Jandaira também foi uma das
localidades situadas na chapada da Serra Verde beneficiadas pela perfuração e
instalação de poço tubulares na década de 1930, tanto no núcleo urbano que deu
origem a atual cidade como nas localidades rurais que integram o atual municipio.
O povoado de Jandaíra teria
nascido como fazenda de criação e posteriormente se transformado em área de
produção algodoeira, ao redor da serra do Lombo ou serra Verde, à margem esquerda do
rio Ceará Mirim. O poço do local, com o nome de Jandaíra, evidencia a
influência das chamadas aguadas permanentes na formação de núcleos
comunitários.
O
Campo de Sementes de Serra Verde foi criado em 1935 pelo governo federal por
meio da transferência legal de terras do governo do estado situadas na chapada
da Serra Verde entre os municípios de Baixa Verde e Angicos, cujo governo da
União construiu ali um estabelecimento de sementes de plantas têxteis,
posteriormente, em 1938 esse campo de sementes foi transformado na Estação
Experimental Valbert Pereira.
Tanto
o Campo de Sementes como a Estação Experimental foram essenciais para o
surgimento urbano e demográfico do que viria a ser mais tarde o distrito de
Jandaíra.
Anfilóquio
Câmara foi o diretor do IBGE no Rio Grande do Norte estando ativamente
empenhado na elaboração do Censo de 1940 donde das informações recolhidas nos
municípios resultou em sua obra Aspectos Norteriograndense publicado em 1943.
É
dele que vem o primeiro (ou o mais antigo) registro oficial a respeito de
Jandaíra, que em 1941, já dava por certo a existência de um lugar com um
distrito policial e um certo nível econômico conhecido por Poço Jandaíra.
Antes disso, Nestor Lima
teria feito um balanço da região, pelo qual foram encontrados 103 pontos de
concentração populacional: povoados, arruados, fazendas e vilas, sem, contudo
citar Jandaíra.
A perfuração de poços
tubulares tornou-se uma das principais estratégias de sobrevivência,
especialmente a partir da atuação da IFOCS.
Os primeiros poços
tubulares em Jandaíra surgiram como parte das ações federais contra a seca, em
um período em que o governo buscava fixar as populações rurais em suas terras,
evitando deslocamentos em massa em busca de água. Essas obras chegaram a
comunidades rurais estratégicas, próximas a vilarejos, fazendas e áreas de criação
de gado, funcionando como pontos de abastecimento coletivo.
A técnica utilizada na
perfuração permitia alcançar lençóis freáticos mais profundos, onde a água
apresentava maior volume e qualidade. Em muitos casos, a água subterrânea
revelava-se menos vulnerável à contaminação e à evaporação, em comparação com
os barreiros e cacimbas tradicionais.
Assim como em outros
municípios do Mato Grande, em Jandaíra os poços tubulares foram frequentemente
equipados com cataventos metálicos, que utilizavam a força dos ventos —
abundantes na região — para bombear água até chafarizes ou pequenos
reservatórios.
Esses cataventos se
tornaram marcos visuais na paisagem jandairense, pontos de referência para
viajantes e locais de sociabilidade para a população. Ao redor deles,
formavam-se filas diárias de famílias carregando potes, barris e carroças para
garantir o abastecimento.
Os poços tubulares
perfurados em Jandaíra ao longo do século XX permaneceram em funcionamento por
décadas, alguns ainda hoje servindo a populações rurais. Representam não apenas
um marco de modernização hídrica, mas também um testemunho das estratégias de
convivência com o semiárido.
Assim, a história dos poços
tubulares em Jandaíra não pode ser dissociada da luta cotidiana da população
pela água, nem da presença marcante do Estado, através da IFOCS e depois do
DNOCS, no processo de construção de uma infraestrutura mínima de sobrevivência
no sertão potiguar.
Em 11/10/1961 o governador
do Estado em aviso dirigido ao Secretário das Finanças determinou a entrega de
um milhão e duzentos mil cruzeiros à disposição da Secrertaria de Agricultura
para o serviço dos poços tubulares de Jandaira, Tibau, Trincheiras e Olho
d’Água do Capim.
As localidades faziam parte
a época do municipio de Lajes, atualmente do municipio de Jandaíra.
Em 1974 Havia em
funcionamento dois poços tubulares que mantinham abastecida a população da
cidade.
Os poços construídos pela
IFOCS em Jandaira constitui-se de marcos históricos e sociais daquele
municipio, pois foi por meio deles que a então povoação pode se desenvolver.
Um dos poços tubulares que abastecia a cidade de Jandaíra.
Foto: Diário de Natal, 31/01/1974, p.19.
Poço tubular de Aroeira em Jandaira
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