estação de São Sebastião (atual Dix Sept Rosado) na metade do caminho de Caraúbas parou o trem para apreciar uma jazida de gesso, fonte econômica local aplicada na fabricação de cimentos nacionais.

         Chegando em Caraúbas, o prefeito local, Jonas Gurgel, discursou e ofereceu em sua residência um lanche à comitiva presidencial. No término do discurso o prefeito saudou a todos na pessoa de Getúlio Vargas o futuro presidente da República.

         Após o lanche, a comitiva seguiu de automóvel para Lucrécia em visita as obras do maior açude do Estado até então,com capacidade de 23 milhões cúbicos de água. O presidente Getúlio Vargas posou para  os fotógrafos entre moças locais. As moças trazia dísticos dos Estados da Federação e legendas com os  nomes de Getúlio Vargas e dos ministros da sua comitiva.

         Foi oferecido um lanche a imprensa, constante de uma taça de champagne e doces finos.Na mesa lia-se o seguinte dístico: “como o sol que ilumina os planetas, a imprensa ilumina as nações”.

         Findo o lanche assistiu-se na Fazenda Liberdade, de propriedade do prefeito, a uma interessante vaquejada no estilo da terra, onde a imprensa pode apreciar a arrojadas proezas dos vaqueiros nordestinos.

         Depois seguiu-se a comitiva para a vila de Patu, terra de Almino Afonso, grande propagandista da abolição e também de Jesuino Brilhante famoso cangaceiro. (DIÁRIO DA MANHÃ, 15/09/1933, p.1).

Trem especial com Getúlio Vargas e comitiva em São Romão, atual Fernanco Pedroza em 1933, dai  se dirigiu por carro para Mossoró e continuar sua excursão pelo sertão.




O DESCASO DA GWBR PARA COM A CONSERVAÇÃO DO MATERIAL E DA VIA PERMANENTE

 

       Segundo a legenda da foto publicada no jornal Diário da Manhã a locomotiva ainda estava aproveitável, porém foi atirada ao matagal de jurubebas e capim e enterrada no areial impenetrável.

         Toneladas de ferro estavam ali abandonadas em franco oferecimento aos amigos de velharias.

         A GWBR justificou e ainda  justificava seus constantes pedidos de aumento de tarifas nos supostos deficts que a renovação do material rodante acarretava para a empresa.

         Ainda de acordo com o referido jornal até aquele momento ninguém havia visto a justificação honesta e aplicação de rendas tão vultosas, mas o que se via (e a fotografia mostrava) era o material abandonado sem que a GWBR procurasse remediar a sua imprestabilidade. (DIÁRIO DA MANHÃ, 22/11/1928, p.1)

O estado de conservação dos trilhos da GWBR não era outro se não o que se apresentava na foto a cima.

         Era,segundo o jornal Diário da Manhã, um documento de importância capital e por onde se evidenciava o desleixo da empresa britânica em relação a um material que lhe não pertence e por cujo desinteresse respondia a vida dos passageiros que viajavam nos seus “calhambeques” estragados.

         Os dormentes estavam expostos a ação do tempo e os trilhos completamente nus.Os calços e parafusos não podiam fugir a deterioração imediata.

         Onde a segurança de uma viagem sobre esses trilhos bambos? Questionava o referido jornal.

         A GWBR cobrava  apesar disso, tarifas de fome pela aventura perigosa e terminava a critica dizendo que os governos, tanto estadual como o federal, eram beneméritos para com a companhia britânica. DIÁRIO DA MANHÃ, 22/11/1928, p.1).





Fonte: Diário da Manhã, PE, 1928.






SOBRE A NOVA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE JOÃO PESSOA-PB


         Em 06/04/1936 o Diário da Noite publicou um editorial secundando o apelo do prefeito Antonio Pereira Diniz pedindo ao ministério da viação a construção de uma nova estação para a Great Wetern em João Pessoa.Para justificar esse pedido o referido jornal estampou uma foto com o aspecto em que se encontrava aquela época a estação da capital paraibana.

Fonte: Diário da Noite, 1936.
Aspecto da antiga estação ferroviária de João Pessoa.


