Reproduzimos a
seguir uma matéria do jornal Diário de Pernambuco de 24/12/1933 sobre as
atividades da firma João Câmara & Irmãos.
Os
maravilhosos resultados colhidos na lavoura algodoeira na chapada da Baixa
Verde, pela beleza da cultura e impressionante uniformidade do terreno, é não
só uma demonstração evidente das grandiosas possibilidades do Estado do Rio
Grande do Norte como também um exemplo frisante e nobre da capacidade do homem.
O homem e a terra
Porque
se por um lado temos a admirar a excelência da terra dadivosa e boa,
necessitando apenas de cuidados e métodos que lhe amaine a riqueza natural, há
também e muito principalmente que louvar o esforço e o trabalho humano que por
estas regiões nordestinas vivem tão entregues a mão do destino, sem contar coma
cooperação de quem pode e deve fomentar as suas atividades.
O solo ubertoso e rico lá se encontrava
triste e abandonado a espera de quem
quisesse revolvê-lo e torná-lo útil a pátria comum transformando-o num grande e futuroso núcleo
de atividade concorrendo eficientemente para o desenvolvimento da economia norteriograndense,
quiçá nacional.
O home surgiu e, com o seu denodado
esforço a sua inteligência e pertinência, qualidades inerentes e próprias do
nordestino, depois de um período de trabalho racional e profícuo, auxiliado
pelos poderes públicos através do conhecimento de novos métodos de cultura,
pode, finalmente, realizar o seu objetivo transformando aquela zona antigamente
desabitada, num grande centro de trabalho.
É a propósito do que era antigamente a
chapada da Baixa Verde que hoje apresenta aspecto tão impressivo de desenvolvimento,
ainda já bem pouco tempo dizia o Dr. Mário Câmara, Interventor federal naquele
Estado, em entrevista concedida a esta folha.
O que era a chapada da Baixa Verde
O que era Baixa Verde há pouco anos
passados dizem as estatísticas e os fato.Uma zona desabitada e triste, entregue
a sua própria sorte.E o que ali tem se conseguido através da construção de
poços feitos pelos poderes públicos, é formidável.em
redor da cada poço existe uma aglomerado humano.E o que os técnico acabam de
afirmar é que a plantação realizada na Chapada da Baixa Verde é extraordinária
pela uniformidade da cultura e do terreno.E para dizer mais eloquentemente
sobre a fecundidade da terra da Baixa Verde, basta informar que este município
concorrerá este ano com cerce de 10% da safra do Estado ou sejam, 1.500.000
quilos de algodão.Também na Chapada do Apodi, cuja configuração é semelhante a
da Baixa Verde, pretendemos dentro em breve iniciar trabalho idêntico.
Assim como Apodi e Baixa Verde, existem
não somente no Rio Grande do Norte, mas em várias zonas desta região nacional,
terrenos ubérrimos e fecundos carecendo do trabalho inteligente e proveitoso do
homem que lhes proporcione maior desenvolvimento de suas possibilidades.
E se meditarmos um pouco sobre o futuro
do Nordeste, as suas qualidades geológicas e naturais, então havemos de nos
convencer que a grandeza econômica desta vasta e poderosa região reside
justamente na cultura racional e na exploração industrial de suas fibras, em
cujo lugar o algodão pela sua magnífica e privilegiada situação está
naturalmente colocado em primeiro plano.
Necessário apenas se torna que os
poderes públicos e as classes ativas se interessem vivamente pelo momentoso
problema, incluindo-se no meio de suas mais importantes cogitações tendentes a
ampliar o patrimônio material da nação.
E,
então, o potencial econômico do Nordeste há de se firmar seguramente no
concerto federativo, como uma das mais sólidas colunas em que se assentará a
riqueza nacional.
O perfil de um home de ação
A firma João Câmara & Irmãos que
hoje usufrui de um largo e merecido destaque no seio das classes conservadoras
do Estado do Rio Grande do Norte, mercê da sua magnífica situação, é,
incontestavelmente, fruto de um labor honesto e construtor.
