domingo, 15 de agosto de 2021

NOTAS SOBRE O MUNICÍPIO DE MAXARANGUAPE


O município de Maxaranguape é um dos que integra a região do Mato Grande. Eis a seguir algumas notas que contribuem para a memória do lugar.

Igreja matriz de Maxaranguape. Foto: Francisco Ferreira.

Primórdios

Dos primórdios de sua origem consta que as terras da sesmaria, existente às margens do rio Moxurungoapé, foram concedidas, em 14/09/1666 ao Governador João Fernandes Vieira; representado, no ato, pelo Vigário de Natal, Padre Leonardo Tavares de Melo.

Em 1832, já existia a pequena povoação habitada por pescadores, possuindo uma capela, em honra a Nossa Senhora da Conceição; escolas e casas de veraneio dos senhores de engenho de Ceará-Mirim.

Com a grande estiagem, ocorrida nos anos de 1877 a 1879, recebeu grande número de sertanejo, que aí chegaram à procura de trabalho, atraídos pelo vale fértil, conhecido, inicialmente, por Boixununguape, banhado pelo rio Perene, que desemboca no Atlântico, no lugar chamado Barra de Maxaranguape, primeiro nome do município.

Em 1891 o jornal A República registrou que o governador havia assinado a nomeação de Félix José de Oliveira para exercer o cargo de subdelegado do distrito policial de Maxaranguape (A REPÚBLICA, 03/03/1891, p.1).

A povoação de Maxaranguape era uma das várias povoações marítimas do município de Touros e já era citada com essa denominação em 1896 nos relatórios do governo do Estado ( MENSAGEM DO GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO NORTE PARA A ASSEMBLEIA, 1896, p.86).

Em 1896 o distrito policial de Maxaranguape estava constituído por José Antônio de Paiva Câmara, subdelegado, Joaquim Teixeira da Costa Barbosa, Martinho Teixeira da Silva e Manoel de Goés de Vasconcelos Borba, 1º, 2ºe 3º suplentes, respectivamente (MENSAGEM DO GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO NORTE PARA A ASSEMBLEIA, 1896, p.200).

Em 1907 o jornal A República já mencionava Maxaranguape com o qualificativo de povoação (A REPÚBLICA, 17/08/1907, p1).Em 1913 o Almanaque Laemmert cita a povoação de Barra de Maxaranguape (ALMANAQUE LAEMMERT , 1913, p.91).

        A escola primária de Maxaranguape foi criada em 1922.

A colônia de pescadores de Maxaranguape

A Colônia Z-15 com sede em Maxaranguape compreendia toda a costa desde a margem direita do Rio do Fogo até as duas margens do rio Maxaranguape.

Em 1924 havia em Maxaranguape a Colônia de Pescadores Z-15 denominada Almirante Thedim, nela funcionava a Escola Mista Tenente Eugênio Possolo tendo como professor Gregório da Silva Neto (A VOZ DO MAR, 1924, p.18).A escola contava com a frequência de 40 alunos dos quais  26 meninos e 18 meninas.

Já em 1937 a Colônia Z-15 situada em Maxaranguape mantinha duas escolas para filhos de pescadores, sendo constituída pelo número de 189 pescadores matriculados, essa colônia não estava completamente desorganizada, mas os pescadores não tinham pago as mensalidades à federação estadual de pescadores, em virtude de ter sido uma das colônias mais assoladas pela febre palustre ( A VOZ DO MAR, 1937, p.).

Em 1938 foi solicitada da Confederação Geral à Federação do Estado, informações urgentes sobre a desorganização em qe se encontrava a Colônia de Pescadores Z-15, de Barra de Maxaranguape, e determinando que fosse tomadas as providências necessárias para a normalização da situação da citada Colônia ,de acordo com os estatutos ( AVOZ DO MAR, 1938, p.21).

O grupo de escoteiros do mar

Em 1935 a Associação de Escoteiros do Mar em Natal estava em preparação para instalar um grupo de escoteiros em Barra de Maxaranguape, iniciando assim um vasto programa de propaganda e educação ao longo do litoral do Estado (A ORDEM, 15/10/1935, p.2).

A fixação da dunas

Em 1939 o Departamento de Portos e Canais iniciou os trabalhos de fixação das dunas em Barra de Maxaranguape que era um dos grandes problemas que atingia a vila. Nas dunas que chegavam até 38 metros foram colocadas plantas rasteiras para conter o avanço pelo vento, também foi aberto o canal que ia até o mar dando vazão as águas estagnadas (DIÁRIO CARIOCA, 31/05/1939, p.5).

Fotos: Diário Carioca,  31/05/1939, p.5.

        As imagens a cima publicadas no jornal Diário Carioca mostram os trabalho de fixação das dunas em Maxaranguape.

Festa da padroeira

A padroeira da vila de Maxaranguape é Nossa Senhora da Conceição e como a data é uma solenidade fixa na Igreja Católica seu dia é celebrada em 08 de dezembro.

Sobre a festa da padroeira em Maxaranguape há o registro de sua realização em 1936 pelo jornal A Ordem.

