Em 03 Agosto de 1910 foi a vez do
Governador Alberto Maranhão e comitiva fazer uma excursão de inspeção aos
trabalhos de construção da EFCRGN no trecho entre Taipu e Baixa Verde que
segundo o jornal A República "foi uma excelente e útil excursão a visita
realizada ontem pelo Exmo. Governador do Estado e muitos cavalheiros de nossa
sociedade, altos funcionários, comerciante, industriais, etc., aos trabalhos da
Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, a convite da empresa
construtora J. Proença” ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
A época a EFCRGN estava sob concessão da empresa João Proença & Cia que ficou encarregada de construir o trecho entre Taipu e Caicó.
Governador Alberto Maranhão
O trem especial da EFCRGN partiu da estação
da Coroa em Natal as 06h30 da manhã, partiu, conduzindo, o governador Alberto Maranhão e
demais convidados.
Na estação de Ceará-Mirim incorporou-se
a comitiva o intendente daquele município Felismino Dantas entre outros.
Descrevendo a paisagem
O jornalista
d’ A República presente na comitiva fez a seguinte descrição da paisagem ( A REPÚBLICA, 04 Agosto
de 1910):
O tempo amanhecera chuvoso, mas foi
melhorando pouco a pouco, permitindo aos excursionistas admirarem as numerosas
obras de arte realizadas em toda a linha e as paisagens por vezes bem
pitorescas e atraentes que descortinam como a lagoa de Estremoz, o verdejante e
imenso vale do Ceará-Mirim, as ondulações do terreno pontilhado das manchas
verdes e amarelas de algodão farto ou adornas com leques graciosos de
carnaubais fugidios.
E assim, na mais agradável convivência,
teve a comitiva ocasião de verificar, de perto, o valor da nossa estrada de
ferro de penetração, a legítima esperança dos nossos sertões combutos pela
seca, em via de realizar-se totalmente.
Na estação
de Ceará-Mirim, fez-se a substituição da locomotiva que até então conduzira o
trem, por uma nova, denominada ‘Alberto Maranhão’ e segundo A República “assim
batizada em gentil homenagem ao nosso eminente Chefe” ( A REPÚBLICA, 04 Agosto
de 1910).
O jornal
A República aproveitou a ocasião (talvez a pedido do engenheiro chefe da
EFCRGN) para fazer uma propaganda da referida ferrovia. Ei-la ( A REPÚBLICA, 04
Agosto de 1910).
A
[ locomotiva ] Alberto Maranhão é uma das seis poderosas máquinas ultimamente
adquiridas pela Empresa para ativar o tráfego. Tem o peso em ordem de marcha de
58 toneladas e pode arrastar um comboio com capacidade máxima de 170 toneladas.
Locomotivas
de grande força exige trilhos mais resistentes do que os assentados em grande
extensão do leito, motivo pelo qual estão sendo estes substituídos urgentemente.
A
Estrada já tem, construído cerca de 77 km , 22 dos quais, do Ceará-Mirim ao fim
da linha, com trilhos novos.
Uma admirável obra de arte
Além
de Taipu, parou o trem para uma visita a ponte sobre o rio Ceará-Mirim, entre
os km 56 e 58.Esta é uma admirável obra de arte, sólida e perfeita, de 150
metros de cumprimento e 5 pilares de pedra separados por 30 metros.
Apenas um destes, o central, está ainda
por acabar. Informa-nos, porém, o Dr. Décio Fonseca, de que em setembro estará
terminado e será feita a inauguração de uma nova estação com o tráfego sobre a
ponte. ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
A ponte do Umari
A ponte estava sendo construída 4 km
adiante da vila de Taipu, no atual distrito do Umari.
Outros trabalhos
Havia ainda, segundo o referido jornal,
ao longo da via, muitos trabalhos, de menos vulto, mas de real importância, que
atestam a competência dos ilustres engenheiros que os construíram, pontões,
barragens, cortes, um deles de 10 metros e 3 açudes de avultadas capacidade ( A
REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
Cerca de 11h30, chegou o trem a ponta
dos trilhos, além de Baixa Verde, e onde fora servido, ao meio dia no lugar
Melancias, no interior de um dos carros, o almoço, que, anunciado como modesta
refeição, foi um opiparo banquete de finas iguarias, regado de gêneros e
vinhos. (A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
Ao
champagne, saudou a Empresa o dr. Alberto Maranhão, pondo em destaque os inestimáveis
serviços por ela prestados ao Rio Grande
do Norte.Seguiu-se outros brindes e discursos. (A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
O
trem regressou a Natal, chegando a estação da Coroa as 16h30.
A ponte do Umari
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