Aos serem inauguradas as estações
ferroviárias se inaugurava igualmente um novo costume na cidade, o de marcar o
tempo pelas partidas e chegadas dos trens, por isso eram instalados relógios visíveis
aos olhos dos passageiros e transeuntes.
Pelos que se analisa das imagens da
antiga estação ferroviária da Ribeira, inaugurada em 27/09/1881, o relógio
deveria ser instalado no salão principal interno da mesma, pois não se veem o
equipamento no frontispício externo do prédio.
Entre 1948 e 1949 o edifício da estação central da Ribeira passou por uma
ampla remodelação arquitetônica e nessa reforma foi instalado o relógio externo
na fachada voltada para a Praça Augusto Severo.A instalação do equipamento
agradou não somente aos usuários dos trens da EFSc mas também aos funcionários
do comércio do entorno da praça, dos funcionários de repartições públicos e
transeuntes em geral.
A baixo detalhe da fachada da antiga estação da Ribeira,onde se percebe que não havia relógio na fachada externa
A novidade, porém, durou pouco, pois já
em 07/02/1951 o jornal A Ordem dizia: Há vários dias que o relógio da Estação
loca da Estrada de Ferro “Sampaio Correia”, perdeu a noção do tempo.Ora
adiantava, ora atrasava, fazendo com que as pessoas que se orientam por ele,
cheguem adiantadas ou atrasadas nas Repartições onde trabalham”.(A ORDEM,07/02/1951,
p.1).
Noutra
edição o mesmo jornal dizia: o relógio da estação local da Estrada de Ferro “Sampaio
Correia” amanheceu sem os ponteiros.Não sabemos se estão no conserto ouse foram
retirados de uma vez.O certo é que não se vê mais aquelas duas enormes setas
apontando os números no mostrador do velho cronometro que permanece no alto do
prédio da “Sampaio Correia”.Acontece, porém, que o relógio está fazendo falta a
muita gente que por ele se orientava.Será que vai permanecer assim por muito
tempo? (A ORDEM, 02/12/1951, p.4).
O relógio elétrico da estação da
Ribeira
Em
08/01/1955 foi inaugurado um novo relógio elétrico mandado construir pela
direção da EFSC que assim substituiu o havia ali na fachada da estação.
Tratava-se
do primeiro e até então único relógio elétrico existente na capital potiguar e
segundo o jornal O Poti “estamos certos que prestará inestimáveis serviços a população,
principalmente as pessoas que trabalham no comércio”.(O POTI,09/01/1955,p.16).
A baixo é possível ver o relógio da fachada da estação da Ribeira
Em 1957 se dizia no jornal Diário de
Natal: “não temos até agora, no centro da cidade, um ponto de atender aos
olhares de uma população que se distribui por muitos setores de trabalho e de
passeio, um relógio certo, grande, elevado e de confiança”(DIÁRIO DE NATAL,17/08/1957,p.5).
Em
08/05/1959 o Diário de Natal publicava que: “estamos sem saber como regular os
nossos relógios, Natal ainda não possui um mostrador central de confiança nessa
questão de hora certa, que envolve tantos interesses da atividade social”.
O velho relógio da catedral estava
restrito a um minguado trecho da cidade. As sirenes da Usina da Força e Luz
davam as primeiras horas úteis, mas com alguma confusão e sem mecanismo
preciso. As horas fornecidas pelos programas de rádio nunca coincidiam e os
relógios “suíços” muitas vezes enganavam o cidadão.
O tal gigante da EFSC embirrou com o
povo da cidade e resolveu não trabalhar mais, acabando com a paciência e o
crédito dos melhores mecânicos especialistas, o esqueleto artístico da
Junqueira Aires era uma lembrança histórica de um bom governador como foi
Alberto Maranhão. (DIÁRIO DE NATAL,08/05/1959,p.5).
Inegavelmente, Natal não dispunha de
relógio público, apenas funcionavam com certa regularidade os que estavam
instalados na torre da Catedral e o do frontispício da estação da EFSC, este
último, entretanto, regulava normalmente, alguns dias por semana, porque
raramente o viam marcando as horas com exatidão.
Por
ser elétrico o relógio da EFSC sofria constantes panes, deixando a todos que se
orientavam por seus ponteiros em verdadeira confusão. Os ponteiros quebravam e
a noite o mostrador luminoso permanecia apagado.
Em 1975 o grande relógio da
fachada da estação Ferroviária da Ribeira havia sido retirado sem qualquer explicação,
quebrando uma tradição presente em quase todas as grandes estações ferroviárias
do país.
Na imagem a baixo pode-se vê a fachada da estação sem o relógio que havia sido retirado em 1975.
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