Sobre a então vila de Estremoz escreveu o jornal Diário de Pernambuco em 1933: “Estremoz, uma das primeiras vilas construídas no Brasil, é também uma das mais decadentes que se conhece”.A época a decadente vila de Estremoz fazia parte do município de Ceará-Mirim onde figurava como distrito.
Apesar de se achar próxima a uma grande lagoa, em cujas
margens a agricultura estava tendo muito incremento, e está apenas poucos quilômetros
da Capital,contando com trens diários de
ida e volta, a vila de Estremoz quase nada tinha melhorado no tocante a
edificações e movimentação comercial.
Escreveu ainda o referido jornal que a igreja de Estremoz
havia sido levantada há 300 anos pelos jesuítas incumbidos da catequese dos índios,
era um templo espaçoso, onde conservava ainda naquele ano de 1933 as suas
feições coloniais originais na fachada e no interior, apesar das grandes
reformas por qual tinha passado.
Igreja e convento de Estremoz em 1907. |
O jornal forneceu ainda uma descrição da igreja naquele ano, na qual de acordo o mesmo na arcada principal havia em alto relevo, a Coroa portuguesa (o brasão do reino de Portugal) e nos altares encontravam-se ainda as imagens trazidas de Lisboa por navegadores lusitanos no século XVII. Nos nichos da sacristia, existiam também três imagens, as quais, segundo a tradição, foram encontradas na lagoa.
Em Estremoz viam-se ainda as ruínas do convento edificado ao
lado da igreja,bem como o extenso subterrâneo que partindo de um dos corredores
laterais da igreja,tomava a direção da lagoa.
Aspectos de Estremoz em 1914 e 1938, respectivamente. |
A descoberta deste túnel foi feita por pessoas que, desde o
inicio do século XX eram levadas por sonhos e aparições, e que por isso mesmo
vinham empregando muito tempo e dinheiro em escavações, a procura de tesouros.
Em frente à igreja havia um majestoso cruzeiro e um
pelourinho onde costumavam açoitar os escravos da vila.
Um pouco adiante, no centro da praça, via-se um prédio
bastantes carcomido e destelhado, era o antiquíssimo prédio da Câmara e
Cadeia.As espessas paredes, apesar do abandono e da vegetação que surgia em
vários pontos, sustentavam muitos cardeiros, que davam à ruína um aspecto bem
bizarro.
Aspectos da Casa de Câmara e Cadeia de Estremoz em 1914 já esestado de abandono |
Ruínas da Casa de Câmara e Cadeia de Estremoz em 1938. |
Não haviam ruas em Estremoz,segundo o Diário de
Pernambuco.Existia apenas uma grande praça em torno da qual via-se quase todas
as casas da localidade.
Apesar desse cenário decadente, foi a partir da década de
1930 que já se começava a se notar certa diferença na vida de Estremoz.
De acordo com o já citado jornal, a prefeitura de Ceará-Mirim
havia construído ali um pequeno mercado e naquele ano de 1933 estava sendo
edificado um prédio destinado ao grupo escolar localizado em frente a estação
da EFCRGN e duas boas vivendas estavam quase concluídas.
Assim, o poder público estava voltando suas vistas para esse lugar,que era um dos mais históricos do nordeste.
Caso fosse levado a efeito o aumento do lastro da ponte de
Igapó,de modo a permitir a passagem de automóveis, Estremoz seria uma das
localidades mais beneficiadas com tal medida.
A
festa de São Miguel Arcanjo
No dia 08/10/1933
realizou-se a festa de São Miguel Arcanjo, padroeiro da vila de Estremoz.De
acordo com o Diário de Pernambuco, desde a véspera da festa a noite a EFCRGN
fizera correr um tremo de recreio entre Natal e Ceará-Mirim o qual transportou
muitas pessoas para participar da festa.
Pelas 11h00 foi celebrada pelo vigário de Ceará-Mirim, o cônego
Celso Cicco, uma missa. Uma excelente orquestra e um grupo de senhoritas vindas
de Natal ocuparam o coro da tradicional igreja.
Durante o dia foram improvisadas animadas danças em algumas residências
da vila. No centro da praça, o público tomou parte em várias diversões que
decorreram em perfeita ordem. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 21/10/1933, p.7).
A
agência postal de Estremoz
Outro melhoramento ocorrido na povoação de Estremoz foi a
inauguração da agência postal dos Correios que ocorreu em 12/10/1941. A
solenidade foi presidida por Calazans Carneiro, representante da Diretoria
Regional dos Correios em Natal, contando ainda com a presença de famílias e
funcionários dos Correios. (A ORDEM, 14/10/1941, p.1).
A agência postal de Estremoz ficou sob a direção da
senhorita Olindina Honório dos Santos.
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