A
estação de Cajupiranga foi construída no km 23,140 da Estrada de Ferro do Natal
a Nova Cruz, tendo sido inaugurada em 28/09/1881 no primeiro trecho da ferrovia
compreendido entre Natal e São José de Mipibu.
De acordo com o relatório do presidente da provincia de 1883 as paradas de Pitimbu e Cajupiranga se achavam conservadas naquele ano, assim como as demais da Estrada de Ferro de Natal a Nova. (RELATÓRIO, 1883, p.11).
A estação de Cajupiranga era utilizada pela população que habitava o vale homonimo assim como das regiões do interior do estado que embarcavam os produtos ou viajavam para Natal e demais cidades ao longo da ferrovia a aprtir da estação de Cajupiranga.
De acordo com o relatório do ministério da agricultura de 1907 naquele ano a estação de Cajupiranga auferiu a quantia de 2:877$250 réis. (RELATÓRIOS DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1907, p.372), a renda provavelmente proveniente dos engenhos da região.
Ruínas da estação de Cajupiranga. |
A mudança
da estação para Parnamirim
A florescente vila de
Parnamirim há tempos reclamava uma estação ferroviária naquela localidade, pois
a que servia a comunidade era a de Cajupiranga distante daquela vila.
Foi atendendo ao que expôs
o Departamento Nacional de Estradas de Ferro, que o ministro da viação autorizou
a mudança da estação de Cajupiranga para o local em que se encontrava a Base de
Parnamirim. (A ORDEM, 01/09/1943, p.2).
De acordo com o jornal a Ordem
em aviso da diretoria da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte foi
entregue ao trafego público em 15/09/1943 a estação ferroviária de Parnamirim. ”É
mais um importante melhoramento introduzido pela Central sempre empenhada em
bem servir ao nosso público” escreve o citado jornal (A ORDEM, 15/09/1943, p.1).
Foi a primeira estação inaugurada
após a fusão do trecho ferroviária Natal a Nova Cruz com a Estrada de Ferro
Central do Rio Grande do Norte o qual passou ser apenas uma ferrovia a partir
de 1939.
Sobre o vale e a povoação de Cajupiranga
Pelo vale do rio Cajupiranga e Pitimbu passava a antiga estrada que ligava a Paraiba ao Rio Grande do Norte pelo litoral.Em alguns trechos foi necessário se construir algumas pontes como as que foram citadas ao longo do tempo nos relatórios dos presidentes da província.
No relatório do presidente da província de 1863 constava que ele próprio havia examinado as duas pontes que ficavam na estrada que ligava a Capital a São José de Mipibu, respectivamente as pontes de Pitimbu e Cajupiranga, e orçou em r$5.986:620 as despesas com os reparos de que elas precisavam,o que equivaliam a uma reconstrução pelo péssimo estado em que se achavam,sendo 1:952:590 para a ponte de Pitimbu e 2.033;900 para a de Cajupiranga. (RELATÓRIO, 1863, p. A-5).
Em 1873 as pontes do Pitimbu e Cajupiranga foram novamente incluídas nas obras que necessitavam serem feitas na estrada que ligava Natal a São José de Mipibu no valor de r$ 3:500$000. (RELATÓRIO, 1873, p.32).
Em 1885 o relatório do presidente da província afirmava que as obras das pontes do Cajupiranga e Pitimbu foram concluídas ,ficando reparadas com madeira de lei as suas estivas e guardas.A do Pitimbu estava apoiada sobre paredões de pedra e cal feitos solidamente em cima de estacas e os aterros com fileiras novas de estacas de cada lado, também elevados a altura superior a um palmo e meio ao nível da ponte, em desconto de que pudesse abater o transito. (RELATÓRIO, 1885, p.16-17).
O vale do Cajupiranga por está em terrenos de alagadiços próximo ao litoral sofria constantemente as inundações as quais muito contribuíam para interromper o trafego ferroviário da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz, como aconteceu em 1881, quando por alguns dias esteve interrompido o transito da estrada de ferro de Natal a Nova Cruz visto terem sido abatidas algumas pontes com a força da torrente, entre estas pontes estava a de Cajupiranga, que a direção da ferrovia tratou logo de reconstruir (JORNAL DO COMÉRCIO, 14/06/1881, p.1).
