Em 1936 a pesca no Estado do Rio Grande
do Norte vinha sendo aos poucos reorganizada.
A Federação das Colônias de Pescadores
vinha agindo, muito embora, com alguma dificuldade, recompondo algumas Colônias
mais próximas da Capital, em vista da deficiência de vias de transporte para as
outras mais afastadas.
Fora da Capital, a Federação vinha
encontrando alguns obstáculos para resolver alguns casos de pescadores, que se
julgavam donos de terrenos da Marinha, sem os aforarem, e que não permitiam que
os pescadores levantassem seus rachos nas proximidades, prescisando as vezes
esta instituição agir com violência para resolver casos desta natureza.
Outro caso que a Federação vinha
trabalhando era o de se conseguir acabar nas praias, a cobrança de um imposto
de embarcações de pesca que certos municipios taxavam, o que até aquele nomento
não havia sido possivel, e que principalmente depois que a Capitania deixou de
intervir na pesca e esta instituição por si só não se julgava com a autoridade
e competência para resolver certos casos, uma vez que não tinha uma autoridade
da Marinha ou do Ministério da Agricultura com quem pudesse a Federação se
entender a respeito.
Naquele ano de 1936 o número de
Colônias de Pescadores havia se elevado a 19 com 18.708 pescadores matriculados
na Capitania dos Portos, e alguns mal orientados por pessoas que tinha a má
vontade para com as colonônias de pescdores, e mesmo viciados com o perdão que
todo ano tinham da Diretoria de Portos e Costas, negavam-se ao cumprimento de
seus deveres para com suas colonias, motivo pelo qual esta instituição expediu ordens
para todos os presidentes para punir a todo o pescador que não cumprissa sua
obrigação sem motivo justificado; pois
se o pescador tinha dinheiro para gastar em jogos e outras cousas sem utilidade
para si e sua familia, também teria para pagar uma insignificante importância
de dois mil réis que seria aplicada em seu beneficio e de sua familia, como
estava provado com os socorros que a Federação autorizara aos presidentes daas
Coloônias, e a mesma tinham feito com muitos pescadores e pessoas de sua
familia, auxilaindo com dinheiro, remédio e hospital.
A Z-1 (Caiçara)
A Z-1, estava
situada em Caiçara, então municipio de Baixa Verde, com zona de abrangência em
toda a costa desde Morrinhos até Canto de Baixo.Mantinha três escolas para
filhos dos pescadores, estava próspera, já por ser a que maior número de
colonos tinha, já por ser onde se fazia a maior pesca de “voador”, e em vista
de afluirem, de todas as Colônias, muitos pescadores, a ponto de se conta para
mais de 100 embarcações de pesca em cada safra.
Dias havia que as embarcações matavam
de 300 a 400 “voadores” regressando à Vila à noite.
Desembarcado, era o peixe tratado pelas
mulheres, emlavados, após o que era vendido de 50$00 a 100$00 o milheiro.
A época do “voador” era de abril a
setembro, concindindo com a safra do “dourado” (Coriphaena hippurus), que era
muito abundante e vendido por unidade, de acordo com o tamanho.
Havia também na época invernosa, a
pesca com a rede de tresmalho, sendo com fartura colhidos a Serra (Sarda sarda),
Pescadas diversas e muitos outros peixes comuns da região.
A Z-2
(Touros)
A Z-2, tinha sua sede em Touros, sendo
sua zona de abrangência toda a costa daquele municipio.
As pescarias eram feitas de linha e
tresmalhos.A safra principal era de novembro a abril, conforme a carreira do
peixe, que consistia em Pescada, Bagre Branco e outras espécies, que erma
vendidas de acordo com o tamanho e peso.
Tempos havia que aparecia o “voador”
que também tinha sua safra muito regular.
Havia uma lagoa, um pouco central, que
era riquissima de peixes de água doce, porém, os pescaroes não estavam aparelhados
com o material necessário para efetuar pescarias ali, em virtude do fundo da
mesma.
A Z-3 (Rio
do Fogo)
A Z-3 tinha sua sede em Rio do Fogo e
zona de abrangência da costa desde a Gameleira até a margem esquerda do Rio do
Fogo.
Mantina duas escolas primárias para
filhos de pescadores.
A sua safra de peixes, de covos,
consistia em garajuba, ariaco, carauna e
pescarias de peixe de alto mar.
