Todo lugar por mais simples que
seja tem sua história. Eis a seguir alguns apanhados históricos que permitem
construir a memória do distrito da Gameleira em Taipu.
O distrito
da Gameleira é um dos aglomerados urbanos mais antigos do município de Taipu. O
povoado surgiu as margens do rio Gameleira, o qual nasce na Serra Pelada, é um
dos muitos afluentes do rio Ceará-Mirim.
A menção
mais antiga ao povoado da Gameleira se encontra no relatório do governo do
Estado de 1905 onde consta como sendo uma das 4 povoações que existiam no município
de Taipu além da Vila[1].
A região
possuidora de terras férteis as margens do rio possibilitou o desenvolvimento
da agricultura que muito contribuiu para as receitas do município.
Havia na
Gameleira ao menos duas escolas, uma Escola Isolada e uma Escola Rudimentar,
esta situada no Engenho Pitombeira criada em 1922 conforme consta no relatório
do governo do Estado[2].A
data da criação da escola isolada não foi por nós encontrada.
Em 1932
foi erguida a capela de Santa Teresinha. Já havia outra capela na região que
era a capela de São João Batista, localizada dentro do Engenho Pitombeira, esta
particular, aquela pertencente a paróquia.
Sobre a
Escola Isolada encontramos informações que constam do seguinte:
Segundo o
jornal A Ordem em 19/01/1936 foi nomeada efetivamente, conforme requereu, Maria
Raimunda de Souza como professora da Escola Isolada da Gameleira, no município
de Taipu[3].Já
em 12/03/1936 foi nomeada a professora Dulce Marques Lustosa interinamente para
a Escola Isolada de Gameleira[4]. Em 14/03/1941 foi nomeada Maria do Carmo Silva para a Escola
Isolada da Gameleira coma remuneração que por lei lhe competia, segundo o
jornal A Ordem[5].
A Escola
Rural da Gameleira
Já em
1950 foi criada a Escola Rural de Gameleira, dentro do plano de ensino rural do
Ministério da Educação. Conforme o jornal Diário de Natal, o governador José
Augusto Varela esteve em Taipu e assistiu em 09/04/1950 a sua instalação[6].
A polêmica da
feira da Pitombeira
Havia um
pequeno movimento de comércio que se concentrava na Pitombeira, onde ali foi
criada uma feira que era realizada aos domingos.
Em 1937
por força de decreto municipal foi proibida a realização das feiras em Taipu
nos domingos. A medida criou um conflito entre o prefeito e o proprietário da
Fazendo Pitombeira o qual chegou até a esfera estadual tendo o interventor
federal Rafael Fernandes dado o veredito
final conforme se via no despacho publicado no jornal A Ordem dando ganho de
causa a prefeitura de Taipu no caso da proibição da feira que se realizava em
Pitombeira.
De acordo
como o teor do despacho no citado jornal:
João Gomes da Costa, negociante, agricultor e criador,
em Pitombeira, município de Taipu, 1º despacho – já publicado. 2º - a lei
estadual n 1.7, de 24 de outubro de 1936 que estabeleceu o descanso dominical
obrigatório no Estado, autorizou no seu art. 3, aos prefeitos municipais a
mudar as feiras do domingo, quando possível, para qualquer outro dia da semana.
Existindo um decreto municipal já aprovado pelo Governo que regulou essa
autorização (dec. 8, de 23 de dezembro de 1937) em pleno vigor, nego provimento
ao recurso para manter o despacho do prefeito de Taipu, que se acha de acordo
com as leis vigentes[7].
O referido
jornal em edições posteriores louvava a determinação do prefeito Rosendo Leite
de se manter o descanso dominical em Taipu.
O acidente com o caminhão
do leite
Em 27/10/1954
ocorreu um acidente na altura da localidade da Gameleira com o caminhão que
transportava leite do município de Taipu para Natal, onde sairam feridos 4
pessoas que foram levados para o hospital Miguel Couto (atual Onofre Lopes) em
Natal em estado grave, sendo que outras 10 pessoas haviam se envolvido naquela
tragédia, que foram socorridos para Ceará-Mirim.
Segundo o
jornal O Poti o agricultor Inácio Lima e o ajudante de caminhão Francisco
Ferreira da Silva, mais conhecido como “Rita”,foram os que mais sofreram
naquele acidente, porém, graças as providencias tomadas se encontravam fora de
perigo.
Quanto aos
que foram levados para Ceará-Mirim
nenhum deles oferecia perigo de morte, e segundo o mesmo jornal, quase
todos já haviam regressados as suas residências após serem medicados[8].
O distrito
administrativo e judiciário da Gameleira
Em
06/1ª l2/1963 o governador Aluizio Alves assinou a lei que criava o distrito
administrativo e judiciário de Gameleira, no município de Taipu[9].
No Brasil, os distritos são
territórios em que se subdividem os municípios em que se exerce uma autoridade
administrativa, judicial, fiscal, policial ou sanitária, na sua área urbana
podem se subdividir em bairros e na área rural possuir outros povoamentos.
Os distritos dispõem de
cartórios de ofícios de registro civil (ou estarem subordinados a uma comarca),
e sediam subprefeituras.
Durante o governo do Estado Novo, do presidente Getúlio Vargas, o Decreto-Lei nº 311, de 2 de março de 1938, em seu artigo 3º, definiu que a sede dos municípios passariam a categoria de cidade e lhe dariam o nome e no artigo 4º, os distritos se designariam pelo nome de suas respectiva sedes, e se não fossem sedes de município, teriam a categoria de vila.
Nos dias
atuais
Atualmente
o distrito da Gameleira é um povoado decadente e nem de longe revela o que já
fora outrora, perdeu sua área de influência para o Matão e a Serra Pelada. Há
algumas casas espalhadas pelas margens da BR-406 e outras nas proximidades da
capela na estrada municipal que se dirige a Serra Pelada.A capela ainda
permanece como monumento histórico da localidade e da paróquia visto ser uma
das mais antigas da paróquia e que conserva sua arquitetura original.A escola
nem sei se ainda funciona.
O viajante que circula pela BR 406 certamente já se deparou com a paisagem sempre
verdejante mesmo em tempos de estiagem nas proximidades das duas pontezinhas
que cruzam a rodovia.Esta paisagem que descansa a vista de quem as contempla é
o que de bonito sobrevive na Gameleira.Até quando não sabemos.
[1] RIO GRANDE DO NORTE. Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros, 1905, p.76.
[2] Op. Cit., 1922, p.13.
[3] A Ordem, 19/01/1936, p.2.
[4] A Ordem, 12/03/1936, p.2.
[5] A Ordem, 14/03/1941, p.4
[6] Diário de Natal, 16/04/1950, p.4.
[7] A Ordem, 22/05/1938, p.4.
[8] O Poti, 30/10/1954, p.8.
[9]
Diário de Natal, 06/12/1963, p.6.
Capela Santa Teresinha. |
Paisagem as margens da BR 406 |
Placa indicando o inicio do perimetro urbano da Gameleira. |
Perimetro urbano da Gameleira. |
Perimetro urabano da Gameleira. |
Perimetro urbano da Gameleira. |
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