A
sede do município de Goianinha é a cidade do mesmo nome, situada próxima ao rio
Jacu, em uma vasta planície insular, lugar saudável e de bom aspecto conforme
Nestor Lima (1942, p.26). A vasta ilha estava formada pelos dois ribeiros: o
rio Brandão, ao norte, e o da Ponte, ao sul. Aquele vindo do Benfica e este
nascendo das matas do Desterro, confluindo ambos no sitio São Miguel, de onde
seguiam juntos para desaguar na lagoa de Guarairas.
A
cidade estava formada por uma rua principal, em declive, a qual partindo do
ponto mais alto, onde se achava edificada a Matriz, que lhe dá nome, descia em
procura do Vale do rio Brandão.
Havia
outras ruas adjacentes, travessas e ladeiras: Rua da Parada de Cima, Rua da
Parada de Baixo e Rua da Gloria, (antiga Boi Choco).
Os edifícios públicos municipais são: a Prefeitura Municipal, um grande sobrado construído ha mais de século por Inácio Joaquim e considerado a mais antiga habitação local, o Mercado, construído em 1916, na administração do Cel. Gonzaga Barbalho, a Cadeia que fica na parte baixa da Prefeitura, o Grupo Escolar Moreira Brandão, edificado em 1910 no governo municipal do Cel. Manoel Duarte, o banheiro, que fica no Rio da Ponte, construído pelo prefeito major Abdon Grillo (19.19), e a ponte sobre o rio Brandão, completamente remodelada em 1937, na administração do Prefeito Jerônimo Cabral, é propriedade do Município um sitio agrícola junto á cidade e a mata do Pau-Ferro (LIMA, 1942, p.26).
Havia
ainda construções assobradadas e outras térreas de agradável aspecto. A feira
semanal, criada pela resolução provincial de 16 de novembro de 1848, realizava-se
presentemente aos sábados. Tendo sido suprimida, mais tarde, foi restaurada em
1891, sob a presidência de Luiz Francelino.
A
cidade e o município estavam servidos pela Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz, que
há pouco tempo havia deixado de ser concessão da Great Western of Brasil Railway e passado a jurisdição da
Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, cuja estação ficava num arruado
a 1,5 km da cidade.
Goianinha
foi vila pela resolução do Conselho provincial de 7 de agosto de 1832 e elevada
á cidade por lei estadual, n.° 712 de 9 de novembro de 1928, de iniciativa na
Assembleia Estadual do seu digno filho, Dr. Antonio Bento de Araújo Lima, que
apresentou e defendeu o projeto respectivo.
O
aspecto geral da localidade é assas curioso e apreciável. O viajante que, no
trem da Great Western, tem galgado a rampa de Estivas, descobre logo um casario
branco a debruçar-se do alto a baixo e a mudar constantemente de posição, á
medida que o comboio avança, desce á baixada e, pelas encostas do tabuleiro,
vence s pontes sobre o Jacu, numa sucessão de aspectos bizarros que predispõem
bem o espírito i ao atingir a pitoresca cidade do Jacu. Certa vez, um
passageiro ilustre viajando num dos comboios da estrada que os ingleses
exploram, ao avistar as primeiras casas brancas de Goianinha, e sem poder
reprimir a emoção, exclamara: “—Goyaninha! Pátria de anjos!” É que ele conhecia
perfeitamente a beleza das filhas da terra amável... (LIMA, 1942, p.27).
A
cidade possuía em 1942 os serviços federais de correios e telégrafos, além dos
que a Estrada de Ferro faz pelos seus comboios e linhas. A instrução publica
sempre foi cuidada ali. A cadeira de gramática latina (lei n. 11 de 9 de março
de 1835) regida pelo professor José Nicácio da Silva e ás cadeiras de primeiras
letras criadas em virtude da lei de 15 de outubro de 1827, (masculina, 14 de
outubro de 1829) (e feminina, lei de 26 de setembro 1856,) juntavam-se outras
escolas em Espírito Santo, Piau e Tibau (1894).
A
cadeira masculina instalada em 1830 era regida pelo professor capitão Antonio
Martins da Silva e tinha 23 alunos. Da aula feminina foi professora instaladora
d. Joaquina Facelli Villa.
O
Grupo Escolar «Moreira Brandão, criado pelo decreto n.° 220 do Governador
Alberto Maranhão, a 7 de março de 1910, foi inaugurado a 12 de maio do mesmo ano.
O cemitério
local foi construído pelo povo, sob a direção do missionário Frei Herculano
Tertuliano Vieira. Ficava ao norte da cidade. Havia sido recentemente ampliado
em 1936 na administração do prefeito Agenor Lima, e tem uma capela em construção,
de iniciativa particular. Os povoados tinham também cemitérios.
O
sentimento cívico foi ai sempre cultivado pelos valorosos cidadãos que
empunhavam o bastão de chefes dos tradicionais partidos políticos da Monarquia.
O coronel Antonio Bento de Araújo Lima, chefe do partido liberal, senhor do
engenho Bom Jardim, deixou, na sua folha de serviços ao município e á
Província.
A população
do município em 1942 era de cerca de 20.000. Já em 1877, época da construção da
ferrovia, era de 12.296 almas (Ferreira Nobre, Breve Noticia, pag. 155.)
Fonte:
NESTOR, LIMA. Municípios do Rio Grande do Norte. 2º
Volume. F. G. J. L. e M. (Separata autorizada da Revista do Instituto Histórico).
Natal: Tip. Santo Antônio, 1942.
Fotos: IBGE,1983.Google Earth,2020.
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