Depois do hecatômbico incêndio do mercado da Cidade alta em
1967 (cujas lendas urbanas de Natal rezam ter sido proposital e criminoso) o
prefeito Agnelo Alves pretendeu construir até ao término do seu mandato uma
rede, de no mínimo três, de mercados públicos, espalhados pelos mais diferentes bairros da cidade e esperava contar para este empreendimento as
verbas da finada SUDENE que já havia aprovado e liberado uma verba de
100.000,000 de cruzeiros novos para esta finalidade.
O mercado de Petrópolis
De acordo com o Diário de Natal a partir de 01/07/1968 seria
iniciada a construção do primeiro mercado em Tirol, onde ficava localizada a
sede da Associação Feminina de Atletismo numa área coberta de 14.000m² com 115
boxes e deveria ser concluído dentro de 150 dias. Após a conclusão seria
iniciado a construção de outro, que ficaria localizado na rua Padre Pinto, que
também deveria ser construído no mesmo prazo estabelecido para o primeiro
(DIÁRIO DE NATAL, 26/06/1968, p.8).
A AMPLA (autarquia da prefeitura que não sei o que se
significava) iniciou de fato a construção do primeiro mercado da rede de
mercados públicos do prefeito Agnelo Alves, debaixo de chuva.
O incêndio do mercado da Cidade Alta deixou Natal
praticamente sem mercado com feiras livres nos bairros suburbanos.
A inauguração do mercado
modelo de Tirol-Petrópolis ocorreu em 31/01/1969, tendo sua construção ficado a
cargo do engenheiro Hemult de Souza Hackradt. O prefeito Agnelo Alves havia
declarado na inauguração que o novo mercado seria entregue à população
natalense na primeira quinzena de março ou antes disso, caso o Departamento de
Saneamento do Estado concluísse os trabalhos de ligação externa do prédio com a
rede de abastecimento d’água da cidade, porque não havia material (tubos de
ferro de 6 polegadas) e a ligação elétrica da parte externa do prédio ( a
instalação interna estava concluída).
Como é tradição em Natal, a obra foi inaugurada inacabada,
pois de acordo com o que havia dito o engenheiro Helmut Hackadt o mercado
modelo de Tirol-Petrópolis estava praticamente concluído faltando apenas o
acabamento externo de sanitários e a colocação de pedras de mármore nos boxes
localizados na parte térrea do mercado.
Em 05/02/1969 a Comissão de Construção de Mercados,
presidida pelo vice-prefeito Ernani Alves da Silveira, havia iniciado a seleção
de locatários do novo mercado modelo de Tirol-Petrópolis, dando prioridade aos
ocupantes do antigo mercado da Av. Rio Branco, que estava aquela época
instalado no pátio da feira das Rocas em barracas armadas pela Prefeitura de
Natal.
O
mercado modelo dispunha de 114 boxes localizados na parte térrea para a venda
de carne, legumes, peixes, aves, etc., e na sobreloja ficava localizada a
administração do mercado, além de boxes
para lanches e serviço de bar e restaurante. Dispunha ainda de um moderno
dispositivo contra incêndio, instalado por técnicos especializados.
O
segundo mercado da rede de mercados de Agnelo Alves seria construído no bairro
do Alecrim cuja a construção foi posta sob a responsabilidade do Batalhão de
Engenharia e Construção do Exército.
Possivelmente
o terceiro mercado da rede seria construído no bairro das Rocas, que
abasteceria os bairros da Ribeira, Rocas, Santos Reis etc (DIÁRIO DE NATAL, 05/02/1969,
p.8).
De
acordo com o levantamento dos técnicos da Assessoria Municipal de Planejamento
o mercado do Tirol-Petrópolis atendia a uma população superior a 70 mil
habitantes espalhados pelos bairros do Tirol, Petrópolis, Ribeira, Cidade Alta
e Rocas.
O velho mercado da Cidade Alta, quando de sua construção em
1935, atendia a um número inferior a 20 mil habitantes espalhados pelos mesmos
bairros, de acordo com levantamentos feitos a época.
Já o mercado do Alecrim por seu turno, servia a quase 130
mil pessoas espalhados pelo Alecrim, Lagoa Seca, Quintas, Dix-Sept Rosado,
Lagoa Nova e outros subúrbios.
O novo mercado do Tirol-Petrópolis tinha um número inferior
ao relação ao do mercado sinistrado, que tinha 488, além de um grande número de
vendedores ambulantes em seu interior, vendendo artigos caseiros e verduras.
Porém em seus 126 boxes o mercado do Tirol-Petrópolis teria capacidade de
atender a população na compra de todos os artigos desde carne e o feijão até
aos calçados e confecções (DIÁRIO DE NATAL, 26/02/1969, p.3).
Mercado de Petrópolis. |
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