A história do mercado do Alecrim tem inicio em 10/03/1938 quando a prefeitura de Natal iniciou as providências a fim de construir o mercado do Alecrim, na Praça da Mangueira, onde seriam desapropriadas diversas casas entre as ruas Amaro Barreto e a Av. 11 (A ORDEM, 10/03/1938, p.4).
Em 01/05/1938 foi realizada a cerimônia (solene) do
lançamento da pedra fundamental do mercado do Alecrim, que seria construído
pelo prefeito Gentil Ferreira, prefeito da capital potiguar. Segundo o jornal A
Ordem: “É inegavelmente um grande melhoramento para o populoso bairro da nossa
capital que já se ressentia desta falta” (A ORDEM, 01/05/1938, p.1).
O
mercado do Alecrim foi construído com uma área de 1.250m² tendo a prefeitura
despendido nessa obra 1.000 contos de réis.
A
inauguração
As
09h00 do dia 12/11/1938 realizou-se a inauguração do novo e imponente mercado
do Alecrim, que segundo o jornal
A Ordem era “mais uma obra que enaltece e recomenda a administração do prefeito
Gentil Ferreira” (A ORDEM, 12/11/1938, p.4).
Foi notada a presença de grande número de pessoas no vasto
edifício inaugurado. Esteve presente a cerimônia o Interventor Rafael
Fernandes, o bispo diocesano, Dom Marcolino Dantas, Aldo Fernandes, Dioclécio
Duarte, Oscar Siqueira, os professores Antonio Fagundes e Luis Soares, outras
autoridades, famílias e representantes da imprensa.
Após a benção do prédio dada pelo bispo, o mesmo dirigiu
algumas palavras aos presentes, felicitando o povo do Alecrim e o prefeito da
Capital e o Interventor pela inauguração de tão importante obra.
A seguir o prefeito Gentil Ferreira falou sobre o
melhoramento que acabara de construir e no qual gastara 200 contos de réis,
descrevendo cada uma das suas partes, o material empregado, etc. Terminou
declarando que o Alecrim ainda tinha muito que esperar do seu governo e estava
certo de que as suas novas aspirações seriam atendidas.
Coube ao Interventor Rafael Fernandes considerar inaugurado
o imponente edifício, o que fez com elogiosas referências ao prefeito Gentil
Ferreira que escolhera com aquela inauguração uma excelente forma de homenagear
o Estado Novo, na pessoa do Chefe da Nação, Getúlio Vargas.
Na
inauguração do mercado do Alecrim o professor Luis Soares, cujo nome estava (e
está) vinculado aquele bairro por uma série de benemerências, falou,
interpretando os sentimentos da população alecrinense para agradecer ao prefeito Gentil Ferreira o grande
beneficio prestado ao bairro do Alecrim com a construção daquele imponente
edifício.Todos os discursos foram proferidos ao microfone (novidade a época) e
batidas várias chapas fotográficas da solenidade.
Sobre
o bairro do Alecrim
No
inicio da década de 1940 o Alecrim era o maior bairro da capital potiguar,
constituído de densa população, alongava-se por muitas avenidas, ruas e beco,
perdendo-se em infindáveis casinhas que pontilhavam por todos os cantos.
O movimento comercial do Alecrim era intenso, e desde a
madrugada até altas horas da noite, o trânsito de veículos e pedestres afirma
que ali se trabalhava a procura de maior progresso.
Era dotado de mercado moderno, idêntico aos demais
existentes na cidade, o Alecrim estava a reclamar maior atenção na parte de
limpeza pública, no tocante a imundice que campeava por trás do mercado no
trecho onde existiam pequenos locais, tendas e barracas.
Com as chuvas aquelas dependências do mercado que ficavam
separadas deste por uma estreita passagem, tornava-se um deposito diário de
sujeira, pois a lama ali existente, vinha juntar-se as cascas de frutas, palhas
de milho e outros, emprestando àquele trecho um aspecto nada agradável.Além do
perigo que apresentava à saúde pública, de vez que com a falta de limpeza o
lixo exalava terrível fedentina.
Esse verdadeiro atentado ao asseio da Capital era visto
diariamente não somente pelos que residiam no Alecrim, mas também pelos que
viajavam par ao interior, em virtude de nas imediações daquele antro de
imundície pararem os ônibus e caminhões
que se destinavam as cidades vizinhas.
Assim , ficava a observação da reportagem do jornal A Ordem,
esperando-se que as autoridades competentes tomassem as medidas necessárias (A
ORDEM, 30/07/1943, p.3).
Em 1946
foi concluída a ampliação do mercado do Alecrim pela prefeitura de Natal na
gestão do prefeito Silvio Pedrosa.
Em 1950 o prefeito da Capital, Claudinor de Andrade, mandou
estudar as possibilidades para ampliar o mercado do Alecrim, que já se mostrava
insuficiente para atender às necessidades dos inúmeros habitantes do bairro (A
ORDEM, 27/03/1950, p.4).
No
Diário Oficial do Município de 05/03/1951 foi registrado que o prefeito Olavo Galvão
em visita ao mercado do Alecrim inteirou-se da precária situação de grande
número de barracas situadas na parte posterior daquele prédio, e cujo estado
sanitário reclamava providências ao seu deslocamento ou extinção.
De acordo com o jornal A Ordem àquela situação era uma coisa
muito pouco limpa, onde a sujeira, a fedentina, a falta de higiene nas portas
de entrada da cidade mereciam mesmo essas providências que certamente seriam
tomadas em conjunto pela Prefeitura e pela Saúde Pública (A ORDEM, 05/03/1951, p.1).
Não encontramos nenhuma imagem do primeiro mercado público do Alecrim apesar de na inauguração terem sido batidas muitas chapas fotográficas da solenidade. Ilustramos a postagem com as imagens da Rua Amaro Barreto e da Av. Presidente Bandeira no Alecrim, possivelmente na década de 1950, locais onde nas proximidades se localizava o referido mercado.
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