domingo, 9 de dezembro de 2018

REALÇANDO AS BELEZAS DA CAPITAL POTIGUAR EM 1935


      Há quem diga que a capital potiguar se modernizou com a chegada dos americanos durante a Segunda Guerra Mundial a partir de 1942, porém, os registros mostram que a modernização urbana de Natal ocorreu na década precedente como veremos a seguir.

                            Sede da prefeitura da capital potiguar
                                                                             Fonte: A Noite, 19/01/1935, p. 14.

      Em informe publicitário publicado no jornal A Noite se dizia que a “Natal,  a bela capital do Rio Grande do Norte vem passando, durante o atual governo, por uma transformação completa” (a noite, 1935,p.14).Tratava-se do governo do interventor federal Mário Câmara.
   Ainda de acordo com a referida publicação as pessoas que conheciam Natal anteriormente se admiravam do extraordinário surto de progresso que lhe vinha realçando cada vez mais seus encantos naturais.
    Em  1935 a administração da capital potiguar foi confiada pelo interventor ao engenheiro Miguel Bilro que vinha realizando obras de grande vulto dotando-a de aspecto realmente digno dos seus merecimentos.Eis a seguir um resumo das realizações feitas pelo referido prefeito.
      Conclusão da praça Alberto Gomes com a  construção de 2.000 m² de pavimentação a paralelepípedos assentados e rejuntados  com areia sobre base de concreto de pedra preta.
     Inicio e conclusão da Avenida Nísia Floresta, no bairro da Ribeira, obra de grande necessidade para facilitar o trafego na cidade.Para esta obra foram despendido inicialmente 44:000$000 para desapropriação de casas necessário para o alargamento da avenida.Foram executados 5.800 m² de pavimentação a paralelepípedos de granito sobre base de pedra preta britada comprimida; meios fios de cantaria ou passeios e duas ordens de canteiros centrais em cantaria totalizando 1.680 m de meio-fios; arborização dos canteiros centrais sendo empregados o oiti ao invés de fícus para a arborização.
                        Trecho da Avenida Nisia Floresta
Fonte: A Noite, 19/01/1935, p. 14.

Trecho da Avenida Tavares de Lira
Fonte: A Noite, 19/01/1935, p. 14.

Trecho da rua Junaqueira Aires

                                                                             Fonte: A Noite, 19/01/1935, p. 14.
    Calçamento da rua Ferreira Chaves, rua Sachet e rua 15 de Novembro, sendo adotado o mesmo tipo da Avenida Nisia Floresta, totalizando 1.700 m², dos quais 540 m em meio-fio de cantaria dos passeios laterais.
       Iniciada em outubro e 1933 e concluída em abril de 1934 a rampa de acesso entre a rua  Sul e a Juvino Barreto na extensão de 190m e totalizando 3.20 m² de pavimentação a paralelepípedo de granito rejuntado a cimento e assentados sobre concreto virado.
      No final de 1934 foi iniciada a construção da Avenida Rio Branco no trecho entre as ruas Juvino Barreto e Ulisses Caldas no total de 8. 400 m² de pavimentação a paralelepípedos rejuntado de cimento e sobre base de concreto virado.
                         Trecho da Avenida Rio Branco 
                                                                     Fonte: A Noite, 19/01/1935, p. 14.
   Concluído pontilhão do Taborda sobre o rio Cajupiranga com 700 metros de vão  e 5 metros de largura em cimento armado e alas de alvenaria ciclopica.
   Em agosto de 1934 estava em franco andamento a construção da Avenida Deodoro da Fonseca, considerado pela referida publicação como o maior empreendimento da cidade aquela época e que seria concluída em 1935 “dada a magnitude da obra e a escassez de recursos”.
   A avenida Deodoro faria a ligação direta entre os bairros do Alecrim e da Ribeira, alem de servir aos bairros do Tirol e Petropólis, começando na então Praça Alberto Gomes (Praça do Baldo) e terminar na esplanada da Ribeira com 30 metros de largura, passeio de 3,5m em meio fios de cantaria e canteiro central de 4 m de largura, teria todo o piso em paralelepípedo assentados sobre de pedra comprimida.
  Foi iniciada a Praça Pedro Velho em Petrópolis. Era plano do município construir um parque moderno no local que importaria numa despesa de 100:000$000.
    Foi iniciada em setembro e estava em franco progresso a estrada  de rodagem de Parnamirim em direção ao vale do rio Pitimbu margeando sobre o rio após a passagem deste rio sobre um pontilhão de cimento armado de 7 metros de vão e que faria a ligação com a lagoa de Parnamirim e a estrada de rodagem de São José de Mipibu logo após o campo da Late.
   Achava-se em construção desde agosto de 1934 pela prefeitura o prédio de alvenaria  com placas de piso e cobertura em cimento armado, de propriedade do Estado e situadao a Avenida Nisia Floresta que seria destinado ao Departamento de Segurança Pública.Este prédio foi construído com 600 m²  de área de pavimento térreo e 600 m² de pavimento superior.O prédio deveria ser  concluído em janeiro de 1935.
  Em 1934 foi estudado o abastecimento da capital potiguar que dependeria a obra no valor de 4.000:000$000 ( quatro mil contos) as despesas com os serviços.Pela prefeitura foi levantada a planta dos terrenos do Jiqui e lago do mesmo nome, de propriedade do Estado, local onde deveria ser feita a capitação  de água distante 12 km da capital.
    Além destes serviços foram conservados as estradas de rodagem do Tirol, Petrópolis, Alecrim, Areia Preta, realizados reparos de urgência no matadouro público e forno de incineração de lixo, assentados 100 bancos  de cimento armado nos jardins da cidade, aberto trecho na estrada do Tirol para Ponta Negra (povoado e praia do município distante 11 km da capital), serviço de terraplenagem no pátio do quartel da Policia Militar, conservação dos pavimentos atuais e outros inúmeros serviços pequenos.


Fonte: A Noite, 19/01/1935, p. 14.

AS ESTAÇÕES DE PARNAMIRIM, CAJUPIRANGA E PITIMBU



Na memória ferroviária potiguar trazemos hoje a evocação das estações de Parnamirim, Cajupiranga e Pitimbu.
         A estação de Parnamirim foi inaugurada em 1943. Antes, porém, a região era servida pela estação de Cajupiranga e Pitimbu,  ambos os distritos de Natal, a época da inauguração da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz até a emancipação do distrito de Parnamirim.Tratemos inicialmente da estação de Cajupiranga.
A estação da Cajupiranga
     A estação da Cajupiranga foi inaugurada em 28/09/1881 e localizada no km 23 do primeiro trecho da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz. Cajupiranga era uma região banhada pelos rios que lhe denomina e também o Pitimbu. Cajupiranga e Pitimbu, Japecanga  eram distritos de Natal e formavam uma idílica paisagem de canaviais ondulantes e mansas águas correntes produtora de cana-de-açúcar, contando com engenhos a vapor.A região tinha ainda as localidades de Pitimbu de Cima e Pirangi de Dentro.
        As terras ao sul do rio Pitimbu estavam, em 1889, nas mãos do senhor do Engenho Pitimbu, João Duarte da Silva.Posteriormente, o fidalgo comprou a maioria das propriedades vizinhas, incluindo uma grande área de tabuleiro plano ao sul do rio que dava nome à propriedade, distante 18 km de Natal. A área era conhecida como “a planície de Parnamirim” e fazia parte do Engenho Cajupiranga.Na imagem a baixo o horário da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz em 1890 em que constam a estação de Cajupiranga e a parada de Pitimbu.
      
Fonte: A República,1890,p.4.