         Diante dos esforços desenvolvidos pelo deputado Ruy Carneiro junto ao ministro da viação, secundando o apelo do prefeito Pereira Diniz aquele ministro autorizou a GWBR, por intermédio da inspetoria de estradas, a apresentar o projeto e orçamento para a nova estação ferroviária de João Pessoa o qual deveria está de acordo com o plano de remodelação da capital paraibana. (DIÁRIO DA MANHÃ, 08/04/1936, p.2).

         O prefeito da capital paraibana encontrava-se no Rio de Janeiro, então capital federal, onde estava empenhado em conseguir melhoramento para a cidade de João Pessoa.Entre as obras mais urgentes reclamadas na capital paraibana destacava-se a construção de uma nova estação da GWBR.Essa companhia e o ministério da viação deveriam atender sem demora os justos apelos do prefeito Pereira Diniz.Todo um bairro da cidade estava com o seu desenvolvimento embargado pelo o que o jornal Diário da  Noite classificou como lamentável estação.

Tratava-se assim de uma obra inadiável.A capital da Paraiba a reclamava com razão por intermédio do seu prefeito.”Não se compreende que uma cidade de tanta importância tenha o seu desenvolvimento assim embaraçado”, escreveu o citado jornal.

Ainda de acordo com o referido jornal a estação da GWBR em João Pessoa era um edifício velho, quaser ameaçando ruir, e,além disso, condenado pelo plano de urbanização da cidade e pela falta de higiene.Constituía verdadeiro atentado a saúde pública em contraste com o surto de progresso que se presenciava na capital paraibana aquela época.

O prefeito Pereira Diniz estava desenvolvendo na Capital Federal grande atividade junto aos diretores da GWBR no sentido de ser construída uma estação de acordo com as exigências dos planos do urbanismo do arquiteto Nestor de Figueiredo.

Prefeito Pereira Diniz que iniciou a movimentação para a construção da nova estação de João Pessoa.

Tendo os diretores da GWBR alegado que a empresa não enfrentava essa obra dadas as dificuldades financeiras em que a mesma se debatia.O prefeito Pereira Diniz iria junto com o engenheiro José Luiz Batista, representante da GWBR, ter um entendimento sobre o assunto com o ministro da viação, a quem fariam um veemente apelo para que fosse satisfeito esse justo anseio do povo de João Pessoa. (DIÁRIO DA NOITE, 03/04/1936, p.12).

         Em visita a João Pessoa o presidente da GWBR concedeu entrevista a imprensa local onde focalizou o vasto plano de obras que aquela companhia iria empreender na Paraiba a começar em 1941.Dentre as futuras realizações destacava-se a construção da nova gare de João Pessoa, que se devia, em parte, a atuação do interventor Ruy Carneiro junto aos altos poderes da República. (DIÁRIO DA MANHÃ, 20/12/1940, p.4).

         Os trabalhos de construção da nova estação de João Pessoa te inicio na última semana de janeiro de 1941, sob a direção técnica do engenheiro Abelardo Araújo, tendo sido realizada as sondagens preliminares para a construção da futura gare da GWBR em João Pessoa.

         Esse edifício ficaria ao longo do prolongamento da rua Barão do Triunfo, dotado de linhas neoclássicas e com todas as instalações exigidas para um intenso movimento de transporte de carga e passageiros.Segundo declaração feita pelo superintendente regional Manoel Leão, a obra estava orçada em cerca de mil contos de réis.  (DIÁRIO DA MANHÃ, 31/01/1941, p.4).

         Com a presença do interventor Ruy Carneiro outras autoridades e jornalistas, realizou-se em 04/06/1941 o batimento da primeira estaca da futura estação da GWBR na capital paraibana.Nessa ocasião o chefe do governo proferiu expressivo discurso em que realçou  a significação do acontecimento para a vida paraibana. (DIÁRIO DA MANHÃ, 05/06/1941, p.4).

Aspectos da estação atual de João Pessoa.Fotos: IBGE.

     O superintendente regional da RFFSA Waldo Sette de Albuquerque presidiu em 21/05/1975 a inauguração das novas dependências da 3ª Divisão,, onde ficariam localizados o setor de via permanente e a 2ª residência, órgãos imprescindíveis para o  bom desenvolvimento dos transportes ferroviários na Paraiba.