Na seca que ocorreu entre os anos de 1877 e 1879 foi fundada pelo presidente Lobato Marcondes um colônia para retirantes em Cajupiranga, tendo sido reunidos cerca de 6.600 pessoas no local, muitas das quais foram utilizadas nos trabalhos de construção da Estrada de Ferro de Natal a Nova Cruz.
A experiência, no entanto, se mostrou desastrosa devido a má administração de seus diretores e pelo impaludismo que ali reinou com violência fazendo numerosas vitimas.
O vale do rio Cajupiranga junto com o do Pitimbu e Japecanga eram onde se produzias os cereais e cana de açúcar do município de Natal.Em 1893 existiam em Natal 7 engenhos de fabricação de açúcar e aguardente, sendo 2 movidos a vapor e 5 por tração animal.Tendo a produção do açúcar, tendo sido calculada a produção aquele ano entre 700 a 900 kg e a de aguardente a 150.000 litros aproximadamente.
O Distrito de Cajupiranga
Como era de se esperar um núcleo urbano se formou no entorno da estação de Cajupiranga logo após sua inauguração.A região sempre esteve subordinada administrativamente ao municipio de Natal.
O relatório do governo do estado de 1893 cita Cajupiranga como um dos distritos policiais existentes no município de Natal. (RELATÓRIO DO GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO NORTE, 1893, p.61).
O jornal A República cita Cajupiranga como povoação em 1902 (A REPÚBLICA, 07/07/1902, p.1).
Senhor de Engenho
O jornal A República cita o major Antonio de Carvalho como senhor de engenho em Cajupiranga. (A REPÚBLICA, 22/05/1902, p.4).
O Engenho Santo Antonio
Um dos engenhos a vapor existentes no vale do Cajupiranga era o Engenho Santo Antonio.Em 1928 ele foi posto a venda e pelo anúncio publicado no jornal Diário de Pernambuco fica-se sabendo como ele estava constituído.
“Vende-se uma bem montada propriedade no Vale de Cajupiranga distante de Natal 22 quilômetros com engenho a vapor que produz diariamente 25 formas de açúcar, alambique, aviamento para fabricação de farinha, terra para plantação de cana com capacidade para 3.000 sacos de açúcar.
Outro Vale sem estar cultivado que também presta-se para toda cultura, bastante árvores frutíferas já botando e muitas novas, coqueiros botando e 800 pés novos.
Animais suficientes para o trabalho, 14 burros para tração, 2 para sela, vacas para leite, 24 bois de carro, 3 carros, um caminhão Chevrolet em perfeito estado e um cercado na mata com 12 km de circunferência para criação, etc.A tratar com Virgílio Lins, engenho Santo Antonio, Cajupiranga”. ( DIÁRIO DE PERNAMBUCO, p.27/09/1929, p.7).
A Base Aérea
Com a construção da Base Aérea de Parnamirim, no tempo da II Guerra Mundial, o incipiente povoado ali próximo existente floresceu e de desenvolveu tornando-se em pouco tempo uma próspera vila.
Muitas terras que ali se situavam pertencia ao antigo Engenho Santo Antônio ou Cajupiranga que foram aforadas e vendidas pelo Estado a particulares. Em março de 1945, porém, surgiram os herdeiros do espólio antigo engenho, que deram inicio a uma das mais longas batalhas judiciais do Estado para reaver a posse daquelas terras.
O vale do Cajupiranga pertenceu ao município de Natal até 1948 quando ocorreu naquele ano a emancipação do então distrito e vila de Parnamirim constituindo-se novo município.
A construção da Base Aérea, no entanto, determinou a decadência de Cajupiranga e postreiormente o deslocamento do núcleo urbano para Parnamirim que é a atual sede municipal, porém o mais antigo núcleo urbano deste município foi sem dúvidas o Cajupiranga, que figura atualmente como um bairro de Parnamirim.
Ótimo texto, parabéns !
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