domingo, 11 de novembro de 2018

OS CORREIOS AÉREOS NO BRASIL E A FUNDAÇÃO DA COMPAGNIE GENÉRALE AEROPOSTALE



A Compagnie Génerale Aeropostale foi criada para atender uma aproximação comercial mais conveniente entre a Europa e a América, ou seja, a necessidade de ligar mais rapidamente aquele grande centro consumidor aos seus mercados nesta parte do mundo.
A “navegação aérea” como se falava a época era a chave para a solução dos problemas de distância e logística no final da década de 1920  e inicio da década seguinte.
A CGA foi uma empresa de origem francesa não obstante seu caráter internacional. Ela encampou os contratos com a Lignes Aériennes Latecoére e estava também assinando outros contratos que lhe ampliariam sobremaneira seu raio de ação em 1928.
Tais contratos foram feitos com o Brasil, Uruguai, argentina e estavam em vias de negociação o Paraguai e o Chile.
O principal organizador da GGA foi Bouilloux Lafont.
Datavam ainda do período da primeira guerra as preocupações e estudos de Pierre Latecoére grande construtor aéreo, o emprego da aviação nos serviços postais e de transporte.
Foi assim que 2 meses antes do inicio da primeira guerra foi apresentado ao governo da França pelo industrial uma linha aérea para Marrocos, o Senegal e América realizando o serviço até Dakar, não conseguindo porém ir até a América do Sul devido as dificuldades de ordem técnicas e política.Foi então que em 1927 houve a transformação em  Compagnie Génerale d’Enterprises Aeronautiques em Compagnie Génerale Aeropostale com horizontes mais amplos e organização comercial aprimorada.
O capital primitivo que foi de 20 milhões de francos passou para 50 milhões no novo empreendimento.
Desde logo B. Lafont assumiu o controle da nova empresa e passou a se dedicar a solução do problema que tinha em vista, isto é, da ligação aérea da Europa com a América do Sul que foi iniciada oficialmente  com o primeiro correio aéreo internacional que partiu de reciprocamente de Paris e Buenos Aires em 01/03/1928.
A Compangine Génerale Aerpostale organizou os serviços em três linhas: Toulouse-Cabo Verde na antiga linha Latecoére até Dakar  e ligada aquela ilha por hidroaviões.Cabo Verde-Natal por via marítima aproveitando os velozes avisos da Marinha de Guerra cedidos especialmente para essa finalidade e finalmente Natal-Buenos Aires por meio de aviões do tipo Late 25 e 26.Dentro em breve seria posto em uso entre Porto Praia e Dakar, os hidroaviões possantes, o que encurtaria a viagem em 1 dia.em pouco seria também os mesmos aviões trafegariam entre Fernando de Noronha  e Natal.

A baixo tipo de hidroavião Late 24 um dos que se achavam em experiência para a travessia érea transatlântica.
O Malho, 22/09/1928, p.55
            A baixo tipo de avião correio Late 25 utilizado no transporte de malas pela C.G.A .

O Malho, 22/09/1928, p.55

              Bouilloux Lafont o  fundador da C.G.A.
O Malho, 1931, p.13

          A baixo tipo de avião de transporte de passageiros Late 26 que seria utilizado pela C.G.A no Brasil nas linhas nacionais.
O Malho, 22/09/1928, p.55
          A     Sede da  C.G.A no Brasil na avenida Rio Branco, nº 50 no Rio de Janeiro.
O Malho, 22/09/1928, p.55

Na imagem a baixo a chegada do governador Juvenal Lamartine em Mossoró em um avião da C.G.A em 19129.O governador es´ta indicado pela seta.
O Malho,1929,p.81.
Enquanto não se colocava em operação as atividades com os aviões Late 25 e 26 estavam sendo feitas experiências com Laté 24 e outros aviões de grande capacidade de carga e grande raio de ação e em breve seriam substituído por outros melhores tornando o percurso completamente aéreo e que permitiria  fazer comunicações entre Paris e Buenos Aires em 5 dias num total de 12.700 km até então feito em 8 dias pelo processo aero-maritimo.
A travessia regular do Atlântico representava o trecho mais interessante do percurso, pelas grandes dificuldades técnicas encontradas na produção de aviões capazes de levar a efeito e com segurança exigidos pelo comercio internacional de cruzeiros sobre água.
A realização da travessia do Oceano Atlântico pela C.G.A viria marcar o inicio de um novo estágio na aviação particular e comercial.
O trecho sobre o Oceano Atlântico, de Porto Praia, em São Vicente a Fernando de Noronha compreendia um total de 1.260 milhas, ou seja, 2.320 km.
A ligação aérea Paris-Buenos Aires era altamente vantajosa pois o navios mais rápidos conseguiam fazer esse percurso em 14 dias.
A segurança de uma linha área exigia um serie de serviços complementares como oficinas de reparo, campos de aviação organizados (aeroporto), radiotelegrafia e outros. Destes serviços o que tinha atividade permanente era o de radiotelegrafia. As informações indispensáveis s a cada momento, no controle da posição  dos aviões constituía a maior garantia de êxito numa companhia desse tipo e só poderia ser obtido com um serviço perfeitamente organizado.
A C.G.A operacionalizava na linha entre Natal e Pelotas.O fundador  da C.G.A contribuiu ainda para a criação do bairro do Gajaú no Rio de Janeiro que em 1931 já era habitado por 10.000 pessoas além da construção de 1.000 casas populares ( O MALHO, 1931,p.13).

