sábado, 26 de junho de 2021

O MERCADO DE PETRÓPOLIS


         Depois do hecatômbico incêndio do mercado da Cidade alta em 1967 (cujas lendas urbanas de Natal rezam ter sido proposital e criminoso) o prefeito Agnelo Alves pretendeu construir até ao término do seu mandato uma rede, de no mínimo três, de  mercados públicos, espalhados pelos mais diferentes bairros da cidade  e esperava contar para este empreendimento as verbas da finada SUDENE que já havia aprovado e liberado uma verba de 100.000,000 de cruzeiros novos para esta finalidade.

O mercado de Petrópolis

         De acordo com o Diário de Natal a partir de 01/07/1968 seria iniciada a construção do primeiro mercado em Tirol, onde ficava localizada a sede da Associação Feminina de Atletismo numa área coberta de 14.000m² com 115 boxes e deveria ser concluído dentro de 150 dias. Após a conclusão seria iniciado a construção de outro, que ficaria localizado na rua Padre Pinto, que também deveria ser construído no mesmo prazo estabelecido para o primeiro (DIÁRIO DE NATAL, 26/06/1968, p.8).

         A AMPLA (autarquia da prefeitura que não sei o que se significava) iniciou de fato a construção do primeiro mercado da rede de mercados públicos do prefeito Agnelo Alves, debaixo de chuva.

         O incêndio do mercado da Cidade Alta deixou Natal praticamente sem mercado com feiras livres nos bairros suburbanos.

         A inauguração do mercado modelo de Tirol-Petrópolis ocorreu em 31/01/1969, tendo sua construção ficado a cargo do engenheiro Hemult de Souza Hackradt. O prefeito Agnelo Alves havia declarado na inauguração que o novo mercado seria entregue à população natalense na primeira quinzena de março ou antes disso, caso o Departamento de Saneamento do Estado concluísse os trabalhos de ligação externa do prédio com a rede de abastecimento d’água da cidade, porque não havia material (tubos de ferro de 6 polegadas) e a ligação elétrica da parte externa do prédio ( a instalação interna estava concluída).

         Como é tradição em Natal, a obra foi inaugurada inacabada, pois de acordo com o que havia dito o engenheiro Helmut Hackadt o mercado modelo de Tirol-Petrópolis estava praticamente concluído faltando apenas o acabamento externo de sanitários e a colocação de pedras de mármore nos boxes localizados na parte térrea do mercado.

 Em 05/02/1969 a Comissão de Construção de Mercados, presidida pelo vice-prefeito Ernani Alves da Silveira, havia iniciado a seleção de locatários do novo mercado modelo de Tirol-Petrópolis, dando prioridade aos ocupantes do antigo mercado da Av. Rio Branco, que estava aquela época instalado no pátio da feira das Rocas em barracas armadas pela Prefeitura de Natal.

O mercado modelo dispunha de 114 boxes localizados na parte térrea para a venda de carne, legumes, peixes, aves, etc., e na sobreloja ficava localizada a administração do mercado, além de boxes  para lanches e serviço de bar e restaurante. Dispunha ainda de um moderno dispositivo contra incêndio, instalado por técnicos especializados.

O segundo mercado da rede de mercados de Agnelo Alves seria construído no bairro do Alecrim cuja a construção foi posta sob a responsabilidade do Batalhão de Engenharia e Construção do Exército.

Possivelmente o terceiro mercado da rede seria construído no bairro das Rocas, que abasteceria os bairros da Ribeira, Rocas, Santos Reis etc (DIÁRIO DE NATAL, 05/02/1969, p.8).

De acordo com o levantamento dos técnicos da Assessoria Municipal de Planejamento o mercado do Tirol-Petrópolis atendia a uma população superior a 70 mil habitantes espalhados pelos bairros do Tirol, Petrópolis, Ribeira, Cidade Alta e Rocas.