         Foi entregue ao tráego naquele dia melhoramentos na esplanada da estação de João Pessoa, assim como o referido superintendente supervisionou as obras de instalações do Distrito de Transportes que estaria sendo adaptado no edifício da Estação Central e percorreria o trecho João Pessoa a Cabedelo onde estavam sendo realizados serviços de renovação das linhas, cuja conclusão estava prevista para  mês de agosto. (DIÁRIO DA MANHÃ, 21/05/1975, p.3).




Aspectos da estação ferroviária de João Pessoa.


domingo, 6 de fevereiro de 2022

RETALHOS HISTÓRICOS DO MUNICÍPIO DE PEDRO AVELINO

 


      A seguir alguns retalhos históricos que permitem recontar a memória do municipio de Pedro Avelino. 





O surto de varíola em 1872

         Em 1872 a varíola havia aparecido no município de Angicos na qual foram acometidas várias pessoas. De acordo com o jornal O Assuense, no arraial de Gaspar Lopes, 11 pessoas foram acometidas, tendo sido essas pessoas imediatamente medicadas pelo homeopata Domingos Antonio de Araújo, residente em Macau, mediante módico pagamento. (O ASSUENSE, 07/03/1872, p.2).

         Ainda segundo o referido jornal em todo o município de Angicos 25 pessoas foram atingidas pela varíola, tendo sido o surto debelado somente no final do ano de 1872. (O ASSUENSE, 07/03/1872, p.2).

         Do relato a cima sobressai a informação de que naquele ano de 1872 a localidade de Gaspar Lopes, atual Pedro Avelino, já figurava como arraial, ou seja, um pequeno núcleo urbano.

A seca de 1877

A seca de 1877 foi uma das mais severas já registrada na história do Rio Grande do Norte. Em 17/06/1877 chegaram a vila de Angicos os socorros públicos destinados a pobreza desvalida daquela freguesia, sendo os mesmo distribuídos pela comissão as segundas e sábados de cada semana.

         No dia 18/06/1877 teve inicio da distribuição dos socorros, onde vieram 160 chefes de famílias, dos quais 108 eram retirantes fugindo da seca, de moradores do município foram 769, totalizando 877 pessoas para serem atendidas pelos socorros públicos.

A comissão dos socorros públicos do município de Angicos estava composta pelo Pe. Félix Alves de Souza, o Cap. Trajano Xavier da Costa, alferes Florêncio Otaviano da Costa Ferreira, alferes José Vitalino Teixeira de Souza e Alexandre Francisco Pereira Pinto. (BRADO CONSERVADOR, 06/07/1877, p.3).

Esta comissão nomeou mais duas comissões, uma para o arraial de Carapebas, atual Afonso Bezerra e outra para o de Gaspara Lopes, onde deveriam ser distribuídos igualmente os socorros públicos naqueles arraiais, tendo sido destinados 87 volumes de mantimentos para Carapebas, retornando para a vila de Angicos 70 volumes devido a retirada do frete para a condução, visto que os proprietários puderam somente auxiliar co 3 carros para o transporte dos socorros e devido ao péssimo estado em que se achava os bois e cavalos ocasionados pela seca devastadora.

De acordo com o jornal Brado Conservador os dois arraiais estavam aglomerados de retirante os quais afluíam das freguesias de Jardim de Seridó, Santana do Matos, de outros lugares da província e da Paraiba, por serem os referidos arraiais férteis nos recursos que ofereciam a sua vegetação.Assim contava uma imensa massa de retirantes na freguesia de Angicos, sobretudo nos arraiais de Carapebas e Gaspar Lopes e a cada chegavam mais e ao passo que da mesma não saia ninguém. (BRADO CONSERVADOR, 06/07/1877, p.3).

De acordo com o emissário do relato enviado ao referido jornal era digno do mais elevado elogio o escrúpulo, zelo, vigilância e atividade pelo qual procedia a comissão municipal dos socorros públicos de Angicos.