Esta Colônia era das que possuia curral
de apanhar peixes que fazia boa safra de xaréu e outros peixes.
A referida zona possuia uma lagoa que
era uma verdadeiro viveiro de peixes dos mais apreciados.No entanto,, não podia
ser explorada por falta de material adequado para uma pescaria mais rentavel.
Os pescadors geralmente eram muitos
pobres e não podiam contar com o apoio a não de Federação, para aquisição de
seus engenhos, porém, esta não estava em condições de auxiliá-los a contento,
por falta de recursos.
Era ainda efetuada uma pescaria muito
rudimentar e incapaz de produzir uma melhor safra.
A Z-4
(Natal)
A Z-4, tinha
sua sede no Canto do Mangue, em Natal, sendo sua area de abrangência ambas as
margens do rio Potengi e costa até Ponta Negra.
Mantinha uma escola primária e um grupo
de escoteiros do mar, também composto de filhos de pescadores.
Esta colonia também tinha sua safra de
peixes do alto mara, nos meses de novembro a março.Era adotada a tresmalho nos
meses de janeiro a maio.Fazia-se também a pesca do “voador”, nos meses de junho
a setembro.
A Z-5
(Pititinga)
A Z-5 tinha
sua sede em Pititinga e sua area de abrangência da margem esquerda do rio Punaú,
toda a costa, até a margem esquerda do rio Piracabú.
Mantinha duas escolas primárias, estava
nas mesmas condições da Z-13, tendo safra de tresamalhos nos meses de outubro a
março.
Existia também uma lagoa nas mesmas
condições que a Z-3, um verdaeiro viveiro.
A Z-6 (Canguaretama)
A Z-6 estava
sediada em Canguaretama e sua zona de abrangência compreendia a margem direita
do rio Catu, toda a costa e margem esquerda do rio Cunhaú.
Tinha sua safra de tresmalhos em ambas as
margens, como também era a zona de maior safra de carangueijo, possuia ainda um
belissimo viveiro de peixes de sua propriedade, com mais de 1 km de extensão,
onde todos os anos era praticada a pesaca, no mês de março, com bom resultado.
A Z-7 (Galinhos)
A Z-7 estava sediada em Galinhos, então
municipio de Baixa Verde, compreendia a margem direita do rio Camurupim, todas
as margens dos rios Pisa Sal, Amargosinho, Tomas, Furado de Cima, Galos,
Galinhos e costa até Bicudas.
Tinha sua safra de “voadores nos meses
de agosto a outubro e de tresmalhos nos meses de novembro a março.Mantinha uma
escola primária.
A Z-8 (Areia
Branca)
A Z-8 tinha sua sede na cidade de Areia
Branca, compreendendo toda a costa, desde o ,imite do Ceará, ambas as margens
do rio Mossoró e tdoa a costa até o Rosado.
Foi incorporada nela a Z-19, sendo por
isto uma das maiores do Estado.
Sua safra de peixe do alto mar era nos
meses de outubro a fevereiro, como também a de agulha, nos meses de agosto a
dezembro, nos de novembro a março, nos núcleos de Redonda, Ponta do Mel e
Rosado, era a melhor safra de agulha, e nos meses de agosto a setembro, os
pescadores se empregavam na pesca do camurupim, que era bem avultada quando o
ano era de bom inverno.
A Z-9 (Macau)
a Z-9 tinha sua sede na cidade de Macau,
sua zona de abrangência era toda a margem do rio Assu, até Macau, compreendendo
duas margens, toda a margem direita do rio Cavalos, costa e margem esquerda do
rio Umburanas.
Mantinha duas escolas primárias para
filhos de pescadores, uma em Macau e outra no núcleo de Alagamar, também tinha safra
de peixe do alto mar nos meses de outubro a dezembro, e da época invernosa
faziam os pescadores de tresmalho grande safra de bagre mandimm colhendo centenas
de milheiros do referido peixe, que era excelente pelo seu sabor e bastante
procurado pelos cearenses, que vinham comprar para vender nos engenhos do
Estado.
Também tinha safra de cavalas no mês de
junho, quando o ano era bom de inverno, chegando os pescadores a matar centenas
por dia.
A Z-10 (Pirangi)
A Z-10 tinha
sua sede no municipio de Papari (Nisia Floresta), sua zona compreendia a margem
direita do rio Cururu, toda a costa e ambas as amrgens do rio Camurupim e
margem esquerda do rio Tibau, até Carnaúbas.
Mantinha uma escola primária, tinha sua
safra de tresmalho, quando os pescadores faziam boa safra de tainha, nos meses
de setembro a janeiro, com também de xaréu.
A Z-11 (Baia
Formosa)
A Z-11 tinha sua sede em Baia Formosa,
então municipio de Canguaretama, compreendendo a área da margem esquerda do rio
Cunhaú, toda a costa e margem esquerda do rio Guju.
Esta Colonia mantinha duas escolas
primárias e tinha sua safra de peixes do alto mar e nos meses de outubro a dezembro a da albacora,
quando alfuia grande número de embarcações de pescadores, a fim de fazerem a
safra do referido peixe, dias havia que os pescadores chegavam a matar centenas
de albacoras, que eram vendidas para o interior do Estado e dos vizinhos; os
compradores do peixe mandavam fritar em postas a fim de ter mais durabilidade.
A Z-12
(Tibau do Sul)
A Z-12 tinha sua sede em Tibau do Sul, então municipio de Goianinha,
compreendendo a zona da margem direita do rio Jacu, Catu e margem esquerda da
lagoa de Guarairas.
Mantinha uma escola primária, sendo a safar de camarão na
época invernosa e da tainha e de siris, que eram muito procurados pelo seu
sabor.
Nos meses de setembro a janeiro, fazia na referida zona a
pesca dos peixe de alto mar, outrora os pescadores faziam uma tapagem com redes
de malhas tão miudas que apanhavam milhares de peixes pequenos, que eram
vendidos nas feiras em litros.
Entretanto, essa prática doi proibida pela Federação de
Colônia de Pescadores tendo sido as redes recolhidas e levadas para a Capitania
dos Portos onde foram destruidas.
A Z-13 (Surubajá)
A Z-13 tinha sua sede em Muriú e compreendia
toda a zona da costa desde a margem direita do dio Maxaranguape até a ponta de
Jacumã.
Também mantinha duas escolas para
filhos de pescadores.
Sua safra de peixe do alto mar era nos
meses de outubro a janeiro, e a da tresmalho nos meses de janeiro a março
quando os pescadores faziam boas pescarias de tainha e xaréu, vendendo-os para
o interior do Estado.
A Z-15
(Maxaranguape)
A Z-15 tinha sua sede na vila de Maxaranguape,
então pertencente ao municipio de Ceará-Mirim, sua zona compreendia toda a
costa desde a margem direita do rio do Fogo até as duas margens do rio
Maxaranguape.
Mantinha duas escolas prima´ria e tinha
as safras igualmente com as da Z-14.
A Z-16 (Aguamaré)
A Z-16 tinha sua sede em Aguamaré (atual
Guamaré), então municipio de Macau, sua zona compreendia as margens do rio
Aguamaré e costa, até a ponta de Tubarão.
Mantinha escola e tinha sua safra igual
a da Z-7.
A Federação de Colônias de Pescadores achava que esta Colônia
deveria ser anexada a Z-7, em vista daquela ter maior número de colonos e estar
em melhores condições, possuindo sede própria e melhor localização.
A Z-17 (Barreiras)
a Z-17 tinha sua sede em Barreiras,
municipio de Macau, com zona de abrangência a margem direita do rio Umburanas,
costa e margem esquerda do rio Tubarão e costa.
Mantinha duas escolas primárias para
filhos de pescadores e safra de peixe do alto mar nos meses de outubro a
janeiro, e a de peixes de tresmalhos nos meses de janeiro a julho, época em que
o peixe de carreira afluia a costa na maioria saréu, curimã, tainhas, espada,
pescada, guarana (bicuda pequena) e saúna-roliça.
A Z-18 (Canto
do Mangue)
A Z-18 tinha sua sede no Canto do
Mangue, municipio de Assu, sua zona compreendia toda a costa, desde Pedra
Grande, limite de Areia Branca, até Rosário, Canto do Mangue, as duas margens
do rio das Conchas, e seus afluente, costa e margem esquerda do rio dos
Cavalalos e afluentes da margem esquerda do rio Assu.