   Em 1902 o jornal A  República cita Cajupiranga como povoação (A REPUBLICA, 07/07/1902, p.1), ou seja, havia ali certa aglomeração urbana.
Sobre as estações de Cajupiranga e Pitimbu encontramos estas pequenas citações, onde em 1896, todas as estações e paradas da Estrada de Ferro de Natal a Nova Cruz haviam sido pintadas e reformadas a exceção das paradas de Pitimbu e Cajupiranga (RELATÓRIOS DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1896, p.387).
Em 1907 a receita da estação de Cajupiranga foi de 2:877$$250 (RELATÓRIOS DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1907, p.372).
                  Ruínas da estação de Cajupiranga
A plataforma da estação em 2010. Foto Francisco Ricardo de Souza Jr.
Com a inauguração da estação de Parnamirim a estação de Cajupiranga perdeu importância sendo reduzida a parada intermediária e não escapando da ceifa demolidora das paradas na década de 1960 por ser considerada antieconômica tendo sido então demolida.Atualmente as ruínas da plataforma da estação podem ser vistas no local.
A estação da Parnamirim
      Com a criação da Base Aérea de Parnamirim durante a Segunda Guerra Mundial a povoação que ali se estabelecera se tornou vila e a futura cidade começou a se desenvolver.
Como município, Parnamirim só foi emancipado em 1958. Chamou-se Eduardo Gomes de 1973 a 1987, mas voltou a ter o nome original depois disso. Cajupiranga ficou então como distrito do novo município.
O movimento populacional exigia então uma estação em Parnamirim, foi então que atendendo ao que expôs o Departamento Nacional de Estradas de Ferro o Ministro da Viação autorizou a mudança da estação de Cajupiranga para o local em quem se encontrava a Base Aérea de Parnamirim (A ORDEM, 01/09/1943, p.2).
A estação de Parnamirim foi construída no km 17 do trecho da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte embora a referida estação estivesse no trecho da antiga Estrada de Ferro de Natal a Nova Cruz tendo sido esta a ultima estação construída nesse trecho.
Segundo aviso da Diretoria da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte foi entregue no dia 15/09/1943 o trafego ao publico da estação de Parnamirim. Segundo o jornal a Ordem era mais um importante melhoramento introduzido pela Central “sempre empenhada em bem servir ao nosso publico” (A ORDEM, 15/09/1943, p.1).
                     A estação de Parnamirim

A estação, sem data. Autor desconhecido. Cessão Luiz Antonio Coutinho.

A estação original antes da demolição, foto sem data por Prefeitura Municipal.

                       A estação de Parnamirim

A estação original antes da demolição, foto de 1985 por Luiz Antonio Coutinho

Já a estação de Parnamirim sobreviveu até a desativação dos trens de passageiros na década de 1980, em 1986 a antiga estação cedeu lugar a uma nova estação ‘moderna’ para ser a estação terminal da linha sul dos trens metropolitanos da CBTU condição vigente até os dias atuais.

                   A nova estação de Parnamirim
Construção da nova estação de Parnamirim em 1986.Fonte: Diário de Natal,1986.


A estação atual, em 2013. Foto Luizinho/Facebook.


Coberturas parciais na plataforma de Parnamirim. Foto Gunnar Gil em 2/2014.
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A parada de Pitimbu

A parada Pitimbu estava situada no km 13 tendo sido inaugurada em 28/09/1881 no trecho inicial da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz entre Natal e São José de Mipibu.

                                A estação Pitimbu
A estação em 2005. Foto CBTU.
      Hoje é uma estação dos trens metropolitanos de Natal. Construída em estilo moderno, supondo que houve a demolição da estação original.