Os mantimentos eram distribuídos a proporção das pessoas existentes em cada família, sendo os nomes dos respectivos chefes de famílias anotados em cadernos devidamente preparado para tal e igualmente lançados ao lado do nome do chefe de família os nomes dos respectivos membros da mesma.

O mesmo procedimento se dava com os retirantes, porém em caderno separado, e para estes não tinha dia nem hora marcada para receberem a ajuda necessária.

O distrito de paz

         De acordo com a lei Nº 941 assinada por Francisco Altino de Araújo,  presidente da Provincia,  o município de Angicos foi dividido em 3 distritos de paz, sendo o 1º o da  Vila de Angicos, o 2º composto pelos distritos das subdelegacias do Jardim e do Bonfim, tendo por nome Distrito do Jardim e o 3º composto pelo distrito da subdelegacia de Gaspar Lopes, conservando o mesmo nome e tendo por limites os mesmos da subdelegacia. (COLEÇÃO DE LEIS PROVINCIAES DO RIO GRANDE DO NORTE, 1885, p.7).

         Outras informações a cerca do distrito de policial de Gaspar Lopes só aparecem nas crônicas jornalísticas já no período republicano, onde em 10/08/1891 foram nomeado Januário José Barbosa como subdelegado do distrito de Gaspar Lopes. (RIO GRANDE DO NORTE, 20/08/1891, p.2).

Já por ato do governador de 12/03/1892 foram demitidos Pedro Riosa da Trindade e José Pedro Xavier Bezerra dos cargos de 1º e 2º suplentes do subdelegado de policia do distrito de Gaspar Lopes, tendo sido nomeados para os mesmos cargos José Glicério Alves de Souza e José Maria Teixeira de Brito. (A REPÚBLICA, 12/03/1892, p.1).

         De acordo com o relatório do governo do Estado de 1896 no tocante a divisão policial, no distrito de Gaspar Lopes constava como subdelegado Alexandre Francisco Pereira Pinto, José Gicério Alves de Souza, José Maria Teixeira de Brito e Januário Pedro Xavier da Costa, respectivamene como 1º, 2º e 3º suplentes.( RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1896 p.208).

Instrução pública

      Segundo o relatório do governo do Estado de 1896 havia uma escola primária para o sexo masculino no arraial de Gaspar Lopes mantida pela Intendência. (RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1896, p.90).

         Já no relatório do governo estadual de 1900 constava Francisco Januário Xavier de Menezes como professor da escola primária de Gaspar Lopes, tendo sido o mesmo nomeado em 15/02/1896 com um ordenado de 300$000.A matricula naquele ano constava de 22 alunos dos quais 18 frequentaram assiduamente as aulas. (RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1900, p.143).

        O prédio das Escolas Reunidas da vila de Epitácio Pessoa foi inaugurado em 12/10/1934.

Aspecto da inauguração do prédio das Escolas Reunidas de Epitácio Pessoas.
Foto: A Noite Ilustrada,19/01/1935, p.23.


Outras informações

         Em 1905 o relatório do governo do Estado citou Gaspar Lopes como uma das duas povoações existentes no município de Angicos, sendo a outra a de Carapebas, atual Afonso Bezerra.      O mesmo relatório também citou que próximo ao povoado de Gaspar Lopes, na foz do riacho denominado Riacho da Onça, existia ótimo lugar para a construção de um reservatório d’água para a população do lugar. (RELATÓRIO DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1905, p.95-96).

         Segundo a lei orçamentária do município de Angicos publicada no jornal A República, a intendência municipal já tinha uma despesa de 360$000 no distrito de Gaspar Lopes, sendo 60$000 com o zelador do cemitério e de 300$000 com o professor do referido distrito. (A REPÚBLICA, 01/10/1907, p.1).

         Em 1914 Gaspar Lopes aparece como povoado no Dicionário Postal Brasileiro. (ALMANAK LAEMMERT : ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ), 1914,p.157

Sobre Gaspar Lopes

         Sobre Gaspar Lopes que outrora dera seu nome para o então arraial o jornal Diário de Pernambuco registrou na seção de obituário que Gaspar Lopes, branco, natural do Rio Grande do Norte, com 23 anos, solteiro, faleceu no dia 04/10/1878, no Hospital Pedro II, tendo sido sua morte motivada pela bexiga. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 07/10/1878, p.4). Assim, o jovem havia nascido em 1855.