        O velho mercado da Cidade Alta, quando de sua construção em 1935, atendia a um número inferior a 20 mil habitantes espalhados pelos mesmos bairros, de acordo com levantamentos feitos a época.

         Já o mercado do Alecrim por seu turno, servia a quase 130 mil pessoas espalhados pelo Alecrim, Lagoa Seca, Quintas, Dix-Sept Rosado, Lagoa Nova  e outros subúrbios.

         O novo mercado do Tirol-Petrópolis tinha um número inferior ao relação ao do mercado sinistrado, que tinha 488, além de um grande número de vendedores ambulantes em seu interior, vendendo artigos caseiros e verduras. Porém em seus 126 boxes o mercado do Tirol-Petrópolis teria capacidade de atender a população na compra de todos os artigos desde carne e o feijão até aos calçados e confecções (DIÁRIO DE NATAL, 26/02/1969, p.3).



Mercado de Petrópolis.


O MERCADO DO ALECRIM

        A história do mercado do Alecrim tem inicio em 10/03/1938 quando a prefeitura de Natal iniciou as providências a fim de construir o mercado do Alecrim, na Praça da Mangueira, onde seriam desapropriadas diversas casas entre as ruas Amaro Barreto e a Av. 11 (A ORDEM, 10/03/1938, p.4).

         Em 01/05/1938 foi realizada a cerimônia (solene) do lançamento da pedra fundamental do mercado do Alecrim, que seria construído pelo prefeito Gentil Ferreira, prefeito da capital potiguar. Segundo o jornal A Ordem: “É inegavelmente um grande melhoramento para o populoso bairro da nossa capital que já se ressentia desta falta” (A ORDEM, 01/05/1938, p.1).

O mercado do Alecrim foi construído com uma área de 1.250m² tendo a prefeitura despendido nessa obra 1.000 contos de réis.

A inauguração

As 09h00 do dia 12/11/1938 realizou-se a inauguração do novo e imponente mercado do Alecrim,          que segundo o jornal A Ordem era “mais uma obra que enaltece e recomenda a administração do prefeito Gentil Ferreira” (A ORDEM, 12/11/1938, p.4).

       Foi notada a presença de grande número de pessoas no vasto edifício inaugurado. Esteve presente a cerimônia o Interventor Rafael Fernandes, o bispo diocesano, Dom Marcolino Dantas, Aldo Fernandes, Dioclécio Duarte, Oscar Siqueira, os professores Antonio Fagundes e Luis Soares, outras autoridades, famílias e representantes da imprensa.

       Após a benção do prédio dada pelo bispo, o mesmo dirigiu algumas palavras aos presentes, felicitando o povo do Alecrim e o prefeito da Capital e o Interventor pela inauguração de tão importante obra.

         A seguir o prefeito Gentil Ferreira falou sobre o melhoramento que acabara de construir e no qual gastara 200 contos de réis, descrevendo cada uma das suas partes, o material empregado, etc. Terminou declarando que o Alecrim ainda tinha muito que esperar do seu governo e estava certo de que as suas novas aspirações seriam atendidas.

         Coube ao Interventor Rafael Fernandes considerar inaugurado o imponente edifício, o que fez com elogiosas referências ao prefeito Gentil Ferreira que escolhera com aquela inauguração uma excelente forma de homenagear o Estado Novo, na pessoa do Chefe da Nação, Getúlio Vargas.

Na inauguração do mercado do Alecrim o professor Luis Soares, cujo nome estava (e está) vinculado aquele bairro por uma série de benemerências, falou, interpretando os sentimentos da população alecrinense para  agradecer ao prefeito Gentil Ferreira o grande beneficio prestado ao bairro do Alecrim com a construção daquele imponente edifício.Todos os discursos foram proferidos ao microfone (novidade a época) e batidas várias chapas fotográficas da solenidade.