 Acidentes
   Um grave acidente aconteceu em Cajupiranga em 1952.A composição vinha de Recife com direção a Natal e ao passar pelo pontilhão sobre o rio Cajupiranga descarrilou, a locomotiva foi parar a 200 metros.
       O carro bagageiro tombou ficando uma parte sobre a linha férrea e outra no rio tombando também um carro de passageiros, não houve vitimas entre os passageiros desse carro.Morreram esmagados o graxeiro Manoel Sebastião, o guarda-freios Manoel Francisco e o lenheiro que viajava no bagageiro.Ficaram feridos o guarda-freios Julio Alves e o chefe de trem Gaspar Lopes sendo grave o estado do primeiro.
     O chefe da estação de Parnamirim declarou que antes do desastre por duas vezes viu pavoroso fantasma percorrendo a estrada atribuindo a essa ‘visão’ a ocorrência do acidente de consequências trágicas. (DIÁRIO DA NOITE, 1952, p.4).
     Na foto publicada no Diário da Noite a imagem do truck onde ficou esmagado o graxeiro .

                               O acidente de 1952
Fonte: Diário da Noite,1952,p.4.
      A causa do acidente foi atribuida ao afastamento dos trilhos, até então os vagões vinham em ordem e a composição seguia em ritmo normal.
       Outro grave acidente ocorreu em 1955 as 3h30  quando o trem de carga de prefixo FS-1 conduzido pela locomotiva 210 dirigindo-se de Natal a Goianinha virou espetacularmente entre as estações de Cajupiranga e São José de Mipibu.
      Ficaram feridos no acidente o maquinista Humberto Calvacanti e o foguista Manuel Crescêncio que foram conduzidos ao pronto socorro da capital. Sairam ileso o guarda-freios Agenor Teixeira e o condutor Edgard Teixeira sendo conduzidos até a estação de Parnamirim onde receberam socorros de urgência.O acidente foi  motivado por desarranjo em um dos elos que ligava a locomotiva aos carros. (CORREIO DA MANHÃ, 1955, p.9).

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

SOBRE A PARÓQUIA DE SANTA CRUZ EM 1936



        A devoção a Santa Rita de Cássia, padroeira de Santa Cruz, remonta ao século XVIII na povoação fundada na ribeira do Trairi com o nome de Santa Rita da Cachoeira que era também conhecida como Santa Cruz do Inharé.

A capela de Santa Rita de Cássia
        Em 1831, Lourenço da Rocha e seu irmão José da Rocha e José Rodrigues da Silva, edificaram na povoação  a capela que dedicaram a Santa Rita de Cássia, a qual não só deram o necessário patrimônio  como a respectiva imagem, paramento e alfaias, obtendo ainda a provisão para a celebração de missas.

A criação da freguesia de Santa Rita de Cássia
        Pela lei provincial nº 24 de 27 de março de 1835 foi elevada a categoria de matriz a capela de Santa Rita. Como ainda não existia o município de Santa Cruz, a nova freguesia ficou pertencendo ao município de São José de Mipibu, pela resolução provincial nº 31 de março de 1835.
        Pela lei nº 199 de 27 de junho de 1849 foi transferida a sede da freguesia para a capela de São Bento, na serra dos Pires. A freguesia foi restaurada na primitiva sede em 1858 pela lei nº 393 de 24 de agosto daquele ano.
O município de Santa Cruz foi criado pela lei n° 777 de 11 de dezembro de 1876 com o nome de Trairi, tendo por limites os da freguesia de Santa Rita.
O primeiro vigário da freguesia de Santa Rita foi o padre João Jerônimo da Cunha que regeu a freguesia por 5 anos, sendo substituído pelo padre Camilo de Mendonça que foi quem  conseguiu a transferência  da sede da freguesia para a capela de São Bento, em 1849, aumentando-a com o distrito de Anta Esfolada (atual Nova Cruz), esta ultima foi separada de Santa Cruz em 1858.

A matriz
No local da antiga capela foi edificada a atual matriz de Santa Cruz, o qual ao longo dos tempos passou por  vários melhoramentos e ampliações sob a direção de diversos  vigários até a atual configuração arquitetônica.
              A matriz de Santa Cruz em 1936
Fonte: A Ordem, 23/05/1936, p.1.

