terça-feira, 23 de agosto de 2022

SOBRE A ENSEADA DE PITITINGA


         Todo lugar tem sua história. Eis um apanhado histórico da aprazível Pititinga, distrito litorâneo do município de Rio do Fogo, no litoral norte.

Histórico                  

         O navegador Fernão Vaz Dourado em 1580 registrou “Impuama” ao sul de São Roque e Juan Martinez em 1582 assinalava ‘Puimitingo” numa grande baía ao sul da baía da Tartarugas, parecendo que se trata da vasta enseada de Pititinga. (DIÁRIO DE NATAL, 12/06/1949, p.3).

         Há registro de uma carta de 1799 dirigida ao rei de Portugal em que se cita a enseada de Pititinga como um dos portos existentes na então Capitania do Rio Grande. (in: A REPÚBLICA,12/07/1907,p.1).

         A Revista Maritima Brasileira assim descreveu Pititinga em 1883:”...e assim passar-se-á uma Enseada denominada da Petitinga, assaz conhecida pela aluvião de coqueiros espalhados por entre muitas pequenas casas, que forma uma povoação muito pitoresca.A ponta da Enseada da Petitinga está 1 ¹/² milha distante da Ponta de Maracajaú”.(REVISTA MARITMA BRAZILEIRA, 1883, p.634).

         Já num relato de viagem entre o Pará e o Sul do País passando pelo litoral potiguar o viajante fez essa descrição de Pititinga: “ao norte desta acha-se a Ponta Pititinga, que termina o declive das montanhas arenosas com um pequeno morro isolado no topo do qual vegeta uma árvore solitária – chama-se  morro de Santa Cruz.Toda esta costa é definida pelo recife coralino, que se estende desde Pernambuco até aqui, obra da natureza feita com tal capricho, que em parte parece ter sido constituída com todo o rigor da arte, tal como só a mão humana executa com uniformidade”. (FOLHA DO NORTE 04/05/1897, p.1).

         Pitintinga figurava a época destes relatos como uma das inúmeras povoações litorâneas do município de Touros.

         A partir de 1959 passou a condição de distrito do município de Barra de Maxaranguape vigente até 1997 quando foi criado o município de Rio do Fogo a qual pertence presentemente.

A casa do faroleiro

         De acordo com o Correio da Manhã em 29/07/1913 achava-se em estudos no Tesouro Nacional os documentos referentes a compra do sitio Pititinga no Estado do Rio Grande do Norte, destinado a residência do 3º faroleiro das boias iluminativas de Teresa Pança e Rio do Fogo. (CORREIO DA MANHÃ, 29/07/1913, p.5).

Aviso ao navegantes

         O Correio da Noite, publicou em 1914 o seguinte aviso aos navegantes que passavam pela costa do  Rio Grande do Norte:“Aviso aos navegantes nº 9.Estado do Rio Grande do Norte.Proximidades da entrada do canal de Pititnga.Avisa-se aos navegantes, segundo publica o Notice to Mariners, sob Nº 527 , de 1914, a existência de duas lajes com menos de 1,80m de água na baixa mar cujas posições são: A) Lat.5º, 181,40’’S – Long. 35º,11’,30’’ W gr. B) Lat. 5º, 21’,00’’ S – Long. 35º,03’,40’’ W gr.,  e que estão assinaladas em algumas cartas com a nota P.D.”. (CORREIO DA NOITE, 26/05/1914, p.4).

       Assinava o aviso Jorge M. de Castro e Abreu, capitão de corveta, diretor interino da diretoria de hidrografia em 20/05/1914.

         Aviso idêntico forma publicados em diversos outros jornais de circulação nacional.

A colônia de pescadores de Pititinga

         Em 26/05/1920 foi fundada a Colônia de Pescadores de Pititinga por Frederico Villar comandante do cruzador José Bonifácio. (HOJE:PERIODICO DE AÇÃO SOCIAL (RJ), 1920, p.17). Em tal colônia foi criada uma escola primária para os filhos dos pescadores.

O farol

         De acordo como jornal A Nação em 15/02/1933 foram inaugurados os faroletes de Gameleira, Rio do Fogo e Pititinga, no canal de São Roque.(A NAÇÃO, 15/02/933, p.5).

Escola subvencionada

         Segundo o jornal A Ordem em 1936 havia uma escola subvencionada pelo governo do estado em Pititinga cuja professora era Adelaide Costa. (A ORDEM, 25/12/1936, p.1).

