quarta-feira, 1 de novembro de 2017

A ENERGIA ELÉTRICA NO RIO GRANDE DO NORTE

        
        Conforme se lia no jornal A Ordem a energia elétrica surgiu no Rio Grande do Norte em 02/10/1911 em Natal, substituindo o antigo sistema de iluminação publicação a lampião acetileno (a ordem, 1944, p. 6), constituindo-se como elemento progresso. A empresa concessionária responsável por distribuir energia elétrica na capital potiguar era a Empresa de Melhoramentos de Natal, da firma Vale Miranda & Domingos Barros. A usina localizava-se no Oitizeiro, com o nome de Usina Elétrica do Oitizeiro.
            Os motores eram a gás, forneciam energia num raio de 6km, com corrente de 450 volts para os bondes e 22 volts para luz residencial e comercial. Os postes eram os mesmos das linhas de bondes entre a rua Dr. Barata, a época o centro comercial de Natal e a rua da Conceição na Cidade Alta. Era o período de grandes melhoramentos públicos na capital potiguar, dentre os quais o dos serviços de energia elétrica. Posteriormente os serviços foram transferidos a uma empresa paulista denominada Empresa Tração, Força e Luz, este contrato foi rescindido em 1920, aberta nova concorrência publica não apareceu nenhuma empresa interessada em realizar o serviço.
            Foi então que o decreto estadual Nº 150 concedeu credito para a administração dos serviços de distribuição de energia a serem realizados pelo Estado. Foi então criada a Repartição dos Serviços Urbanos de Natal.
             Em 1929 a Companhia Força e Luz Nordeste do Brasil adquiriu mediante compra ao Estado a usina elétrica e todo o material da Repartição dos Serviços Urbanos de Natal, firmando contrato para distribuir serviços de luz, transportes e telefone.

No interior do estado
           Canguaretama foi a segunda cidade do estado a receber serviços de energia elétrica, a primeira do interior do estado. Em 1915 foi inaugurado em Canguaretama a segunda usina para fornecimento de luz pública e particular.
            Seguiu-se as instalações de usinas em Mossoró e Nova Cruz em 1919, Currais Novos, Lajes, Macau e Parelhas em 1924.
            A partir daí o interior do estado foi gradativamente inaugurando usinas de energia elétrica, ora por iniciativa dos prefeitos, ora por iniciativa de particulares.

Estatísticas
            Em 1944, dos 42 municípios do Rio Grande do Norte, 8 ainda não tinham serviços de luz elétrica, 10 possuíam nas sedes, 1 em um distrito municipal, 23 somente nas sedes e 1 se servia da extensão de outro município. Todos esses municípios possuíam usinas, com exceção de Papari cuja sede era servida por uma empresa localizada em São José de Mipibu.
            As empresas eram 44, sendo 22 públicas e 22 particulares. Em termos regionais, o Seridó era a região mais bem servida com 8 municípios contando com energia elétrica, sendo 1 de alçada do governo federal, 7 de empresas particulares.
            Entre 1911 e 1920 foram inaugurados os serviços de Natal, Canguaretama, Mossoró e Nova Cruz. De 1921 a 1930 foram 14 cidades e vilas. De 1931 a 1940 foram 15 cidades e 5 vilas. Em 1941 foram apenas 1 municipal e 3 vilas. A implantação de usinas elétricas prospera no interior do estado a partir desse ano.

A Cosern e a energia de Paulo Afonso
            Entre 1963 e 1966 são instalados os serviços de energia elétrica em todos os municípios do Rio Grande do Norte pela Cosern com energia gerada na Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso-BA.
             A Companhia Energética do Rio Grande do Norte – Cosern –  foi criada pela  Lei Estadual nº 2.721, de 14 de dezembro de 1961, regulamentada pelo Decreto Estadual nº 3.878, de 08 de janeiro de 1962 e autorizada a funcionar como empresa de energia elétrica pelo Decreto federal nº 1.302, de 03 de agosto de 1962.
Controlada pelo Governo do Estado até 1997, quando foi privatizada.
a Cosern iniciou a construção de linhas e de redes no interior do Estado em 1962 nas cidades de Santa Cruz, Tangará e Serra Caiada. Neste período, os serviços de energia elétrica da capital já estavam sob a responsabilidade da Companhia.
         Várias cidades potiguares passaram a contar com a energia que chegava de Paulo Afonso (como Taipu, Currais Novos, Acari). Em 1968 haviam 47 municípios energizados.


