sábado, 26 de junho de 2021

O MERCADO DO ALECRIM

        A história do mercado do Alecrim tem inicio em 10/03/1938 quando a prefeitura de Natal iniciou as providências a fim de construir o mercado do Alecrim, na Praça da Mangueira, onde seriam desapropriadas diversas casas entre as ruas Amaro Barreto e a Av. 11 (A ORDEM, 10/03/1938, p.4).

         Em 01/05/1938 foi realizada a cerimônia (solene) do lançamento da pedra fundamental do mercado do Alecrim, que seria construído pelo prefeito Gentil Ferreira, prefeito da capital potiguar. Segundo o jornal A Ordem: “É inegavelmente um grande melhoramento para o populoso bairro da nossa capital que já se ressentia desta falta” (A ORDEM, 01/05/1938, p.1).

O mercado do Alecrim foi construído com uma área de 1.250m² tendo a prefeitura despendido nessa obra 1.000 contos de réis.

A inauguração

As 09h00 do dia 12/11/1938 realizou-se a inauguração do novo e imponente mercado do Alecrim,          que segundo o jornal A Ordem era “mais uma obra que enaltece e recomenda a administração do prefeito Gentil Ferreira” (A ORDEM, 12/11/1938, p.4).

       Foi notada a presença de grande número de pessoas no vasto edifício inaugurado. Esteve presente a cerimônia o Interventor Rafael Fernandes, o bispo diocesano, Dom Marcolino Dantas, Aldo Fernandes, Dioclécio Duarte, Oscar Siqueira, os professores Antonio Fagundes e Luis Soares, outras autoridades, famílias e representantes da imprensa.

       Após a benção do prédio dada pelo bispo, o mesmo dirigiu algumas palavras aos presentes, felicitando o povo do Alecrim e o prefeito da Capital e o Interventor pela inauguração de tão importante obra.

         A seguir o prefeito Gentil Ferreira falou sobre o melhoramento que acabara de construir e no qual gastara 200 contos de réis, descrevendo cada uma das suas partes, o material empregado, etc. Terminou declarando que o Alecrim ainda tinha muito que esperar do seu governo e estava certo de que as suas novas aspirações seriam atendidas.

         Coube ao Interventor Rafael Fernandes considerar inaugurado o imponente edifício, o que fez com elogiosas referências ao prefeito Gentil Ferreira que escolhera com aquela inauguração uma excelente forma de homenagear o Estado Novo, na pessoa do Chefe da Nação, Getúlio Vargas.

Na inauguração do mercado do Alecrim o professor Luis Soares, cujo nome estava (e está) vinculado aquele bairro por uma série de benemerências, falou, interpretando os sentimentos da população alecrinense para  agradecer ao prefeito Gentil Ferreira o grande beneficio prestado ao bairro do Alecrim com a construção daquele imponente edifício.Todos os discursos foram proferidos ao microfone (novidade a época) e batidas várias chapas fotográficas da solenidade.

Sobre o bairro do Alecrim

No inicio da década de 1940 o Alecrim era o maior bairro da capital potiguar, constituído de densa população, alongava-se por muitas avenidas, ruas e beco, perdendo-se em infindáveis casinhas que pontilhavam por todos os cantos.

         O movimento comercial do Alecrim era intenso, e desde a madrugada até altas horas da noite, o trânsito de veículos e pedestres afirma que ali se trabalhava a procura de maior progresso.

         Era dotado de mercado moderno, idêntico aos demais existentes na cidade, o Alecrim estava a reclamar maior atenção na parte de limpeza pública, no tocante a imundice que campeava por trás do mercado no trecho onde existiam pequenos locais, tendas e barracas.

         Com as chuvas aquelas dependências do mercado que ficavam separadas deste por uma estreita passagem, tornava-se um deposito diário de sujeira, pois a lama ali existente, vinha juntar-se as cascas de frutas, palhas de milho e outros, emprestando àquele trecho um aspecto nada agradável.Além do perigo que apresentava à saúde pública, de vez que com a falta de limpeza o lixo exalava terrível fedentina.

         Esse verdadeiro atentado ao asseio da Capital era visto diariamente não somente pelos que residiam no Alecrim, mas também pelos que viajavam par ao interior, em virtude de nas imediações daquele antro de imundície pararem  os ônibus e caminhões que se destinavam as cidades vizinhas.

         Assim , ficava a observação da reportagem do jornal A Ordem, esperando-se que as autoridades competentes tomassem as medidas necessárias (A ORDEM, 30/07/1943, p.3).

         Em 1946 foi concluída a ampliação do mercado do Alecrim pela prefeitura de Natal na gestão do prefeito Silvio Pedrosa.

         Em 1950 o prefeito da Capital, Claudinor de Andrade, mandou estudar as possibilidades para ampliar o mercado do Alecrim, que já se mostrava insuficiente para atender às necessidades dos inúmeros habitantes do bairro (A ORDEM, 27/03/1950, p.4).

No Diário Oficial do Município de 05/03/1951 foi registrado que o prefeito Olavo Galvão em visita ao mercado do Alecrim inteirou-se da precária situação de grande número de barracas situadas na parte posterior daquele prédio, e cujo estado sanitário reclamava providências ao seu deslocamento ou extinção.

         De acordo com o jornal A Ordem àquela situação era uma coisa muito pouco limpa, onde a sujeira, a fedentina, a falta de higiene nas portas de entrada da cidade mereciam mesmo essas providências que certamente seriam tomadas em conjunto pela Prefeitura e pela Saúde Pública (A ORDEM, 05/03/1951, p.1).

         Em 1971 dentro das propostas da prefeitura de Natal para obras na capital estava o remanejamento do mercado do Alecrim da Praça Gentil Ferreira para  a Avenida Presidente Sarmento, com a transferência para o novo local de todos os permissionários do antigo mercado e mais alguns locatários e feirantes das Rocas, bem como assim do antigo mercado da Cidade Alta.

         Não encontramos nenhuma imagem do primeiro mercado público do Alecrim apesar de na inauguração terem sido batidas muitas chapas fotográficas da solenidade. Ilustramos a postagem com as imagens da Rua Amaro Barreto e da Av. Presidente Bandeira no Alecrim, possivelmente na década de 1950, locais onde nas proximidades se localizava o referido mercado.



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