Em 1949
a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN havia adquirido mais uma automotriz para
serviço de passageiros na referida ferrovia.
Em 12/07/1949 a direção da EFCRGN fez uma viagem de inspeção entre Natal e
Ceará-Mirim na nova e luxuosa automotriz recém chegada do sul do pais para
aquela ferrovia.Foram convidados representantes da imprensa loca le outras
autoridades civis e militares.
A nova automotriz seria em breve
destinada ao trafego na linha entre Natal e Ceará-Mirim onde cobriria o
percurso de 39 km em tempo 3 vezes menor que nos trens normais e proporcionando
maior conforto aos passageiros que o utilizassem. (DIÁRIO DE NATAL,
11/07/1949,p.2).
Na tarde do dia 15/07/1949 a
direção da EFCRGN proporcionou a autoridades e e representantes da imprensa uma
viagem especial na luxuosa automotriz que em breve seria lançada ao trafego
regular de passageiros.
Tratava-se
de um carro de linhas aerodinâmicas, com instalação de luz fluorescente,
provido de motor a álcool anidro de 220 HP que era acionado por um gerador para
dois motores elétricos. ( DIÁRIO DE NATAL,16/07/1949, p.6).
Na
experiência realizada em Natal, esse veiculo havia desenvolvido em marcha
normal de viagem 58 km em média e um consumo aproximado de 1,7 litros de
combustível, podendo entretanto atingir 80 km.Sua capacidade era de 58
passageiros sentados em confortáveis poltronas estofadas em borracha
distribuídas em duas seções no interior do carro.
Essa
automotriz havia sido construída no Rio de Janeiro pela IRFA (Indústria Reunida
de Ferro e Aço Ltda), sendo de fabricação inteiramente nacional com exceção de
algumas peças componentes das rodas.
A
EFCRGN foi a primeira ferrovia do Brasil a utilizar esse tipo de automotriz.”deve-se
essa primazia à facilidade com que pode a direção da Estrada contar na obtenção
do combustível apropriado, o álcool anidro, que aqui vem sendo fornecido pela
Usina Ilha Bela, de Ceará-Mirim”. ( DIÁRIO DE NATAL,16/07/1949,p.6).
Já
se encontrava em Natal uma segunda automotriz do mesmo tipo e ainda viriam
chegar mais 4 unidades.Com os dois carros já existentes pretendia a direção da
EFCRGN servir por enquanto apenas o percurso entre a capital e a cidade de Ceará-Mirim, porém, com a
chegada das outras 4 automotrizes seria proporcionado um serviço de luxo também
aos passageiros no restante do trecho da linha central até Angicos.
Segundo
havia declarado o engenheiro Hélio Lobo, diretor da EFCRGN, as tarifas na
automotriz seriam provavelmente os mesmos que já se vinha usando nos demais
trens.
Na
viagem de experiência realizada em 15/07/1949 a automotriz percorreu o trecho
Natal/Ceará-Mirim em 01h03min o que representava uma economia aproximada de uma
hora no tempo que as locomotivas a vapor gastavam nesse percurso.No regresso a
viagem foi realizada em 59 minutos precisamente.
Em ambas as direções foram feitas parada em Estremoz. Na viagem para Ceará-Mirim dirigiu a automotriz o maquinista Pedro Rufino, enquanto no regresso a automotriz esse posto foi ocupado pelo próprio engenheiro Hélio Lobo, diretor da EFCRGN.
Segundo o jornal Diário de Natal com a introdução do novo serviço rápido e luxuoso, muito iriam lucrar os que se serviam da EFCRGN, cuja direção atual vinha demonstrando na pratica a preocupação não apenas de renovar e melhorar o material rodante, mas também proporcionar comodidades maiores aos passageiros.
E
para Ceará-Mirim em particular, cidade aprazível e de alimentação fácil, se
abria desde já grande possibilidade, podendo agora ser procurada, com esse
transporte rápido e regular psrs Natal para residência permanente dos que
preferiam o sono nos lugares tranquilos do interior.
A
ideia do engenheiro Hélio Lobo era fazer circular essa automotriz
diariamente,partindo de Ceará-Mirim as 05h00 da manhã, com chegada a Natal as
06h00, regressando de Natal as 17h00. ( DIÁRIO DE NATAL,16/07/1949, p.4).
A
população que utilizava esse tipo de transporte chamavam o trem apenas de motriz, o uso diário consagrou o
vocábulo.
Não
encontramos nenhuma imagem dessa automotrizes que circularam pela EFCRGN, mas a
baixo podem ser vistas automotrizes de outras ferrovias brasileiras que se
utilizaram das automotrizes fabricadas pela IRFA (Indústria Reunida de Ferro e
Aço Ltda) as quais eram idênticas as que circularam na EFCRGN.
Automotrizes fabricadas pela IRFA
Croqui de automotrizes fabricadas pela IRFA
Do que foi exposto acima deve-se ressaltar o pioneirismo da EFCRGN em utilizar um novo tipo de combustível em locomotivas que foi o álcool anidro, sendo este fabricado na Usina Ilha Bela de Ceará-Mirim cuja a produção era transportada pela referida ferrovia.Tempos auspiciosos para ambas as empresas genuinamente potiguares que atualmente só existe na lembrança, visto que ambas não existem mais.
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