A atividade comercial é fator de desenvolvimento de toda localidade, mesmo que ela tenha surgido de atividades agropastoris como foi o caso de Taipu. A atividade comercial em Taipu tem seus primórdios na pequena feira que se realizava na povoação. O registro mais antigo de sua existência remonta a 1877 quando foi citada pelo historiador Manoel Ferreira Nobre em sua obra Breve Noticia sobre a Província do Rio Grande do Norte publicada em 1877, onde escreveu: “Taipu, cinco léguas ao Poente da vila, edificada irregularmente; pouco trato comercial, com uma pequena feira, e exporta algodão e courama” (NOBRE, 1877, p.192).A época a povoação do Taipu era distrito de Ceará-Mirim.
A
feira era realizada embaixo de uma latada onde os habitantes compravam gêneros
de primeira necessidade como milho, feijão, farinha, sal, batatas, etc.
Segundo o que foi publicado num artigo
jocoso e irônico sobre o novo município de Taipu por um autor anônimo de
Ceará-Mirim publicado no jornal A República havia em Taipu em 1891 uma pequena
feira sob uma latada “igual a um ninho de asa-branca, aonde alguns matutos reúnem-se para vender certos gêneros, como sejam milho, feijão, farinha, sal,
batatas, etc, porém tudo em tão pequena quantidade, que um freguês dispondo-se
a atacar tudo, talvez não ache em que empregar a fabulosa quantia de 100$000
réis” (A REPÚBLICA, 26/09/1891, p.4).
Ainda de acordo com o citado jornal ao
invés de obrigar os vendedores a terem suas medidas aferidas pela
municipalidade, ao contrário, a intendência obrigava-os a só vender pelas
medidas da mesma intendência.
O funcionário encarregado de alugar as
tais medidas da intendência foi citado pelo referido jornal apenas pelo
sobrenome Ferreira, o qual não satisfeito com a medida tomada pela intendência
obrigava o matuto a alugar tantas medidas quantas fossem os sacos, ou outras
vasilhas em que pusesse a venda os seus produtos, dizia o citado jornal (A
REPÚBLICA, 26/09/1891, p.4).
Mercado e feira em Taipu em 1965. |
A primeira propaganda
de um estabelecimento comercial foi veiculada no jornal O Nortista no final do
século XIX, precisamente em 22/09/1894.
Trata-se de um anúncio da inauguração de uma padaria em Taipu. Com o titulo 'O Taypú na ponta!' o referido anúncio em tom entusiasmado faz referência a este estabelecimento comercial como um fator de desenvolvimento local e regional, pois diz o texto que as cidades da região como Jardim de Angicos e os distritos de Boa Vista (Taipu), Contador ( atual distrito de Poço Branco) e Baixa Verde ( atual João Câmara, a época distrito de Taipu) seriam beneficiadas com a instalação desta padaria.
O anúncio e a inauguração do estabelecimento comercial se deu três anos após a emancipação política de Taipu. Em tom ufanista diz o texto: "o Taipu torna-se-á, pois d'ora em diante o centro commercial de maiores vantagens para os consumidores dos produtos de farinha de trigo [...]", assina o texto José Macário Freire, em que paira a dúvida se seria este o proprietário do referido estabelecimento. Obviamente este não foi o primeiro estabelecimento comercial em Taipu, mas foi o primeiro a ser encontrado em registro bibliográfico, o que o torna uma relíquia para a historiografia de Taipu.
Em 1903 seria inaugurado o primeiro
mercado da vila de Taipu.
O
município despendeu a quantia de 1.600$000 em 1906 com uma casa que servia de
mercado público (RELATÓRIO, 1905, p.75-78).
Ainda
de acordo com o citado relatório haviam 20 casas comerciais, todas de pequeno
giro(RELATÓRIO, 1906, p.40).
No ano
de 1909 existiam em Taipu 11 negociantes de fazendas a retalhos sendo eles:
Alfredo Edeltrudes de Souza, Candido Ferreira de Miranda, Francisco Correia,
João Batista Furtado, João Leite da Fonseca, João Soares da Silva Filho,
Joaquim Ferreira Junior, José Soares da Silva, Josino Furtado, Manoel Herodoto
de Miranda, Miguel Soares da Silva.
Os negociantes
de molhados e miudezas eram igualmente 11, sendo eles: Francisco Bezerra da
Silva, Ismael, Mauricio da Silveira, João Gabriel Campos, Joaquim Alves da
Rocha, Joaquim Pequeno de Morais, Júlio Leite da Fonseca, Luís Inácio de Melo,
Rosendo Leite da Fonseca, Silvino Raposo de Oliveira Câmara, Simplício Ribeiro
da Silva, Vicente Ferreira de Paula.
Em
profissões diversas estavam ocupados Eduardo Davim (funileiro), Joaquim Damásio
(sapateiro), Manoel Ramos de Araújo (pedreiro), Manoel Avelino dos Santos (ferreiro).
Em 1913 o número de negociantes de
fazendas a retalhos se elevou 24 comerciantes.
Em 1926
foi instalada uma agência da Caixa Rural no distrito de Baixa Verde denotando
assim a crescente atividade comercial e industrial daquele distrito.Já em 1927
exerciam atividades no comércio, indústrias e profissões diversas Alfredo
Edeltrudes de Souza, Antônio Justino de Souza, Francisco Nóbrega Costa, João
Câmara & Irmãos, João Gabriel Campos, João Gomes da Costa, Joaquim Rebouças
de Oliveira Câmara, Theófilo Furtado.
