quinta-feira, 15 de abril de 2021

SOBRE LAJES EM 1942


A povoação de Lajes, devido á aproximação dos serviços da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, tomou grande incremento e a sede do município foi para ali mudada pela lei n. 160 de 25 de novembro 1914, que a elevou á categoria de Villa de Lajes, deixando, porém, á antiga sede, Jardim de Angicos, o seu anterior predicamento.

Continuando a progredir incessantemente Lajes foi erigida em Cidade pela lei n. 572 de 3 de dezembro 1923 e, quatro anos mais tarde, foi criada a Comarca de Lajes com o distrito de Angicos (lei n- 642 de 17 de Outubro de 1927) e depois com o de Baixa Verde (decreto do 3º Interventor Herculano Cascardo, n. 154, de 24 outubro 1931) (LIMA, 1942, p.87-88).






A Cidade

Lajes era, no começo do século XX, a fazenda de criação de Francisco Pedro Gomes de Mello e tinha sido fundada por José Antonio Xavier e seu irmão Francisco, Padre. Ainda existia uma casa em 1942, situada á margem direita do Rio Ceará-Mirim, a leste de Lajes, e que conservava na fachada a data de 1825, como da sua construção.

Dizia a tradição, porém, que o primeiro morador da localidade foi Manoel Fernandes, que se situou no lugar Lajedo Grande, junto ao Serrote do Cabaço, ao pé do rio Ceará-Mirim, cerca de 1 km, ao sul da atual Cidade.

Até 1906, Lajes era somente um ponto de descanso para os viajantes e não merecia outra referencia senão como terra excelente para criação de gados.

Mas, a resolução tomada pela Companhia de Viação e Construções de passar por esse lugar os trilhos da Estrada de Ferro Central, cujo projeto era pela fazenda Pedra Vermelha, dois km ao norte, atraiu para Lajes a velha fazenda de Francisco Pedro, as atenções de toda a gente e assim que os trabalhos da construção se aproximaram, Lajes tomou um extraordinário incremento, para logo ai se instalando casas de comércio e pequenas indústrias, famílias e trabalhadores de variadas procedências, formando assim um aglomerado heterogêneo e interessante de alienígenas.



E esse desenvolvimento crescente determinou a mudança da sede do município de Jardim de Angicos para Lajes, a sua elevação á Villa, á Cidade e á Comarca, predicamentos de que tem gozado a par das excelências de um clima seco, ventilado e sadio, como poucos ha no Estado (LIMA,1942, p.90-91). Em 1894, a capela de Lajes foi erigida quando ali só existiam quatro casas e ficava ao leste da atual Cidade, á margem direita do Rio Ceará-mirim.

Conforme Nestor Lima em 1942 “Atualmente, a Cidade sofre as consequências do prosseguimento das obras da E. F. Central, em demanda do seu ponto de destino. Consta de quatro praças, 15 ruas e 4 travessas, cerca de 600 casas e 2.500 habitantes” (LIMA,1942,p.90-91).

Possuía a cidade Mercado público, Prefeitura Municipal, (construída em 1924, na administração do major Manoel Januario Cabral, como vice-presidente no triênio de 1923 a 1925), o Grupo Escolar Pedro II [edificado de 1922 a 1927, por iniciativa da Intendência e auxilio do povo e do Governo do Estado), a Matriz de N. S. da Conceição, (erigida de 1915 a 1934), a grande Estação da Estrada de Ferro Central, (edificada em 1918)[1] o Edifício de Correios e Telégrafos, (construído em 1933) e muitos prédios de comércio e residências particulares, que têm agradável aspecto. Tem Telégrafos e Correio Geral, além do da E. F. Central, e agencias de rendas federais e estaduais.



São arborizadas a fícus benjamim as principais praças e ruas. Tem luz elétrica, com usina própria, inaugurada a 10 de outubro de 1924. Realiza-se aos sábado uma grande feira de produtos agrícolas e de criações, atraindo feireiros de grandes distancias.

Ao tempo do maior fastígio, a feira de Lages era a mais afamada e concorrida do Estado (1920 a 1924). Era o entreposto comercial de todas as localidades do interior, porque ai chegavam as estradas de Macau, Assu e Mossoró, e até do Seridó, para o comércio dos produtos vindos pela Estrada de Ferro e por seus comboios enviados para a Capital e outras praças do país.

Segundo Nestor Lima “É lugar aprazível, de excelente clima, tendo a aumentar-lhe a aprazibilidade a constância das suas noites incomparáveis” (LIMA,1942,p.90-91).

A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte

A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte trouxe ao município um grande desenvolvimento: ali existiam a Estação de Lajes no km 148,551, a estação de Pedra-Preta, no km 123,922, a parada de São Pedro, no km 118, e a estação de Jardim, no Cardoso, km 107,200.

As altitudes dessas localidades são: Lajes, 198.600, Pedra Preta, 161.360 e Jardim 205.600 metros a- cima do nível do mar. De Lajes bifurca-se a Estrada para Angicos, em busca do Caicó, e para Epitácio Pessoa (antigo Gaspar Lopes), em demanda de Macau. Foi inaugurada a estação de Epitácio Pessoa, a 28 de dezembro de 1921 (LIMA, 1942, p.111).

Fonte:

NESTOR, LIMA. Municípios do Rio Grande do Norte. 2º Volume. F. G. J. L. e M. (Separata autorizada da Revista do Instituto Histórico).Natal: Tip. Santo Antônio, 1942.


[1] Na verdade a estação de Lajes foi inaugurada em 14/07/1915.Em 1918 deu-se sua ampliação para ser ponto de entroncamento do ramal de Macau que dali partia.

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