Essa
é mais uma história intrépida, digna de roteiro de filme de aventura e que
honra a memória do movimento escoteiro do Rio Grande do Norte.
Trata-se
da excursão realizada pelo escoteiro potiguar João Casado Alves entre 1933 e
1936 partindo de Natal percorrendo o interior do Brasil até chegar a São Paulo.
João Casado Alves levou consigo um livro onde registrava os lugares onde
passava por meio da assinatura das autoridades locais que atestavam a
veracidade de sua jornada.
Dos
atestados que possuía João Casado Alves, constava ter o andarilho partido de
Natal em 27/07/1933, viajando através dos estados do Ceará, Piauí, Maranhão. De
sua passagem pelo estando maranhense registrou o jornal Noticias, de São Luiz, que
o escoteiro potiguar andante esteve na redação daquele jornal onde manteve agradável
palestra. O jornal apresentava a João Casado Alves votos de felicidades em sua
jornada (NOTICIAS 26/10/1933, p.4).
Já no Pará, em cujo território penetrou pela
cidade de Viseu, em 28/11/1933, chegou a Belém, capital daquele estado em
23/12/1934 depois de percorrer, qual judeu errante, as seguintes localidade
paraenses: Viseu, Limãoteua, Fernandes Belo, Assaiteua, Satui, Satubim,
Perobinha, Aturiai, Cacaual, Brangança, Tracuateua, Miraselva, Taunay,
Capanema, Peixa-Boi, Nova Timboteua, Livramento, São Luiz, Curi, Pajurá, João
Pessoa, Jambu-Assu, Granja, Eremita, São Francisco, Castanhal,Apeú,Americano,
Santa Isabel, Benevides, Ananideua e Muritiba.
De Belém,
onde recebeu urbano acolhimento por parte do Interventor Barata e depois do
necessário repouso, o andarilho potiguar prosseguiu o seu raid, passando por
Carapanã, Jundiaí, Guajará-Assu, Igarapé-Assu do Bom Intento,São Domingos do
Capim, Aningal, Tomé-Assu, Badajós, Miriti-Pitanga, Acará, Mujú, Igarape-Miri,
Abaeté,Breves, Gurupá, Monte Alegre, Alenquer, Santarem, Óbidos, Oriximiá e
Earo, onde chegou a 02/09/1934.
Ingressando
no Estado do Amazonas visitou Parantins e Itacoatiara, chegando em Manaus em
10/09/1934 recolheu-se no hospital da Santa Casa de Misericórdia, como
pensionista do Estado.
Com
a saúde restabelecida embarcou em Manaus passando por Carauari e João Pessoa,
chegando a Seabra em 20/11/1934, de onde saiu três dias depois por terra,
alcançando Feijó em 28/11/1934.Daquela vila acreana partiu o andarilho em 03/12/1934,
alcançando a foz do rio Jurupari em 05/12/1935 e a vila de Castelo em 16/12/1934 fazendo escalas pelos seringais Brasil,
Cruzeiro, Terra Nova, Nova Esperança, do rio Muaco, e Maloca, do rio Macapá,
aportando na cidade de Sena Madureira, em canoa, no dia 21/12/1934.
O
jornal Reforma, da cidade de Seabra, município de Taraucá, no Território do Acre
registrou que vindo de Manaus chegou ao porto daquela cidade no dia 20/08/1934
pela manhã o barco Waltina, sob o comando do capitão Felipe de Paula Benfica, o
qual dentre os passageiros estava o escoteiro potiguar João Casado Alves em 3
classe (REFORMA,
25/08/1934, p.4).
A
capital acreana o andarilho potiguar chegou em 18/02/1935. João Casado Alves
foi hospedado no hotel Madri e cercado de fraternal simpatia pela colônia potiguar
e prosseguiu na sua aventura aos primeiros dias de março, rumo ao rio Madeira,
via Abunã (O ACRE, 24/02/1935, p.4).
Á chegada
do escoteiro potiguar andante a rio Branco, capital do então território do
Acre, assim se expressou o jornal O Acre: “como estamos na terra das piracemas,
mais uma oportunidade temos na presente edição de noticiar a realização de
outra aventura, cujo protagonista é o jovem João Casado Alves, membro do grupo
de escoteiros do Alecrim, localizado na cidade de Natal , capital do Rio Grande
do Norte, chegando a esta capital a 18 do corrente pela estrada Acre-Yaco”.
No
mesmo dia da sua chegada o jovem João Casado Alves procurou a redação do citado
jornal apresentando dois grandes volumes de atestados firmados por autoridades
de todas as categorias e pessoas gradas dos lugares por ele percorridos, donde
se verificava que o seu intuito era de realizar um raid pedestre em torno do Brasil.