De acordo com o referido o jornal a festa em Maxaranguape foi foi precedida de um novenário rezado com piedade pelos fiéis, na véspera da festa chegou a vila o cônego Luís Adolfo acompanhado do seminarista Paulo Bezerra onde rezou solenemente a última novena, falando por esta ocasião ao povo sobre seus deveres para com Deus.

Foi preparado grande número de pessoas para receber a comunhão, no dia 08/12, as 07h00 foi celebrada a primeira missa com cânticos e comunhão e a segunda as 09h00, cantada, prática (sermão) comunhão, ainda, uma vez, ficando a capelinha cheia e nas suas adjacências.

A tarde foi realizada a procissão com cânticos, ladainha, prática e beija da imagem da Virgem da Conceição.

O cônego Luís Adolfo foi acolhido pelo casal Chandú Câmara e sua esposa Mermezilda Câmara.

No dia seguinte houve ainda missa pela manhã, com numerosa assistência, sendo ainda distribuída a comunhão a diversas pessoas.

Os cânticos esteve a cargo do professor local  Germano, que esteve a cima da expectativa, sendo o mesmo auxiliado por várias moças da comunidade.

Concluindo o relato sobre a festa da padroeira de Maxaranguape escreveu o citado jornal " nossos parabéns ao povo de Maxaranguape pela sua piedade e grande devoção a S.S Virgem da Conceição" ( A ORDEM, 13/12/1936, p.2).

       A comissão permanente das festas e conservação da capela era composta por Manoel Custódio de Jesus, José Francisco do Nascimento, Elpidio Pedro de Alcântara, João Custódio de Jesus, Joaquim Henrique Borges, Manoel Ezequiel Ferreira ( A ORDEM, 17/10/1941, p.2).

Professores

Em 14/06/1943 foi nomeada a professora diplomada Ceci de França Varela para exercer o cargo de professora de 4ª classe, vago em virtude da promoção do professor Manoel Leonardo Nogueira, ficando a  mesma lotada na Escola Isolada de Barra de Maxaranguape ( A ORDEM, 14/06/1943, p.2).

Em 1950 é citado o professor Germando Gregório da Silva Neto como professor primário da Escola Isolada de Barra de Maxaranguape (DIÁRIO DE NATAL, 07/02/1950, p.4).

Subdelegado

Em 04/08/1948 foi nomeado Francisco Balbino como subdelegado de Barra de Maxaranguape (A ORDEM, 04/08/1948, p.4).

Formação Administrativa

Em 1943 passa a ser denominada Barra de Maxaranguape para diferenciar-se de Vila de Maxaranguape, ex Pureza, no mesmo município de Touros. A alteração toponímica distrital de Barra de Maxaranguape para simplesmente Maxaranguape ocorreu pela lei estadual nº 2329, de 17/12/1958.

O Distrito foi criado com a denominação de Barra de Maxaranguape ex-povoado, pela lei estadual nº 884, de 12/11/1953, subordinado ao município de Touros.

A elevação à categoria de município com a denominação de Maxaranguape ocorreu pela lei estadual nº 2329, de 17/12/1958, desmembrado de Touros com sede no  distrito de Maxaranguape, ex-povoado de Barra de Maxaranguape.

Em divisão territorial datada de 01/07/1960, o município de Maxaranguape estava constituído do distrito sede, assim permanecendo em divisão territorial presentemente

Primeiro prefeito

O primeiro prefeito de Maxaranguape foi João Cândido Rodrigues, nomeado pelo governador no ato de criação do município, o qual tomou posse em 29/01/1959 no cargo após a instalação do município pelo juiz de direito da 14ª zona eleitoral de Touros ( DIÁRIO DE NATAL, 08/02/1959, p.6).

Demografia

Em 1962 o município contava com 6.311 habitantes e 1.298 eleitores (DIÁRIO DE NATAL, 05/10/1962, p.5).Esse é o primeiro levantamento oficial da população de Maxaranguape após a criação do município.

Poço tubular

      Em 17/07/1962 foi concluído pelo governo do estado a construção do poço tubular de Barra de Maxaranguape em cooperação com o Serviço Especial de Saúde Pública-SESP(DIÁRIO DE NATAL, 17/07/1962, p.2).

Prefeito cassado 

Em 14/04/1964 o prefeito de Maxaranguape João Francisco Gregório teve seu mandato cassado pela Câmara de Vereadores sob a acusação de ter sido comunista (DIÁRIO DE NATAL, 14/04/1964, p.4).

Eleição de 1965

Em 1965 contando 1.863 eleitores concorreram a eleição em Maxaranguape Brígido Ferreira Pinto (PSD) e Luís Gonzaga Varela Cavalcanti (UDN) para prefeito e Severino Guedes (PSD) e Manoel Francisco Filho (UDN)para o cargo de vice-prefeito, tendo sido eleitos Brígido Ferreira Pinto e Severino Guedes, prefeito e vice, respectivamente ( DIÁRIO DE NATAL, 06/02/1965, p.4).


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