quinta-feira, 13 de maio de 2021

O COMÉRCIO EM TAIPU


         A atividade comercial é fator de desenvolvimento de toda localidade, mesmo que ela tenha surgido de atividades agropastoris como foi o caso de Taipu. A atividade comercial em Taipu tem seus primórdios na pequena feira que se realizava na povoação. O registro mais antigo de sua existência remonta a 1877 quando foi citada pelo historiador Manoel Ferreira Nobre em sua obra Breve Noticia sobre a Província do Rio Grande do Norte publicada em 1877, onde escreveu: “Taipu, cinco léguas ao Poente da vila, edificada irregularmente; pouco trato comercial, com uma pequena feira, e exporta algodão e courama” (NOBRE, 1877, p.192).A época  a povoação do Taipu era distrito de Ceará-Mirim.

A feira era realizada embaixo de uma latada onde os habitantes compravam gêneros de primeira necessidade como milho, feijão, farinha, sal, batatas, etc.

       Segundo o que foi publicado num artigo jocoso e irônico sobre o novo município de Taipu por um autor anônimo de Ceará-Mirim publicado no jornal A República havia em Taipu em 1891 uma pequena feira sob uma latada “igual a um ninho de asa-branca, aonde alguns matutos reúnem-se para vender certos gêneros, como sejam milho, feijão, farinha, sal, batatas, etc, porém tudo em tão pequena quantidade, que um freguês dispondo-se a atacar tudo, talvez não ache em que empregar a fabulosa quantia de 100$000 réis” (A REPÚBLICA, 26/09/1891, p.4).

         Ainda de acordo com o citado jornal ao invés de obrigar os vendedores a terem suas medidas aferidas pela municipalidade, ao contrário, a intendência obrigava-os a só vender pelas medidas da mesma intendência.

         O funcionário encarregado de alugar as tais medidas da intendência foi citado pelo referido jornal apenas pelo sobrenome Ferreira, o qual não satisfeito com a medida tomada pela intendência obrigava o matuto a alugar tantas medidas quantas fossem os sacos, ou outras vasilhas em que pusesse a venda os seus produtos, dizia o citado jornal (A REPÚBLICA, 26/09/1891, p.4).

Mercado e feira em Taipu em 1965.

            A primeira propaganda de um estabelecimento comercial foi veiculada no jornal O Nortista no final do século XIX, precisamente em 22/09/1894.

       Trata-se de um anúncio da inauguração de uma padaria em Taipu. Com o titulo 'O Taypú na ponta!' o referido anúncio em tom entusiasmado faz referência a este estabelecimento comercial como um fator de desenvolvimento local e regional, pois diz o texto que as cidades da região como Jardim de Angicos e os distritos de Boa Vista (Taipu), Contador ( atual distrito de Poço Branco) e Baixa Verde ( atual João Câmara, a época distrito de Taipu) seriam beneficiadas com a instalação desta padaria.

         O anúncio e a inauguração do estabelecimento comercial se deu três anos após a emancipação política de Taipu. Em tom ufanista diz o texto: "o Taipu torna-se-á, pois d'ora em diante o centro commercial de maiores vantagens para os consumidores dos produtos de farinha de trigo [...]", assina o texto José Macário Freire, em que paira a dúvida se seria este o proprietário do referido estabelecimento. Obviamente este não foi o primeiro estabelecimento comercial em Taipu, mas foi o primeiro a ser encontrado em registro bibliográfico, o que o torna uma relíquia para a historiografia de Taipu.

Propaganda do jornal O Nortista em 1894.

          Em 1903 seria inaugurado o primeiro mercado da vila de Taipu.

O município despendeu a quantia de 1.600$000 em 1906 com uma casa que servia de mercado público (RELATÓRIO, 1905, p.75-78).

Ainda de acordo com o citado relatório haviam 20 casas comerciais, todas de pequeno giro(RELATÓRIO, 1906, p.40).

No ano de 1909 existiam em Taipu 11 negociantes de fazendas a retalhos sendo eles: Alfredo Edeltrudes de Souza, Candido Ferreira de Miranda, Francisco Correia, João Batista Furtado, João Leite da Fonseca, João Soares da Silva Filho, Joaquim Ferreira Junior, José Soares da Silva, Josino Furtado, Manoel Herodoto de Miranda, Miguel Soares da Silva.

Os negociantes de molhados e miudezas eram igualmente 11, sendo eles: Francisco Bezerra da Silva, Ismael, Mauricio da Silveira, João Gabriel Campos, Joaquim Alves da Rocha, Joaquim Pequeno de Morais, Júlio Leite da Fonseca, Luís Inácio de Melo, Rosendo Leite da Fonseca, Silvino Raposo de Oliveira Câmara, Simplício Ribeiro da Silva, Vicente Ferreira de Paula.

Em profissões diversas estavam ocupados Eduardo Davim (funileiro), Joaquim Damásio (sapateiro), Manoel Ramos de Araújo (pedreiro), Manoel Avelino dos Santos (ferreiro).

         Em 1913 o número de negociantes de fazendas a retalhos se elevou 24 comerciantes.

Em 1926 foi instalada uma agência da Caixa Rural no distrito de Baixa Verde denotando assim a crescente atividade comercial e industrial daquele distrito.Já em 1927 exerciam atividades no comércio, indústrias e profissões diversas Alfredo Edeltrudes de Souza, Antônio Justino de Souza, Francisco Nóbrega Costa, João Câmara & Irmãos, João Gabriel Campos, João Gomes da Costa, Joaquim Rebouças de Oliveira Câmara, Theófilo Furtado.

No ramo de armarinhos, fazendas, ferragens, secos e molhados eram 31 pessoas exercendo tais atividades, sendo: Antônio Gomes, Emília Leite, Fortunato Guedes de Moura, Francisco Nobre da Costa, Francisco Teixeira, Inocêncio Francisco de Barros, Ismael Mauricio da Silveira, Jerônimo Soares da Câmara, João Batista Furtado, João Câmara & Irmãos, João Gomes da Costa, João Inácio de Melo, João Leite da Fonseca, João Soares da Silva Filho, José Gonçalves de Oliveira, José Justino de Souza, José Soares da Silva, Júlio Leite, Luís Gonçalves de Oliveira, Luiz Gomes da Costa, Manuel Leite da Fonseca, Miguel Guedes da Câmara, Paulo Bilro, Pedro Baião, Pedro P. de Souza, Pedro Torquato, Rodrigues & Praxedes, Rosa Miranda Leite, Rosendo Leite da Fonseca, Salustiano da Silva, Sebastião Nunes da Silva.

Nas profissões de carpinteiros e marceneiros 5 pessoas exerciam atividades, sendo eles: José Romualdo Filho, José Romualdo Davi, Manoel Pequeno, Francisco Beraldo, Pedro Pequeno.

Havia ainda 1 ferreiro (Manoel Avelino dos Santos) e 1 fogueteiro, (Marcolino de Oliveira), 3 padarias sendo proprietários: Joaquim Matias de Lima, Minervino Ferreira da Costa e Luiz Gonçalves de Oliveira. Sapateiros eram 3, sendo eles: Antônio Francelino, Cícero Saldanha e  Francisco Regis.

Ao iniciar a década de 1930 o município de Taipu constava do seguinte panorama: havia 10 comerciantes de fazendas e retalhos, 14 comerciantes de molhados. Os profissionais autônomos que havia no município eram: 1 barbeiro, 1 ferreiro 1 funileiro, 1 pedreiro, 1 sapateiro.

De acordo com o Diário de Pernambuco, o Banco do Rio Grande do Norte mantinha uma agência em Taipu em 1935 (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 17/05/1935, p.14).

na década de 1940 segundo Anfilóquio Câmara o comércio local em Taipu não apresentava nenhum desenvolvimento e  limitando-se ao comércio varejista e tendo como produtos vendidos para fora do município algodão, peles e couros e sendo Natal o melhor mercado para escoamento da produção. (CÂMARA, 1943, p.393).

As agências, que havia na capital, do Banco do Brasil, do Banco do Povo e o Banco do Rio Grande do Norte mantinham correspondentes, na cidade de Taipu, para o trato de seus negócios.

Na cidade de Taipu funcionava uma Agência Fiscal, subordinada á Mesa de Rendas Estaduais de Ceará-Mirim. tendo sido por ela, no período de 1937-1941, feitas as seguintes arrecadações para os cofres do Estado:

Ano

Arrecadado

1937

Cr$ 21.768,70

1938

Cr$ 26.842,60

1939

Cr$ 34.632,00

1940

Cr$ 33.238.70

1941

Cr$ 32.547,00

Total

Cr$ 140.249,00

Fonte: Câmara, 1943, p.396.


       Foi na administração do prefeito Luis Gomes da Costa que foi construído o novo mercado na qual         segundo o jornal A Ordem “sob a orientação do ilustre prefeito de Taipu Sr. Luis Gomes da Costa encontra-se em construção um novo mercado para aquela cidade, estando situado em lugar inteligentemente escolhido que é na praça do comércio” (A ORDEM, 12/11/1949, p.6). Os serviços iniciados há pouco tempo achavam-se bastante adiantados, esperando-se está tudo pronto em janeiro de 1950.

 Quanto ao velho mercado uma parte foi cedida para um comerciante local “para melhorar o seu estabelecimento comercial” (A ORDEM, 12/11/1949, p.6) e outra parte seria aproveitada para a construção de um teatro municipal “após cuidadosa reforma a fim de dá mais vida a cidade” (A ORDEM, 12/11/1949, p.6.

Na década de 1950 conforme o IBGE no tocante ao comercio diz a publicação já citada que o mesmo não apresentava um grande desenvolvimento e que exportava na época algodão, couros e peles com destino a Natal. Havia no município 73 estabelecimento comerciais varejistas em 1956 (ENCICLOPÉDIA DOS MUNICIPIOS, 1958, p.166).


A rua lateral do mercado era onde se localizava as principais casas comerciais em Taipu na década de 1950.


Mercado e espaço onde se realiza a feira atualmente.

O mercado de Taipu.



Casa residenciais e comerciais se mesclam atualmente no centro de Taipu.

Fonte:

A REPÚBLICA, 26/09/1891, p.4

Câmara, Anfilóquio. Cenários Municipais (1941/1942).Natal: Oficinas do DEIP, 1943.

IBGE. Enciclopédia Dos Municípios Brasileiros. Rio de Janeiro, 1958.

NOBRE, Manoel Ferreira. Breve Notícia Sobre a Província do Rio Grande do Norte. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1971.

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