Fonte: A Ordem, 1944, p. 6. 
http://servicos.cosern.com.br/a-cosern/Paginas/Quem%20Somos/Hist%C3%B3ria.aspx. Acesso em 01nov2017.

A LENDA DE PAPARI

            Eis mais uma lenda do folclore potiguar.
            No Rio Grande do Norte duas tribos em luta constantes disputavam o domínio das margens do rio Potengi. O jovem guerreiro Papary, que comandava os tapuios na margem o rio Trairi apaixonou-se pela filha do chefe inimigo. Havia encontros a noite entre os amantes. Certo dia foram surpreendidos a beira da lagoa, foram presos, e ao clarão da lua os afogaram naquelas aguas a meia noite.
            A lagoa recebeu então o nome de Papari. Entre os habitantes do lugar corre a versão de que, nas noites de lua cheia, a meia noite, os dois amantes surgem do fundo da lagoa e cantam seus amores entrecortando o canto de prolongados beijos.
             E assim temos a origem do topônimo Papari, primeiro nome do atual município de Nisia Floresta, que alias ostentativa o pomposo nome de Vila Imperial de Papary.


Publicado em Ilustração Brasileira, 1948, p. 20-21.



                                                 A lagoa de Papari
Luiz Carlos Freire.

A LENDA DO SINO DE EXTREMOZ NA REVISTA 'VAMOS LER'


            Eis como foi narrada a lenda do sino da igreja ade Extremoz na revista Vamos Ler em 1946:
           Uma das mais belas lendas e menos conhecidas lendas brasileiras é a de certa igreja encantada que nem se quer chegou a ser construída[1].Narra essa belíssima lenda, que em tempos que já vão longe, quiseram os jesuítas do Estado do Ceará homenagear o povo daquele pedação de chão do Brasil edificando uma suntuosa igreja custasse o que custasse[2].
      Apenas iniciada a construção do sagado edifício, encomendaram os padres um sino de gigantescas proporções devendo ser trazido de um grande centro longínquo. Depois de pronto, o sino se apresentava tão grande que se tornava necessário construir para ele um carro especial, para ser puxado nada menos do que por 12 bois. Posto no carro saiu o sino com grande pompa, acompanhado de vários sertanejos.
           Depois de alguns dias de viagem ininterrupta, chegou o carro que ia diretamente ao local onde a igreja estava sendo construída. A meio do caminho, porém, chegaram os bois as margens de um grande lago sobre o qual não havia ponte e que é hoje conhecida pelo nome de Extremoz.
           Era noite. No céu aveludado que imitava o Oceano em bom tempo, movia-se lentamente, por entre milhões de estrelas, a lua prateada e melancólica Aves noturnas e sinistros morcegos cortavam o espaço de vez em quando. Altas palmeiras e humildes coqueiros desenhavam silhuetas fantásticas, enquanto milhões de vagalumes, de luz azulada, rondavam por entre as plantas a lâmpada mágica do Alandino [3].
         Mas os matutos não viram nada disso. Cansados de tantas jornadas, dormiam placidamente junto ao sino, enquanto os bois, ignorando o perigo que os aguardava, continuaram lentamente o seu caminho, entraram na água, andaram devagar, firmes, afundando cada vez mais até que junto com o carro, o sino e os matutos foram totalmente tragados pelas aguas do grande lago.
          Um grande círculo, seguido por outros menores, surgiram sobre as aguas e correndo e correndo um atrás do outro chegaram a beira, onde se despedaçaram. Foi o derradeiro adeus da triste caravana.
         Desde então alguns séculos já se passaram, mas, ainda hoje afirmam os matutos das vizinhanças do lago, que a certas horas da noite ouve-se o triste badalar do sino submerso. Repica por alguém ou chama os fiéis a oração? Ninguém o sabe...

Fonte: revista Vamos Ler! 04/07/1946, p. 30.




[1] Na realidade a igreja foi sim construída, era a igreja matriz de São Miguel e Nossa Senhora dos Prazeres da Missão do Guajiru em Extremoz-RN.
[2] Mais um erro do cronista, pois não existe tal localidade no Ceará, a Extremoz que foi missão dos jesuítas no nordeste foi no Rio Grande do Norte e não no Ceará.
[3] O parágrafo possivelmente seja um enxerto poético do narrador a lenda.