Sobre o bairro do Alecrim

No inicio da década de 1940 o Alecrim era o maior bairro da capital potiguar, constituído de densa população, alongava-se por muitas avenidas, ruas e beco, perdendo-se em infindáveis casinhas que pontilhavam por todos os cantos.

         O movimento comercial do Alecrim era intenso, e desde a madrugada até altas horas da noite, o trânsito de veículos e pedestres afirma que ali se trabalhava a procura de maior progresso.

         Era dotado de mercado moderno, idêntico aos demais existentes na cidade, o Alecrim estava a reclamar maior atenção na parte de limpeza pública, no tocante a imundice que campeava por trás do mercado no trecho onde existiam pequenos locais, tendas e barracas.

         Com as chuvas aquelas dependências do mercado que ficavam separadas deste por uma estreita passagem, tornava-se um deposito diário de sujeira, pois a lama ali existente, vinha juntar-se as cascas de frutas, palhas de milho e outros, emprestando àquele trecho um aspecto nada agradável.Além do perigo que apresentava à saúde pública, de vez que com a falta de limpeza o lixo exalava terrível fedentina.

         Esse verdadeiro atentado ao asseio da Capital era visto diariamente não somente pelos que residiam no Alecrim, mas também pelos que viajavam par ao interior, em virtude de nas imediações daquele antro de imundície pararem  os ônibus e caminhões que se destinavam as cidades vizinhas.

         Assim , ficava a observação da reportagem do jornal A Ordem, esperando-se que as autoridades competentes tomassem as medidas necessárias (A ORDEM, 30/07/1943, p.3).

         Em 1946 foi concluída a ampliação do mercado do Alecrim pela prefeitura de Natal na gestão do prefeito Silvio Pedrosa.

         Em 1950 o prefeito da Capital, Claudinor de Andrade, mandou estudar as possibilidades para ampliar o mercado do Alecrim, que já se mostrava insuficiente para atender às necessidades dos inúmeros habitantes do bairro (A ORDEM, 27/03/1950, p.4).

No Diário Oficial do Município de 05/03/1951 foi registrado que o prefeito Olavo Galvão em visita ao mercado do Alecrim inteirou-se da precária situação de grande número de barracas situadas na parte posterior daquele prédio, e cujo estado sanitário reclamava providências ao seu deslocamento ou extinção.

         De acordo com o jornal A Ordem àquela situação era uma coisa muito pouco limpa, onde a sujeira, a fedentina, a falta de higiene nas portas de entrada da cidade mereciam mesmo essas providências que certamente seriam tomadas em conjunto pela Prefeitura e pela Saúde Pública (A ORDEM, 05/03/1951, p.1).

         Em 1971 dentro das propostas da prefeitura de Natal para obras na capital estava o remanejamento do mercado do Alecrim da Praça Gentil Ferreira para  a Avenida Presidente Sarmento, com a transferência para o novo local de todos os permissionários do antigo mercado e mais alguns locatários e feirantes das Rocas, bem como assim do antigo mercado da Cidade Alta.

         Não encontramos nenhuma imagem do primeiro mercado público do Alecrim apesar de na inauguração terem sido batidas muitas chapas fotográficas da solenidade. Ilustramos a postagem com as imagens da Rua Amaro Barreto e da Av. Presidente Bandeira no Alecrim, possivelmente na década de 1950, locais onde nas proximidades se localizava o referido mercado.



sexta-feira, 25 de junho de 2021

O MERCADO DO TIROL

         Pelo decreto nº 98 de 20 de abril de 1944 a prefeitura de Natal desapropriou três terrenos situados no Tirol na avenida Rodrigues Alves a fim de ser construído o mercado da Cidade Nova. Esse seria o quarto mercado a ser construído em Natal.

Em 19/11/1944 as 10h00 ocorreu a solenidade de inauguração do edifício do mercado público, localizado na Av. Rodrigues Alves.

