sexta-feira, 16 de abril de 2021

SOBRE AS OBRAS DA EFCRGN EM TAIPU EM 1910


        Os serviços de construções marchavam lentamente e nãos e notava nenhuma tendência para melhorar o desenvolvimento das obras da EFCRGN segundo constava no relatório do ministério de viação e obras públicas (1911, p.61).

A constatação do relatório se referia ao ano de 1910 e se referem ao trecho em construção entre Taipu e o então distrito de Baixa Verde (atual cidade de João Câmara) cujas obras haviam sido assumidas sob concessão do Governo Federal pela empreiteira Companhia de Viações e Construções do engenheiro mineiro João Proença.

         Naquele ano de 1910 foram construídas as seguintes obras de arte: a conclusão dos 2º e 3º pilares e montagem da viga metálica da ponte sobre o rio Ceará-Mirim, uma ponte de 8 metros e outra de 6 metros, 9 pontilhões de 3 metros, 1 pontilhão de 1,5m de vão, 38 bueiros capeados e 13 abertos. Além disso, foram modificados 3 bueiros capeados, em virtude da modificação do grade, no trecho construído pela extinta comissão.     

Segundo o relatório do ministério de viação e obras públicas a obra mais importante da EFCRGN até então era a ponte sobre o rio Ceará-Mirim, no km 60 e 4 km adiante da vila de Taipu, no atual distrito do Umari.

A ponte foi erguida com um total de 150 metros de extensão, divididos em 5 vãos de 30 metros cada um. O sistema da viga metálica é o de vãos independentes ou descontinuo. No dia 11/10/1910, um dia antes da inauguração provisória do trecho entre Taipu e Baixa Verde, foi feito o teste na ponte de peso morto e peso rolante que deram bons resultados (RELATÓRIO, 1911, p.61).

 Fonte: Relatório do Ministério de Viação e Obras Públicas, 1911.


Ponte do Umari, data ignorada. Acervo do IHGRN.



SOBRE A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FERRO EM TAIPU


Durante a excursão de reconhecimento da comissão dos poços realizada no Rio Grande do Norte para amenizar os efeitos da seca, o engenheiro Antônio Olinto escreveu sobre Taipu “daí a Taipu só encontrei água salobra e má, produzindo imensa tristeza em os viajantes, adiante somente quebrada pela turma do avançamento da construção da Estrada de Ferro, no momento em que, densas nuvens de poeira, formando alegre atmosfera de civilização, anunciam a ação da picareta e da pá construindo aterros que mais tarde servirão de leito as fitas metálicas, sobre as quais rodarão com atrito as locomotivas do progresso”.

         E chegando ao ponto onde a linha de locomoção estava sendo atacada, aproximou-se o citado engenheiro do movimento de terra, contemplou admirado, informou-se da marcha do serviço, folhou as cadernetas de resumos ou residência e “exultei observando o trabalho de um grupo de moços, onde a força da inteligência habilmente cedida a ciência em percorrendo vastos sertões, produziu um dos trabalhos que mais honram a nossa engenharia, estudando, projetando e construindo uma via férrea, satisfazendo totalmente as condições econômicas, administrativas e técnicas”.

         O engenheiro havia passado por Taipu entre agosto e setembro de 1907, o relato, porém, só foi publicado poucos dias antes da inauguração do trecho entre Itapassaroca e Taipu, portanto os serviços já caminhavam para o seu término quando o engenheiro Antônio Olinto passou por Taipu e presenciou a marcha dos serviços de construção da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte em Taipu.

         O engenheiro citado adentrou o município de Taipu descendo o rio Ceará-Mirim do seu alto curso no sertão do estado, passando por Poço Branco onde verificou que por aquela região as populações também muito sofriam com a falta de acesso a água potável.

         Assim, o engenheiro Antônio Olinto presenciou as obras da construção da ferrovia na sua terceira seção que compreendia o trecho adiante da vila de Taipu até a ponte do Umari num total de 4 km.

       A baixo imagens do trecho ferroviário entre Taipu e a ponte do Umari onde se vê algumas estruturas que foram construídas nesse trecho ferroviário que foram vistas pelo engenheiro Antônio Olinto ainda em construção ou em movimento de terra, como os bueiros, aterros, rampas e corte, além do leito da ferrovia.

