sábado, 8 de fevereiro de 2020

AS ATIVIDADES DA FIRMA JOÃO CÂMARA & IRMÃOS : UM GRANDE CENTRO PROPULSOR DA EXPANSÃO ECONÔMICA DO RIO GRANDE DO NORTE EM 1933



         Reproduzimos a seguir uma matéria do jornal Diário de Pernambuco de 24/12/1933 sobre as atividades da firma João Câmara & Irmãos.
Os maravilhosos resultados colhidos na lavoura algodoeira na chapada da Baixa Verde, pela beleza da cultura e impressionante uniformidade do terreno, é não só uma demonstração evidente das grandiosas possibilidades do Estado do Rio Grande do Norte como também um exemplo frisante e nobre da capacidade do homem.
O homem e a terra
Porque se por um lado temos a admirar a excelência da terra dadivosa e boa, necessitando apenas de cuidados e métodos que lhe amaine a riqueza natural, há também e muito principalmente que louvar o esforço e o trabalho humano que por estas regiões nordestinas vivem tão entregues a mão do destino, sem contar coma cooperação de quem pode e deve fomentar as suas atividades.
         O solo ubertoso e rico lá se encontrava triste  e abandonado a espera de quem quisesse revolvê-lo e torná-lo útil a pátria  comum transformando-o num grande e futuroso núcleo de atividade concorrendo eficientemente para o desenvolvimento da economia norteriograndense, quiçá nacional.
         O home surgiu e, com o seu denodado esforço a sua inteligência e pertinência, qualidades inerentes e próprias do nordestino, depois de um período de trabalho racional e profícuo, auxiliado pelos poderes públicos através do conhecimento de novos métodos de cultura, pode, finalmente, realizar o seu objetivo transformando aquela zona antigamente desabitada, num grande centro de trabalho.
         É a propósito do que era antigamente a chapada da Baixa Verde que hoje apresenta aspecto tão impressivo de desenvolvimento, ainda já bem pouco tempo dizia o Dr. Mário Câmara, Interventor federal naquele Estado, em entrevista concedida a esta folha.
O que era a chapada da Baixa Verde
         O que era Baixa Verde há pouco anos passados dizem as estatísticas e os fato.Uma zona desabitada e triste, entregue a sua própria sorte.E o que ali tem se conseguido através da construção de poços  feitos pelos poderes públicos, é formidável.em redor da cada poço existe uma aglomerado humano.E o que os técnico acabam de afirmar é que a plantação realizada na Chapada da Baixa Verde é extraordinária pela uniformidade da cultura e do terreno.E para dizer mais eloquentemente sobre a fecundidade da terra da Baixa Verde, basta informar que este município concorrerá este ano com cerce de 10% da safra do Estado ou sejam, 1.500.000 quilos de algodão.Também na Chapada do Apodi, cuja configuração é semelhante a da Baixa Verde, pretendemos dentro em breve iniciar trabalho idêntico.
         Assim como Apodi e Baixa Verde, existem não somente no Rio Grande do Norte, mas em várias zonas desta região nacional, terrenos ubérrimos e fecundos carecendo do trabalho inteligente e proveitoso do homem que lhes proporcione maior desenvolvimento de suas possibilidades.
         E se meditarmos um pouco sobre o futuro do Nordeste, as suas qualidades geológicas e naturais, então havemos de nos convencer que a grandeza econômica desta vasta e poderosa região reside justamente na cultura racional e na exploração industrial de suas fibras, em cujo lugar o algodão pela sua magnífica e privilegiada situação está naturalmente colocado em primeiro plano.
         Necessário apenas se torna que os poderes públicos e as classes ativas se interessem vivamente pelo momentoso problema, incluindo-se no meio de suas mais importantes cogitações tendentes a ampliar o patrimônio material da nação.
E, então, o potencial econômico do Nordeste há de se firmar seguramente no concerto federativo, como uma das mais sólidas colunas em que se assentará a riqueza nacional.
O perfil de um home de ação
         A firma João Câmara & Irmãos que hoje usufrui de um largo e merecido destaque no seio das classes conservadoras do Estado do Rio Grande do Norte, mercê da sua magnífica situação, é, incontestavelmente, fruto de um labor honesto e construtor.
         Desenvolvendo um trabalho eficaz e persistente para a expansão dos seus negócios, e , consequentemente, em favor da economia daquele Estado, bem destacado é o posto que a referida organização ocupa no seio do honrado comércio potiguar.
