segunda-feira, 21 de abril de 2014

DECADÊNCIA DA ESTRADA DE FERRO SAMPAIO CORREIA


               
                A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte foi denominada Estrada de Ferro Sampaio Correia na década de 1950 para homenagear o engenheiro que projetou a ferrovia que pretendia alcançar o sertão potiguar partindo do porto de Natal passando pelo vale do rio Ceará Mirim onde deveria chegar a Caicó, coisa que nunca ocorreu. Fruto de grandes empecilhos políticos e administrativos a ferrovia passava por graves crises beirando a decadência na década de 1950, é o que demonstra o artigo de Umberto Peregrino publicada na revista A Careta (16/02/1957, n. 2538 p.6) onde se pode ter uma nítida ideia de como se encontrava a dita ferrovia em 1957:
A Estrada de Ferro Sampaio Correia perfura o Sertão adentro. Ainda não vai muito longe é verdade, por que o ímpeto que a criou  bem depressa arrefeceu. Depois  daquela etapa inicial, representada pela inauguração , em 1906, do trecho até Ceará Mirim [...] os trilhos se distenderam ainda, chegaram a Lajes em pleno sertão, mas ia ficaram durante uns 20 anos, de pontas aparadas,s e avançar mais um palmo sequer, não adiantou que a vista do estivesse o pico do Cabogi (sic), sobranceiro, imponente, como que a balizar o chão largo do Sertão indicando por onde deveria penetrá-lo.Nos últimos anos laboriosamente, lentamente sempre cresceram um pouquinho os trilhos, encruados, que ora atinge atreves de ramais  divergentes , Angicos e Afonso Bezerra [...] na marcha em que vão os trabalhos , com pouco os trens  estarão correndo até o porto salineiro de Macau.Era isso tudo que refletíamos  enquanto o trem rolava , sem pressa, sobre a antiga linha  tão antiga quanto ele próprio ... É essa, pelo menos, a impressão que dão os carros, cujos bancos, primitivos ainda se apresentam, as vezes com o estofamento furado, ao passo que as venezianas  das janelas desabam sobre as cabeça ou o braço dos passageiros que insistam em mantê-las suspensas, os sanitários  são imundos e os lavatórios  não tem água ... Quanto ao horário, não existe senão para sobressaltar os clientes das vacas  com que Jose Soares  nos espera na estação de Taipu.Fora daí  não tem hora para nada, nem pode mesmo, pois se vai caminhando a uns 10 quilômetros por hora, de repente estaca num ermo qualquer e se deixa ficar por uns 15 a 20 minutos enquanto retempera as forças... è por isso que ao ponto final, Afonso Bezerra, chega sempre com atraso que tanto pode ser de 8 horas, como de 2,3,4 ou 5.Na hora é que não chega nunca e as cidades já sabem disso de modo que não se preocupa nem se aflige... O demorado apito, à distancia, fixa o horário de cada dia [...]
        O relato nos mostra como se achava os vagões dos trens, as dificuldades de se concretizar os trabalhos de expansão da estrada de ferro que chegavam se arrastando em Angicos e Afonso Bezerra, as precariedades em que se encontravam as paradas no percurso realizado pelos passageiros entre outras coisas que nos mostram o estado deplorável da citada estrada de ferro.Como se vê nem tudo são flores na vida.






Fonte: Revista A Careta 16/02/1957, n. 2538 p.6.

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