 





Imagens: João Santos, 2015.

Fonte: A república, 24/10/1907, p.1.

 

quinta-feira, 15 de abril de 2021

A PARÓQUIA DE LAJES


No ano de 1873, o capitão Manoel Vicente de Paiva requereu licença ao Bispo de Olinda para erigir, na povoação de Jardim, uma capela dedicada a São João Baptista. Concedida a licença e com o auxilio pecuniário dos moradores, foi efetivamente levantada em 1874 a capela, sob a direção do mencionado capitão Manoel Vicente de Paiva e de Gonçalo José Teixeira da Silva, que fizeram doação do patrimônio necessário.

 A grande cheia do Rio Ceará-mirim, no dia 6 de abril de 1894, destruiu quase completamente a capela primitiva, sendo construída outra Igreja em lugar mais elevado e seguro, e que é a Igreja atual do Jardim. Ela tem 33 palmos de frente e 130 de fundo e contem dois grandes vultos de São João Baptista e São Sebastião. Já em 1903, a 20 de agosto, a Igreja de Jardim recebeu a visita pastoral de D. Adauto Aurélio, 1º bispo da Paraíba: ela estava sob os cuidados do padre João Borges de Salles. Não conseguiu ser sede de freguesia a Igreja do Jardim.

Transferida, porém, em 1914, a sede do município de Jardim para Lages, foi iniciada a construção da Igreja de N. S. da Conceição, em1915, ficando, no ano seguinte, em condições de nela se celebrarem os ofícios divinos, se bem que como simples capela da Matriz de Angicos.

 Foi o padre Julio Alves Bezerra, coadjuvado pelos Drs. Leonardo Arcoverde e André Veríssimo Rebouças, Superintendentes da E. F. Central, quem maior soma de serviços prestou na construção desse templo. Posteriormente, o padre Ulysses Maranhão conseguiu continuar a obra da torre e dos corredores laterais com a limpeza interna e externa e respectiva pintura. Ficou concluída em Dezembro de 1935, pelos esforços do padre Luiz Wanderley, que fez o novo teto, o forro e a pintura geral, também.

A 18 de Junho de 1915, Nestor Lima visitou a atual Igreja ainda em alicerces na companhia do poeta Murilo Aranha.


A igreja matriz de Lajes foi erguida com 23 metros de comprimento por 13 de largura, exteriormente, contendo três altares: o da Padroeira, N. S. da Conceição, e São Vicente de Paulo e o do S. Coração de Jesus e São Luiz Gonzaga. Havia também os vultos (quadros) de S. Teresinha do Menino Jesus, outro de N. S. da Conceição, de S. João Bosco e o de N. Senhor Morto.

Existiam na paróquia de Lajes em 1942  as irmandades do Apostolado da Oração e das Filhas de Maria.

Lajes foi erigida em freguesia autônoma da de Angicos por decreto do 2º Bispo Diocesano, D. Antônio dos Santos Cabral, em data de 8 Dezembro 1921. Seus limites são os do município. O seu designativo canônico é Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Lajes.

São capelas filiais da Matriz de Lajes: a de São João Baptista, em Jardim, a de Cauassú, dedicada a N. S. da Conceição a de Caiçara, consagrada a São Sebastião, a de Pedra Preta, dedicada a São Francisco de Assis; a de Belo Horizonte, de que é padroeira N. Srª da Conceição e as das fazendas Juazeiro e Riachão.

O patrimônio da freguesia foi doado por diversos: Francisco Pedro Gomes de Mello, Francisco Pedro de Mello Neto, Felix Pedro de Mello, Manoel Rebouças de Oliveira Camara, Secundo Venâncio da Rocha, Jacinto Xavier de Mello e outros.

 Decreto da criação da Paróquia da Lajes

Decreto da criação da Paróquia da Lajes deste bispado de Natal.

DOM ANTONIO DOS SANTOS CABRAL, POR MERCÊ DE DEUS E DA 8ANTA SÉ APOSTOL1CA, BISPO DE NATAL. Fazemos saber que, atendendo ao que prescreve o Código do Direito Canônico — Cons. 216, 464, § 8, 1415, § 3 e 1427, § l\, 2-., e atendendo ainda aos graves encargos de nossa consciência no pastoreio do rebanho, cuja guarda o Senhor nos confiou, e em pleno exercício de nossa jurisdição ordinária  Havemos por bem desmembrar perpetuamente, da Paróquia de S. José de Angicos, desta Diocese, e elevar á categoria de Paróquia amovível, a Capela de Nossa Senhora da Conceição da Vila de Lajes, que assim ereta em Paróquia, chamar-se-á Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Lajes, e terá os mesmos limites civis que separam e constituem o Município de Lajes.

