segunda-feira, 9 de maio de 2022

SOBRE A ESCOLA DA VILA DE CEARÁ-MIRIM

 

         De acordo com o relatório do presidente da província o coronel da Guarda Nacional Manoel Varela do Nascimento ofereceu ao presidente 5 contos de réis para a construção de uma casa de escola na Vila do Ceará-Mirim, já o Dr. José Inácio Fernandes Barros se comprometeu em dotá-la de utensílios necessários adquirindo-os por conta própria nos EUA.(FALA..., 1874, p. a1-9).

         Já o relatório do ano de 1875 registrava que ainda não havia sido levado a efeito a construção do edifício destinado à escola e biblioteca na Vila do Ceará-Mirim, e para a qual existia em poder de uma comissão, composta do juiz municipal, do presidente da Câmara Municipal e do Delegado de Policia, o donativo de 5:000$000 feito pelo abastado agricultor coronel Manoel Varela do Nascimento, já nomeado Barão do Ceará-Mirim.(RELATÓRIO..., 1875, p.30).

        Constava no citado relatório que terminado o inverno começariam as obras para as quais já haviam reunido o material suficiente.

         O prédio só foi entregue a serventia pública em 1878 conforme registrou o relatório do presidente da província naquele ano: “folgo de consignar aqui a entrega que de um excelente prédio, [que]  fez o Exm. Barão do Ceará-Mirim, na vila deste nome, segundo honrosa oferta que o há de imortalizar porque com efeito dotou o município com uma obra de grande valor e nobre e destino”.

         O presidente da província registrou ainda que havia recebido das mãos do referido Barão do Ceará-Mirim as chaves do edifício em 05/11/1878, o qual as repassou ao Delegado de literário e fazendo lavrar um termo no qual assinaram com ele o Barão ofertante, o Chefe de Policia, o juiz da comarca e muitos outros cidadãos importantes.

         O presidente mandou que se desse a devida aplicação ao referido prédio cuja  construção tinha a necessária solidez e preenchia os fins desejáveis.

         No entanto, pareceu mais acertado ao presidente resolver que nesse edifício deixasse de funcionar a aula destinada as meninas, porque nas condições financeiras em que se achava a professora, seria impor-lhe o maior sacrifício, obrigando-a  despesas superiores à suas forças, para sair diariamente de sua casa com a custosa decência exigida pelo público, pouco razoável e sempre pronto a criticas esmagadoras. (RELATÓRIO..., 1878, p.22).

O relatório do presidente da província relativo ao ano de 1886 registrou que o prédio destinado a instrução pública de Ceará-Mirim estava em perfeito estado de conservação. (RELATÓRIO..., 1886, p.21).

Com  a criação dos grupos escolares no inicio do século XX foi dado a denominação de Grupo Escolar Felipe Camarão as escolas reunidas que funcionavam no edifício da escola de Ceará-Mirim segundo o decreto nº 266 de 22 de março de 1912, sendo inaugurado em 18 de agosto  do mesmo ano, sob direção do professor Bernardino Dantas.

Tal denominação perdurou até 29/10/1937 quando foi mudado para Grupo Escolar Barão do Ceará-Mirim  a denominação do Grupo Escolar Felipe Camarão da cidade de Ceará-Mirim transferindo esta denominação  para as Escolas Reunidas da povoação de Estremoz. (A ORDEM, 29/10/1937, p.2).

 O Benfeitor

Manuel Varela do Nascimento nasceu em 25/12/1802 no Sitio Verissimo, Ceará Mirim. Filho de Felipe Varela do Nascimento e Teresa Duarte. Foi casado com Bernarda Varela Dantas, baronesa de Ceará-Mirim.

Foi Alferes de 2a. linha, cuja carta patente foi assinada por D. Pedro I em Abril de 1828. Mais tarde foi elevado a Coronel Comandante Superior das Guardas Nacionais dos municípios de Natal, São Gonçalo, Estremoz e Touros.

Em 1868 foi reformado, quando exercia o cargo de deputado provincial do biênio 1868-1869. Chegou a ser o terceiro vice-presidente da Província.

O Barão introduziu melhoramentos na indústria açucareira do vale. Foi um dos primeiros a utilizar o cilindro horizontal para triturar a cana e açúcar e divulgou a cana caiana. Na carta diploma de Barão de Ceará-Mirim o senhor Manoel Varela do Nascimento é enaltecido como senhor de engenho e elemento característico do patriarcalismo rural da região.

Foi o primeiro norte-rio-grandense agraciado por um título nobiliárquico no império. Ele faleceu em março de 1881 e a baronesa em março de 1890. O barão e sua esposa foram sepultados na capela do Engenho em terras da Usina São Francisco no Ceará-Mirim, túmulos ainda hoje conservados.


Fonte:

A Ordem, Natal, 29/10/1937.

Fala com que o Exm. Sr. Dr. João Capistrano Bandeira de Melo Filho abriu a 1 sessão da vigésima legislatura da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte em 13 de julho de 1874.Rio de Janeiro: Tipografia Americana, 1874.

Relatório com que o Exm. Sr.Dr.José Moreira Alves da Silva presidente da província do Rio Grande do Norte passou a administração ao 2º vice-presidente o Exm. Sr.Dr.Luiz Carlos Lins Wanderley em 30 de outubro de 1886.

Relatório com que instalou a Assembleia Legislativa Provincial do Rio Grande do Norte no dia 04 de dezembro de 1878 o 1º vice-presidente, o Exm. Sr.Dr. Manoel Januario Bezerra Montenegro.Pernambuco: Tipografia do Jornal do Recife, 1879.

Prédio onde funcionou o Grupo Escolar Felipe Camarão, posteriormente Grupo Escolar Barão do Ceará-Mirim.

Em destaque a dreita o prédio onde funcionou o Grupo Escolar Felipe Camarão, posteriormente Grupo Escolar Barão do Ceará-Mirim.


Atual prédio da Escola Estadual Barão do Ceará-Mirim.



O Barão do Ceará-Mirim.




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