quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

A VISITA DO GOVERNADOR AS OBRAS DA EFCRGN EM TAIPU



        Em 03 Agosto de 1910 foi a vez do Governador Alberto Maranhão e comitiva fazer uma excursão de inspeção aos trabalhos de construção da EFCRGN no trecho entre Taipu e Baixa Verde que segundo o jornal A República "foi uma excelente e útil excursão a visita realizada ontem pelo Exmo. Governador do Estado e muitos cavalheiros de nossa sociedade, altos funcionários, comerciante, industriais, etc., aos trabalhos da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, a convite da empresa construtora J. Proença” ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
        A época a EFCRGN estava sob concessão da empresa João Proença & Cia que ficou encarregada de construir o trecho entre Taipu e Caicó.
                                Governador Alberto Maranhão

        O trem especial da EFCRGN partiu da estação da Coroa em Natal as 06h30 da manhã, partiu, conduzindo, o governador Alberto Maranhão e demais convidados.
      Na estação de Ceará-Mirim incorporou-se a comitiva o intendente daquele município Felismino Dantas entre outros.

Descrevendo a paisagem
         O jornalista d’ A República presente na comitiva fez a seguinte  descrição da paisagem ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910):
         O tempo amanhecera chuvoso, mas foi melhorando pouco a pouco, permitindo aos excursionistas admirarem as numerosas obras de arte realizadas em toda a linha e as paisagens por vezes bem pitorescas e atraentes que descortinam como a lagoa de Estremoz, o verdejante e imenso vale do Ceará-Mirim, as ondulações do terreno pontilhado das manchas verdes e amarelas de algodão farto ou adornas com leques graciosos de carnaubais fugidios.
         E assim, na mais agradável convivência, teve a comitiva ocasião de verificar, de perto, o valor da nossa estrada de ferro de penetração, a legítima esperança dos nossos sertões combutos pela seca, em via de realizar-se totalmente.
Na estação de Ceará-Mirim, fez-se a substituição da locomotiva que até então conduzira o trem, por uma nova, denominada ‘Alberto Maranhão’ e segundo A República “assim batizada em gentil homenagem ao nosso eminente Chefe” ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).

Propaganda da EFCRGN
         O jornal A República aproveitou a ocasião (talvez a pedido do engenheiro chefe da EFCRGN) para fazer uma propaganda da referida ferrovia. Ei-la ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
A [ locomotiva ] Alberto Maranhão é uma das seis poderosas máquinas ultimamente adquiridas pela Empresa para ativar o tráfego. Tem o peso em ordem de marcha de 58 toneladas e pode arrastar um comboio com capacidade máxima de 170 toneladas.
      Locomotivas de grande força exige trilhos mais resistentes do que os assentados em grande extensão do leito, motivo pelo qual estão sendo estes substituídos urgentemente.
A Estrada já tem, construído cerca de 77 km , 22 dos quais, do Ceará-Mirim ao fim da linha, com trilhos novos.

Uma  admirável obra de arte
Além de Taipu, parou o trem para uma visita a ponte sobre o rio Ceará-Mirim, entre os km 56 e 58.Esta é uma admirável obra de arte, sólida e perfeita, de 150 metros de cumprimento e 5 pilares de pedra separados por 30 metros.
         Apenas um destes, o central, está ainda por acabar. Informa-nos, porém, o Dr. Décio Fonseca, de que em setembro estará terminado e será feita a inauguração de uma nova estação com o tráfego sobre a ponte. ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
                                   A ponte do Umari 

         A ponte estava sendo construída 4 km adiante da vila de Taipu, no atual distrito do Umari.

Outros trabalhos
         Havia ainda, segundo o referido jornal, ao longo da via, muitos trabalhos, de menos vulto, mas de real importância, que atestam a competência dos ilustres engenheiros que os construíram, pontões, barragens, cortes, um deles de 10 metros e 3 açudes de avultadas capacidade ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
         Cerca de 11h30, chegou o trem a ponta dos trilhos, além de Baixa Verde, e onde fora servido, ao meio dia no lugar Melancias, no interior de um dos carros, o almoço, que, anunciado como modesta refeição, foi um opiparo banquete de finas iguarias, regado de gêneros e vinhos. (A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
Ao champagne, saudou a Empresa o dr. Alberto Maranhão, pondo em destaque os inestimáveis  serviços por ela prestados ao Rio Grande do Norte.Seguiu-se outros brindes e discursos. (A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
O trem regressou a Natal, chegando a estação da Coroa as 16h30.

                                  A ponte do Umari 




Nenhum comentário:

Postar um comentário