A
Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte foi denominada Estrada de Ferro
Sampaio Correia na década de 1950 para homenagear o engenheiro que projetou a
ferrovia que pretendia alcançar o sertão potiguar partindo do porto de Natal
passando pelo vale do rio Ceará Mirim onde deveria chegar a Caicó, coisa que
nunca ocorreu. Fruto de grandes empecilhos políticos e administrativos a
ferrovia passava por graves crises beirando a decadência na década de 1950, é o
que demonstra o artigo de Umberto Peregrino publicada na revista A Careta (16/02/1957,
n. 2538 p.6) onde se pode ter uma nítida ideia de como se encontrava a dita
ferrovia em 1957:
A Estrada de
Ferro Sampaio Correia perfura o Sertão adentro. Ainda não vai muito longe é
verdade, por que o ímpeto que a criou
bem depressa arrefeceu. Depois daquela
etapa inicial, representada pela inauguração , em 1906, do trecho até Ceará
Mirim [...] os trilhos se distenderam ainda, chegaram a Lajes em pleno sertão,
mas ia ficaram durante uns 20 anos, de pontas aparadas,s e avançar mais um
palmo sequer, não adiantou que a vista do estivesse o pico do Cabogi (sic),
sobranceiro, imponente, como que a balizar o chão largo do Sertão indicando por
onde deveria penetrá-lo.Nos últimos anos laboriosamente, lentamente sempre
cresceram um pouquinho os trilhos, encruados, que ora atinge atreves de
ramais divergentes , Angicos e Afonso
Bezerra [...] na marcha em que vão os trabalhos , com pouco os trens estarão correndo até o porto salineiro de
Macau.Era isso tudo que refletíamos
enquanto o trem rolava , sem pressa, sobre a antiga linha tão antiga quanto ele próprio ... É essa,
pelo menos, a impressão que dão os carros, cujos bancos, primitivos ainda se
apresentam, as vezes com o estofamento furado, ao passo que as venezianas das janelas desabam sobre as cabeça ou o braço
dos passageiros que insistam em mantê-las suspensas, os sanitários são imundos e os lavatórios não tem água ... Quanto ao horário, não
existe senão para sobressaltar os clientes das vacas com que Jose Soares nos espera na estação de Taipu.Fora daí não tem hora para nada, nem pode mesmo, pois
se vai caminhando a uns 10 quilômetros por hora, de repente estaca num ermo
qualquer e se deixa ficar por uns 15 a 20 minutos enquanto retempera as
forças... è por isso que ao ponto final, Afonso Bezerra, chega sempre com
atraso que tanto pode ser de 8 horas, como de 2,3,4 ou 5.Na hora é que não
chega nunca e as cidades já sabem disso de modo que não se preocupa nem se aflige...
O demorado apito, à distancia, fixa o horário de cada dia [...]
O relato nos mostra como se
achava os vagões dos trens, as dificuldades de se concretizar os trabalhos de
expansão da estrada de ferro que chegavam se arrastando em Angicos e Afonso
Bezerra, as precariedades em que se encontravam as paradas no percurso
realizado pelos passageiros entre outras coisas que nos mostram o estado deplorável
da citada estrada de ferro.Como se vê nem tudo são flores na vida.
Fonte: Revista A Careta 16/02/1957, n. 2538 p.6.
Fonte: Revista A Careta 16/02/1957, n. 2538 p.6.
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