Ao ato compareceram altas autoridades civis, militares e eclesiásticas, além  de jornalistas e pessoas gradas.

De acordo com o jornal A Ordem: “esse é outro importante melhoramento que a progressista administração da Prefeitura Municipal  de Natal, vem de introduzir em nossa cidade, a qual ficará, assim, dotada de quatro excelentes mercados distribuídos pelos bairros da Cidade Alta, Alecrim, Tirol e Ribeira” (A ORDEM,18/11/1944,p.6) era prefeito a época  José Augusto Varela.

A benção do edifício foi dada pelo Mons. João da Mata tendo o mesmo pronunciado algumas palavras. Em seguida falou o prefeito José Augusto Varela: “o qual não tem poupado esforços no sentido de dotar a nossa capital de novos e importantes melhoramentos públicos, como agora acontece com  a inauguração desse novo mercado, além da pavimentação em diversas ruas da cidade” (A ORDEM,20/11/1944,p.1).

Por fim usou a palavra o interventor Federal General Fernandes Dantas. Às autoridades presentes foi servido champagne.

Ainda de acordo com o jornal A Ordem estava de parabéns os moradores do progressista bairro do Tirol, pela inauguração do seu mercado, o qual também muito beneficiaria as pessoas residentes em Petrópolis (A ORDEM, 20/11/1944, p.1).

Como parece ser uma tradição onde na maioria das capitais brasileiras há um mercado denominado São José, o do Tirol em Natal também recebeu o patrocínio desse santo.

As imagens a seguir mostram o mercado São José do Tirol em Natal.

Foto: A Manhã, 1944.



Foto: Diário de Natal, 16/10/1952, p.1.

Em 03/02/1948 o prédio do mercado de Tirol passou a abrigar o posto de subsistência do Serviço de Alimentação e Previdência Social-SAPS destinado a venda de gêneros de primeira necessidade à população pelo preço do custo.

A agência do SAPS  foi instalada no mercado do Tirol até a construção de sua sede própria.

 Sobre o bairro do Tirol

 Em 1951 não era desconhecido de ninguém que a população de Natal vinha aumentando consideravelmente nos últimos anos e que entre as zonas de maior desenvolvimento figurava a de Tirol.

         O maior número de edificações residenciais vinha sendo justamente construídos naquele bairro, onde podia-se observar o acréscimo vertiginoso de moradias isoladas e grupos construídos por instituições de previdências social.

         Era lá que estavam sendo ultimadas os grandes edifícios da Policia Militar, Casa de Saúde São Lucas, Instituto de Puericultura e Escola Doméstica, Escola do SENAI e com obras iniciadas o Hospital de Alienados e a Escola Industrial estava ainda inacabada.

         A maior parte da tropa do Exército estava ali aquartelada, sendo que a  maioria de oficiais e graduados residia nas proximidades de seus quartéis.

         Segundo um cronista do jornal Diário de Natal não se entendia como era que toda essa população tinha de ficar sujeita a um único centro público de abastecimento que era o mercado da Cidade Alta, quando a prefeitura dispunha de um edifício especialmente construído para tal finalidade na Av. Rodrigues Alves, ponto central do bairro.

         De acordo com o citado jornal o mercado do Tirol havia sido fechado havia alguns anos em vista do pequeno movimento de frequentadores.

         Porém, em 1951 a coisa estava diferente, pois milhares de pessoas já haviam fixado moradia no Tirol, e certamente aproveitariam as vantagens do tempo e da distância. E isso era o desejo da população manifestado por um grupo de pessoas em conversas com a reportagem do dito jornal.

         Aguardava, pois, o Diário de Natal que a prefeitura de Natal tomasse as providências desejadas ou explicasse o contrário (DIÁRIO DE NATAL, 12/09/1951, p.1).