Prosseguindo
viagem pelos sertões do Brasil, João Casado Alves percorreu o então Território
do Guaporé (atual estado de Rondônia) adentrando daí no Mato Grosso.
De
acordo com o Correio Paulistano o intrépido escoteiro potiguar João Casado
Alves havia chegado a São Paulo em 10/06/1936 e assim se expressou o referido
jornal sobre o feito de João Casado Alves: “pondo em prática aquela expressão ‘meter
o pé no mundo’, João Casado Alves, é um andarilho que procede do tórrido chão
do Rio Grande do Norte, de onde partiu nos alvores de 1933, estando
presentemente em nossa capital. Na visita que fez à nossa redação, esse denodado
indiferente aos mais rápidos meios de transporte, criados pelo vigésimo século,
relatou-nos passagens curiosas de seu raid pedestre através dos estados do Rio
Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas, Acre e Mato Grosso.
Chegando
em Itapura, território mato-grossense, por aquela cidade entrou no Estado de São
Paulo, seguindo para as cidades de Novo Horizonte, Valparaiso, Araçatuba,
Penapólis, Lins, Bauru, São Manuel, Botucatu, Avaré, e etc., ganhando, alcançando
assim a capital paulistana.
De
São Paulo pretendia João Casado Alves continuar a “meter o pé no mundo” indo
par ao sul do Brasil, assegurando que dentro de mais dois anos, atingiria o
extremo sul do continente.
Ainda
de acordo com o Correio Paulistano escreveu sobre a audaciosa aventura do escoteiro
potiguar: “a locomotiva, o Zepellin, o avião e o automóvel, parece ‘café
pequeno’ para quem tem tanta vontade de andar a pé” (CORREIO PAULISTANO,
10/06/1936, p.3).
O
jornal A Noticia, da cidade de Joinville em Santa Catarina, registrou que havia
chegado em 29/08/1936 procedente de Campo Alegre, o escoteiro potiguar João
Casado Alves, tendo percorrido quase todo estado catarinense.
Até
aquela data o destemido escoteiro andante já havia percorrido os Estado do Rio
Grande do Norte, de onde partiu em 27/07/1933, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará,
Amazonas, Território do Acre, Mato Grosso, São Paulo, Paraná e Santa Catarina,
destinando-se para o Rio Grande do Sul.
Em
visita a redação do referido jornal, João Casado Alves declarou que pretendia concluir
a sua longa jornada, através dos mais longínquos sertões do Brasil, no ano de
1939, fazendo-se sempre se acompanhar pelo seu fiel companheiro, o cão policial
Sentinela. O escoteiro potiguar permaneceu em Joinville três dias e em seguida
prosseguiu com destino a Florianópolis (A NOTICIA,JOINVILE, 30/08/1936, p.12).
Em
25/09/1936 o escoteiro potiguar João Casado Alves esteve na redação do jornal A
República, de Florianópolis, capital catarinense, o qual se propôs a realizar o
raid pedestre através de todo o Brasil, com a finalidade de estudar o solo, as
belezas e a gente brasileira.
Iniciou
a excursão em 27/07/1933, na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, tendo
percorrido quase todo o Brasil. Declarou aos jornalistas do referido jornal que
pretendia chegar de volta a Natal em 1939 quando daria por terminada o seu
audacioso empreendimento.
O
Tenente João Casado Alves fez sua excursão acompanhado por um cão policial que
atendia pelo nome de Sentinela.
O
jornal A República desejou ao jovem potiguar êxito completo em sua excursão (A
REPÚBLICA, SC, 26/09/1936, p.7).
Não
encontramos noticias a respeito do retorno de João Casado Alves a cidade de
Natal de onde partira em 27/07/1933 percorrendo a pé o interior até o extremo
sul do Brasil.
O
roteiro do filme está pronto, aguarda-se apenas quem queira criá-lo e contar
essa intrépida aventura desse escoteiro potiguar. É pena que histórias desse
tipo não interessem aos produtores e cineastas brasileiros, cinema no Brasil só
dá futuro se for de desgraça, violência, apologia a sexo e droga e ideologia de
gênero, infelizmente é a mais pura e cristalina verdade.
Continuaremos
a pesquisar sobre a aventura de João Casado Alves, por enquanto ficamos com o
que temos.
Imagem feita pelo jornal Correio Paulistano por ocasião da vista do escoteiro potiguar ra redação do referido jornal. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário