Continuando a série de postagens sobre os municípios da região do Mato Grande eis algumas notas sobre Rio do Fogo, que apesar de ser um dos mais recentes municípios criados no Estado tem uma vasta história a ser contada.
Aspecto da praça central de Rio do Fogo.
A povoação de Rio do Fogo era uma das povoações marítimas do município de Touros e citada já com esse adjetivo em 1896 nos relatórios do governo do Estado.(MESAGEM DO GOVERNADOR PARA ASSEMBLEIA, 1896, p.86).
A colônia Z-3
A Colônia de Pescadores Z-3 denominada Comandante Frederico Vilar estava situada em Rio do Fogo, sendo uma organização que cuidava dos interesses dos pescadores daquela localidade. Abrangia toda a costa desde a ponta da Gameleira até a margem esquerda do Rio do Fogo.
Em 1922 a Colônia Z-3 possuía elevado número de colonos e mantinha duas escolas primárias, sendo uma em Rio do Fogo, sede da colônia e outra em Zumbi (A VOZ DO MAR, 1922, p.8).
Em 01/10/1924 foram criadas as escolas com a denominação de Comandante Gumercindo Loretti e Dr. José Augusto, sendo uma na sede e outra na praia de Perobas ( A VOZ DO MAR, 1924, p.17).
Em 1929 a Colônia Z-3 já é citada com a denominação de Comandante Nereu Correa ( A VOZ DO MAR, 1929, p.31).
Na área de abrangência da Colônia Z-3 haviam riquíssimas lagoas que eram verdadeiros viveiros de espécies das mais variadas e apreciadas, entretanto, não eram exploradas de forma proveitosa por falta de aparelhos aperfeiçoados que pudessem melhorar a pesca e a renda vinda dela.
Os pescadores eram geralmente muito pobres e não contavam com qualquer especie de apoio para adquirir material necessário a pesca praticando assim uma pesca rudimentar, incapaz de produzir uma melhora na situação em que se encontravam.
A grande lagoa do Fogo estava povoada de peixes dos mais valiosos, porém, sem ser explorada convenientemente por causa de sua grande profundidade e falta de aparelhamento por parte dos pescadores.
A sua safra de pescado consistia em garajuba, ariacó, carauna e pescaria de peixe de alo mar.
A Colônia Z-3 era uma das que possuía curral de apanhar peixes que fazia boa safra de xeréu e outros peixes.
Segundo a revista A Voz do Mar em 1937 Mantinha 3 escolas para os filhos de pescadores e a sede dessa colônia estava em construção e era uma das melhores que existia no litoral do Estado, sendo constituída por 220 pescadores ( A VOZ DO MAR, 1937, p.16).
Em 1940 foi reaberta a escola noturna Joaquim Terra da Costa mantida pela Colônia Z-3 sob a regência da professora Joana de Souza Ribeiro (A VOZ DO MAR, 1940, p.18).
Em 1941 a Colônia Z-3 Frederico Vilar passou por uma reorganização em assembleia presidida pelo presidente da Federação Estadual de Pescadores foi eleita a seguinte diretoria: Luiz Joaquim do Nascimento, presidente, Juvenal Gabriel, secretário e Manoel Monteiro, tesoureiro ( A VOZ DO MAR, 1941, p.15).
Não tenho conhecimento se a referida colônia de pescadores ainda existe e com a mesma finalidade, no entanto, o fato de sua existência evidência a organização da classe dos pescadores assim como a assistência social aos filhos dos pescadores sobretudo pela existência das escolas que mantinha que foram uma das escolas mais antigas do povoado de Rio do Fogo.
Subdelegado
Em 22/02/1936 Miguel Gomes Ribeiro assumiu as funções de subdelegado do distrito policial de Rio do Fogo (A ORDEM, 22/02/1936, p.3).
Em 07/06/1950 foi nomeado Eliseu Gomes Ribeiro como subdelegado de Rio do Fogo ( DIÁRIO DE NATAL, 07/061950, p.6).
O cartório de registro civil
Em 1934, de acordo com a lei de organização judiciária do Estado foi criado o oficio de registro civil de nascimentos e óbitos na povoação de Rio do Fogo ( DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 16/09/1934, p.2).
Em 26/11/1938 foi suprimido o cartório de registro civil de nascimento e óbitos na povoação de Rio do Fogo tendo sido o mesmo transferido para a povoação de Pureza ( A ORDEM, 26/11/1938, p.1).
Professoras
Em 22/01/1939 a professora Raquel Fatalia de Paiva foi nomeada para a Escola Isolada de Rio do Fogo ( A ORDEM, 22/01/1939, p.4) a mesma pediu exoneração em 21/03/1939 tendo sido nomeada para substituí-la a professora diplomada Zilda Barbosa Lima ( A ORDEM, 25/03/1939, p.1).
Em 1940 exercia a professora Franscisquinha Ribeiro exercia a função na escola Rudimentar de Rio do Fogo ( A ORDEM, 03/08/1940, p.4).
No mesmo ano foi nomeada efetivamente a professora diplomada de 4ª classe Noemi Barbosa Lima para exercer a função na Escola Isolada de Rio do Fogo (A ORDEM, 09/02/1940, p.4) tendo sido removida a pedido para a escola do Campo de Sementes de Sacramento em Santana do Matos em 18/03/1940.
Sobre a capela
Em 1941 o Pe. Bianor Aranha, vigário de Touros, esteve em visita a capela de Rio do Fogo onde na oportunidade presidiu cerimônia da 1ª comunhão para 30 crianças que foram instruída pela senhorinha Francisquinha Ribeiro, "alma cheia de fé e de virtudes cristãs" (A ORDEM, 07/08/1941, p.2).
A comissão das festas e conservação da capela era composto por Eliseu Ribeiro, José Monteiro de Souza, Antônio Sótero Galvão, José Gaspar de Oliveira, Miguel Gomes de Oliveira, Miguel Gomes Ribeiro, Luís Ciriaco da Cunha, Francisco Alves da Costa, José Celestino de Andrade e Severino Eugenio.
Era a catequista da comunidade Ester Ciriaco da Cunha.
As missões de Frei Damião
Entre 20 e 22/06/1947 o missionário capuchinho Frei Damião esteve realizando santas missões em Rio do Fogo e de acordo com o jornal A Ordem a povoação em peso acorreu pressurosa ao encontro do frade que estava sendo esperado para chegar ali em 20/06/1947.
As ruas apresentaram festivo aspecto de ornamentação com bandeirinhas, e arcadas. Na arcada principal, onde deveria entrar o missionário lia-se a inscrição " SALVE FREI DAMIÃO - mensageiro de Deus junto ao povo católico".
As 15h00 , ao espocar de foguetões e sobre o delírio dos fiéis, deu entrada na povoação o capuchinho que veio acompanhado do Pe. Antônio Antas, vigário de Touros.
Ao penetrar Frei Damião a primeira arcada recebeu em nome do povo de Rio do Fogo, o sr. José Porto Filho que falou da satisfação de todos desde quando fora anunciado a visita do missionário à aquela localidade. Durante os três dias em que permaneceu em Rio do Fogo, Frei Damião ministrou confissões, crismas, batizados e casamentos, tendo sido de acordo com o jornal A Ordem uma festa espiritual, notando-se o enorme desejo do povo conhecer de perto o frade capuchinho, cujas mãos eram avidamente beijadas.
Para a recepção do missionário em apreço foi criada uma comissão composta por Eliseu Gomes Ribeiro, José Teixeira e José Monteiro, fiando Frei Damião hospedado na casa deste último.
Segundo o relato publicado no jornal A Ordem o povo em massa, num verdadeiro sentimento de fé religiosa cercou o o frade de indesejável carinho, ouvindo-o contritamente com muita obediência.
Foi assim até o último dia das missões quando depois da procissão e benção teve que partir Frei Damião para Maracajaú onde estava sendo esperado também ali.
Nessa ocasião a grande massa de povo cercou o frade como que impedindo de sair confundindo-se o delírio com tristeza. Os fieis atropelavam-se uns aos outros ao beijarem a mão de Frei Damião, que aos poucos pode atravessar a multidão até tomar a charrete que o conduziu a Maracajaú.
Ainda de acordo com o o citado jornal foi um espetáculo comovente visto nesse momento onde todos ficaram agrupados na praia seguiram com o olhar uns e ouros saíram correndo atrás da charrete que conduzia o frade para ficando mudos e estáticos quem momento antes exteriorizava alegria e satisfação.
Ao retornar de Touros em 27/06/1947 Frei Damião passou por Rio do Fogo onde recebeu grande manifestação dos habitantes da povoação, tendo parte do povo acompanhado o povo em que seguia o missionário capuchinho "restando uma pungente saudade de tudo quanto assistimos durante os dias das Santas Missões em Rio do Fogo" ( A ORDEM, 03/07/1947, p.2).
A estrada de Santa Luzia a Rio do Fogo
Foto: O Poti,23/09/1962, p.2. |
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