Em 10/04/1951 deu entrada na Câmara de Vereadores de Natal um projeto de autoria do vereador Manoel Oliveira Paula criando a Diretoria de Saúde e Assistência Hospitalar, sendo a referida diretoria instalada no prédio do antigo mercado do Tirol o qual estava sendo adaptado para tal finalidade (A ORDEM, 10/04/1951, p.4).

      Segundo o jornal A Ordem o prefeito Mário Lira havia entrado em entendimento com a administração do SAPS, a fim de que o mercado do Tirol onde funcionava já aquele ano um posto de subsistência daquela autarquia voltasse a ficar aberta ao público (A ORDEM23, 10/1951, p.1).

Fechamento e reabertura do mercado São José no Tirol

O Diário de Natal publicou em 24/10/1952 que o mercado São José do bairro do Tirol seria fechado por alguns dias em vista de os habitantes dos bairros de Petrópolis e Tirol não comparecerem no referido mercado.

O motivo do afastamento dos moradores daqueles bairros do mercado do Tirol foi que estava faltando carne verde havia mais de 3 dias, prejudicando os consumidores, as bancas de frutas e verduras, assim como as mercadorias ali existentes. Os moradores estavam procurando o mercado da Cidade Alta (DIÁRIO DE NATAL, 24/10/1952, p.3).

         Em 23/0/1952 prefeito de Natal havia informado que havia tomado as providências em relação a reabertura do mercado São José no bairro do Tirol, que se encontrava fechado em prejuízo da população ali localizada (DIÁRIO DE NATAL, 23/07/1952, p.6).

Fonte: A Ordem,22/09/1952,p.3.

        Conforme o aviso mostrado a cima a reabertura do mercado do Tirol foi marcada para o dia 01/10/1952.

O mercado público São José no bairro do Tirol, construído na administração do então prefeito José Augusto Varela, em atenção a constantes pedidos da população daquele bairro esteve de portas fechadas por algum tempo.

Apesar de localizado no ponto mais central da Av. Rodrigues Alves, de modo a servir aos habitantes do Tirol e Petrópolis, serviu de abrigo de morcegos, esconderijo de malandros e finalmente deposito do SAPS.

Finalmente o prefeito Creso Bezerra resolveu determinar a sua reabertura, atendendo ainda uma vez a outros apelos de numerosas famílias. Foi feita completa limpeza interna e externa, abatatados os locais e bancadas para os diferentes produtos e designados os servidores encarregados do funcionamento do referido mercado.

Já estavam abertos os locais de venda de carne verde, verduras, legumes, frutas e artigos de mercearia.Outros gêneros iriam chegar aos poucos, na medida da procura.

Mesmo depois da reabertura o jornal Diário de Natal lamentava que não estava havendo maior interesse por parte das famílias residentes naquela parte da capital. Os ocupantes dos postos de venda já estavam desanimados ante a falta de movimento.

No dia 15/10/1952 o jornal Diário de Natal esteve  em visita ao mercado São José e verificou o cuidado com que a prefeitura havia preparado o seu interior para bem servir a coletividade. Poucas pessoas ali se encontravam comprando frutas, aliás por preços compensadores, escreveu o referido jornal.

Ainda de acordo como o mesmo jornal caso não houvesse  a melhora na situação do mercado, isto é, se o povo continuasse desinteressado no mesmo, a prefeitura iria fechá-lo novamente no que apenas o povo seria o responsável.

O jornal apelava ao povo de Tirol e Petrópolis que ao menos visitassem o mercado São José  caso contrário o jornal teria que noticiar o fechamento do mesmo novamente (DIÁRIO DE NATAL, 16/10/1952, p.1).

         Segundo o jornal A Ordem o prefeito Mário Lira havia entrado em entendimento com a administração do SAPS, a fim de que o mercado do Tirol onde funcionava já aquele ano um posto de subsistência daquela autarquia voltasse a ficar aberta ao público (A ORDEM, 23/10/1951, p.1).