Para prover a conveniente sustentação do Pároco e para o esplendor do Culto Divino, os habitantes da referida Paróquia contribuam com emolumentos e benesses, que estão fixados na Tabela Diocesana, podendo assim assegurar, quan primum os inestimáveis benefícios da permanência de um pároco proprio, satisfazer as suas necessidades espirituais.

Mandamos, outro sim, a todos os fiéis compreendidos nos limites da nova Paróquia que agora erigimos, reconheçam na pessoa do sacerdote, por Nós designado para dirigi-la, assim como na dos seus sucessores canônicos, o seu legitimo pároco. 0 presente Decreto de criação será lido á estação da Missa Paroquial, e registrado no livro de Tombo da nova Paróquia, bem assim, nos das Paróquias limítrofes: Angicos, Taipú, Santana do Mattos e Currais Novos.

Dado e passado nesta Episcopal Cidade de Natal, sob o Selo e Sinal de nossas armas, aos 8 de Dezembro de 1921. L do Selo. (a) ANTONIO. Bispo de Natal. (in: LIMA, 1942, 92-94).

 




Fonte:

NESTOR, LIMA. Municípios do Rio Grande do Norte. 2º Volume. F. G. J. L. e M. (Separata autorizada da Revista do Instituto Histórico).Natal: TIP. Santo Antônio, 1942.

Fotos: Lajes Nostálgica.

 

SOBRE LAJES EM 1942


A povoação de Lajes, devido á aproximação dos serviços da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, tomou grande incremento e a sede do município foi para ali mudada pela lei n. 160 de 25 de novembro 1914, que a elevou á categoria de Villa de Lajes, deixando, porém, á antiga sede, Jardim de Angicos, o seu anterior predicamento.

Continuando a progredir incessantemente Lajes foi erigida em Cidade pela lei n. 572 de 3 de dezembro 1923 e, quatro anos mais tarde, foi criada a Comarca de Lajes com o distrito de Angicos (lei n- 642 de 17 de Outubro de 1927) e depois com o de Baixa Verde (decreto do 3º Interventor Herculano Cascardo, n. 154, de 24 outubro 1931) (LIMA, 1942, p.87-88).






A Cidade

Lajes era, no começo do século XX, a fazenda de criação de Francisco Pedro Gomes de Mello e tinha sido fundada por José Antonio Xavier e seu irmão Francisco, Padre. Ainda existia uma casa em 1942, situada á margem direita do Rio Ceará-Mirim, a leste de Lajes, e que conservava na fachada a data de 1825, como da sua construção.

Dizia a tradição, porém, que o primeiro morador da localidade foi Manoel Fernandes, que se situou no lugar Lajedo Grande, junto ao Serrote do Cabaço, ao pé do rio Ceará-Mirim, cerca de 1 km, ao sul da atual Cidade.

Até 1906, Lajes era somente um ponto de descanso para os viajantes e não merecia outra referencia senão como terra excelente para criação de gados.

Mas, a resolução tomada pela Companhia de Viação e Construções de passar por esse lugar os trilhos da Estrada de Ferro Central, cujo projeto era pela fazenda Pedra Vermelha, dois km ao norte, atraiu para Lajes a velha fazenda de Francisco Pedro, as atenções de toda a gente e assim que os trabalhos da construção se aproximaram, Lajes tomou um extraordinário incremento, para logo ai se instalando casas de comércio e pequenas indústrias, famílias e trabalhadores de variadas procedências, formando assim um aglomerado heterogêneo e interessante de alienígenas.



E esse desenvolvimento crescente determinou a mudança da sede do município de Jardim de Angicos para Lajes, a sua elevação á Villa, á Cidade e á Comarca, predicamentos de que tem gozado a par das excelências de um clima seco, ventilado e sadio, como poucos ha no Estado (LIMA,1942, p.90-91). Em 1894, a capela de Lajes foi erigida quando ali só existiam quatro casas e ficava ao leste da atual Cidade, á margem direita do Rio Ceará-mirim.