Desenvolvendo um trabalho eficaz e
persistente para a expansão dos seus negócios, e , consequentemente, em favor
da economia daquele Estado, bem destacado é o posto que a referida organização ocupa
no seio do honrado comércio potiguar.
E
essa situação de proeminência conquistada através de incessantes períodos de um
labor dinâmico e produtivo é notadamente devida ao Sr. João Severiano Câmara,
esse singular figura de homem de ação e de inteligência que graças a um esforço
honesto e nobre, soube tão dignamente construir o sólido pedestal em que se assenta a firma João Câmara &
Irmãos.
O que o Sr. João Câmara realizou nestes
últimos anos a frente dos negócios de
sua firma em espaço de tempo relativamente curto representa pois, por uma
brilhante vitória e vale por uma eloquente afirmação de trabalho.
Quando em 1914, o Sr. João Câmara
escudado apenas na sua vontade férrea de vencer e no seu espírito pertinente,iniciou
os seus negócios, Baixa Verde ainda não havia sido elevada a categoria de
cidade, não passava de uma simples povoação.
Contando, assim, com a sua capacidade
foi que o referido cavalheiro juntamente com seus irmãos Jeronimo e Alexandre
Rodrigues da Câmara, constitui naquele ano a firma João Câmara &
Irmãos, que mais tarde havia de se tornar uma das mais interessantes e
poderosas organizações do Estado, exercitando proficuamente a sua atividade na
indústria, na lavoura e na pecuária,de maneira tão benéfica para a comunhão
norteriograndense.
O desenvolvimento dos negócios da firma
João Câmara & Irmãos
Sempre
animada do desejo de dotar o seu Estado de um núcleo de trabalho e de progresso
que mais tarde servisse não só de paradigma de honestidade e de esforço mas
também de estimulo a iniciativa semelhantes,os quais concorreriam desse modo
proficuamente para o progresso comercial do Rio Grande do Norte, a firma João
Câmara & Irmãos foi procurando cada vez mais ampliar o seu raio de ação o
que pouco a pouco, conseguiu devido ao seu denodado esforço.
Foi assim que novos campos de ação foram
abertos para a referida firma, com o desdobramento de seus negócios nos quais
passaram a se incluir criação de gado vacum e caprino, plantações de algodão,
instalações de maquinismos para descaroçamento do referido produto, tornando-se
desse modo, os Sr. João Câmara & Irmãos uns dos maiores agricultores e produtores
do Estado.
A cultura algodoeira na chapada da
Baixa Verde realizada pela firma João Câmara & Irmãos
A situação dos referidos agricultores e
industriais onde tem feito se sentir mais beneficamente é justamente no
município.
Ai, nessa localidade, que há poucos
anos atrás não passava de uma simples povoação pobre e desabitada, entregue a
tristeza do seu próprio destino, é que verdadeiramente dinâmica e operosa foi a
ação do Sr. João Câmara.
Realizando uma tarefa eminentemente
interessante e patriótica, qual seja, de criar novos ramos para a atividade
nordestina, procurando expandir as possibilidades naturais da região, com o
fomento de sua economia, o Sr. João Câmara pode assim pouco tempo depois a
golpes de trabalho e de energia ver a sua obra coroada do mais completo êxito.
E hoje a lavoura do algodão da Baixa
Verde que os técnicos não cansam de
louvar como uma das surpreendentes e interessantes dadas a cultura magnífica e
uniformidade do terreno, vai servindo como uma advertência proveitosa e um
estimulo formidável para tentamentos indenticos.
E assim que o no novel município de
Baixa Verde atualmente produz cerca de 1.500.000 quilos de algodão em pluma ou
seja, cerca de 10% da produção de todo Estado, quota essa inteiramente extraída
das plantações feitas pela firma João Câmara & Irmãos.
Uma usina para o beneficiamento do
algodão
De tal maneira tem se desenvolvido os negócios
da referida organização agrícola, industrial e comercial,mercê os magníficos resultados
colhido com a cultura racional do outro branco na Chapada em apreço, onde os
poços artesianos tiveram uma influencia tão decisiva que as necessidades
produtivas da firma excedem a capacidade da atual usina de beneficiar o
algodão.
Desse modo no próximo ano será
instalada uma nova usina, com aparelhagem moderníssima e com maior capacidade
produtora.
A atual usina produz 10.000 quilos em
14 horas e a capacidade das novas instalações comportará produzir 15.000 quilos
em 10 horas.
Uma Prensagem coma as mais modelares
disposições será também ali instalada para maior eficiência do produto.
Prédio da prensa de algodão da firma João Câmara & irmãos em Baixa Verde |
O município Baixa Verde na expansão econômica
do estado do Rio Grande do Norte
O atual município de Baixa Verde é
evidentemente um produto de atividade do Sr. João Câmara que conseguiu
inteligentemente coordenar todos os elementos necessários a sua grandeza econômica,
tornando-o um dos municípios que mais eficientemente concorrem para a receita
estadual dada a sua atividade produtora.
E se novas plantações forem
propicia,tudo faz crer que o município de Baixa Verde seja o maior centro de
algodão de todo Estado.
Sede da firma João Câmara & Irmãos em Baixa Verde |
O desenvolvimento da organização tem
sido tão notável nestes últimos tempos que esses incansáveis batalhadores que
são os Srs. João, Jerônimo e Alexandre Câmara instalaram filiais de sua firma
em Pedra Preta e Serra Verde.
As fazendas
São Pedro, Olho D’Água e Serra Verde
Também os Sr. João Câmara & Irmãos
desdobraram nobremente a sua atividade, interessando-se na indústria pecuária.
Assim que são proprietários das
fazendas São Pedro, Olho D’Água e Serra Verde, com irrigação de poços construídos
em cooperação com os Governos da União, do Estado e do Município e onde é
cultivado o gado vacum e caprino.
Visita do interventor federal Mário Câmara as plantações de algodão da firma João Câmara & Irmãos na fazenda São Pedro |
A fábrica Santa Terezinha em Natal para
o fabrico de óleos vegetais
Também muito benéfica tem sido a cooperação
prestada pelos Sr. João Câmara & Irmãos em favor do progresso industrial de
sua terra.
A “Fábrica Santa Terezinha”, de sua
propriedade localizada e Natal, a Avenida Almino Afonso, 45, é dotada de
excelentes e modelares instalações, ocupando uma área de 54.000 metros
quadrados.
Destina-se ao fabrico de óleos vegetais
extraídos do algodão, produzindo artigos que rivalizam francamente com os
melhores similares.
Ao serviço
da “Fábrica Santa Terezinha” estão 50 operários que dispõem de toda a assistência
social.
Sede da fábrica Santa Terezinha na rua Almino Afonso na Ribeira em Natal. |
Visita do interventor federal Mário Câmara as instalações da fábrica Santa Terezinha.Mário Câmara está o centro ao lado de seu pai Augusto Leopoldo Câmara e a esquerda está João Câmara. |
Outras atividades dos Srs. João Câmara
& Irmãos
Os Sr. João Câmara & Irmãos como
dissemos, cada vez mais vão ampliando as suas atividades. Assim é que o seu
sócio principal faz parte da firma Severo Gomes & Cia.
Estabelecida
em Natal com escritório de comissões e representações da firma A. Farine,
estabelecimento que usufrui de ótimo conceito no seio do comércio exportador e
importador.
A gerência geral em Natal
A
gerencia geral da firma João Câmara & irmãos, em Natal,na “Fábrica Santa
Terezinha” está entregue ao estimado calvalheiro Sr. Anibal Calmo Costa.
Espírito empreendedor e inteligente,
gozando de francas simpatias no seio das classes conservadoras,o Sr. Anibal
Calmon Costa que também é estabelecido com escritório de representação a rua
Frei Miguelinho, 129, foi ultimamente eleito 1º secretário da Associação
Comercial de Natal.
A
firma João Câmara & Irmãos como se vê faz-se sentir tão fortemente em favor da expansão econômica do seu Estado, é pois,
uma organização verdadeiramente modelar que muito enaltece os foros de cultura
e adiantamento do honrado comércio potiguar.
Fonte: Diario de Pernambuco,
24/12/1933, p.17.
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