         Em 1969 um anúncio dos classificados do Diário de Natal exibia a venda do prédio onde funcionou o mercado do Tirol: “vende-se. Ótimo para repartição pública, indústria, supermercado ou grande empresa, o prédio onde funcionou o Tesouro do Estado e o antigo Mercado do Tirol, à Avenida Rodrigues Alves, com aproximadamente 1.000m² de área. Tratar com Garibalde pelo telefone 1175” (DIÁRIO DE NATAL, 22/07/1969, p.4).

         Não conseguimos identificar na av Rodrigues Alves atualmente onde estava o prédio do mercado do Tirol.

O MERCADO DAS ROCAS

 

         A construção do mercado das Rocas foi cogitada em delongadas discussões na Câmara de Vereadores de Natal desde 1952 quando se apresentou um projeto para que a prefeitura vendesse o prédio do mercado da Ribeira e com o dinheiro construísse um novo nas Rocas.

Já em 1959 um projeto do vereador Messias Dionísio Santos autorizava o prefeito da capital potiguar a construir o mercado público das Rocas.

         Segundo a matéria que foi aprovada, o mercado das Rocas seria edificado num terreno existente ao lado do Posto de Puericultura da Legião Brasileira de Assistência-LBA e teria uma área de 2.424,70m².

         Para contar com os recursos necessários o prefeito ficava autorizado a vender mediante concorrência pública o mercado da Ribeira, pela importância de 2 milhões de cruzeiros e juntando-se a quantia de 1 milhão de cruzeiros já constante no orçamento do município, o que permitiria dá inicio as obras.

         Rezava ainda o referido projeto que o dinheiro da venda do mercado da Ribeira seria depositada em conta especial do Banco do Brasil só podendo ser movimentada para a aquisição de material para a construção do mercado das Rocas (DIÁRIO DE NATAL, 02/06/1959, p.8).

       Em 15/09/1960 houve uma reunião com o prefeito José Pinto, Erico Hackradt, presidente da Câmara e diversos outros vereadores e o sr. Moacir Maia para se discutir o problema da construção do mercado das Rocas, melhoramento esse que parecia seria resolvido o impasse.

       A reunião foi realizada  no prédio da Câmara e durou várias horas , e no final , ficou decidido que os dois poderes do Município aceitariam a proposta feita pelo Sr. Moacir Maia, proprietário de uma empresa construtora da capital para a construção do referido mercado.

      A proposta consistia, conforme conseguiu apurar o Diário de Natal, em edificar um moderno prédio na Praça Café Filho, em local já escolhido, devendo concluí-lo em dias do mês de janeiro de 1961, custando a quantia de 16 milhões de cruzeiros pouco mais ou menos.

         Após a construção o mercado das Rocas seria entregue a serventia pública, devendo a sua administração pertencer a prefeitura contra uma lei já existente em que mandava fosse o mesmo arrendado pelo prazo de 25 anos pela empresa construtora.

     Como pagamento pela edificação da obra o município de Natal daria ao referido engenheiro Moacir Maia, o prédio do mercado da Ribeira, avaliado em 30 milhões de cruzeiros, sendo pago Cr$ 2.500.000,00 em parcelas de Cr$ 500.000,00 e ainda todos os terrenos constantes do Plano de edificação do bairro de Mãe Luiza e avaliados em Cr$ 3.500.000,00. O restante, ou seja, 9 milhões de cruzeiros, o município se comprometia a saldar por durante todo o exercício de 1961 devendo para tanto, constar no Orçamento do Município a quantia referida.

       Para a concretização dessa transação o prefeito José Pinto enviaria a Câmara uma mensagem solicitando a devida autorização e ao que tudo indicava seria a mesma  aprovada, conforme disposição dos vereadores, demonstrada da realização da reunião supracitada (DIÁRIO DE NATAL, 15/09/1960, p.8).

       Não é preciso ser entendido em matemática e tão pouco em gestão pública para entender que o Município de Natal seria legalmente lesado por essa transação deliberada e aprovada entre os poderes do município de Natal.

         Em 1963 o prédio ainda estava em construção e em 1968 os jornais já o citam em atividades.

Projeto do mercado das Rocas. Foto: O Poti.

         Em tempos não muito distantes o mercado das Rocas passou por uma longa e quase interminável reforma e ainda assim meio atabalhoada onde a prefeitura aprovou um projeto de arquitetura onde não se previa a ventilação do referido mercado onde o calor daquele bairro rivaliza com o de Mossoró pra ver qual dos dois é o menos quente.

     Não tenho conhecimento se foi resolvido os problemas do mercado das Rocas presentemente, mas o prédio continua no mesmo local onde fora erguido na década de 1960.





Aspectos atuais do mercado das Rocas. Fotos: Google Earth.




quinta-feira, 24 de junho de 2021

O MERCADO DA RIBEIRA

 

         O mercado da Ribeira é citado já em 1882 ainda como uma casa não concluída cuja finalidade era de servir de mercado público daquele bairro de Natal (JORNAL DO RECIFE, 15/12/1882, p.2).

Foi na administração do intendente Romualdo Galvão que foram realizados vários melhoramentos materiais na cidade do Natal, tendo sido o de maior vulto a construção do mercado da Ribeira que conforme o Jornal do Comércio era: “todo ele de ferro com venezianas circulares para o conveniente arejamento” (JORNAL DO COMÉRCIO , AM, 09/02/1917, p.1).

         Em 07/09/1940 foi realizada a cerimônia de lançamento da pedra fundamental do novo mercado público da Ribeira, que seria construído em substituição ao antigo que não mais atendia as necessidades da numerosa população daquele bairro.

         Segundo o jornal A Ordem o prefeito Gentil Ferreira proferiu um discurso na ocasião, explicando a necessidades daquele melhoramento, já o Interventor Rafael Fernandes, falando também na solenidade, felicitou a população da Ribeira por mais aquele melhoramento e elogiou a ação do operoso prefeito da capital potiguar.

         As obras foram orçadas em 100 contos de réis. Deu a benção do local o Mons. João da Mata.

         Igual cerimônia realizou-se no mesmo dia nas Quintas, onde seria construído em local apropriado, o Matadouro Modelo, “uma das maiores realizações da Prefeitura Municipal” (A ORDEM,09/09/1940,p.1) .A obra em apreço é a atual sede da Urbana em frente ao viaduto das Quintas.

         Não encontramos o relato da inauguração do referido mercado público da Ribeira, mas tudo indica que em 1941 já havia sido concluído, pois de acordo com o jornal A Ordem, foi transferida em 31/03/1941, por determinação da prefeitura de Natal, a feira das Rocas, que vinha sendo realizada todas as segundas-feiras para junto do Mercado da Ribeira.Ainda de acordo com o referido jornal a primeira feira que se realizou a após a transferência nada deixou a desejar (A ORDEM,31/03/1941,p.4), dando a entender que havia sido aprovada a resolução da prefeitura.

         O prédio do Mercado da Ribeira foi construído na Rua Ferreira Chaves nº 151, naquele bairro da Capital potiguar.

         Em 1949 uma denúncia foi feita a redação do jornal A Ordem a cerca da  situação do Mercado da Ribeira que par lá enviou um repórter para a apurar o que disse o informante do jornal.

         De acordo com o que foi apurado pelo citado jornal: “não é só a falta de higiene, não é só a falta de asseio. é, também, a falta de decoro. As instalações sanitárias, imundas e desprovidas de qualquer requisito de higiene, está sem portas. É de se lamentar o espetáculo degradante das dejeções praticadas à vista de todos. Não é possível que isto possa perdurar. Impõe-se o cuidado imediato das autoridades municipais. Fica aí a nossa denúncia, que é também um apelo” (A ORDEM, 23/04/1949, p.4). Não encontramos nas edições posteriores a denúncia se foram solucionados os problemas citados a cima.