Conforme Nestor Lima em 1942 “Atualmente, a Cidade sofre as consequências do prosseguimento das obras da E. F. Central, em demanda do seu ponto de destino. Consta de quatro praças, 15 ruas e 4 travessas, cerca de 600 casas e 2.500 habitantes” (LIMA,1942,p.90-91).

Possuía a cidade Mercado público, Prefeitura Municipal, (construída em 1924, na administração do major Manoel Januario Cabral, como vice-presidente no triênio de 1923 a 1925), o Grupo Escolar Pedro II [edificado de 1922 a 1927, por iniciativa da Intendência e auxilio do povo e do Governo do Estado), a Matriz de N. S. da Conceição, (erigida de 1915 a 1934), a grande Estação da Estrada de Ferro Central, (edificada em 1918)[1] o Edifício de Correios e Telégrafos, (construído em 1933) e muitos prédios de comércio e residências particulares, que têm agradável aspecto. Tem Telégrafos e Correio Geral, além do da E. F. Central, e agencias de rendas federais e estaduais.



São arborizadas a fícus benjamim as principais praças e ruas. Tem luz elétrica, com usina própria, inaugurada a 10 de outubro de 1924. Realiza-se aos sábado uma grande feira de produtos agrícolas e de criações, atraindo feireiros de grandes distancias.

Ao tempo do maior fastígio, a feira de Lages era a mais afamada e concorrida do Estado (1920 a 1924). Era o entreposto comercial de todas as localidades do interior, porque ai chegavam as estradas de Macau, Assu e Mossoró, e até do Seridó, para o comércio dos produtos vindos pela Estrada de Ferro e por seus comboios enviados para a Capital e outras praças do país.

Segundo Nestor Lima “É lugar aprazível, de excelente clima, tendo a aumentar-lhe a aprazibilidade a constância das suas noites incomparáveis” (LIMA,1942,p.90-91).

A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte

A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte trouxe ao município um grande desenvolvimento: ali existiam a Estação de Lajes no km 148,551, a estação de Pedra-Preta, no km 123,922, a parada de São Pedro, no km 118, e a estação de Jardim, no Cardoso, km 107,200.

As altitudes dessas localidades são: Lajes, 198.600, Pedra Preta, 161.360 e Jardim 205.600 metros a- cima do nível do mar. De Lajes bifurca-se a Estrada para Angicos, em busca do Caicó, e para Epitácio Pessoa (antigo Gaspar Lopes), em demanda de Macau. Foi inaugurada a estação de Epitácio Pessoa, a 28 de dezembro de 1921 (LIMA, 1942, p.111).

Fonte:

NESTOR, LIMA. Municípios do Rio Grande do Norte. 2º Volume. F. G. J. L. e M. (Separata autorizada da Revista do Instituto Histórico).Natal: Tip. Santo Antônio, 1942.


[1] Na verdade a estação de Lajes foi inaugurada em 14/07/1915.Em 1918 deu-se sua ampliação para ser ponto de entroncamento do ramal de Macau que dali partia.

PANORAMA DA CIDADE DE GOIANINHA EM 1942


A sede do município de Goianinha é a cidade do mesmo nome, situada próxima ao rio Jacu, em uma vasta planície insular, lugar saudável e de bom aspecto conforme Nestor Lima (1942, p.26). A vasta ilha estava formada pelos dois ribeiros: o rio Brandão, ao norte, e o da Ponte, ao sul. Aquele vindo do Benfica e este nascendo das matas do Desterro, confluindo ambos no sitio São Miguel, de onde seguiam juntos para desaguar na lagoa de Guarairas.

A cidade estava formada por uma rua principal, em declive, a qual partindo do ponto mais alto, onde se achava edificada a Matriz, que lhe dá nome, descia em procura do Vale do rio Brandão.

Havia outras ruas adjacentes, travessas e ladeiras: Rua da Parada de Cima, Rua da Parada de Baixo e Rua da Gloria, (antiga Boi Choco).