Mudança toponímica

         A mudança toponímica de Gaspar Lopes para Epitácio Pessoa ocorreu em 08/01/1922 no ato da inauguração da estação ferroviária do ramal Lajes a Macau da EFCRGN cujo trecho de 27 km havia sido autorizado pelo então presidente da república que doravante seria homenageado na povoação com seu nome, perdurando até 1948 quando foi criado o município que teve o nome alterado pela terceira vez para Pedro Avelino.

Sobre o distrito de Epitácio Pessoa

O  Pe. João Maria Cabral, em excursão de automóvel pelo interior do Rio Grande Norte esteve de passagem pelo distrito de Epitácio Pessoa em 1929.

         Conforme o referido sacerdote: “depois de 60 km de esplendida estrada chegamos a Epitácio Pessoa, antes Gaspar Lopes, povoação do município de Angicos, que tem boa feira, regular capela e vapor para beneficiamento do algodão”. ( EXCELSIOR, 1929, p.70).

 Sobre a luta pela água

         O Diário de Pernambuco registrou em 1935 que “Epitácio Pessoa, antiga povoação do município de Angicos, onde seus habitantes lutam com as maiores dificuldades para obter água potável”.

         Ainda segundo o referido jornal, as pessoas que dispunham de recursos compravam a 1$500 uma carga de água, transportada do Riacho do Meio, distante uma légua (6 km) da localidade.

A população pobre, pela falta de recursos, era obrigada a beber a água do rio que era salobra e até amarga.As pessoas de saúde frágil não levavam muito tempo para sentir os efeitos nocivos da água contaminada com alto índice sais prejudiciais ao organismo.

         Quando a seca se prolongava e a EFCRGN retardava ou interrompia o abastecimento em tanques transportados da lagoa de Estremoz apareciam em Gaspar Lopes casos frequentes de desistiria e várias outras doenças do sistema digestivo.

         Acresce a isso que só excepcionalmente essa distribuição era gratuita,ficando assim, a população desvalida que não podia pagar pela quantidade indispensavel ao consumo diário, sueita a todos os danos causados pela água das cacimbas locais. Por esse motivo, segundo o referido jornal, a maioria da população de Epitácio Pessoa era doente.

         Ainda assim , sua produção agrícola era considerável devido a fertilidade das suas terras,sobretudo nas várzeas do Riacho do Meio, e nos rios Bento Ferreira, Gaspar Lopes e Serra Aguda, onde o algodão prosperava admiravelmente, produzindo colheitas abundantes e fibras de primeira qualidade.

         O interventor interino, Antonio de Souza, havia iniciado ali a construção de um açude no riacho da Onça, cuja bacia hidrográfica assegurava um suprimento de água potável proporcional as necessidade da povoação, agricultores e fazendeiros, atendendo a solicitação da população da região.

No  entanto, mal  havia começado a construção desse açude, assumiu o cargo de Interventor Federal, Bertino Dutra, que segundo o Diário de Pernambuco, sem a menor indagação e por espírito mesquinho de politicagem, mandou suspender o serviço, “privando aquela gente laboriosa de um beneficio indispensável a normalização da Sade e de sua capacidade produtiva”. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 28/09/1933, p.3).

Aspectos de Pedro Avelino


sábado, 27 de novembro de 2021

A ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE FRUTICULTURA DO JIQUI

 

A Estação Experimental de Fruticultura Tropical foi fundada em 1936. Este estabelecimento agrícola foi instalado as margens da lagoa do Jiqui, no município de Natal, tendo sendo criado em parceria entre o Governo do Estado  e o Ministério da Agricultura.

         A sua finalidade principal era incrementar no território do Rio Grande do Norte o cultivo das árvores frutíferas. A época o Jiqui era um arrabalde distante da capital potiguar. O local para a instalação da referida estação experimental foi feita pelo engenheiro agrônomo Ariosto Peixoto que foi seu primeiro diretor.

