domingo, 14 de setembro de 2025

SOBRE A BENÇÃO DA IMAGEM DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS DA IGREJA MATRIZ DE SANTANA DO MATOS


         

Matriz de Santana do Matos em 1942.Foto: A Ordem.

    Segundo o jornal da diocese da Paraíba, A Imprensa, somente em 09/09/1900 pode ser realizada a benção da imagem do Sagrado Coração de Jesus que no meio das ovações de crescido número de fiéis entrou naquela vila no dia 25 de agosto, sendo seguida em seguida por aguardar-se o dia de sua benção, depositada em casa do vigário onde deveria ter lugar aquela solenidade.

         Efetivamente as 09h30 da manhã dia 09/09/1900, último dia da festa em homenagem a excelsa padroeira de Santana do Matos, que havia começado em 31 de agosto, teve lugar a benção da “nossa muito linda imagem do S.C. de Jasus, na porta principal da casa do Vigário, em um troneto docemente e ricamente adornado, tendo em cada lado dois anjinhos lindamente vestidos, que sobre a mesma imagem deitavam flores mimosas, a capricho colhidas das nossas selvas e jardins”.

         Ao término da cerimônia a maviosa filarmônica assuense, dirigida habilmente por seu professora Pedro Custódio, “quebrou a quietude dos ares com os acordes e vibrações de seus instrumentos, executando o hino entoado pelas moças e mais outras encantadoras peças do seu infido repertório”.

         Depois, em direção a majestosa matriz “que à semelhança de um paraíso” esperava estrear em seus regaços o Coração do Senhor, saiu o andor que meiava entre duas alas organizadas por grande número de meninas e de moças, nunca inferior a 80, entoando hinos enternecedores, todas trajando lindos vestidos brancos, elegantemente  ataviados, simbolizando, assim a pureza de suas almas, ainda aguardando, de certo, a maior fé em seus corações, o mesmo Jesus, recebido das mãos de seu ministro naquela mesma manhã.

         Ao prestito religioso seguia o incontável número de fiéis, que ainda traziam o maior silêncio e respeito, deparando-se sempre multidões de devotos que, das calçadas onde se achavam, prestavam profunda cortesias e faziam suas deprecações à imagem do Sagrado Coração de Jesus que com todo amor e respeito era conduzido pelas zeladoras, evidenciando-se então em todas uma alegria inefável e o sentimento religioso que vantajosamente se inoculava em todos os corações.

         E para maior realce, subiram de diversos pontos grande girândolas de foguetes tonitruantes que casavam em harmonia com as notas sacas de peitos robustos.

         Ao chegar a matriz, em todas as feições transluzia o entusiasmo encerrado da parte dos católicos e a satisfação da parte do Vigário, que então custosas diligências havia conseguido realizar tão imponente solenidade.

     As 17h30,conforme fora anunciado pelo Vigário, teve lugar a procissão da imagem de Santana, orago da freguesia e da mesma imagem do Sagrado Coração de Jesus, que foram conduzidas por aquelas donzelas dos vestidos brancos; compreendendo-se para maior glória da Igreja, que os moços cheios de alegria, indizíveis de sempre e revelando cada vez mais fervorosa a sua crença e fé, unem-se com os velhos que tem a morte próxima e as ilusões perdidas.

         Ao recolher-se a procissão, seguiu a ladainha, e estando o Sacramento exposto, o Vigário fez o ato de consagração ao Sagrado Coração de Jesus, havendo ainda maior silêncio e respeito.

         Terminando assim todas as solenidades atinentes aos festejos tributados a Santana e ao Sagrado Coração de Jesus, “jamais se poderá avançar que nestas paragens a religião é palavra vã ou que dos corações de alguns se haja banido o inveterado sentimento da nossa santa religião”

         E desse modo terminou-se na maior serenidade a festa que em honra da padroeira Santana e do Sagrado Coração de Jesus, fizeram os católicos da freguesia de Santana do Matos, “coadjuvados pelos ingentes esforços do inteligente, virtuoso, trabalhador e amável sacerdote João Borges de Sales, a quem resta-me pedir desculpa por ter atacado sua modéstia”, escreveu o cronista que relatou os atos solenes citados a cima e se assinou como “Um católico que assistiu”.

Fonte: A Imprensa, 07/10/1900, p.3.

Pesquisa: João Santos, 14/09/2025.




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