O PRESIDENTE AFONSO PENA NA PARAÍBA



     A seguir algumas imagens da viagem realizada pelo presidente eleito em 1906 Afonso Pena pelo nordeste.Nestas imagens aspectos da viagem pelo estado da Paraíba.
    A baixo na estrada de ferro entre Pernambuco e Paraíba próximo quando Afonso Pena e sua comitiva passavam pela ponte próximo a estação de Itabaiana.
    A ponte oferecia notável perigo, mas nem por isso o presidente e grande parte dos excursionistas perderam a tranquilidade e o ar risonho de quem se sente expansivamente feliz.A travessia da perigosa ponte foi uma boa prova do ânimo do presidente eleito dizia a legenda da foto na revista O Malho.

O Malho,1906, p.19.

     A baixo e
m Cabedelo-PB a matinê a bordo do vapor Maranhão, após o almoço oferecido pelo comandante Pacheco ao monsenhor Walfredo Leal, presidente do estado.Encantadora festa a que compareceram inúmeras famílias.No momento de se tirar a foto dançava-se no tombadilho.
O Malho, 1906, p.46.

        Na imagem seguinte em Cabedelo-PB na ponte de embarque um grupo de senhoras da Paraíba que tomaram parte na matinê a bordo do Maranhão, na extremidade da ponte estavam os jornalistas da comitiva.

O Malho, 1906, p.19.

      Em Cabedelo senhoras, senhoritas e crianças paraibanas, jornalistas da comitiva e outras pessoas gradas, que tomaram parte na matinê a bordo do Maranhão.

O Malho, 1906, p.21.

         Em Cabedelo-PB senhoras, jornalistas da comitiva e vários convidados após a matinê a bordo do Maranhão na plataforma da estação da GWBR. 
O Malho, 1906, p.20.

        Em Cabedelo-PB na ponte de embarque e desembarque sobre a qual se vê o presidente eleito acompanhado de sua comitiva e várias autoridades do estado por ocasião do regresso para bordo do Maranhão.

O Malho, 1906, p.49.

       A legenda dizia que a imagem era na estação de Belém na Paraíba da comitiva presidencial em viagem para Natal, possivelmente seja a estação de Caiçara a quem Belém era distrito na época.
   Na primeira fila sentados: Tenente Aarão Reis, dr. Alvaro Pena, o presidente  Afonso Pena, Dr. Sá Freire, Dr. Álvaro da Silveira e Dr. Utra Vaz.
      Na segunda fila: Miguel de Barros, João Mendes, Paulino Botelho, Rodolfo Azevedo, Dr. Rafael Pinheiro, Paulo Vidal, Alegria Junior, Dr. Gustavo de Melo, Oswaldo Carijó, Lemos  Brito, Ernesto Sena, Dr. Carlos Américo.
      Na terceira fila: Michelet de  Oliveira, Aberlado Tavares, Belisário de Souza Junior, Oliveira Melo, Mário Soares, Arthur Gorgulino e Dr. Cherment. 
        
O Malho, 1906, p.13.

Próximo a estação de Itabaiana em carro de passeio notando o presidente eleito entre os Drs. Aarão Reis e Cherment.Veem-se ainda o dr. Alvaro Pena, filho do presidente,Carlos Américo, Sá Freire, Rafael Pinheiro, da comissão geral da GWBR. Lindolfo de Azevedo, Ernesto Sena, Lemos Brito, Gustavo de Melo, Aberlado Tavares e outros. 
O Malho, 1906, p.31.








O PRESIDENTE AFONSO PENA EM PERNAMBUCO E NA BAHIA


        A seguir mais aspectos da viagem pelo nordeste do presidente eleito Afonso Pena em 1906 que foi fartamente registrada pela imprensa da época.Aqui com destaque para aspectos que tratem do tema da ferrovia.
       Em Ribeirão-PE o trem presidencial da Estrada de Ferro Agrícola pertencente  a Companhia Geral de Melhoramentos de Pernambuco que conduzia o presidente Afonso Pena e a comitiva até a grande usina de Cucau.
O Malho, 1906.
       O presidente Afonso Pena, autoridades, engenheiros, comitiva e o povo juntos as turbinas da Usina Cucau, também pertencente a Companhia de Melhoramentos de Pernambuco.
O malho, 1906.