Em 03/09/1938 no 2º ano de sua fundação foi inaugurado com pompas e circunstâncias o Horto Florestal Fernandes Barbosa, contando com a presença do governador Rafael Fernandes, os alunos do Liceu Industrial (atual IFRN) além de grande comitiva que vieram de Natal e outros municípios.

Ao alunos do Liceu Industrial e demais pessoas presentes foram apresentadas demonstrações de técnicas agrícolas nos campos da Estação Experimental tais como arados e discos, adubação do terreno com leguminosas, grade de disco e cultivadores.

As 13h00 deu-se inicio a uma sessão cívica no Horto Florestal sob a presidência do Interventor Federal.Por fim falou o engenheiro agrônomo Nilo Albuquerque, diretor da Estação Experimental do Jiqui, que fez um resumo dos trabalhos sob sua direção.Encerrou-se a solenidade com a execução do hino nacional cantado pelos alunos do Liceu Industrial e acompanhado pela banda dos Escoteiros do Alecrim.

A solenidade foi fotografada e filmada por João Alves e Adel Teixeira, respectivamente. (A ORDEM, 04/09/1938, p.1-4).

Naquele mesmo dia foi inaugurado também  o confortável prédio da administração central, construído em local aprazível de onde descortinava-se todos os aspectos da Estação Experimental.

         O edifício possuía o gabinete do diretor, a secretaria, as salas de aulas, o laboratório de química, o gabinete fotográfico e um salão de aulas para o preparo de técnicos agrícolas.

         Após dois anos de criação estavam sendo empregados esforços sobremodo para que no inicio de 1939 já se alcançasse sua finalidade, fornecendo mudas de laranjeiras enxertadas, aos interessados, por preços mínimos.

         Dispunha a Estação Experimental de 10.000 porta-enxertos em condições de serem utilizados para este fim.Os pomares em formação constavam de laranjeiras finas especialmente dos tipos para exportação.

         A cultura do coqueiro também era empregada na Estação Experimental do Jiqui sendo adquirida sementes especiais, devidamente selecionadas e já dispondo de algumas centenas para fornecimento em 1939.

         Constavam ainda nos pomares da Estação Experimental do Jiqui pés de jaca, pinha, mamão, açaí, cacau, merecendo especial atenção a cultura do abacaxi e outras árvores frutíferas em observação (A ORDEM,10/10/1938,p.2).

         Em 1944 a Estação Experimental do Jiqui estava sob a direção do engenheiro João Matos Nogueira.Em 01/05/1944 foi inaugurado o aviário e a pocilga pertencentes a Comissão Brasileiro-Americana de Produção de Gêneros Alimentícios representada no Estado pelo mesmo engenheiro Matos Nogueira.

         O aviário possuía capacidade para 5 mil aves e a pocilga com mais de 700 cabeças de raças selecionadas.Em breve chegariam 4 mil aves para o referido aviário ficando assim assegurado o fornecimento de ovos para a Base Aérea de Parnamirim e ao mercado da Capital.Em 7 meses de funcionamento a pocilga forneceu 28.873 kg de carnes para a Base Aérea de Parnamirim. (A ORDEM, 29/04/1944, p.1).

         Para se chegar a Estação Experimental do Jiqui se podia tanto ir pela estrada da Base Aérea de Parnamirim como pela estrada velha ao lado direito da Estrada de Ponta Negra.

Em 1949 a atividade da Estação Experimental de Fruticultura do Jiqui constava  aviários, culturas de fibras (agave) pomicultura e iniciado a criação de caprinos.

O complexo de edifícios da Estação Experimental de Fruticultura Tropical do Jiqui constava de 1 casa para diretor, 1 casa para o escriturário, 1 casa para escritório, , 1 galpão para máquinas, 1 casa para auxiliar, 1 casa para usina elétrica, 1 casa para o motorista, 1 casa para o feitor, 2 vilas operárias, 2 casas para operário, 1 prédio para fábrica de beneficiamento de agave, 1 casa para o avicultor, 1 aviário. (A ORDEM, 26/11/1949, p.5).


Aspectos da Estação Experimental do Jiqui.Fonte: Revista da Semana, 19/10/1940,p.25.