Associações religiosas
        Em 1936 existiam na paróquia de Santa Cruz o Apostolado da Oração, com 48 zeladores e zeladoras e mais de mil associados, a Associação das Dores, Associação de São José, Centro de Catecismo, com 250 crianças, a Associação da Propagação da Fé, Associação das vocações Sacerdotais, etc.
        Pelo padre Benjamim Sampaio foram fundadas a P.U.T são José, com 24 zeladoras e 718 sócias, também foi ereta pelo bispo diocesano em 18/03/1934 a Cruzada Eucarística e instalada em Santa Cruz em 19/05/1935.O padre Benjamim Sampaio ainda reorganizou a conferência de São Vicente.

Padre Benjamim Sampaio vigário de Santa Cruz em 1936
                                                                            Fonte: A Ordem, 23/05/1936, p.1.
Movimento religioso
      Em 1936 foram realizados 380 casamentos, 1850 batizados, 9.050 confissões, 7.250 comunhões sendo 250 de primeira comunhão de crianças e dadas 39 unções dos enfermos.

As capelas
A freguesia possuía varias capelas nas povoações e povoados, entres estas pode-se citar as seguintes:
A capela do Boqueirão era particular.
A capela de Sitio Novo foi reformada e aumentada em 1936 e o patrimônio organizado.
A capela de Jericó sob a invocação de Nossa Senhora do Amparo foi construída em 1869, tendo doado o patrimônio o Sr. José Joaquim da Silva. Em 1936 havia nela o centro do apostolado com 12 zeladoras e 224 associadas, um centro de doutrina cristã com 105 alunos.
A capela de Campo Redondo foi construída em 1926, não possuía patrimônio em 1936, naquele ano a capela seria aumentada e organizado os eu patrimônio. Ali funcionava um centro de catecismo.
A capela de Japi foi inaugurada em 23/01/1936 sob a invocação de São Sebastião, tendo sido construída por Manoel Medeiros que deu seu patrimônio.
A capela de São Bento tinha patrimônio que abrangia toda a povoação.Lá funcionava um centro de catecismo em 1936 com 65 alunos.
Havia na freguesia outras capelas.
                            
                                Capela de Jericó


          Capela da paróquia de Santa Cruz não identificada

                       Capela Campo Redondo
                                                           Fonte: A Ordem, 23/05/1936, p.1.


Hino da paróquia de Santa Cruz
Letra de Luiz Patriota
Musica de Tte. José Gomes

I
Hoje em tudo, um mistério sagrado,
Paira, cheio de graça e de amor.
Envolvendo o Teu nome adorado,
Numa aureola de vivo esplendor.

Coro
Santa Rita de Cássia, relicário dos corações que sofrem resignados,
Ajuda-nos levar par ao calvário a cruz dos nossos míseros pecados.

II
Quantas bênçãos de paz, das alturas,
 Lá do céu derramadas a flux,
 Inefáveis, divinas e puras,
Através desse século de luz.
III
A nossa alma, a vibrar, Te estremece,
Nos momentos de dor ou prazer;
Bem Supremo que nos fortalece
Ante o mais doloroso sofrer!
IV
Ai de nós, a lutar entre escolhos,
De existência no mar sempre escuro,
Se não fora a esperança em Teus olhos
A levar-nos a abrigo seguro!


