domingo, 9 de março de 2025

SOBRE O PRÉDIO DA ESTAÇÃO CENTRAL DE NATAL DA EFCRGN

 


Em março de 1910 o jornal A República expôs em seu escritório uma redução fotográfica da planta do edifício da estação inicial da EFCRGN, que foi remetida pelo engenheiro Décio Fonseca, diretor da citada ferrovia.

O decreto nº 7.953, de 14  de abril de 1910 aprovou o projeto e o orçamento na importância de 193:962$890 para a construção da estação inicial da EFCRGN compreendendo as acomodações para o escritório da fiscalização e da administração, organizadas pelo empreiteiro e arrendatário da EFCRGN, na forma do contrato e constantes dos planos e demais documentos.

O referido decreto foi publicado no Diário Oficial no dia 29/05/1910.

O prédio da estação inicial da EFCRGN foi construído na Esplanada Silva Jardim no bairro da Ribeira em Natal.

         O projeto do edifício da estação inicial da EFCRGN apresentava um edifício de dois pavimentos divididos em dois corpos por uma torre central encimada por um relógio.

         No primeiro pavimento estariam situados no extremos norte o armazém de carga e bagagem e no extremo sul o salão de restaurante, no centro do edifício haveria uma passagem que daria acesso à plataforma de embarque, ficando à direita desta passagem o salão da agência e telégrafo, despachante e correio e à esquerda os salões de tráfego e de espera; aos lados ficariam as escadas que dariam acesso ao segundo pavimento e os banheiros.

         No segundo pavimento estariam situados os escritórios administrativos da empresa e da fiscalização da ferrovia por parte do governo federal.

          Em 1913 o edifício já se achava concluído esperando apenas que se fizesse a linha de ligação da estação provisória situada nas imediações do rio Potengi  e rua do Comércio na Ribeira, o que não se realizou logo devido as questões envolvendo uma longa polêmica criada no projeto de criação dessa linha cujos trilhos deveriam cortar toda a rua do Comércio, ou seja, uma área urbana e densamente povoada na capital potiguar, o que gerou grandes discussões para tentar resolver o problema para se fazer chegar a linha até a estação central da Esplanada Silva Jardim.

O decreto nº 10.114, de 5 de março de 1913 aprovara os estudos definitivos e o orçamento da linha de ligação da estação central da EFCRGN à ponte de Igapó na extensão de 8,138,30 km.

A ligação de Igapó à estação central e oficinas da EFCRGN na Esplanada Silva Jardim, na Ribeira, foi aprovada desde 1913 por decreto do governo federal, tendo para isto sido construída uma ponte sobre o rio Potengi, que custou cerca de 3.000 contos.

         Para efetuar essa ligação foram feitos repetidos estudos e sobre eles se manifestaram a Inspetoria de Portos, Rios e Canais, que para dar o seu parecer, solicitou a opinião do chefe de uma das seções da Inspetoria, Sérgio Saboia, que achando-se então em Recife, foi até Natal verificar pessoalmente qual seria a melhor solução.

         Ouviu-se também o chefe da construção e tráfego das estradas de ferro federais no Estado, que pelas informações oficiais ficou provado não ser conveniente fazer desapropriações não valor mínimo de 1.200 contos até do prejuízo decorrente da demolição do edifício da Alfândega e da atual estação da EFCRGN (a provisória) quando com despesa menor e com resultado mais proveitoso seria possível fazer a ligação.

         Daí resultou no fato do ministro ter concordado com a solução proposta pelo engenheiro Aguiar Moreira, conforme constava da publicação no Diário Oficial de 29 [...]

         “em resposta ao vosso oficio nº 529/S, de 13 de outubro do ano próximo passado, referente aos requerimentos em que a Companhia de Viação e Construções, empreiteira arrendatária da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, pede que seja modificado, no trecho que defronta com o bairro comercial da cidade de Natal, o projeto da linha de ligação desta cidade a Igapó, aprovado pelo decreto nº 10.114, de 5 de março de 1913, declaro-vos para os devidos efeitos, que nas ordens de serviço que tiverdes de expedir, por intermédio do chefe da fiscalização, para execução das obras aprovadas pelo referido decreto, podeis autorizar as modificações propostas no vosso mencionado oficio, com as quais estou de acordo”.

         O decreto de 1913 aprovando a ligação não se referia as desapropriações a fazer e era por isto que a despesa de que cogitou parecia inferior a que teria de ser realmente feita.

Enquanto não se resolvia a questão o prédio ficou em desuso até 1919 quando foi ocupado pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas-IFOCS, atual DNOCS, para servir de escritório das obras de açudes e barragens em construções no interior do Estado.

         Terminada as atividades da IFOCS a EFCRGN requisitou a devolução do prédio da estação inicial da Esplanada Silva Jardim em 1922.

         O prédio chegou a funcionar somente como escritório administrativo da EFCRGN e nunca como estação de passageiros e cargas.

         Em 1939 o tráfego de cargas e passageiros foi concentrado todo na estação da Praça Augusto Severo que até então pertencia a GWBR que operava no trecho entre Natal e Nova Cruz, cujo trecho fora devolvido pela GWBR e incorporado a EFCRGN naquele ano.

 

Fonte: Brazil Ferro Carril (RJ),1910, p.17; 1916, p.15

Planta do edifício da estação inicial da EFCRGN em 1913.Fonte: Brasil no Século Vinte, 1913.





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