       A visita a Usina Cucau produziu uma bela impressão no espírito do presidente eleito.Ao almoço que lhe fora oferecido e respondendo ao discurso do Dr. Pereira Lima, diretor da Companhia de Melhoramentos de Pernambuco, o presidente externou a sua admiração por tudo o quanto vira e pediu que continuassem a trabalhar com energia, pois, que a industria açucareira devia merecer o maior auxilio.Falou na necessidade de bancos e sindicatos agrícolas, reconhecendo a necessidade de um cambio estável embora fosse contrário a fixação do cambio.Continuando o discurso pediu o auxilio de todos para que o bem estar do povo fosse um fato real, prometendo por sua parte medidas tendentes a assegurar a valorização da produção agrícola e o trabalho em geral, por meio da facilidade de  transporte.
         Foi enfim uma visita das mais importantes pela ocasião que proporcionou ao futuro presidente.
       Na estação da Colônia-PE da GWBR o presidente Afonso Pena e sua comitiva, sacerdote diretor do colégio e várias autoridades pernambucanas em viagem para a Paraiba.

O Malho, 1906, p.11.
A baixo o presidente Afonso Pena descendo do trem na estação do Catú quando viajava para a cidade de Juazeiro-BA.
O malho, 1906, p.12.

     Em Juazeiro antes de tomarem o trem o presidente Afonso  Pena ao lado Dr. José Marcelino governador da Bahia, Dr. Aarão Reis, autoridades baianas, jornalistas e o povo.
O malho,1906, p.12.







AS RUÍNAS DA ESTAÇÃO DE PORTO FRANCO




O sentimento de nostalgia nos conduz hoje até as ruínas da antiga estação ferroviária de Porto Franco da Estrada de Ferro de Mossoró fazendo um resgate do que restou desse importantíssimo ponto comercial e de transporte durante muitos anos para as cidades de Areia Branca, Grossos e Mossoró. 
A estação de Porto Franco foi inaugurada em 19/03/1915 e estava localizada no km 0 da Estrada de Ferro de Mossoró ligada a aquela cidade em 37 km de ferrovia.A época Porto Franco fazia parte do município de Areia Branca (durante um bom tempo ficou em litígio com Grossos).Era a estação terminal dessa ferrovia para onde convergiam os produtos por ela transportados.
A estrada de Ferro de Mossoró
A estrada de Ferro de Mossoró foi uma ideia do suíço João (Johan) Ulrich Graff, grande comerciante em Mossoró que percebendo as grandes riquezas minerais da região e força comercial de Mossoró obteve do império a concessão para construir a ferrovia em 1875 com todos os privilégios de uso e gozo da mesma, no entanto sua morte não possibilitou o inicio dos trabalhos. Somente em 1910 é que se inicia a construção da ferrovia já como  concessão estadual dada a firma Albuquerque & Cia.
A ferrovia tinha uma anomalia pitoresca em administração até meados da década de 1940.de Porto Franco até Mossoró era controlada pela firma Saboya&Cia e desta em diante foi encampada pelo governo federal como forma de socorrer as vitimas da seca na região.No Rio Grande do Norte os trilhos chegaram até Alexandria e em 1953 chegaram a Souza-PB onde se entroncava com a Rede de Viação Cearense-RCV. A ideia original era que a ferrovia ligasse o litoral ao sertão nordestino atingindo o vale do rio São Francisco em Juazeiro-BA com 700 km de extensão caso viesse a se consolidar a ideia, no entanto a Estrada de Ferro de Mossoró estacionou em pouco mais de 300 km, em território potiguar 280 km.
Se tomada como ferrovia estadual poderíamos também chamá-la de Estrada de Ferro Areia Branca a Alexandria, se tomada do ponto de vista regional pelo nome que é mais conhecida, ou seja, Estrada de Ferro Mossoró-Souza.
Em 1958 foi incorporada a RFFSA condição vigente até inicio da década de 1990 quando o ramal Mossoró a Souza foi desativado.
A estação de Porto Franco
Voltemos nossa atenção a estação de Porto Franco.Areia Branca a época da inauguração da ferrovia
O município era produtor de sal, algodão, mandioca, cana-de-açúcar, etc. Tinha uma população estimada em 5.000 habitantes, tendo a vila 3.000 habitantes. Era para Porto Franco que convergiam as mercadorias produzidas na região salineira da vale do Apodi.
O trafego entre Porto Franco e Mossoró era operacionalizado inicialmente pela firma Companhia Estrada de Ferro de Mossoró da firma Albuquerque & Cia, que depois passou a concessão para a firma Saboya & Cia.
O trafego nesse trecho ocorreu até meados da década de 1960 quando uma resolução de 1964 suspendeu os trens de passageiros entre essa estação e a de Mossoró continuando somente com o transporte de cargas, como algodão e sal. O transporte de passageiros ficou sendo a partir da estação de Mossoró. Dizem algumas pessoas da região que a maresia muito contribuía para danificar os trilhos do trecho entre Porto Franco e Mossoró e o trecho foi desativado seus trilhos foram arrancados em praticamente todo o percurso.
A  ferrovia usava a bitola de trilho de 1 metro, que era o espaçamento entre os trilhos. A bitola de 1 metro usavam vagões mais estreitos e com menos estabilidade, limitando a velocidade para em média 45 km/h.
Uma curiosidade é que o termo "baitola" surgiu daí. Quando na construção da ferrovia na década de 1920 entre  Mossoró e São Sebastião (atual Dix Sept Rosado) um engenheiro inglês que alguns consideravam ser homossexual pronunciava a palavra bitola como ele entendia em inglês e assim o termo "baitola" ficou associado a pessoas gays.
Atualmente no antigo caís de atracagem funciona uma bomba de sucção de água do mar para uma salina que se encontra adjacente ao antigo local.
A baixo o cais de atracação da Estrada de Ferro de Mossoró em Porto Franco percebendo toda a estrutura ferroviária que havia no local como os guindastes e gruas de embarque,os trilhos e um vagão.A imagem é da década de 1940, possivelmente de 1945. 
 
Autoria desconhecida.Acervo do autor do blog.
     Já na imagem seguinte vês-se o embarque de sal em Porto Franco também na década de 1940.
Fonte: o baú de Macau.
    Aqui vemos as ruínas do cais de atracação da Estrada de Ferro de Mossoró em Porto Franco, atualmente no município de Grossos.

Fonte: Ângelo Vale.
         Abaixo detalhe de um dormente e prego que era da linha da Estrada de Ferro de Mossoró em Porto Franco.
Fonte: Ângelo Vale.
           Aqui as ruínas vista em direção ao porto.
Fonte: Ângelo Vale.
            Uma cerca feita com os dormentes retirados da linha que existia em Porto Franco.
Fonte: Ângelo Vale.
         Detalhe de um dormente da linha existente em Porto Franco.
Fonte: Ângelo Vale.
          A vista de Porto Franco a partir do rio.Dá pra vê a estrutura do antigo cais de atracação da Estrada de Ferro de Mossoró.
Fonte: Ângelo Vale.


Fonte: O Baú de Macau. Imagens das ruínas de Porto Franco por Ângelo Vale in: http://areiabrancanossa.blogspot.com/2018/08/de-volta-porto-do-franco.html.A quem nos reportamos com agradecimento pelas imagens feitas do resgate da história ferroviária potiguar.


sábado, 10 de novembro de 2018

MOSSORÓ DE OUTRORA


Pedimos permissão para cruzar as fronteiras do País de Mossoró e mostrar algumas imagens da  aprazível cidade do oeste potiguar em épocas passadas e publicadas na revista O Malho.Iniciando com o vasto armazém dos Srs. F. Borges de Andrade & Cia em Mossoró vendo-se a frente os sócios da firma e numerosa freguesia. Era "uma das mais importantes casas comerciais daquele estado", dizia a legenda da foto publicada na  revista O Malho.

O malho,1918,p.9.

    A baixo departamentos do importante estabelecimento comercial do Sr. Arthur Esteves.Notem a finess dos funcionários.


O malho, 1922,p.51.


     O atelier Escóssia onde funcionavam a redação e oficinas do jornal O Mossoroense “excelente jornal da importante cidade nortista [nordestina] “ dizia a legenda da revista  O Malho.O grifo é nosso.


o malho,1907,p.28.

      Um grupo de pessoas no dia da inauguração do estabelecimento cujo o titulo estava bem a vista na fachada do edifício. Tratava-se da Farmácia Galvão, ainda muito chique e elegante grafada com  'PH'.

O Malho,1907,p.37.

A baixo a locomotiva  denominada “Alberto Maranhão” e o pessoal técnico da Estrada de Ferro de Mossoró em experiência em Porto Franco (Areia Branca). “ Uma bela nota de progresso” dizia-se na legenda da foto publicada no malho.Alberto Maranhão era o governador a época e cujos trabalhos de construção da Estrada de Ferro de Mossoró se iniciaram em seu governo.
 
O malho,1912,p.47.

A legenda é clara e trata da enchente ocorrida no rio Mossoró que banha a cidade homônima e que tanto impressionou a população daquela cidade.A curiosidade nessa imagem era a elegância dos três homens de terno que foram vê a cheia do rio.
O Malho, 1915.
     

O Malho, 1906.


         Na cidade de Mossoró a rua do Triunfo uma das principais da importante cidade do este potiguar.