VIAGEM DE GETÚLIO VARGAS NUM TREM DA EFCRN


                A viagem pelo interior do estado da comitiva da qual faziam parte o presidente da república Getúlio Vargas e o interventor estadual Mario Câmara se deu por trem e depois por automóvel, partindo de Natal, que segundo noticiado no jornal A Noite “impressionou formalmente o Sr. Getúlio Vargas e a sua comitiva” (A Noite, 1933, p. 6).Conforme narra a matéria publicada no referido jornal, logo após sair de Natal, a comitiva atravessou o fertilíssimo vale do Ceará-Mirim “onde renasce agora grande lavoura de cana, que fora outrora riquíssima, mas que fora paulatinamente abandonada devido a febre”. O interventor Mário Câmara havia solicitado à presidente atenção para esse vale, a fim de que fosse o mesmo semeado como merecia, “pois, poderá constituir em breve uma grande fonte de riqueza para o Estado”.
                Nas prosperas cidades por onde a comitiva passou ao longo da ferrovia notaram as mesmas limpas, com energia elétrica, apesar de algumas estarem localizadas em regiões flageladas pela seca. Foram notadas manifestações de simpatia ao presidente em Extremoz, Pedra Preta e Lajes.

Trem presidencial que conduziu Getúlio Vargas estacionado na estação de São Romão, atual Fernando Pedroza.A estação foi inaugurada nessa viagem, em 1933 juntamente com a de Angicos.

                Desembarcando em São Romão, a comitiva seguiu de automóvel para  a fazenda São Joaquim distante 3 km, de propriedade do industrial Fernando Pedroza que ali instalou havia pouco tempo uma fábrica de óleos vegetais e aproveitamento do caroço de algodão.
                O almoço foi servido ali embaixo de arvores centenárias, esteve presente um conjunto regional tocando e animando o almoço. Foi realizada logo após uma vaquejada em homenagem a comitiva presidencial que também foi saudada por três aviões comandados pelo comandante Petit.
                Retornando a estação de São Romão a comitiva seguiu para Angicos. Esse trecho de 40 km da EFCRN havia sido construído recentemente, ali o presidente e o ministro José Américo foram muito aplaudidos por terem realizado tal benefício para a região. De Angicos seguiu a comitiva presidencial de automóvel para Mossoró via Assú.




Fonte: A Noite, 1933, p. 6.

A NOVA CATEDRAL DE NATAL (Parte II)

O projeto de Marconi Grevi
            Finalmente um novo projeto apresentado da nova catedral foi aprovado. Desta vez foi aprovado o projeto do arquiteto Marconi Grevi. Um projeto simples e sóbrio, com 80% da obra em concreto aparente, sem luxos supérfluos, visto que a arquidiocese de Natal estava inserida numa região pobre e de grandes problemas sociais.

             Maquete da nova catedral de Natal.  Projeto Marconi Grevi
Projeto de Marconi Grevi. Fonte: O Poti, 1973, p.1.

Explicando o projeto
            A concepção arquitetônica nesse projeto representa nas suas linhas ascendentes a elevação do homem a Deus. O homem na sua proporção é bastante pequeno às coisas de Deus, daí a entrada da nova catedral ser rebaixada, convidando ao fiel a uma atitude de humildade. Na medida que se adentra a catedral as linhas começam a subir elevando-se ao infinito, o infinito implica a Deus.
             A nova catedral atendia ao que prenunciava o Concilio Vaticano II pois sendo funcional, a nova catedral permitiria a participação ativa do fieis no culto.

            A planta da nova catedral apresenta um formato trapezoidal, tendo dois pavimentos, a nave num único vão e o subsolo destinado a cúria metropolitana. O acesso ao interior da nave da catedral se dá por três portas principais e duas posteriores, sendo as três principais de talhas.
O presbitério tem formato circular com raio de 6 metros, no centro uma grande cruz em acrílico também medindo 6 metros.
            A área da nave mede 2. 870 m² e a do subsolo 2. 658 m², o afastamento lateral máximo mede 26m e o mínimo 16m.A parte posterior da catedral mede 30 metros de altura onde seria ocupada por um vitral de 26 m de altura por 36m de largura, representando a aurora matutina. Em frente a catedral fica uma cruz tridimensional de 20 metros de altura. Mede 60 metros de comprimento e 45 de largura num total de 10.000² de terreno.
            O projeto previa ainda no restante do terreno a construção de jardins fontes luminosas e lagos. A área construída da nova catedral ocupa 30% da área destinada a construção que era a antiga praça Pio XII.

