segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

AS JAZIDAS DE GESSO DO RIO GRANDE DO NORTE EM SÃO SEBASTIÃO (DIX SEPT ROSADO)

 

A principal finalidade econômica da Estrada de Ferro de Mossoró se assentava no transporte de sal que por sua vez era uma das principais atividades econômicas da cidade polo da região oeste do estado do Rio Grande do Norte.Aesta atividade veio se ajuntar a mineração por meio das jazidas de gesso que se encontravam no então distrito de São Sebastião, atual município de Dix Sept Rosado.É sobre esta atividade que muito contribuiu para as rendas positivas da Estrada de Ferro de Mossoró que trataremos a seguir.

Segundo os estudos de Ralph Sopper a formação geológica do Rio Grande do Norte pode ser classificada em dois grandes grupos:as antigas rochas (arqueanas primitivamente Paleozoica) e as comparativamente modernas (mesozoicas, a recente) que ele chamou de sedimentares.

Diversos minerais são encontrados nessas rochas e principalmente feldspato, quartzo, mica,piroxeno, hornbiede e pirite.

Na chapada do APodi, mais ou menos a 20 km do ponto em que o rio Apodi corta o escarpamento deste nome que do lado leste passava  a ser chamado São Sebastião (atual Dix Sept Rosado) estavam localizados grandes depósitos de gesso, descobertos pelo industrial Jeronimo Rosado, nas suas fazendas Poço comprido e Tapuio.

A  exploração das jazidas a principio dificultada pela falta de transporte, pois somente em 1928 os trilhos da Estrada de Ferro de Mossoró atingiram a estação de São Sebastião,nas proximidades dos depósitos de gesso e cuja a extração foi intensivamente feita pelos herdeiros de Jeronimo Rosado junto com a firma Gesso Nacional Tapuio, da então Capital Federal do Rio de Janeiro, com quem assentaram contrato de arrendamento de uma parte delas enquanto que lhes vendiam o produto a outras.

A extração do minério era feita a céu aberto debaixo das regras geralmente adotada para serviços dessa natureza.O gesso era considerado de ótima qualidade, era encontrado sob camadas de argila e calcário que variava de 2 a 7 meros e se estendia na propriedade dos herdeiros de Jeronimo Rosado por uma superfície de vários quilômetros.

Nas operações de desmonte, arrebatamento de blocos, limpeza e transporte, se empregavam por vezes centenas de operários,moradores da região  e que viviam folgadamente, concorrendo para a prosperidade comercial do povoado de São Sebastião que era onde estava localizada a estação ferroviária.

         Esse produto constituía matéria prima do cimento e era utilizado pelas grandes fábricas brasileiras, tais como a Companhia Nacional de Cimento Portiland (Rio de Janeiro), Companhia de Cimento Brasileira Portland (São Paulo),Companhia Votorantim (Sorocaba-SP),Fábrica de Cimento de Cachoeiro de Itampemirim (Cachoeiro do itapermirim-ES), Companhia Paraibana de Cimento (João Pessoa-PB), entre outras.

         No Rio de Janeiro e em São Paulo existiam dois modernos fornos para calcinação do gesso que era vendido para o emprego em estuques (forro),modelagens, etc, sem falar no grande consumo que dele se fazia a indústria de cerâmica  e de tintas.

         A exportação de gesso era feita pela Estrada de Ferro de Mossoró até o porto de Areia Branca (Porto Franco, atualmente no município de Grossos) onde era conduzido em navios a vapor para os portos do Rio de Janeiro e de Santos.


Estação ferroviaria Dix Sept Rosado por onde era escoada a produção de gesso até Porto Franco e de lá para demais portos brasileiros.


Até o ano de 1930 a saída do minério não excedeu a 2.000 toneladas em cada ano.Daquele ano em diante aumentou consideravelmente, alcançando em 1937 a quantidade de mais de 30.000 toneladas.

Calculando-se que a tonelada de gesso deixasse o porto de Areia Branca tendo o valor médio de 200$000, concluía-se que esta industria  contribuísse com uma parcela de 6.000 contos de réis (6 milhões em moeda atual) para a economia do Estado, enriquecendo o município de Mossoró, já opulento pelo seu comércio e para cujo progresso em todos  os setores de atividades, se esforçou notavelmente Jerônimo Rosado, o descobridor e incentivador da industria do gesso nacional. (DIÁRIO DA MANHÃ, 27/02/1938, p.5).


Jerônimo Rosado proprietário das jazidas e incentivador da industrialização do gesso em Dix Sept Rosado.


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