          E essa situação de proeminência conquistada através de incessantes períodos de um labor dinâmico e produtivo é notadamente devida ao Sr. João Severiano Câmara, esse singular figura de homem de ação e de inteligência que graças a um esforço honesto e nobre, soube tão dignamente construir o sólido pedestal em  que se assenta a firma João Câmara & Irmãos.
         O que o Sr. João Câmara realizou nestes últimos anos a frente dos  negócios de sua firma em espaço de tempo relativamente curto representa pois, por uma brilhante vitória e vale por uma eloquente afirmação de trabalho.
         Quando em 1914, o Sr. João Câmara escudado apenas na sua vontade férrea de vencer e no seu espírito pertinente,iniciou os seus negócios, Baixa Verde ainda não havia sido elevada a categoria de cidade, não passava de uma simples povoação.
         Contando, assim, com a sua capacidade foi que o referido cavalheiro juntamente com seus irmãos Jeronimo  e Alexandre  Rodrigues da Câmara, constitui naquele ano a firma João Câmara & Irmãos, que mais tarde havia de se tornar uma das mais interessantes e poderosas organizações do Estado, exercitando proficuamente a sua atividade na indústria, na lavoura e na pecuária,de maneira tão benéfica para a comunhão norteriograndense.
O desenvolvimento dos negócios da firma João Câmara & Irmãos
       Sempre animada do desejo de dotar o seu Estado de um núcleo de trabalho e de progresso que mais tarde servisse não só de paradigma de honestidade e de esforço mas também de estimulo a iniciativa semelhantes,os quais concorreriam desse modo proficuamente para o progresso comercial do Rio Grande do Norte, a firma João Câmara & Irmãos foi procurando cada vez mais ampliar o seu raio de ação o que pouco a pouco, conseguiu devido ao seu denodado esforço.
         Foi assim que novos campos de ação foram abertos para a referida firma, com o desdobramento de seus negócios nos quais passaram a se incluir criação de gado vacum e caprino, plantações de algodão, instalações de maquinismos para descaroçamento do referido produto, tornando-se desse modo, os Sr. João Câmara & Irmãos uns dos maiores agricultores e produtores do Estado.
A cultura algodoeira na chapada da Baixa Verde realizada pela firma João Câmara & Irmãos
         A situação dos referidos agricultores e industriais onde tem feito se sentir mais beneficamente é justamente no município.
         Ai, nessa localidade, que há poucos anos atrás não passava de uma simples povoação pobre e desabitada, entregue a tristeza do seu próprio destino, é que verdadeiramente dinâmica e operosa foi a ação do Sr. João Câmara.
         Realizando uma tarefa eminentemente interessante e patriótica, qual seja, de criar novos ramos para a atividade nordestina, procurando expandir as possibilidades naturais da região, com o fomento de sua economia, o Sr. João Câmara pode assim pouco tempo depois a golpes de trabalho e de energia ver a sua obra coroada do mais completo êxito.
         E hoje a lavoura do algodão da Baixa Verde que os  técnicos não cansam de louvar como uma das surpreendentes e interessantes dadas a cultura magnífica e uniformidade do terreno, vai servindo como uma advertência proveitosa e um estimulo formidável para tentamentos indenticos.
         E assim que o no novel município de Baixa Verde atualmente produz cerca de 1.500.000 quilos de algodão em pluma ou seja, cerca de 10% da produção de todo Estado, quota essa inteiramente extraída das plantações feitas pela firma João Câmara & Irmãos.
Uma usina para o beneficiamento do algodão
         De tal maneira tem se desenvolvido os negócios da referida organização agrícola, industrial e comercial,mercê os magníficos resultados colhido com a cultura racional do outro branco na Chapada em apreço, onde os poços artesianos tiveram uma influencia tão decisiva que as necessidades produtivas da firma excedem a capacidade da atual usina de beneficiar o algodão.
         Desse modo no próximo ano será instalada uma nova usina, com aparelhagem moderníssima e com maior capacidade produtora.
         A atual usina produz 10.000 quilos em 14 horas e a capacidade das novas instalações comportará produzir 15.000 quilos em 10 horas.
         Uma Prensagem coma as mais modelares disposições será também ali instalada para maior eficiência do produto.