Mantinha uma escola para filhos de pescadores,
e tinha sua safra de peixe do alto mar nos meses de outrubro a janeiro, quando
começava a do peixe de tresmalho, até o mês de julho, quando era nessa época
que os pescadores faziam boas pescarias de bagre-mandim e tainhas; havia também
uma pescaria no mês de abril, no núcleo do Canto das Conchas, onde os pescadores
matavam de tresmalhos grande quantidade de cação-lixa.
A Z-19
(Barra do Rio)
A Z-19 tinha sua sede em Barra do Rio,
então municipio de Ceará-Mirim, com zona de abrangência desde a costa de
Pitangui as duas margens do rio Ceará-Mirim e seus afluentes e costa, até a
ponta de Genipabu.
Também mantinha três escolas primárias
para filhos de pescadores, e tinha sua safra de peixe do alto mar nos núcleos de
Pitangui e Genipabu nos meses de outubro a janeiro, e a de tresmalho no núcleo
de Barra do Rio, de outubro a abril.Também grande havia uma safra de camarão na
época invernosa, como também grande quantidade de trairas acará e outras
qualidades, um pouco distante do litoral, em terrenos da referida zona existia
uma lagoa com grande abundância de diversas espécies de peixes, mas os pescadores
não podiam fazer boas pescarias, em vista de não poderem penetrar no leito da
mesma, devido aos jacarés.
Diziam os pescadores que tinham visto
grande quantidade de camurupins, caranhas, curimãs, cumurins e muitos outros
peixes.
A Z-20
(Ponta Negra)
A Z-20 tinha sua sede em Ponta Negra, Natal, sendo sua zona
de abrangência toda a costa, desde a Ponta do Pinto até Pirangi do Norte.
Fazia uma safra de peixe de tresmalho,
nos meses de outrubro a fevereiro.
A Federação achava que em virtude do
número muito reduzido de pescadores que não ultrapassava de 50 deveria esta
Colônia ser incorporada a Z-4 que era a zona mais próxima.
Considerações
A Z-13 (Surubajá) foi citada com sede em Muriú,
porém Surubajá era o antigo nome do atula municipio de Senador Georgino
Avelino. Teria havido confusão ao ser transcrito o relatório da Federação das Colonias
para a referida revista? Deixamos como assim o encontramos.
A citada revista divulgou no inicio que havia 19 Colônias,
mas como visto foram enumeradas 20 Colônias.
A Colônia Z-14 não foi descrita na citada revista mas citada
como existisse em referencia a Z-15.
Síntese
das Colônias de Pescadores do RN em 1937 |
||||
Designação |
Sede |
Nº pescadores
inscritos |
Nº
de escolas |
Situação |
Colônia Z-1
|
Caiçara
|
258
|
3 |
Organizada |
Colonia Z-2 |
Touros |
197 |
|
Organizada Sede própria |
Colonia Z-3 |
Rio do Fogo |
220 |
3 |
Sede em construção |
Colonia Z-4 |
Natal |
323 |
1 |
Sede própria |
Colonia Z-5 |
Pititinga |
211 |
1 |
Sede alugada Organizada |
Colonia Z-6 |
Canguaretama |
---- |
------ |
desorganizada |
Colonia Z-7 |
Galinhos |
185 |
1 |
Organizada |
Colonia Z-8 |
----- |
------ |
----- |
------ |
Colonia Z-9 |
Macau |
235 |
--- |
Sede alugada |
Colonia Z-10 |
Pirangi do Sul |
185 |
--- |
Sede alugada desorganizada |
Colonia Z-11 |
Baia Formosa |
185 |
2 |
Organizada Sede alugada |
Colonia Z-12 |
Tibau do Sul |
--- |
2 |
Sem sede própria Organizada |
Colonia Z-13 |
Surubajá |
285 |
1 |
Organizada Sede própria |
Colonia Z-14 |
Muriú |
183 |
2 |
Sede própria Organizada |
Colonia Z-15 |
Maxaranguape |
189 |
2 |
Desorganizada |
Colonia Z-16 |
Guamaré |
85 |
-- |
Desorganizada Sem sede |
Colonia Z-17 |
Barreiras |
184 |
2 |
Sede própria |
Colonia Z-18 |
Canto do Mangue (Assu) |
168 |
1 |
Organizada |
Colonia Z-19 |
Barra do Rio |
224 |
2 |
Sede própria |
Fonte: A Voz do Mar, 1936,p.17-20.
A Voz do Mar,
1937,p.16-17.
A Voz do Mar,
1937,p.16-17.