O mercado da Ribeira é citado já em 1882 ainda como uma casa
não concluída cuja finalidade era de servir de mercado público daquele bairro
de Natal (JORNAL DO RECIFE, 15/12/1882, p.2).
Foi
na administração do intendente Romualdo Galvão que foram realizados vários
melhoramentos materiais na cidade do Natal, tendo sido o de maior vulto a construção
do mercado da Ribeira que conforme o Jornal do Comércio era: “todo ele de ferro
com venezianas circulares para o conveniente arejamento” (JORNAL DO COMÉRCIO ,
AM, 09/02/1917, p.1).
Em 07/09/1940 foi realizada a cerimônia de lançamento da
pedra fundamental do novo mercado público da Ribeira, que seria construído em substituição
ao antigo que não mais atendia as necessidades da numerosa população daquele
bairro.
Segundo o jornal A Ordem o prefeito Gentil Ferreira proferiu
um discurso na ocasião, explicando a necessidades daquele melhoramento, já o
Interventor Rafael Fernandes, falando também na solenidade, felicitou a
população da Ribeira por mais aquele melhoramento e elogiou a ação do operoso
prefeito da capital potiguar.
As obras foram orçadas em 100 contos de réis. Deu a benção
do local o Mons. João da Mata.
Igual cerimônia realizou-se no mesmo dia nas Quintas, onde
seria construído em local apropriado, o Matadouro Modelo, “uma das maiores
realizações da Prefeitura Municipal” (A ORDEM,09/09/1940,p.1) .A obra em apreço
é a atual sede da Urbana em frente ao viaduto das Quintas.
Não encontramos o relato da inauguração do referido mercado
público da Ribeira, mas tudo indica que em 1941 já havia sido concluído, pois
de acordo com o jornal A Ordem, foi transferida em 31/03/1941, por determinação
da prefeitura de Natal, a feira das Rocas, que vinha sendo realizada todas as
segundas-feiras para junto do Mercado da Ribeira.Ainda de acordo com o referido
jornal a primeira feira que se realizou a após a transferência nada deixou a
desejar (A ORDEM,31/03/1941,p.4), dando a entender que havia sido aprovada a
resolução da prefeitura.
O prédio do Mercado da Ribeira foi construído na Rua Ferreira Chaves nº 151, naquele bairro da Capital potiguar.
Em 1949 uma denúncia foi feita a redação do jornal A Ordem a
cerca da situação do Mercado da Ribeira
que par lá enviou um repórter para a apurar o que disse o informante do jornal.
De acordo com o que foi apurado pelo citado jornal: “não é só a falta de higiene, não é só a falta de asseio. é, também, a falta de decoro. As instalações sanitárias, imundas e desprovidas de qualquer requisito de higiene, está sem portas. É de se lamentar o espetáculo degradante das dejeções praticadas à vista de todos. Não é possível que isto possa perdurar. Impõe-se o cuidado imediato das autoridades municipais. Fica aí a nossa denúncia, que é também um apelo” (A ORDEM, 23/04/1949, p.4). Não encontramos nas edições posteriores a denúncia se foram solucionados os problemas citados a cima.
Antigo mercado da Ribeira. |
A
venda do prédio do Mercado da Ribeira
Em 05/07/1952 deu inicio
uma longa discussão na Câmara Municipal de Natal de um projeto de autoria do
vereador João Frederico Abbott Galvão que autorizava a venda do mercado da
Ribeira, a fim de ser construído outro nas Rocas com o produto da venda
daquele.
Na sessão daquele dia, o
vereador Gentil Ferreira (ex-prefeito) achou que o autor do projeto não estava
bem informado a cerca do mercado da Ribeira, pois, o mesmo não representava um
patrimônio municipal, posto que era uma construção do governo estadual, ao
tempo do governador Joaquim Ferreira Chaves, pertencendo a prefeitura apenas a
parte em que sofreu ampliação, o que fora feito na sua gestão de prefeito (DIÁRIO
DE NATAL, 05/07/1952, p.6).
Em 10/09/1953 voltou a ser assunto a venda do mercado da Ribeira e a construção de um novo nas Rocas. Alegava-se que o local onde estava o mercado da Ribeira era uma zona perdida, habitada por prostituta, etc., e que o local seria construído o novo mercado nas Rocas era familiar (DIÁRIO DE NATAL, 10/09/1953, p.3) e assim eram as tônicas das discussões em torno do tema, onde uns eram contra e outros a favor da venda do prédio do mercado da Ribeira para ser substituído pelo das Rocas.
Numa dessas discussões na Câmara de Vereadores, o vereador
Felizardo Moura fez vez que se apenas as
prostitutas estavam forçando a retirada do mercado da Ribeira, mais interessante
e mais necessários seria a retirada das casas das mulheres de vida livre.
Foi sugerido pelo próprio Felizardo Moura que a comissão de
legislação e justiça da Câmara fizesse
uma visita ao local antes de dá um parecer sobre a matéria.
Pediu ainda o
arquivamento do projeto de alienação do prédio do mercado da Ribeira em vista
de não ter conseguido na votação os dois terços necessários (DIÁRIO
DE NATAL, 01/12/1953, p.8).
O assunto voltaria ainda insistentemente a ser discutido e
apresentado como projeto.
De
acordo com o Diário de Natal, a Câmara de Vereadores de Natal aprovou por
maioria simples a venda do prédio do mercado da Ribeira. Apregoava-se que com o
dinheiro seria construído o mercado das Rocas (DIÁRIO DE NATAL, 05/12/1953, p.4).
Ainda segundo o mesmo jornal essas
alienações de prédios nunca se apresentaram vantajosas para a União, o Estado
ou Município, sabendo-se que as obras do governo sempre saíam mais caras do que
as dos particulares. Além disso, vender um mercado que estava sendo útil
servindo aos seus fins para construir outro a uns 300 ou 400 metros adiante não
parecia muito acertado, sobretudo porque esse outro mercado sairia muito mais
caro enquanto o comprador do mercado da Ribeira teria bons lucros.
Os vereadores contrários ao projeto
achavam que a prefeitura de Natal não se achava tão pobre aquela época que
precisasse liquidar seus bens patrimoniais e se houvesse a necessidade de um
novo mercado nas Rocas que a prefeitura esperasse uma quadra mais folgada para
construí-lo.
Situação atual
Em 1974 o prédio do antigo mercado da Ribeira passou a abrigar a Secretaria de Finanças da Prefeitura de Natal e a partir de 1984 passou a abrigar a STU (atual STTU) como permanece presentemente.
De acordo com o endereço do antigo mercado da Ribeira este era o prédio onde o mesmo estava instalado. Fotos: Google Earth. |
E o
mercado das Rocas?
Certamente
o curioso leitor se fez essa pergunta. Sobre o mercado das Rocas trataremos
noutra postagem.
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