A
povoação de Lajes, devido á aproximação dos serviços da Estrada de Ferro Central
do Rio Grande do Norte, tomou grande incremento e a sede do município foi para
ali mudada pela lei n. 160 de 25 de novembro 1914, que a elevou á categoria de
Villa de Lajes, deixando, porém, á antiga sede, Jardim de Angicos, o seu
anterior predicamento.
Continuando
a progredir incessantemente Lajes foi erigida em Cidade pela lei n. 572 de 3 de
dezembro 1923 e, quatro anos mais tarde, foi criada a Comarca de Lajes com o distrito
de Angicos (lei n- 642 de 17 de Outubro de 1927) e depois com o de Baixa Verde
(decreto do 3º Interventor Herculano Cascardo, n. 154, de 24 outubro 1931)
(LIMA, 1942, p.87-88).
A
Cidade
Lajes
era, no começo do século XX, a fazenda de criação de Francisco Pedro Gomes de
Mello e tinha sido fundada por José Antonio Xavier e seu irmão Francisco,
Padre. Ainda existia uma casa em 1942, situada á margem direita do Rio
Ceará-Mirim, a leste de Lajes, e que conservava na fachada a data de 1825, como
da sua construção.
Dizia
a tradição, porém, que o primeiro morador da localidade foi Manoel Fernandes,
que se situou no lugar Lajedo Grande, junto ao Serrote do Cabaço, ao pé do rio
Ceará-Mirim, cerca de 1 km, ao sul da atual Cidade.
Até
1906, Lajes era somente um ponto de descanso para os viajantes e não merecia
outra referencia senão como terra excelente para criação de gados.
Mas,
a resolução tomada pela Companhia de Viação e Construções de passar por esse lugar
os trilhos da Estrada de Ferro Central, cujo projeto era pela fazenda Pedra
Vermelha, dois km ao norte, atraiu para Lajes a velha fazenda de Francisco
Pedro, as atenções de toda a gente e assim que os trabalhos da construção se aproximaram,
Lajes tomou um extraordinário incremento, para logo ai se instalando casas de comércio
e pequenas indústrias, famílias e trabalhadores de variadas procedências, formando
assim um aglomerado heterogêneo e interessante de alienígenas.
E
esse desenvolvimento crescente determinou a mudança da sede do município de
Jardim de Angicos para Lajes, a sua elevação á Villa, á Cidade e á Comarca,
predicamentos de que tem gozado a par das excelências de um clima seco,
ventilado e sadio, como poucos ha no Estado (LIMA,1942, p.90-91). Em 1894, a capela
de Lajes foi erigida quando ali só existiam quatro casas e ficava ao leste da atual
Cidade, á margem direita do Rio Ceará-mirim.
Conforme
Nestor Lima em 1942 “Atualmente, a Cidade sofre as consequências do
prosseguimento das obras da E. F. Central, em demanda do seu ponto de destino.
Consta de quatro praças, 15 ruas e 4 travessas, cerca de 600 casas e 2.500
habitantes” (LIMA,1942,p.90-91).
Possuía a cidade Mercado público, Prefeitura Municipal, (construída em 1924, na administração do major Manoel Januario Cabral, como vice-presidente no triênio de 1923 a 1925), o Grupo Escolar Pedro II [edificado de 1922 a 1927, por iniciativa da Intendência e auxilio do povo e do Governo do Estado), a Matriz de N. S. da Conceição, (erigida de 1915 a 1934), a grande Estação da Estrada de Ferro Central, (edificada em 1918)[1] o Edifício de Correios e Telégrafos, (construído em 1933) e muitos prédios de comércio e residências particulares, que têm agradável aspecto. Tem Telégrafos e Correio Geral, além do da E. F. Central, e agencias de rendas federais e estaduais.
São
arborizadas a fícus benjamim as principais praças e ruas. Tem luz elétrica, com
usina própria, inaugurada a 10 de outubro de 1924. Realiza-se aos sábado uma
grande feira de produtos agrícolas e de criações, atraindo feireiros de grandes
distancias.
Ao
tempo do maior fastígio, a feira de Lages era a mais afamada e concorrida do
Estado (1920 a 1924). Era o entreposto comercial de todas as localidades do
interior, porque ai chegavam as estradas de Macau, Assu e Mossoró, e até do Seridó,
para o comércio dos produtos vindos pela Estrada de Ferro e por seus comboios
enviados para a Capital e outras praças do país.
Segundo
Nestor Lima “É lugar aprazível, de excelente clima, tendo a aumentar-lhe a
aprazibilidade a constância das suas noites incomparáveis” (LIMA,1942,p.90-91).
A
Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte
A
Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte trouxe ao município um grande
desenvolvimento: ali existiam a Estação de Lajes no km 148,551, a estação de
Pedra-Preta, no km 123,922, a parada de São Pedro, no km 118, e a estação de
Jardim, no Cardoso, km 107,200.
As
altitudes dessas localidades são: Lajes, 198.600, Pedra Preta, 161.360 e Jardim
205.600 metros a- cima do nível do mar. De Lajes bifurca-se a Estrada para
Angicos, em busca do Caicó, e para Epitácio Pessoa (antigo Gaspar Lopes), em
demanda de Macau. Foi inaugurada a estação de Epitácio Pessoa, a 28 de dezembro
de 1921 (LIMA, 1942, p.111).
Fonte:
NESTOR, LIMA. Municípios do
Rio Grande do Norte. 2º Volume. F. G. J. L. e M. (Separata autorizada da
Revista do Instituto Histórico).Natal: Tip. Santo Antônio, 1942.
[1] Na verdade a estação de Lajes foi inaugurada em 14/07/1915.Em 1918 deu-se sua ampliação para ser ponto de entroncamento do ramal de Macau que dali partia.
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