Prédio da prensa de algodão da firma João Câmara & irmãos em Baixa Verde

O município Baixa Verde na expansão econômica do estado do Rio Grande do Norte
         O atual município de Baixa Verde é evidentemente um produto de atividade do Sr. João Câmara que conseguiu inteligentemente coordenar todos os elementos necessários a sua grandeza econômica, tornando-o um dos municípios que mais eficientemente concorrem para a receita estadual dada a sua atividade produtora.
         E se novas plantações forem propicia,tudo faz crer que o município de Baixa Verde seja o maior centro de algodão de todo Estado.

Sede da firma João Câmara & Irmãos em Baixa Verde

 A expansão comercial da organização
         O desenvolvimento da organização tem sido tão notável nestes últimos tempos que esses incansáveis batalhadores que são os Srs. João, Jerônimo e Alexandre Câmara instalaram filiais de sua firma em Pedra Preta e Serra Verde.
As fazendas São Pedro, Olho D’Água e Serra Verde
         Também os Sr. João Câmara & Irmãos desdobraram nobremente a sua atividade, interessando-se na indústria pecuária.
         Assim que são proprietários das fazendas São Pedro, Olho D’Água e Serra Verde, com irrigação de poços construídos em cooperação com os Governos da União, do Estado e do Município e onde é cultivado o gado vacum e caprino.

Visita do interventor federal Mário Câmara as plantações de algodão
da firma João Câmara & Irmãos na fazenda São Pedro

A fábrica Santa Terezinha em Natal para o fabrico de óleos vegetais
         Também muito benéfica tem sido a cooperação prestada pelos Sr. João Câmara & Irmãos em favor do progresso industrial de sua terra.
         A “Fábrica Santa Terezinha”, de sua propriedade localizada e Natal, a Avenida Almino Afonso, 45, é dotada de excelentes e modelares instalações, ocupando uma área de 54.000 metros quadrados.
         Destina-se ao fabrico de óleos vegetais extraídos do algodão, produzindo artigos que rivalizam francamente com os melhores similares.
Ao serviço da “Fábrica Santa Terezinha” estão 50 operários que dispõem de toda a assistência social.

Sede da fábrica Santa Terezinha na rua Almino Afonso na Ribeira em Natal.
Visita do interventor federal Mário Câmara as instalações da fábrica Santa Terezinha.Mário Câmara está o centro ao lado de seu pai Augusto Leopoldo Câmara e a esquerda está João Câmara.

Outras atividades dos Srs. João Câmara & Irmãos
         Os Sr. João Câmara & Irmãos como dissemos, cada vez mais vão ampliando as suas atividades. Assim é que o seu sócio principal faz parte da firma Severo Gomes & Cia.
Estabelecida em Natal com escritório de comissões e representações da firma A. Farine, estabelecimento que usufrui de ótimo conceito no seio do comércio exportador e importador.
A gerência geral em Natal
A gerencia geral da firma João Câmara & irmãos, em Natal,na “Fábrica Santa Terezinha” está entregue ao estimado calvalheiro Sr. Anibal Calmo Costa.
         Espírito empreendedor e inteligente, gozando de francas simpatias no seio das classes conservadoras,o Sr. Anibal Calmon Costa que também é estabelecido com escritório de representação a rua Frei Miguelinho, 129, foi ultimamente eleito 1º secretário da Associação Comercial de Natal.
A firma João Câmara & Irmãos como se vê faz-se sentir tão fortemente em favor  da expansão econômica do seu Estado, é pois, uma organização verdadeiramente modelar que muito enaltece os foros de cultura e adiantamento do honrado comércio potiguar.

Fonte: Diario de Pernambuco, 24/12/1933, p.17.

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