Fonte:  a ordem, 23/05/1936, p.1

NATAL EM TEMPOS DE GUERRA




Nos tempos de guerra, economia de guerra. Era assim que o jornal A Ordem escrevia em um artigo sobre a crise no abastecimento de alimentos na capital potiguar durante a Segunda Guerra Mundial em 1943.
Mereciam os maiores aplausos as medidas tomadas pelo prefeito de Natal e pelo diretor da Estrada de Ferro, com o objetivo de melhorar o abastecimento da capital potiguar.
Apesar de vexatório o problema do abastecimento em Natal enquadrava-se dentro das previsões suscitadas pelas circunstâncias do momento (a guerra). Era um problema grave e que tendia a se agravar ainda mais.
Daí a necessidade de tomadas de providencias prontas e eficientes que atenuassem a situação. Era o que vinha fazendo o governo com as medidas que vinha tomando e com constantes apelos a iniciativa particular para ajudar nesta emergência.
Neste caso, o chamamento foi dirigido a todos os proprietários de gado leiteiro dos municípios vizinhos, São José de Mipíbu, Ceará-Mirim e Macaíba no sentido de mandarem vender leite em Natal.
O prefeito de Natal facilitava os locais no mercado para a distribuição do produto, já o O capitão Zamith, diretor da EFCRGN, determinou um abatimento de 90% no frete dos produtos que eram trazidos pela ferrovia do interior até a capital.
Com o leite se dava o mesmo com o que acontecia com os produtos que eram requeridos pela alimentação do povo.
Os tempos de guerra exigiam economia de guerra. Supria-se, nestes casos, uma população, quase da mesma forma como se abastecia uma tropa.
A iniciativa privada ficava reduzida a 20% ou menos, porque o governo precisava agir com presteza e segurança,  sem os métodos protelatórios ou opinativos em voga em tempos normais.
Tudo quanto se vinha tentando fazer em Natal era bom e merecia os aplausos da população, mas o problema do abastecimento da capital potiguar só encontraria uma solução definitiva quando se chagasse a esse termo: métodos e economia de guerra, para os tempos de guerra.

Fonte: A Ordem, 14/01/1943, p.1.

SOBRE A ESTRADA DE FERRO DO NATAL A NOVA CRUZ




Segundo informação encontrada na Gazeta de Joinville prosseguiam “com extraordinário desenvolvimento, mediante o emprego de 2.000 operários os trabalhos da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz, tendo já mais de 3 léguas de trilhos assentados, e esperava-se que brevemente chegaria a florescente cidade de São José de Mipibu”.(GAZETA DE JOINVILLE, 1880, p.1).
Já o jornal O Monitor registrou que o presidente da província fez no dia 26/09/1880 “um passeio em trem especial da ferrovia em construção, indo até São José de Mipibu a fim de observar os trabalhos da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz que estavam já muito adiantados”.(O MONITOR,10/10/1880,p.1).
O jornal A Luz escreveu em uma de suas colunas em tom ufanista “firmes em nosso programa-instrução, pátria e liberdade julgamos de nosso dever não deixar passar despercebido em nossas colunas o dia 28 de setembro de 1881- data importantíssima para o RIO GRANDE DO NORTE e que a história sigilará eternamente”. (A LUZ, 08/10/1881, p.1, destaque do original).
Para o referido jornal a data simbolizava “o risonho e prometedor futuro desta pobre e desventurada porção do Brasil” (A LUZ, 08/10/1881, p.1) e também assinalava o seu engrandecimento material.
     Foi no dia 28/09/1881 que se inaugurou a primeira seção da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz.
     O jornal A Luz registrou assim o acontecimento: “As 13h00 da tarde as pitorescas margens do Potengi eram atroadas pela locomotiva - este arauto ingente que na destra de fogo leva ao povos mergulhados nas brumas da ignorância e do obscurantismo o progresso e a civilização dos povos cultos e que o seu sibilo estridulo convida as nações para tomarem assento no congresso cosmopolita e civilizador da humanidade”(A LUZ, 08/10/1881, p.1).
     Chegado o presidente da província e tomando o assento em seu vagão, toda a multidão o seguiu e logo pressurosa fazia o seu trajeto até São José de Mipibu. Ali diversos oradores saudaram o grande dia da província e o Sr Odilon Garcia ofereceu carta de liberdade a um seu escravo como prova de regozijo. (A LUZ, 08/10/1881, p.1).