Antigo mercado da Ribeira.


A venda do prédio do Mercado da Ribeira

     Em 05/07/1952 deu inicio uma longa discussão na Câmara Municipal de Natal de um projeto de autoria do vereador João Frederico Abbott Galvão que autorizava a venda do mercado da Ribeira, a fim de ser construído outro nas Rocas com o produto da venda daquele.

     Na sessão daquele dia, o vereador Gentil Ferreira (ex-prefeito) achou que o autor do projeto não estava bem informado a cerca do mercado da Ribeira, pois, o mesmo não representava um patrimônio municipal, posto que era uma construção do governo estadual, ao tempo do governador Joaquim Ferreira Chaves, pertencendo a prefeitura apenas a parte em que sofreu ampliação, o que fora feito na sua gestão de prefeito (DIÁRIO DE NATAL, 05/07/1952, p.6).

         Em 10/09/1953 voltou a ser assunto a venda do mercado da Ribeira e a construção de um novo nas Rocas. Alegava-se que o local onde estava o mercado da Ribeira era uma zona perdida, habitada por prostituta, etc., e que o local seria construído o novo mercado nas Rocas era familiar (DIÁRIO DE NATAL, 10/09/1953, p.3) e assim eram as tônicas das discussões em torno do tema, onde uns eram contra e outros a favor da venda do prédio do mercado da Ribeira para ser substituído pelo das Rocas.

         Numa dessas discussões na Câmara de Vereadores, o vereador Felizardo Moura  fez vez que se apenas as prostitutas estavam forçando a retirada do mercado da Ribeira, mais interessante e mais necessários seria a retirada das casas das mulheres de vida livre.

         Foi sugerido pelo próprio Felizardo Moura que a comissão de legislação  e justiça da Câmara fizesse uma visita ao local antes de dá um parecer sobre a matéria.

         Pediu ainda o arquivamento do projeto de alienação do prédio do mercado da Ribeira em vista de não ter conseguido na votação os dois terços necessários (DIÁRIO DE NATAL, 01/12/1953, p.8).

         O assunto voltaria ainda insistentemente a ser discutido e apresentado como projeto.

De acordo com o Diário de Natal, a Câmara de Vereadores de Natal aprovou por maioria simples a venda do prédio do mercado da Ribeira. Apregoava-se que com o dinheiro seria construído o mercado das Rocas (DIÁRIO DE NATAL, 05/12/1953, p.4).

      Ainda segundo o mesmo jornal essas alienações de prédios nunca se apresentaram vantajosas para a União, o Estado ou Município, sabendo-se que as obras do governo sempre saíam mais caras do que as dos particulares. Além disso, vender um mercado que estava sendo útil servindo aos seus fins para construir outro a uns 300 ou 400 metros adiante não parecia muito acertado, sobretudo porque esse outro mercado sairia muito mais caro enquanto o comprador do mercado da Ribeira teria bons lucros.

         Os vereadores contrários ao projeto achavam que a prefeitura de Natal não se achava tão pobre aquela época que precisasse liquidar seus bens patrimoniais e se houvesse a necessidade de um novo mercado nas Rocas que a prefeitura esperasse uma quadra mais folgada para construí-lo.

Situação atual

         Em 1974 o prédio do antigo mercado da Ribeira passou a abrigar a Secretaria de Finanças da Prefeitura de Natal e a partir de 1984 passou a abrigar a STU (atual STTU) como permanece presentemente.


De acordo com o endereço do antigo mercado da Ribeira este era o prédio onde o mesmo estava instalado. Fotos: Google Earth.


E o mercado das Rocas?

         Certamente o curioso leitor se fez essa pergunta. Sobre o mercado das Rocas trataremos noutra postagem.