domingo, 21 de setembro de 2025

OS POÇOS DA IFOCS EM JANDAIRA

 

         Jandaira também foi uma das localidades situadas na chapada da Serra Verde beneficiadas pela perfuração e instalação de poço tubulares na década de 1930, tanto no núcleo urbano que deu origem a atual cidade como nas localidades rurais que integram o atual municipio.

O povoado de Jandaíra teria nascido como fazenda de criação e posteriormente se transformado em área de produção algodoeira, ao redor da serra  do Lombo ou serra Verde, à margem esquerda do rio Ceará Mirim. O poço do local, com o nome de Jandaíra, evidencia a influência das chamadas aguadas permanentes na formação de núcleos comunitários.

         O Campo de Sementes de Serra Verde foi criado em 1935 pelo governo federal por meio da transferência legal de terras do governo do estado situadas na chapada da Serra Verde entre os municípios de Baixa Verde e Angicos, cujo governo da União construiu ali um estabelecimento de sementes de plantas têxteis, posteriormente, em 1938 esse campo de sementes foi transformado na Estação Experimental Valbert Pereira.

         Tanto o Campo de Sementes como a Estação Experimental foram essenciais para o surgimento urbano e demográfico do que viria a ser mais tarde o distrito de Jandaíra.

         Anfilóquio Câmara foi o diretor do IBGE no Rio Grande do Norte estando ativamente empenhado na elaboração do Censo de 1940 donde das informações recolhidas nos municípios resultou em sua obra Aspectos Norteriograndense publicado em 1943.

         É dele que vem o primeiro (ou o mais antigo) registro oficial a respeito de Jandaíra, que em 1941, já dava por certo a existência de um lugar com um distrito policial e um certo nível econômico conhecido por Poço Jandaíra.

Antes disso, Nestor Lima teria feito um balanço da região, pelo qual foram encontrados 103 pontos de concentração populacional: povoados, arruados, fazendas e vilas, sem, contudo citar Jandaíra.

A perfuração de poços tubulares tornou-se uma das principais estratégias de sobrevivência, especialmente a partir da atuação da IFOCS.

Os primeiros poços tubulares em Jandaíra surgiram como parte das ações federais contra a seca, em um período em que o governo buscava fixar as populações rurais em suas terras, evitando deslocamentos em massa em busca de água. Essas obras chegaram a comunidades rurais estratégicas, próximas a vilarejos, fazendas e áreas de criação de gado, funcionando como pontos de abastecimento coletivo.

A técnica utilizada na perfuração permitia alcançar lençóis freáticos mais profundos, onde a água apresentava maior volume e qualidade. Em muitos casos, a água subterrânea revelava-se menos vulnerável à contaminação e à evaporação, em comparação com os barreiros e cacimbas tradicionais.

Assim como em outros municípios do Mato Grande, em Jandaíra os poços tubulares foram frequentemente equipados com cataventos metálicos, que utilizavam a força dos ventos — abundantes na região — para bombear água até chafarizes ou pequenos reservatórios.

Esses cataventos se tornaram marcos visuais na paisagem jandairense, pontos de referência para viajantes e locais de sociabilidade para a população. Ao redor deles, formavam-se filas diárias de famílias carregando potes, barris e carroças para garantir o abastecimento.

Os poços tubulares perfurados em Jandaíra ao longo do século XX permaneceram em funcionamento por décadas, alguns ainda hoje servindo a populações rurais. Representam não apenas um marco de modernização hídrica, mas também um testemunho das estratégias de convivência com o semiárido.

Assim, a história dos poços tubulares em Jandaíra não pode ser dissociada da luta cotidiana da população pela água, nem da presença marcante do Estado, através da IFOCS e depois do DNOCS, no processo de construção de uma infraestrutura mínima de sobrevivência no sertão potiguar.

Em 11/10/1961 o governador do Estado em aviso dirigido ao Secretário das Finanças determinou a entrega de um milhão e duzentos mil cruzeiros à disposição da Secrertaria de Agricultura para o serviço dos poços tubulares de Jandaira, Tibau, Trincheiras e Olho d’Água do Capim.

As localidades faziam parte a época do municipio de Lajes, atualmente do municipio de Jandaíra.

Em 1974 Havia em funcionamento dois poços tubulares que mantinham abastecida a população da cidade.

Os poços construídos pela IFOCS em Jandaira constitui-se de marcos históricos e sociais daquele municipio, pois foi por meio deles que a então povoação pode se desenvolver.


Um dos poços tubulares que abastecia a cidade de Jandaíra.
Foto: Diário de Natal, 31/01/1974, p.19.


Poço tubular de Aroeira em Jandaira









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