                                               Maquete da nova catedral de Natal
Projeto de Marconi Grevi. Fonte: O Poti, 1973, p.1.

            A nova catedral de Natal foi a segunda obra em concreto protendido construída no Rio Grande do Norte, tendo sido a primeira a ponte rodoferroviária de Igapó.
            As obras foram orçadas em 3 milhões de cruzeiros, só os vitrais custariam 800 mil e seriam importados da Bélgica. Se pretendia inaugurar em 1975.As plantas e a maquete ficaram prontas em 1972.
            As obras que haviam sido iniciadas com Dom Eugênio Sales foram demolidas em onde já se visualizava os arcos em estilo românico da nova catedral, os blocos de concretos armados foram todos retirados.
            A nova catedral ainda não era uma realidade e  nem todos eram unanimes a favor das linhas modernas da nova catedral de Natal, razão pela qual pouco avançaram as obras e a ajuda da população.
            O ex-padre José Luiz da Silva não poupou palavras para criticar a nova catedral que para ele era “uma espécie de Via Costeira de Deus: cara bonita, suntuosa, demorada, útil apenas para alguns” (O POTI, 1979, p.22), comparando as obras da nova catedral com as da Via Costeira em Natal, obras que pareciam não ter fim e de utilidade duvidosa para toda a população.

Entre campanhas e obras a catedral é construída
            Deu-se início a campanhas, promoções e doações que, no entanto, não foram suficientes para se cobrir os gastos com a aquisição dos materiais de construção necessários. As obras haviam sido iniciadas em junho de 1974, porem em ritmo muito lento.
            Em 1977 os 10 pilares de sustentação de 27 metros de altura cada, haviam sido concluídos. No entanto o que definia a construção da nova catedral de Natal era a grande cruz tridimensional localizada na frente da construção, até hoje ícone representativo da Arquidiocese de Natal. Naquele ano as obras se concentravam no enchimento de concreto das vigas de cobertura da catedral, não haviam porem prazo para se concluir a obra devido a falta de recursos da Arquidiocese em tocar a obra em ritmo acelerado[1].
            O bispo auxiliar de Natal dom Antônio Soares Costa esperava celebrar a primeira missa na nova catedral em 1980, era otimismo demais do bispo, coisa que não ocorreu. A espera pela nova catedral já durava 48 anos e mesmo assim estava longe de se concretizar.

                   Dom Antônio Soares Costa e a maquete da nova catedral

            Em entrevista coletiva a imprensa Dom Antônio Costa fez uma espécie de prestação de contas das obras da nova catedral. Segundo ele, as obras se concentravam na colocação da quinta e sexta vigas da cobertura, de um total de dez, segundo o bispo até o final de 1982 essa parte da construção estaria concluída (O Poti, 1981, p.2), já estavam sendo providenciados os materiais necessários para o andamento da obra (ferro, aço, madeira), até aquele ano havia sido gasto cerca de 23 milhões de cruzeiros.            Os próximos passos anunciados por dom Antônio Soares Costa para o andamento das obras seriam: a colocação dos vitrais, o subsolo, portai e acabamento, com previsão de termino em 1984.
            A fase mais difícil da construção da nova catedral foi a montagem de escoramento do teto tendo em vista a altura dos pilares na altura de 27 metros. Nessa fase foi registrada um desnível nas tabuas de sustentação das vigas, que se encontravam em fase de montagem, a situação que ameaçava a construção da nova catedral foi logo contornada[2].
            Segundo o bispo a demora na conclusão das obras da nova catedral deu-se pelo descredito da população dado a morosidade das obras, na época se dizia jocosamente entre o povo “só me caso quando a catedral estiver pronta”.[3].


A necessidade da nova catedral
            Segundo Dom Antônio Soares Costa a necessidade de uma nova catedral em Natal se justificava pelo crescimento urbano da capital potiguar “que tende a se tornar uma cidade grande dentro de pouco anos” (Corpo), além de igreja, a catedral serviria com ponto de convergência e integração de obras sociais desenvolvidas pela Arquidiocese, onde no subsolo funcionariam 33 salas de serviços pastorais e sociais.
            Concluída a montagem da cobertura a obra chegou a 90 % da conclusão, porém, segundo dom Antônio Soares Costa a construção passava por sua fase mais difícil.
            O teto da catedral foi feito em concreto protendido para dar maior segurança ao vão de 60 metros. Cada viga foi orçada ao custo de 1 milhão de cruzeiros, de um total de 10 vigas. Após essa fase ficaria restando apenas os trabalhos internos e acabamentos[4].Para Dom Costa seria um retrocesso para a cidade de Natal parar as obras da construção da nova catedral e para isso contava com o apoio da população natalenses.

As 7 etapas da construção da nova catedral
            Até o ano de 1981 as obras de construção da nova catedral haviam passado por 7 etapas: a primeira etapa foi a construção grande cruz na frente da catedral, a segunda a colocação de 20 tubulações, a terceira a colocação de 60 tubulações, na quarta etapa 10 blocos, na quinta foram colocados 10 pilares, na sexta foram colocados o piso e placa, a sétima etapa foi o início da cobertura.
            Para adiantar as obras a arquidiocese se desfez do seu patrimônio imobiliário, colocando a venda um terreno localizado na rua Apodi pertencente ao Seminário São Pedro, um quarteirão inteiro, a autorização foi dada por Dom Nivaldo Monte, arcebispo de Natal, com isso o bispo auxiliar do Antônio Soares Costa esperava concluir a obra.

                                           A nova catedral em fase do construção




. Fonte: Diário de Natal, entre 1973 1983.

            Até o final de 1983 esperava-se ficar pronta a cobertura, faltando apenas duas das 10 vigas além das vigas transversais e os pré-moldados.
            Em 1984 escreveu o padre Eymard L’E. Monteiro “ a construção da nova catedral tem custado muitas lagrimas, muito suor, muito sofrimento. Mas as coisas de Deus são sempre cheias de obstáculos” (DIARIO DE NATAL, 1984, p.2).

Anuncio da inauguração da nova catedral
            O bispo auxiliar de Natal anunciou para o dia 21 de junho de 1988 a inauguração da nova catedral. As obras se arrastavam já há 12 anos, foi uma surpresa para o povo pois durante o tempo de construção se evitou marcar a inauguração da nova catedral devido a demora na conclusão das obras, “ o povo tem me perguntado sempre quando a catedral será inaugurada. Pois bem, não temo em arriscar a inauguração par ao dia 21 de junho de 1988” disse Dom Antônio Soares Costa (O POTI, 1985), a escolha da data se deu por dois motivos, a comemoração dos 25 anos de episcopado de dom Nivaldo Monte e centenário de nascimento de Dom Marcolino Dantas, idealizador da nova catedral. Segundo Dom Costa, dois anos e meio seriam suficientes para a conclusão das obras.
            Naquele ano foi restruturada a campanha de donativos para as obras da nova catedral que já haviam consumidos em 12 anos quase 500 milhões de cruzeiros, só na fachada seriam gastos 27 milhões de cruzeiros e seria esta a próxima fase a ser iniciada pela campanha de construção da nova catedral.

Acervo André Madureira.

            Até o ano de 1988 havia sido gasto um total de 5 milhões de cruzeiros na construção da nova catedral de Natal. Dom Antônio Soares Costa, estava entusiasmado com a possiblidade da inauguração naquele ano, segundo ele a nova catedral de Natal seria concluída em tempo recordo levando-se em conta que a construção de catedrais geralmente demoravam muito, a exemplo das catedrais europeias que demoraram séculos para ficarem prontas e quer eram verdadeiras obras de arte, para Dom Costa, a nova catedral de Natal também era uma obra de arte, porém mais simples “ a nossa [catedral] também é uma obra de arte, cheia de beleza, mas num estilo mais simples” comentou dom Costa (DIARIO DE NATAL, 1988, p.5).
            Naquele ano de 1988 estava sendo colocado o piso, os vitrais e o altar que formavam as partes mais bonitas da catedral segundo dom Costa.

A inauguração
            Marcada para ocorrer no dia 21 de novembro de 1988 a inauguração da nova catedral de Natal, o evento contaria com a presença de altas autoridades eclesiásticas do brasil, tendo sido confirmada a presença de 40 bispos e arcebispos, dentre estes dom Luciano Mendes de Almeida, a época presidente da CNBB e dom Helder Câmara, arcebispo de Recife.
            Os retoques finais das obras estavam quase concluídos, como os vitrais e as bancadas.Já era arcebispo de Natal dom Alair Vilar FernadesA inauguração oficial da nova catedral ocorreu as 9h horas da manhã do dia 21 de novembro de 1988  durante a festa da padroeira de Natal.
            Compareceram 15 bispos de vários estados, 68 padres, 2 diáconos, 28 seminaristas, congregações e irmandades, sob a presidência de Dom Alair Vilar Fernandes de Melo.
            A procissão com os bispos saiu da capela do Colégio da Imaculada Conceição conduzindo a cruz que simbolizava os 500 anos de evangelização do Brasil, ao chegar as portas da nova catedral que até então estavam fechadas, dom Alair Vilar recebeu as chaves da nova catedral da mãos do arquiteto Marconi Greve, que a projetou, o padre Hudson Brandão, pároco da catedral, abriu as portas do novo templo religioso entregando-o assim a população de Natal a nova catedral.
            “Entrai pelas portas do Senhor, dando graças, e nos seus átrios com hinos de louvor”, ao som desse salmo, o arcebispo metropolitano e todo povo adentrou a catedral, antes de iniciar a missa, o arquiteto Claudio Pastro fez breve explanação sobre o significado das peças que ornamentam o altar e as paredes da nova catedral.
            Seguiu-se o rito de dedicação da catedral com a benção da agua, sinal de penitencia e do batismo, o arcebispo aspergiu o povo e as paredes da catedral, de volta ao presbitério, dom Alair Vilar benzeu o altar em sinal de purificação, ungiu com óleo os quatro cantos do altar com o óleo do santo crisma, representando que ali é o local de oferendas para Deus. Os bispos presentes ungiram as paredes com o óleo onde estão apostas 12 cruzes simbolizando os 12 apóstolos, seguiu-se a incensação do altar e do povo, culminando com o acendimento de todas as luzes da catedral. A missa de inauguração da nova catedral durou 3h30min.

Repercussão
            Em missa de agradecimento pela inauguração da nova catedral realizado no dia 08 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, o bispo auxiliar de Natal, Dom Antônio Soares Costa, se mostrou maravilhado com a repercussão da inauguração da nova catedral e que considerou um fato de grande importância.
            Os vitrais de Nossa Senhora na catedral doados pelas irmãs do Bom Pastor de Quebec foram inaugurados no dia 15 de março de 1989.
            O primeiro padre a ser ordenado na nova catedral foi o padre José Eudes da Cunha, no dia 15/04/1989, as 17h durante as comemorações dos 70 anos do seminário de São Pedro.
Conclusão da catedral
            Para concluir a catedral conforme o projeto do arquiteto Marconi Grevi, a arquidiocese procedeu com a demolição dos prédios que ficavam na parte posterior da catedral [ Av. Floriano Peixoto], para assim, iniciar o complexo administrativo da cúria metropolitana que seria instalada no subsolo da catedral composta por 23 salas. Ainda não estavam prontas todas as salas e a capela do subsolo. A inauguração da cúria metropolitana ocorreu no dia 30/12/1989.
Apelidos
            Além de tobogã, devido sua forma arquitetônica, a catedral também ganhou o apelido de A Interminável, devido a morosidade para sua construção e inauguração.

Fonte: Diário de Natal, O Poti.


                                                 A catedral metropolitana de Natal

Aspecto da catedral pela avenida Deodoro da Fonseca.


Interior da catedral de Natal.

















[1] A prefeitura de Natal fez uma doação de 125 mil cruzeiros pelo então prefeito José Agripino que visitara o canteiro de obras, essa era uma das parcelas de um total de 500 mil cruzeiros que a prefeitura doaria para as obras da nova catedral conforme se lê em O Poti, 1977, p.12.
[2] Iniciada as obras de montagem do teto a catedral ganhou o apelido de tobogã pela população.

[3] Orçadas em 4 milhões de cruzeiros no início da construção em 1972 as obras já haviam consumido em 13 anos cerca de 500 milhões e nem estavam na metade, os números discrepantes se justificam pelos altos índices de inflação vigente a época da construção.
[4] O governo havia liberado uma parcela de 500 mil de um total de 1 milhão de cruzeiros que seriam doados pelo governo para as obras da nova catedral, além dessa ajuda, outras campanhas eram realizadas para adiantar as obras, como a apresentação dos Canarinhos de Petrópolis-RJ que se apresentaram no Palacio dos Esportes com renda revertida para as obras da nova catedral, exposições, livros, sorteios, carnês, arrecadação nas paroquias entre outros eventos erma realizados. Outra fonte de renda encontrada pela Arquidiocese foi destinar o espaço no entrono da construção para estacionamento.