Os edifícios públicos municipais são: a Prefeitura Municipal, um grande sobrado construído ha mais de século por Inácio Joaquim e considerado a mais antiga habitação local, o Mercado, construído em 1916, na administração do Cel. Gonzaga Barbalho, a Cadeia que fica na parte baixa da Prefeitura, o Grupo Escolar Moreira Brandão, edificado em 1910 no governo municipal do Cel. Manoel Duarte, o banheiro, que fica no Rio da Ponte, construído pelo prefeito major Abdon Grillo (19.19), e a ponte sobre o rio Brandão, completamente remodelada em 1937, na administração do Prefeito Jerônimo Cabral, é propriedade do Município um sitio agrícola junto á cidade e a mata do Pau-Ferro (LIMA, 1942, p.26).



Havia ainda construções assobradadas e outras térreas de agradável aspecto. A feira semanal, criada pela resolução provincial de 16 de novembro de 1848, realizava-se presentemente aos sábados. Tendo sido suprimida, mais tarde, foi restaurada em 1891, sob a presidência de Luiz Francelino.

A cidade e o município estavam servidos pela Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz, que há pouco tempo havia deixado de ser concessão da Great Western of Brasil Railway e passado a jurisdição da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, cuja estação ficava num arruado a 1,5 km da cidade.

Goianinha foi vila pela resolução do Conselho provincial de 7 de agosto de 1832 e elevada á cidade por lei estadual, n.° 712 de 9 de novembro de 1928, de iniciativa na Assembleia Estadual do seu digno filho, Dr. Antonio Bento de Araújo Lima, que apresentou e defendeu o projeto respectivo.



O aspecto geral da localidade é assas curioso e apreciável. O viajante que, no trem da Great Western, tem galgado a rampa de Estivas, descobre logo um casario branco a debruçar-se do alto a baixo e a mudar constantemente de posição, á medida que o comboio avança, desce á baixada e, pelas encostas do tabuleiro, vence s pontes sobre o Jacu, numa sucessão de aspectos bizarros que predispõem bem o espírito i ao atingir a pitoresca cidade do Jacu. Certa vez, um passageiro ilustre viajando num dos comboios da estrada que os ingleses exploram, ao avistar as primeiras casas brancas de Goianinha, e sem poder reprimir a emoção, exclamara: “—Goyaninha! Pátria de anjos!” É que ele conhecia perfeitamente a beleza das filhas da terra amável... (LIMA, 1942, p.27).

A cidade possuía em 1942 os serviços federais de correios e telégrafos, além dos que a Estrada de Ferro faz pelos seus comboios e linhas. A instrução publica sempre foi cuidada ali. A cadeira de gramática latina (lei n. 11 de 9 de março de 1835) regida pelo professor José Nicácio da Silva e ás cadeiras de primeiras letras criadas em virtude da lei de 15 de outubro de 1827, (masculina, 14 de outubro de 1829) (e feminina, lei de 26 de setembro 1856,) juntavam-se outras escolas em Espírito Santo, Piau e Tibau (1894).






A cadeira masculina instalada em 1830 era regida pelo professor capitão Antonio Martins da Silva e tinha 23 alunos. Da aula feminina foi professora instaladora d. Joaquina Facelli Villa.

O Grupo Escolar «Moreira Brandão, criado pelo decreto n.° 220 do Governador Alberto Maranhão, a 7 de março de 1910, foi inaugurado a 12 de maio do mesmo ano.

O cemitério local foi construído pelo povo, sob a direção do missionário Frei Herculano Tertuliano Vieira. Ficava ao norte da cidade. Havia sido recentemente ampliado em 1936 na administração do prefeito Agenor Lima, e tem uma capela em construção, de iniciativa particular. Os povoados tinham também cemitérios.

O sentimento cívico foi ai sempre cultivado pelos valorosos cidadãos que empunhavam o bastão de chefes dos tradicionais partidos políticos da Monarquia. O coronel Antonio Bento de Araújo Lima, chefe do partido liberal, senhor do engenho Bom Jardim, deixou, na sua folha de serviços ao município e á Província.

A população do município em 1942 era de cerca de 20.000. Já em 1877, época da construção da ferrovia, era de 12.296 almas (Ferreira Nobre, Breve Noticia, pag. 155.)







Fonte:

NESTOR, LIMA. Municípios do Rio Grande do Norte. 2º Volume. F. G. J. L. e M. (Separata autorizada da Revista do Instituto Histórico). Natal: Tip. Santo Antônio, 1942.

Fotos: IBGE,1983.Google Earth,2020.