Em março
de 1910 o jornal A República expôs em seu escritório uma redução fotográfica da
planta do edifício da estação inicial da EFCRGN, que foi remetida pelo
engenheiro Décio Fonseca, diretor da citada ferrovia.
O
decreto nº 7.953, de 14 de abril de 1910
aprovou o projeto e o orçamento na importância de 193:962$890 para a construção
da estação inicial da EFCRGN compreendendo as acomodações para o escritório da
fiscalização e da administração, organizadas pelo empreiteiro e arrendatário da
EFCRGN, na forma do contrato e constantes dos planos e demais documentos.
O referido
decreto foi publicado no Diário Oficial no dia 29/05/1910.
O prédio
da estação inicial da EFCRGN foi construído na Esplanada Silva Jardim no bairro
da Ribeira em Natal.
O projeto do edifício da estação inicial da EFCRGN
apresentava um edifício de dois pavimentos divididos em dois corpos por uma
torre central encimada por um relógio.
No primeiro pavimento estariam situados no extremos norte o
armazém de carga e bagagem e no extremo sul o salão de restaurante, no centro
do edifício haveria uma passagem que daria acesso à plataforma de embarque,
ficando à direita desta passagem o salão da agência e telégrafo, despachante e
correio e à esquerda os salões de tráfego e de espera; aos lados ficariam as
escadas que dariam acesso ao segundo pavimento e os banheiros.
No segundo pavimento estariam situados os escritórios
administrativos da empresa e da fiscalização da ferrovia por parte do governo
federal.
Em 1913 o edifício já
se achava concluído esperando apenas que se fizesse a linha de ligação da
estação provisória situada nas imediações do rio Potengi e rua do Comércio na Ribeira, o que não se
realizou logo devido as questões envolvendo uma longa polêmica criada no
projeto de criação dessa linha cujos trilhos deveriam cortar toda a rua do Comércio,
ou seja, uma área urbana e densamente povoada na capital potiguar, o que gerou
grandes discussões para tentar resolver o problema para se fazer chegar a linha
até a estação central da Esplanada Silva Jardim.
O decreto
nº 10.114, de 5 de março de 1913 aprovara os estudos definitivos e o orçamento
da linha de ligação da estação central da EFCRGN à ponte de Igapó na extensão
de 8,138,30 km.
A ligação
de Igapó à estação central e oficinas da EFCRGN na Esplanada Silva Jardim, na
Ribeira, foi aprovada desde 1913 por decreto do governo federal, tendo para isto
sido construída uma ponte sobre o rio Potengi, que custou cerca de 3.000
contos.
Para efetuar essa ligação foram feitos repetidos estudos e
sobre eles se manifestaram a Inspetoria de Portos, Rios e Canais, que para dar
o seu parecer, solicitou a opinião do chefe de uma das seções da Inspetoria, Sérgio
Saboia, que achando-se então em Recife, foi até Natal verificar pessoalmente
qual seria a melhor solução.
Ouviu-se também o chefe da construção e tráfego das estradas
de ferro federais no Estado, que pelas informações oficiais ficou provado não
ser conveniente fazer desapropriações não valor mínimo de 1.200 contos até do prejuízo
decorrente da demolição do edifício da Alfândega e da atual estação da EFCRGN
(a provisória) quando com despesa menor e com resultado mais proveitoso seria possível
fazer a ligação.
Daí resultou no fato do ministro ter concordado com a
solução proposta pelo engenheiro Aguiar Moreira, conforme constava da
publicação no Diário Oficial de 29 [...]
“em resposta ao vosso oficio nº 529/S, de 13 de outubro do
ano próximo passado, referente aos requerimentos em que a Companhia de Viação e
Construções, empreiteira arrendatária da Estrada de Ferro Central do Rio Grande
do Norte, pede que seja modificado, no trecho que defronta com o bairro
comercial da cidade de Natal, o projeto da linha de ligação desta cidade a
Igapó, aprovado pelo decreto nº 10.114, de 5 de março de 1913, declaro-vos para
os devidos efeitos, que nas ordens de serviço que tiverdes de expedir, por
intermédio do chefe da fiscalização, para execução das obras aprovadas pelo
referido decreto, podeis autorizar as modificações propostas no vosso
mencionado oficio, com as quais estou de acordo”.
O decreto de 1913 aprovando a ligação não se referia as
desapropriações a fazer e era por isto que a despesa de que cogitou parecia
inferior a que teria de ser realmente feita.
Enquanto
não se resolvia a questão o prédio ficou em desuso até 1919 quando foi ocupado
pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas-IFOCS, atual DNOCS, para
servir de escritório das obras de açudes e barragens em construções no interior
do Estado.
Terminada as atividades da IFOCS a EFCRGN requisitou a
devolução do prédio da estação inicial da Esplanada Silva Jardim em 1922.
O prédio chegou a funcionar somente como escritório administrativo
da EFCRGN e nunca como estação de passageiros e cargas.
Em 1939 o tráfego de cargas e passageiros foi concentrado
todo na estação da Praça Augusto Severo que até então pertencia a GWBR que operava
no trecho entre Natal e Nova Cruz, cujo trecho fora devolvido pela GWBR e incorporado
a EFCRGN naquele ano.
Fonte: Brazil Ferro Carril
(RJ),1910, p.17; 1916, p.15
Planta do edifício da estação inicial da EFCRGN em 1913.Fonte: Brasil no Século Vinte, 1913.
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