A Colônia de Pescadores Z-5

Em 1936 a revista A Voz do Mar assim descreveu a Colônia de Pescaores Z-5 de Pititinga: “Pititinga, município deTouros, sed em Pititinga,zona : margem esquerda do rio Punaú, toda a costa até a margem esquerda do rio Piracabu.Mantém duas escolas primárias, está nas mesmas condições da Z13 , tendo safra de tresmalho nos meses de outubo a março.Existe tabém uma lagoa nas mesmas condições que a Z-3, um verdadeiro viveiro”. (A VOZ DO MAR, 1936, p.18).

Já no ano seguinte a mesma revista assim descreveu A Z-5: Situada na praia de Pititinga, sede alugada, essa colônia mantinha uma escola para filhos de pescadores, que ultimamente não tem remetido os seus mapas, ignorando-se esta Federação o motivo.É constituída pelo número de 211 pescadores matriculados e tem um cardeneta do B.B com a importância de 1: 129$500, está organizada”. ( A VOZ DO MAR, 1937, p.16).

A escola isolada

         Conforme registrou o jornal A Ordem o interventor federal no Rio Grande do Norte havia assinado em 19/06/1946 o decreto pelo qual era criada a Escola Isolada de Pititinga. (A ORDEM, 21/06/1946, p.4).

Toponímia

         Pititinga é uma palavra de origem tupi “PI – ti - tinga” cujo significado é pele alva-alva, pele alvíssima. É uma espécie de sardinha, a Menidia brasilienses, chamada também e mais comumente de Manjuba.Seu nome antigo é Piquitinga, “peixe-branco”, “peixinho branco”. (A VOZ DO MAR, 1940, p.46).

         Pequitinin, registrou Gabriel Soares, já Marcgrav chamou-a Pititinga.No Amazonas dizem Piquiti (Tastevin). A.Couto de Magalhães indicou a Eugraulis tricolor comos endo a Piquitinga. Nessa versão seria ‘Peixinho branco”.O Potitinga, camarão branco, também é conhecido por Pititinga.

Frei Damião em Pititinga

         Em junho de 1947 o missionário capuchinho Frei Damião esteve pregando suas santas missões na paróquia de Touros, tendo visitado a povoação de Pititinga que segundo o jornal A Ordem obteve ali idêntico movimento religioso e grande sucesso como se verificara na sede da paróquia. (A ORDEM, 07/07/1947, p.4).

         Em Pititinga frei Damião foi auxiliado pelo vigário de Touros, Pe. Antonio Antas, onde realizou inúmeros casamentos, batizados, comunhões, crismas, tendo pronunciado proveitosa prática (sermão) acompanhadas de procissão, cânticos e benção do santíssimo.

O subdelegado

         Em 17/07/1948 o governador do estado havia assinado o decreto nomeando diversas autoridades policiais do estado dentre os quais estava Domingos Cavalcanti de Farias como subdelegado de policia em Pititinga. (A ORDEM, 17/07/1948, p.4).

Casa de moradia de faroleiros

         Em 1949 foi construída uma nova casa para moradia do foroleiro de Pititinga. (REVISTA MARITMA BRASILEIRA, 1949, p.48).

Abastecimento de água

         Com a cooperação do Serviço Especial de Saúde Pública, achava-se em fase de conclusão 5 poços tubulares em Touros, Barra de Maxaranguape,Maracajaú,Pititinga e Rio do Fogo. (DIÁRIO DE NATAL, 17/07/1962, p.2).

O submarino que apareceu em Pititinga

    Em 1970 o Comando Naval de Natal estava investigando o misterioso aparecimento de um submarino não identificado na praia de Pititinga, no município de Barra de Maxaranguape, que emergiu diante de vários pescadores assustados.

         De acordo com o Diário de Natal o súbito aparecimento do barco a tona foi presenciado pelo pescador Raimundo Grande e seus companheiros que pescavam e foram surpreendidos pelo acontecimento. Os tripulantes do submarino chegaram a dialogar com os pescadores, que não entenderam a língua falada por eles. (DIÁRIO DE NATAL, 19/08/1970, p.1).

Capela de Pittinga, google earth, 2022.

Aspecto de Pititinga, google earth, 2022.

Mapa da enseada de Pittinga, google earth, 2022.


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