No
ramo de armarinhos, fazendas, ferragens, secos e molhados eram 31 pessoas exercendo
tais atividades, sendo: Antônio Gomes, Emília Leite, Fortunato Guedes de Moura,
Francisco Nobre da Costa, Francisco Teixeira, Inocêncio Francisco de Barros,
Ismael Mauricio da Silveira, Jerônimo Soares da Câmara, João Batista Furtado,
João Câmara & Irmãos, João Gomes da Costa, João Inácio de Melo, João Leite
da Fonseca, João Soares da Silva Filho, José Gonçalves de Oliveira, José
Justino de Souza, José Soares da Silva, Júlio Leite, Luís Gonçalves de
Oliveira, Luiz Gomes da Costa, Manuel Leite da Fonseca, Miguel Guedes da
Câmara, Paulo Bilro, Pedro Baião, Pedro P. de Souza, Pedro Torquato, Rodrigues
& Praxedes, Rosa Miranda Leite, Rosendo Leite da Fonseca, Salustiano da
Silva, Sebastião Nunes da Silva.
Nas
profissões de carpinteiros e marceneiros 5 pessoas exerciam atividades, sendo
eles: José Romualdo Filho, José Romualdo Davi, Manoel Pequeno, Francisco
Beraldo, Pedro Pequeno.
Havia
ainda 1 ferreiro (Manoel Avelino dos Santos) e 1 fogueteiro, (Marcolino de
Oliveira), 3 padarias sendo proprietários: Joaquim Matias de Lima, Minervino
Ferreira da Costa e Luiz Gonçalves de Oliveira. Sapateiros eram 3, sendo eles: Antônio
Francelino, Cícero Saldanha e Francisco
Regis.
Ao
iniciar a década de 1930 o município de Taipu constava do seguinte panorama: havia
10 comerciantes de fazendas e retalhos, 14 comerciantes de molhados. Os
profissionais autônomos que havia no município eram: 1 barbeiro, 1 ferreiro 1
funileiro, 1 pedreiro, 1 sapateiro.
De
acordo com o Diário de Pernambuco, o Banco do Rio Grande do Norte mantinha uma
agência em Taipu em 1935 (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 17/05/1935, p.14).
na
década de 1940 segundo Anfilóquio Câmara o comércio local em Taipu não
apresentava nenhum desenvolvimento e limitando-se
ao comércio varejista e tendo como produtos vendidos para fora do município
algodão, peles e couros e sendo Natal o melhor mercado para escoamento da
produção. (CÂMARA, 1943, p.393).
As agências,
que havia na capital, do Banco do Brasil, do Banco do Povo e o Banco do Rio
Grande do Norte mantinham correspondentes, na cidade de Taipu, para o trato de
seus negócios.
Na
cidade de Taipu funcionava uma Agência Fiscal, subordinada á Mesa de Rendas
Estaduais de Ceará-Mirim. tendo sido por ela, no período de 1937-1941, feitas
as seguintes arrecadações para os cofres do Estado:
Ano |
Arrecadado |
1937 |
Cr$ 21.768,70 |
1938 |
Cr$ 26.842,60 |
1939 |
Cr$ 34.632,00 |
1940 |
Cr$ 33.238.70 |
1941 |
Cr$ 32.547,00 |
Total |
Cr$ 140.249,00 |
Foi na
administração do prefeito Luis Gomes da Costa que foi construído o novo mercado
na qual segundo o jornal A Ordem
“sob a orientação do ilustre prefeito de Taipu Sr. Luis Gomes da Costa
encontra-se em construção um novo mercado para aquela cidade, estando situado
em lugar inteligentemente escolhido que é na praça do comércio” (A ORDEM,
12/11/1949, p.6). Os serviços iniciados há pouco tempo achavam-se bastante
adiantados, esperando-se está tudo pronto em janeiro de 1950.
Quanto ao velho mercado uma parte foi cedida
para um comerciante local “para melhorar o seu estabelecimento comercial” (A
ORDEM, 12/11/1949, p.6) e outra parte seria aproveitada para a construção de um
teatro municipal “após cuidadosa reforma a fim de dá mais vida a cidade” (A
ORDEM, 12/11/1949, p.6.
Na
década de 1950 conforme o IBGE no tocante ao comercio diz a publicação já
citada que o mesmo não apresentava um grande desenvolvimento e que exportava na
época algodão, couros e peles com destino a Natal. Havia no município 73
estabelecimento comerciais varejistas em 1956 (ENCICLOPÉDIA DOS MUNICIPIOS, 1958,
p.166).
A rua lateral do mercado era onde se localizava as principais casas comerciais em Taipu na década de 1950. |
Mercado e espaço onde se realiza a feira atualmente. |
O mercado de Taipu. |
Casa residenciais e comerciais se mesclam atualmente no centro de Taipu. |
Fonte:
A REPÚBLICA,
26/09/1891, p.4
Câmara, Anfilóquio. Cenários
Municipais (1941/1942).Natal: Oficinas do DEIP, 1943.
IBGE. Enciclopédia Dos
Municípios Brasileiros. Rio de Janeiro, 1958.
NOBRE, Manoel
Ferreira. Breve Notícia Sobre a Província do Rio Grande do Norte. 2ª edição. Rio
de Janeiro: Editora Pongetti, 1971.
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