sexta-feira, 7 de junho de 2019

AS 7 MARAVILHAS DE NATAL



         O cronista social Veríssimo de Melo lançou em sua coluna do jornal O Poti uma enquete com a seguinte pergunta: Quais as 7 maravilhas da Cidade do Natal? A enquete teve 21 respostas publicadas entre os dias 29/11/1955 e 28/01/1956 (com um hiato entre os dias 26/12/1955 e 07/01/1956).
         Segundo o referido cronista “naturalmente, Natal tem muitas maravilhas, no bom sentido do vocábulo, porque, no sentido pejorativo, tem inúmeras.Eu quero saber quais as sete maravilhas verdadeiras”.
Ficou curioso pra saber quem foi que respondeu a enquete e quais foram as 7 maravilhas por eles listadas da capital potiguar? Não matarei o dileto leitor de curiosidade, ei-las:
            Quais as sete maravilhas da cidade do natal?
         Foi  o próprio Veríssimo de Melo quem iniciou as responder a enquete (O POTI, 29/11/1955, p.7):
1. A ponta do Pinto em Areia Preta, o local mais fotografado da cidade.
2. A enseada de Ponta Negra, numa tarde de sol.
 3. A torre da Igreja de Santo Antonio.
4. O rio Potengi visto ao crepúsculo.
5. As estátuas dos garotos na entrada do Grupo Escolar Augusto Severo.
6. O Forte dos Reis Magos, apesar do abandono em que se encontra.
7. Cascudinho[1].
         O escritor Câmara Cascudo foi o segundo a responder a enquete. Eis a sua lista (O POTI, 30/11/1955, p.7):

1. Minha casa brasileira, “com Certeza”.
2. A praia de Areia Preta.
3. A enseada de Ponta Negra.
4. Crepúsculo no Potengi.
5. Luar na areia.
6. O Forte do Reis Magos.
7. Manhã de sol.
Segundo Veríssimo de Meloa lista foi feita  num encontro casual onde o escritor Luis da Câmara Cascudo, sem titubear fez sua lista das 7 maravilhas de Natal.Pelo menos 3 das 7 maravilhas coincidiram com as de Veríssimo de Melo.
A senhorita Clarisse Palma, poetisa, fundadora do Clube dos Sete, figura de destaque social e artístico da cidade respondeu da seguinte forma (O POTI, 02/12/1955, p.7):
1. O céu, mais azul do que das outras terras[2].
2. O clima.
3. Os rochedos de Areia Preta.
4. A praia da Redinha.
5. O novo farol em Mãe Luiza[3].
6. O crepúsculo no Potengi.
7. A ponta da praia de Mãe Luiza, com aquela casinha branca rodeada de coqueiros e a qual dediquei uma poesia, há anos, quando ali havia apenas uma palhoça.
         Em 04/12/1955 foi a vez do pintor Newton Navarro responder (O POTI, 04/12/1955,p.15):
1. A casa da minha avó, a av. Rio Branco, n. 697.
2. Os versos de Otoniel Meneses.
3. Uma véspera de Reis, a noitinha, no alto da Limpa.
4. Os morros do Tirol.
6. O Potengi e a Casa de Cascudo, que são a mesma coisa[4].
7. O trio Albmar, Neto e modestamente este seu criado...
Bruno Pereira, magistrado, jornalista dos mais combativos e brilhantes da terra, membro da Academia Norteriograndense de Letras fez a sua lista (O POTI, 06/12/1955,p.7):
1.A Escola Doméstica, monumento imperecível a memória de Henrique Castriciano.
2. O céu, nos promontórios da estação das chuvas[5].
3. Os morros numerosos do Tirol, na paz elisea das tardes[6].
4. A subida do rio até Macaíba, à luz das estrelas[7].
5. O panorama da cidade visto de avião.
6. A partida das jangadas dos pescadores para o alto mar, aos primeiros albores da manhã.
7. O Forte dos Reis, inerme sentinela de um passado heroico e sempre vivo.
O juiz de direito Eutiquiano Reis fez a seguinte lista (O POTI, 07/12/1955, p.7):
1. Vida e paixão do Atlântico, na Circular[8].
2. A Fortaleza.
3.A Escola Doméstica.
4.A “Yemanjá”.
5.L’heure Du Berger, no “Grande Ponto”.
6.tugúrio da Jaguarari.
7.Os silêncios noturnos da cidade.
Em 08/12/1955 Romulo Wanderley, jornalista, advogado, professor respondeu (O POTI,08/12/1955,p.7):
1.O mar.
2.A Fortaleza dos Reis Magos.
3.As peixadas e caraguejadas.
4. Newton, Albmar e outros cidadãos do mesmo padrão[9].
5. As noites de luar na praia de Areia Preta.
6. O rio Potengi.
7..................................................................................[10].
         O advogado, professor e jornalista João Medeiros Filho respondeu (O POTI, 10/12/1955, p.7):
1. O clima do Tirol.
2. O caju da Redinha, do sitio de Baroncio Guerra.
3. O carnaval no Aeroclube.
4. A vista do mar da balaustrada de Petropólis.
5. A vida provinciana e amiga,s em a batalha do Rio de Janeiro.
6. Conviver com Veríssimo de Melo, Câmara Cascudo e outros bichos...
7. O estado de sitio, sem execução.
         O fiscal de consumo do Recife, Potiguar Fernandes, num encontro na av. Tavares de Lyra, foi pedido que respondesse a enquete sobre as sete maravilhas da cidade do Natal, ao que ele adiantou:
         “- Pois não. A minha resposta é esta” (O POTI, 11/12/1955, p.7):
1. Luis da Câmara Cascudo.
2. Luis da Câmara Cascudo.
3. Luis da Câmara Cascudo.
4. Luis da Câmara Cascudo.
5. Luis da Câmara Cascudo.
6. Luis da Câmara Cascudo.
7. Luis da Câmara Cascudo.
O contista José Pinto Junior apresentou a seguinte lista (O POTI, 13/12/1955, p.7):
1. A radiodifusora ultrassônica de Luiz Romão.
2. O conjunto residencial para operários da Estada de Ferro Sampaio Correia.
3. O Matadouro Público Municipal (igual ao de Chicago).
4. A inspetoria de Transito de Natal.
5. O serviço de transporte coletivos, inclusive o de bondes da Força e Luz.
6. O relógio da Estação Central da Sampaio Correia (de noite trabalha com um só ponteiro luminoso e faz todos o serviço).Entretanto, o relógio da balaustrada da Junqueira Aires é pior.
7. O serviço de Assistência a Mendicância.
         A lista de José Pinto Junior era uma critica feroz as coisas da cidade a época.
         O professor de português José do Patrocínio fez essa lista.(O POTI, 17/12/1955, p.7):
1. As tertúlias do Bar Cisne, mas com os amigos Dr. João Medeiros Filho, Vivi, prof. Saturnino de Paiva, Melquiades e com outros que, as vezes, se nos apresentam a nós.
2. A candidata pela Academia Potiguar de Línguas ao Concurso de Miss 1955, Srta. Nina Carvalho[11].
3. Uma reunião do clube dos Inocentes, na casa de Cascudo.
4. As festas dos concludentes neste mês de dezembro.
5. O Instituto de Educação, tendo como diretores Protássio Melo e Celestino Pimentel.
6. Palestrar com o crítico literário Antonio Pinto.
7. De apreciar as grandes realizações do Governo Silvio Pedroza no setor educacional.
         Em 18/12/1955 o escritor João Alfredo Cortez (Conde de Miramonte[12]), autor de Cinza de Coivara, apresentou a seguinte lista. (O POTI, 18/12/1955, p.7):
1. O teatro Carlos Gomes, que é uma joia arquitetônica de rara beleza[13].
2. O soberbo conjunto de edifícios e luxuriante com arborização da Base Naval, que ameniza o calor tropical.Entretanto, houve alguém que quase derrubou todas as arvores de Natal, deixando-a caustica pela inclemência do sol a favor dos “pés de pau”.
3.A Avenida Circular, quando está repleta de donas boas.
4. A Praça Pio X, antes de ser construída a “atual Catedral, que veio inutilizar o último logradouro público que ainda nos restava”.
5. A Srta. Maria José Varela, Miss Rio Grande do Norte.
6. O Castelo Miramonte (modéstia a parte) que foi construído apenas para os amigos dedicados assinarem seus nomes na torre.
7. Imprópria a resposta até a sétima geração.
         A lista do professor José Saturnino de Paiva foi esta (O POTI, 21/12/1955, p.7):
1. Entregar dois cruzeiros ao condutor de auto-lotação e ouvir-lhe perguntar: Tem quinhentos réis ai?
2. Perguntar a empregada: O café está pronto?
3. Não senhor. A água não chegou.
4. Ir ao cinema, dia de série. Sentar-se junto de um analfabeto que pagou o ingresso de um camarada para lesse as legendas do filme, a aguentar a chateação, firme, até o fim.
5. Pedir uma cerveja bem gelada. Ouvir o garçom dizer não temos Bhrama, porém posso arranjar ali defronte, a 22 cruzeiros cada “tubo”.
6. Ouvir censuras de semianalfabeto a jornalistas e escritores, porque, contrariam esta ou aquela regrinha de uma gramática insulsa e indigesta.
7. Saber que existe alguém que se delicia lendo, pela manhã,as reportagens e “enquetes” de Veríssimo de Melo, em “ O Poti”.
         Com exceção da sétima, todas eram coisas curiosas que existiam na cidade.
         O teatrólogo Sandoval Wanderely fez a sua lista na antevéspera do Natal (O POTI, 23/12/1955, p.7):
1. A Maternidade Januario Cicco.
2. O Teatro Carlos Gomes.
3. A Escola Doméstica.
4. A Base Naval.
5. A Base Aérea de Parnamirim.
6. O Instituto de Educação.
7. A Av. Presidente Café Filho (Circular).
         O diretor do Instituto de Educação, Gurmecindo Saraiva fez a sua lista na véspera de Natal (O POTI, 24/12/1955, p.7):
1. Parnamirim[14].
2. A devoção do Padre João Maria[15].
3. O Instituto de Música.
4. A Fortaleza dos Reis Magos.
5. A Avenida Circular.
6. A Ponte de Igapó.
7. Miguel Ferreira Neto.
No dia de Natal o cronista social Paulo Macedo apresentou sua lista das Sete Maravilhas de Natal (O POTI, 25/12/1955,p.7):
1. A garota Ana Tereza, “beleza, simpatia e distinção”, filha do Sr. Durval Paiva.
2. A reportagem social de “O Poti”.
3. A presença do Prof. Antonio Pinto de Medeiros no setor educacional da cidade.
4. A palestra da Srta. Nina Carvalho, Miss Praia 1955.
5. A Praia de Ponta Negra.
6. O Palácio do Rádio.
7. A água.
         Em 08/01/1956 o tenente Luiz Viana, potiguar de Taipu, residente no Rio de Janeiro e segundo Verisismo de Melo, jornalista, poeta, filosofo a Krishamurt, apolítico, assim respondeu a enquete (O POTI, 08/01/1955, p.7):
1. O clima.
2. Areia Preta.
3. Praia do Meio.
4. O  Potengi.
5. A Redinha.
6. Ponta Negra.
7. A mulher natalense.
         Otoniel Meneses, o príncipe dos poetas natalenses, assim fez sua lista (O POTI, 13/01/1955,p.7):
1. O Albergue Noturno.
2. As 4 palmeiras do Colégio dos Salesianos.
3. O Potengi, visto do patamar da  Igreja do Rosário.
4. O instituto de Educação.
5. A escola gratuita Raquel Figner, no bairro do Carrasco.
6.O ABC F.C.
7. O bisturi de José Tavares.
         O último a responder a enquete foi o cônego Jorge O’Grady de Paiva (O POTI, 28/01/1956,p.7):
1. Forte dos Reis Magos.
2. Palácio do Governo.
3. Traçado da Cidade Alta.
4. Ponte de Igapó.
5. Parnamirim.
6. Farol da praia do Pinto.
7. Escola Doméstica.
Segundo o citado sacerdote era digno de menção o questionário sobre as 7 maravilhas da Cidade, “em que a diversidade de opiniões revelava quanto havia, realmente, de singular e admirável em nossa capital”.
         E vós, ó pobre mortal leitor, que não foi consultado pelo finado jornal O Poti se quiser fazer sua lista das 7 maravilhas de Natal nesse humilde blog esteja a vontade para o fazer nos comentários.





[1] O Escritor Luis da Câmara Cascudo. Cascudinho era seu apelido.
[2] Exagero poético.
[3] Que havia sido inaugurado no ano anterior.
[4] Bajulação poeticamente exagerada.
[5] Hoje em dia as chuvas na capital potiguar são prenuncio de calamidade na cidade.
[6] Se refere as dunas que chegavam te o atual Parque das Dunas, a época eram os limites naturais inabitados da capital.
[7] De fato paisagem edílica.
[8] Avenida  Circular, que começa nas proximidades do atual prédio da Caixa Econômica  até o Baldo onde se descortina uma panorâmica do rio Potengi.
[9] Artistas, intelectuais, etc.
[10] Não elencou a sétima maravilha deixando a mesma provavelmente para apreciação do leitor do jornal.
[11] Naquele tempo concursos de misses eram coisas sérias.
[12] O titulo era meramente figurativo.
[13] Atual Alberto Maranhão.
[14] A época era distrito de Natal.
[15] Hoje nem tanto.

O RELÓGIO DA ESTAÇÃO CENTRAL DE NATAL



         Aos serem inauguradas as estações ferroviárias se inaugurava igualmente um novo costume na cidade, o de marcar o tempo pelas partidas e chegadas dos trens, por isso eram instalados relógios visíveis aos olhos dos passageiros e transeuntes.


         Pelos que se analisa das imagens da antiga estação ferroviária da Ribeira, inaugurada em 27/09/1881, o relógio deveria ser instalado no salão principal interno da mesma, pois não se veem o equipamento no frontispício externo do prédio.
         Entre 1948 e 1949 o edifício da  estação central da Ribeira passou por uma ampla remodelação arquitetônica e nessa reforma foi instalado o relógio externo na fachada voltada para a Praça Augusto Severo.A instalação do equipamento agradou não somente aos usuários dos trens da EFSc mas também aos funcionários do comércio do entorno da praça, dos funcionários de repartições públicos e transeuntes em geral.
       A baixo detalhe da fachada da antiga estação da Ribeira,onde se percebe que não havia relógio na fachada externa




         A novidade, porém, durou pouco, pois já em 07/02/1951 o jornal A Ordem dizia: Há vários dias que o relógio da Estação loca da Estrada de Ferro “Sampaio Correia”, perdeu a noção do tempo.Ora adiantava, ora atrasava, fazendo com que as pessoas que se orientam por ele, cheguem adiantadas ou atrasadas nas Repartições onde trabalham”.(A ORDEM,07/02/1951, p.1).
Noutra edição o mesmo jornal dizia: o relógio da estação local da Estrada de Ferro “Sampaio Correia” amanheceu sem os ponteiros.Não sabemos se estão no conserto ouse foram retirados de uma vez.O certo é que não se vê mais aquelas duas enormes setas apontando os números no mostrador do velho cronometro que permanece no alto do prédio da “Sampaio Correia”.Acontece, porém, que o relógio está fazendo falta a muita gente que por ele se orientava.Será que vai permanecer assim por muito tempo? (A ORDEM, 02/12/1951, p.4).
O relógio elétrico da estação da Ribeira
Em 08/01/1955 foi inaugurado um novo relógio elétrico mandado construir pela direção da EFSC que assim substituiu o havia ali na fachada da estação.
Tratava-se do primeiro e até então único relógio elétrico existente na capital potiguar e segundo o jornal O Poti “estamos certos que prestará inestimáveis serviços a população, principalmente as pessoas que trabalham no comércio”.(O POTI,09/01/1955,p.16).
A baixo é possível ver o relógio da fachada da estação da Ribeira


         Em 1957 se dizia no jornal Diário de Natal: “não temos até agora, no centro da cidade, um ponto de atender aos olhares de uma população que se distribui por muitos setores de trabalho e de passeio, um relógio certo, grande, elevado e de confiança”(DIÁRIO DE NATAL,17/08/1957,p.5).
Em 08/05/1959 o Diário de Natal publicava que: “estamos sem saber como regular os nossos relógios, Natal ainda não possui um mostrador central de confiança nessa questão de hora certa, que envolve tantos interesses da atividade social”.
         O velho relógio da catedral estava restrito a um minguado trecho da cidade. As sirenes da Usina da Força e Luz davam as primeiras horas úteis, mas com alguma confusão e sem mecanismo preciso. As horas fornecidas pelos programas de rádio nunca coincidiam e os relógios “suíços” muitas vezes enganavam o cidadão.
         O tal gigante da EFSC embirrou com o povo da cidade e resolveu não trabalhar mais, acabando com a paciência e o crédito dos melhores mecânicos especialistas, o esqueleto artístico da Junqueira Aires era uma lembrança histórica de um bom governador como foi Alberto Maranhão. (DIÁRIO DE NATAL,08/05/1959,p.5).
         Inegavelmente, Natal não dispunha de relógio público, apenas funcionavam com certa regularidade os que estavam instalados na torre da Catedral e o do frontispício da estação da EFSC, este último, entretanto, regulava normalmente, alguns dias por semana, porque raramente o viam marcando as horas com exatidão.
Por ser elétrico o relógio da EFSC sofria constantes panes, deixando a todos que se orientavam por seus ponteiros em verdadeira confusão. Os ponteiros quebravam e a noite o mostrador luminoso permanecia apagado.
        Em 1975 o grande relógio da fachada da estação Ferroviária da Ribeira havia sido retirado sem qualquer explicação, quebrando uma tradição presente em quase todas as grandes estações ferroviárias do país.
      Na imagem a baixo pode-se vê a fachada da estação sem o relógio que havia sido retirado em 1975.


       Nas imagens seguintes vê-se  o relógio que foi reposto na fachada da estação central da Ribeira, desta vez um pouco menor que o que fora posto na década de 1950.





quinta-feira, 6 de junho de 2019

SOBRE A REMODELAÇÃO DO PRÉDIO ESTAÇÃO CENTRAL DE NATAL


Em vista das precárias condições do prédio, o engenheiro Hélio Lobo, diretor da EFCRGN estava submetendo a estação central da ferrovia, situada a praça Augusto Severo, a obras de melhoramentos e ampliações.
Examinadas as razoáveis condições dos alicerces do velho casarão o andar superior, construído de uma espécie de grande sótão, onde funcionava a contabilidade do tráfego, estava sendo ampliado no sentido de cobrir toda a área do andar térreo.
O espaço conquistado proporcionaria salas mais amplas e mais dependências para os serviços.No andar térreo, além dos melhoramentos  nas dependências existentes, seria preparado um salão de espera, com poltronas, para passageiros, e introduzido um serviço de guarda-volumes, mediante a taxa de 0,50 por dia, serviço este que seria uma inovação em Natal, mas tão usado nas ferrovias do sul.
As obras estavam sendo executadas sem verbas especiais com as próprias economias da administração do engenheiro Hélio Lobo, segundo o Diário de Natal. (DIÁRIO DE NATAL, 28/08/1948, p.12).
Segundo o jornal Diário de Natal em 19/09/1949 foram retirados os tapumes de madeira que tapavam parte das obras da nova estação da EFCRGN.
Podia-se assim ver melhor o conjunto arquitetônico e avaliar o quanto iria o prédio favorecer a estética de um dos trechos mais movimentados da cidade.Os que lembravam das velhas paredes vermelhas que por tantos anos dominaram aquela paisagem da praça Augusto Severo não escapavam a uma confrontação mental do que foi e do haveria de ser a nova estação.Era este um dos pontos de revalidação da ferrovia na parte inicial do seu tráfego.




As obras vinham sendo executadas desde 1948 substituiu totalmente o antigo prédio e achavam-se em vias de conclusão e conforme o jornal Diário de Natal “ já agora descobertas para o público, apresentam-se nas linhas do estilo moderno, com seus dois pavimentos dispostos a solucionar certos problemas de administração da estrada”.
Ainda segundo o referido jornal os habitantes e transeuntes da capital potiguar não teriam mais o desprazer de assistir ao costumeiro desconforto com eram aguardadas as pessoas que viajavam para Natal e das que as iam receber.Tais melhoramentos constituíam motivos de criticas desairosa, de protestos silenciosos, de censuras.
Entre os benefícios que deixaria a administração do engenheiro Hélio Lobo estava a nova estação  de passageiros de Natal que representaria um dos mais expressivos e mais úteis beneficio.
Os últimos dias da construção se aproximavam. A mão dos operários corria sobre as últimas providencias.Um grande relógio seria posto  no alto da fachada para indicar a marcha do tempo.E as velhas coisas da primeira estação da primeira ferrovia potiguar seria apenas recordações da terra que evoluía.( DIÁRIO DE NATAL, 20/09/1949,p.5).
A inauguração da nova estação da EFCRGN ocorreu em 27/02/1949 as 11h00. No jornal nacional exibido em sessão no Cine Rio Grande em 09/10/1949 foi exibido um reportagem completa sobre a construção da nova estacão da EFRCGN e da construção do trecho Natal –Angicos.
         Ao que tudo indica a inauguração da nova estação da EFCRGN na Ribeira foi ofuscada pelas comemorações do carnaval daquele ano, pois, o jornal Diário de Natal, nada mais disse a respeito do referido prédio.














A NOVA ESTAÇÃO DE JOÃO PESSOA



         A estação atual de João Pessoa localiza-se próxima ao centro da cidade, no bairro do Varadouro.
A primeira estação
A estação de Parahyba, capital da província (atual estado) da Paraíba, foi oficialmente inaugurada em 07/09/1883, e permaneceu com este nome até 1930, quando então a capital do Estado passou a se chamar João Pessoa.
A primeira estação era formada por dois prédios, a estação propriamente dita e o armazém. Situavam-se no Largo da Gameleira, atual Praça Álvaro Machado no bairro do Varadouro.
            Aspectos da primeira estação de João Pessoa



Em 1895, no governo Álvaro Machado foi feito o calçamento e a urbanização do Largo, dando melhores condições aos usuários da Estação Conde d'Eu, como era conhecida na época. Em 1920, observava-se junto à plataforma, um curral para conter o gado que era embarcado na estação.
A nova estação
O decreto n° 7.693 de 20 de agosto de 1941 aprovou o projeto e orçamento da GWBR para a construção da nova estação de João Pessoa, armazém e plataforma na linha norte no ramal de Cabedelo (DIÁRIO DE NOTICIAS, 20/09/1941, p.2).A nova estação de João Pessoa seria construída próxima a antiga.
Em entrevista ao Diário de Pernambuco o superintendente da GWBR Manoel Leão disse sobre sua ida a capital paraibana para tratar do inicio das obras:
         “Em primeiro lugar quero informar que vai ser satisfeita uma velha aspiração  paraibana, que é a construção, nesta capital da nova estação da Greta Western, deliberação já definitivamente resolvida, a que se seguirá o desenvolvimento de um grande plano de obras, do qual algumas já foram iniciadas”.Segundo o superintendente seria gastos mais de 3 mil contos de réis no desenvolvimento desse plano.
o que seria a futura estação da capital paraibana
o projeto para uma nova estação em João Pessoa datava desde 1922 mas que ficaram atravancados no ministério da viação por inúmeros impasses de ordem técnica e burocrática, mas que graças ao interventor Rui Carneiro o projeto pode enfim ser concretizado quando da sua ida a capital federal.
o certo era que a cidade de João Pessoa continuava apresentando o feio contraste que era a estação , dentro dos seus modernos aspectos urbanos, enquanto o comércio paraibano experimentava prejuízos com  a falta de acomodações oferecidas pelo velho edifício da GWBR.
      Varias hipóteses foram estudadas para a solução do caso.Pensou-se numa remodelação do edificio da estação primitiva e preferiu-se finalmente pela construção de uma nova estação dotada de instalações adequadas ao grande movimento de transporte de carga e passageiros confluindo para a capital paraibana e par ao porto de Cabedelo.
O novo edifício, segundo o engenheiro Manoel Leão seria construído em linhas neoclássicas e custaria a GWBR cerca de mil contos de réis.
               Aspectos da estacão atual de João Pessoa






               Armazéns anexo a estação de João Pessoa


         O Governo Federal emprestou 630 mil contos para as obras.A construção do edifício seria feita  de acordo com o plano de urbanização da cidade, tanto quanto possível obedecendo ao sistema Nestor Figueiredo.A nova estação se situaria no extremo do prolongamento da rua Barão do Triunfo, nas imediações da antiga Casa Vergara, justamente onde existia o espinhal do velho porto fluvial da cidade.
         O interventor rui Carneiro visitou esse local junto com o engenheiro Manoel Leão  e o prefeito Francisco Cícero em 28/12/1940 na qual determinou a locação da quadra para o inicio das obras que se daria a começar em janeiro de 1941 logo que fosse ultimado pelos engenheiros da GWBR o projeto “ dessa grande obra bem digna da cidade e dos paraibanos”. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 31/12/1940, p.5).Ainda segundo o mesmo jornal  a estação antiga seria demolida.
10/11/1942 nova estação de João Pessoas foi inaugurada apresentando o prédio características mais modernistas com linhas retas, marquise, mezanino, fachadas sem adornos, esquadrias de ferro e vidro.
                 Pátio interno da estação de João Pessoa





A NOVA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA CENTRAL DE NATAL



         O engenheiro Helio Lobo, diretor da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN, ao regressar do Rio de Janeiro trouxe na bagagem algumas novidades para os natalenses, dentre estas estava a construção de um novo prédio para a estação central das estradas de ferro do estado.A noticia foi considerada sumamente agradável, muito embora tivesse que desaparecer da paisagem urbana da capital potiguar uma das fachadas mais conhecidas da cidade e um dos pontos mais frequentados que era a antiga estação da Great Western, que havia passado aquele tempo do domínio daquela companhia inglesa para o patrimônio nacional.
         A substituição das instalações centrais das duas estradas de ferro, reunidas que serviam ao Estado já era tempo de ser objeto de estudo e decisão, segundo adiantava ao jornal Diário de Natal o engenheiro Helio Lobo.
         A antiga estação era considerada de arquitetura antiquada, sem comodidades e até mesmo sem uma gare suficiente.




         A estação central de Natal passaria assim por uma grande reforma o qual passaria a ser um prédio moderno, com os seus principais serviços administrativos aproximados entre si e no centro da cidade. ( DIÁRIO DE NATAL, 31/05/1948,p.5).
         Já o jornal A Ordem dizia “não podemos deixar de salientar aqui, por outro lado o bom gosto do Sr. Diretor da Estrada de Ferro Central, dotando tão importante ferrovia do Estado de uma confortável e luxuosa estação central.Aliada a todos os requisitos da arquitetura moderna indispensáveis da uma perfeita obras a Gare Central que se ergue na Augusto Severo [...]”.(A ORDEM, 06/02/1950,p.4).
         A capital potiguar perderia assim  uma dos aspectos tradicionais da cidade que era a estação central da antiga GWBR. Em seu lugar deveria surgir um edifício novo, de novo estilo e de novas grandezas.
         Em 25/08/1948 o jornal Diário de Natal já registrava que o antigo prédio estava sendo demolido pelo martelo dos pedreiros.



          A cidade, devia ser muito atrasada, cheias de alagadiços e de desertos quando se fez o contrato da construção da estrada de ferro, em 1874, pelo sistema dos privilégios de longo prazo, as  plantas não correspondiam aos interesses mútuos, tanto assim que foram modificadas em 1877, quando o governo autorizou o funcionamento, com o nome de “Imperial Brazilian Natal and Nova Cruz Railway Company Limited”, com o capital de menos de seis milhões de cruzeiros.
         Em 1880 foi inaugurada a estrada, mas somente em outubro  de 1881 era aberto ao tráfego a primeira seção entre Natal e São José de Mipibu.Em 1882 funcionava a segunda seção entre São José de Mipibu e Montanhas  e no ano seguinte a terceira seção entre Montanhas e Nova Cruz.
         Esses dados históricos tem a função de indicar a época provável da existência da casa que por tantos anos serviu de estação inicial da nossa primeira ferrovia.
         Não se sabe se as modificações externas vieram modificando a primitiva construção. Mas, de qualquer maneira, com a sua feição achalesada, nunca deixou de dar uma impressão tranquila de um passado de 70 anos.
         Segundo o jornal Diário de Natal a praça Augusto Severo teria dentro de poucos meses sobre esse ponte histórico da cidade um marco de civilização contemporânea.Linhas modernas, simples, retas, formariam a futura estação da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.
         Segundo o mesmo jornal, os trabalhos começaram com afinco.Não era demais pensar que a nova obra prosseguisse no mesmo ritmo.
         O jornal dizia ainda que de fato a cidade não olhava com bons olhos para a velha estação onde não havia mais nem onde se esperar alguém ou se aguardar o minuto de tomar um vagão. (DIÁRIO DE NATAL, 25/08/1948,p.5).