O
relato da visita pastoral de Dom Adauto de Miranda Henriques, bispo de Diocesano
da Paraíba realizada no Rio Grande do Norte entre os dias 10 e 13/01/1900 nos
fornece informações das quais se pode reconstruir memória ferroviária da
Estrada de Ferro de Natal a Nova Cruz.
Dom Adauto, bispo da Paraiba (1894-1935)
De acordo com o Diário de Pernambuco o bispo da Paraíba
chegou ao Rio Grande do Norte por Nova Cruz de onde partiu em trem expresso as
11h00 do dia 10/01/1900.
Partindo o trem de Nova Cruz a primeira parada ocorreu em Montanhas “onde grande massa de
povo esperava o Sr. Bispo, que foi ali muito saudado”.
Em seguida o trem partiu para Cuitezeira, atual Pedro Velho.
“Na parada de Curimatau, que servia a vila de Cuitezeira, estava também grande
multidão aglomerada aclamando o ilustre viajante.A estação estava vistosamente
embandeirada”.Ali naquela estação tomou o trem o padre Francisco de Almeida,
vigário da Penha (Canguaretama).
Estação de Montanhas.
Partindo o trem a estação seguinte foi Piquiri.
Tanto na estação da Penha como na de Piquiri o bispo Dom
Adauto foi muito festejado e acolhido pela população dali.
Estação de Canguaretama, antiga Penha.
Na estação de Goianinha o prelado foi saudado pelo Pe.
Floriano de Queiroz, vigário da freguesia e por grande número de pessoas. Dali
o referido vigário tomando o trem acompanhou a comitiva do bispo.
A estação de Goianinha a época da visita de dom Adauto
Em São José de Mipibu foi imensa a concorrência de pessoas para saudar o bispo diocesano da Paraíba. “Naquela estação o muito popular e estimado pastor, vigário Antonio de Paiva esperava S. Exc., a frente de seu numeroso rebanho, oferecendo-lhe ali ao Sr. Bispo um bem servido lanche as 2 horas e ½ da tarde”.Ainda de acordo com o Diário de Pernambuco Dom Adauto recebeu significativas aclamações ali em São José de Mipibu.
Em todas as estações do percurso dom Adauto saltou, falava ao povo, agradecia e o abençoava. O trem chegou a estação central de Natal as 16h10.
Ao saltar o bispo se encontravam em sua comitiva o cônego
Sabino Coelho, reitor do Seminário da Paraíba, o vigário da Serra da Raiz, Aprígio
Espínola, o vigário da Penha, Francisco de Almeida, o vigário de Goianinha,
Floriano de Queiroz, o vigário de Papari (Nísia Floresta), Irineu Sales; o
vigário de São José de Mipibu, Antonio de Paiva; o vigário de Macaíba, Marcos
Santiago; o vigário de Natal, João Maria Cavalcante de Brito, o Pe. Alfredo
Pegado e também os seminaristas Ismael Justianiano de Carvalho e Silva, Moisés
Coelho e Bernardino Vieira.
O representante da Estrada de Ferro de Natal a Nova Cruz
também acompanhou o bispo durante toda a viagem.
De acordo com o Diário de Pernambuco era enorme a
concorrência de pessoas, do povo e de todas as classes sociais que se fizeram
presente na estação da Ribeira aguardando a chegada do bispo diocesano da
Paraiba que pela segunda vez veio visitar o Estado do Rio Grande do Norte o
qual integrava o território do seu bispado.
Em perfeita ordem seguiu em procissão encabeçada pelas
senhoritas, seguindo o prestito pelas diversas ruas da capital potiguar até
chegar a igreja matriz de Nossa Senhora da Apresentação na Cidade Alta. Seguiu-se
a cerimônia religiosa achando-se repleta a igreja e conservando-se grande massa
de povo em seus arredores.
No percurso da Estação Central até a Matriz foram atiradas
flores sobre o dom Adauto, partindo de diversas casas expressivas manifestações
de regojizo, entre outras do chalé do finado Pe. Antonio de Oliveira Antunes.
Segundo o citado jornal eram talvez 200 as senhoritas e outras tantas meninas vestidas todas de branco, erguendo faixa, que abriam as duas imponentes alas marcando a frente do itinerário do prelado.Seguia-se a multidão calculada em cerca de 8 mil pessoas.
A
noite a matriz estava iluminada em forma de cruzeiro por todos os lados e na
frente.
O
bispo diocesano foi muito visitado desde o dia de sua chegada “a esta parte de
sua amada Dioceses”.
Com
os predicados que o distinguiam, de trato delicado e cativante, Dom Adauto
recebia a todos quantos o procurava, atendendo todos os dias em que esteve em
Natal na igreja matriz, em cujo consistório ficou hospedado com os demais
sacerdotes que o acompanharam em sua visita pastoral ao centro do Estado.
Fonte: Diário de
Pernambuco, 18/01/1900, p.2.Todas as citações em aspas são do referido jornal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário