Reforma
Situação atual
A capela de São Francisco de Assis está situada na Av. Gov. Silvio Pedrosa, 211,na praia de Areia Preta e faz parte da paróquia Nossa Senhora de Lourdes de Petrópolis.
Taipu é uma terra pequena, onde, dos devaneios de nossos avós, amores dos nossos pais e sonhos enluarados da infância, fazem dela o relicário da nossa meninice, tão longe e tão perto do coração. Dir-se-ia que naquele rincão descansava a felicidade no meio da carência de tudo. Luís Viana, poeta taipuense.
Reforma
Situação atual
A capela de São Francisco de Assis está situada na Av. Gov. Silvio Pedrosa, 211,na praia de Areia Preta e faz parte da paróquia Nossa Senhora de Lourdes de Petrópolis.
Os irmãos de origem alemã, Max e Bruno
Bourgard, foram os primeiros fotógrafos a fazer imagens da cidade de Natal,
sendo considerados os pioneiros neste ramo em terra potiguares.
De inicio aviso que esta não é uma
biografia a respeito dos irmãos Bourgard, não é este o meu foco de trabalho,
apenas tento mostrar alguns recortes históricos a respeito dos mesmos.
Sobre Max Bourgard escreveu o jornal O
Estado em 02/202/1894: “Sr. Max Bourgard e inegavelmente um homem dum gênio incansável
e trabalhador. E, dias desta semana fizemos-lhe uma visita em seu sitio, a
leste da Ribeira, e que fica na bifurcação de dois grandes morros. O Sr.
Bourgard mostrou-nos o curtume, há pouco estabelecido ali e dirigido por seu
velho pai, um afamado curtidor de peles, ultimamente vindo da Alemanha, onde em
exposições regionais foi mais de uma vez condecorado pela excelência dos seus trabalhos.
Tivemos, então, de admirar o asseio que se nota na casa do curtume, e a
qualidade das peles curtidas, que nada deixam a desejar às que são importadas
do estrangeiro, tal é a perfeição do trabalho. Desejamos que o Sr. Bourgard
alargue mais as proporções do seu estabelecimento industrial, em seu interesse
próprio e a bem do progresso desta terra, onde o distinto artista e intrépido
industrial exercem a sua atividade” (O ESTADO, 02/02/1894, p.2).
Max
Bourgard foi proprietário da empresa Fotografia Alemã Bourgard & Cia
sucessora de Frederico Ramos.
Em
12/05/1892 Max Bourgard começou a anunciar nos jornais de Natal que iria se
mudar para o Recife, onde instalaria sua loja na rua 15 de Novembro, na capital
pernambucana, onde lá iria exercer sua profissão. Ainda de acordo com os anúncios
nos jornais Max Bourgard ficaria em natal por mais um mês oferecendo seus
préstimos em fotografias garantindo a maior perfeição e nitidez nos seus
trabalhos (RIO GRANDE DO NORTE, 02/06/1892, p.4).
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Bruno Bourgard |
Em 06/10/1897 um anúncio no jornal A
República dizia: “Retirando-me, no costeiro do meado deste mês, de Natal deixo a
fotografia sob a direção do meu mano Bruno Bourgard, pedindo aos meus fregueses
e amigos dispensar-lhe a mesma confiança e favores, com que me tem honrado e
pelo quais me confesso sinceramente grato. B. Max Bourgard. Natal, 5 de outubro
de 97” (A REPUBLICA,06/10/1897,p.3).
Um anúncio do jornal A República demonstrava
que a Fotografia Alemã já era uma sociedade dos irmãos Bruno e Max Bourgard,
estando a mesma situada na rua 13 de Maio, nº 26, onde: “os seus proprietários
garantem perfeição e nitidez nos seus trabalhos, os quais executam das 10 horas
da manhã até as três da tarde, seja com tempo bom ou mau nouvado. Preços cômodos”,
dizia o citado anúncio (A REPUBLICA,06 /02/1891,p.4).
Uma das fotos mais antigas de autoria de Bruno Bourgard é esta a baixo de uma procissão no Seridó, possivelmente a de Santaana em Caicó.
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Foto: Museu do Seridó |
Em 1902 Bruno Bourgard (que aparece no
jornal com a grafia Bruno Burkhardt, possivelmente a grafia original em alemão
do sobrenome) chamava a atenção dos seus fregueses e amigos para os trabalhos
de ampliação em fotografia até tamanho natural, colorido, entre outros, para os
quais se achava bastante habilitado, garantindo toda a perfeição nos mesmos e,
além disso, encarregava-se das respectivas molduras. Os preços eram por ajustes
(A REPUBLICA, 13/10/1902, p.2). Por esse tempo a loja da Fotografia Alemã estava
situada na Rua José Bonifácio, antiga ruas das Virgens.
Bruno Bourgard registrava os eventos importantes da capital potiguar como o da foto a baixo de autoria de Bruno Bourgard publicada em 14/02/1902 na Revista da Semana mostra um grupo de pessoas no almoço oferecido aos oficiais do navio a vapor Planeta da Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro por ocasião do inicio das suas entradas no Porto de Natal em 01/10/1902.
Foto: Revista da Semana, 14/02/1902.Ed. 405, N.135. p.5 |
Esta outra foto mostra a caída ao mar da lancha 16 de Julho ao serviço de praticagem na barra do Porto de Natal
Foto: Revista da Semana,22/02/1903, ed. 490, nº 145. |
Na edição 474, nº 143 da Revista da Semana há uma foto em que Bruno Bourgard é citado com a patente de major (REVISTA DA SEMANA, 22/02/1903, p.8).A foto não tem boa resolução, mas mesmo assim a publicamos.
Foto: Revista da Semana, 22/02/1903,p.8, ed. 474, n.143. |
Em 08/03/1903 a Revista da Semana exibia uma foto de uma missa campal em frente a matriz de Natal cuja a legenda dizia: “ESTADO DO RIOGRANDE DO NORTE. Missa celebrada em honra do 4º Centenário da descoberta do Brasil, na Praça André de Albuquerque em frente da matriz, na cidade do Natal (phot. de Bruno Bourgard)” (REVISTA DA SEMENA, 08/03/1903,p.4 ed. 502, n.147).
Foto: Revista da Semana,08/03/1903,p.4, ed.502, n.147. |
O
atelier fotográfico a Fotografia Alemã,
de Bruno Bourgard, era, ao que tudo indica, o único estabelecimento do gênero
em Natal, pois o Almanaque Laemert só cita ele em 1905 ( ALMANAQUE LAEMERT,1905,
p.1730)
Em 1907 o jornal A República exibe
anúncio em que Bruno Bourgard (grafado Bruno Burkhardt novamente) em que o
mesmo dizia está residindo na Paraiba: “Da Paraíba, onde reside atualmente, é
esperado nesta capital o conhecido artista fotografo Bruno Burkhardt, que
pretende demorar-se alguns meses” (A REPUBLICA, 03/08/1907, p.1).
Noutro anúncio do mesmo
jornal Bruno Bourgard avisava a seus amigos e fregueses da capital potiguar e
do interior do Estado que daria inicio aos trabalhos concernentes a sua arte,
no dia 29/11/1907, com duração de apenas um mês e meio, no máximo dois meses,
em Natal.
Fonte: a republica,29/08/1907,p.3. |
Foi neste ano também que por meio das verbas eventuais do orçamento do Estado vigente, mandou o governador pagar ao fotografo Bruno Bourgard (Burkhardt) a quantia de 300$000 réis, importância de diversas vistas (fotos panorâmicas e postais) da capital potiguar fornecidas ao gabinete do governo do Estado, para propaganda (A REPÚBLICA, 22/11/1907, p.1).Algumas das imagens que foram pagas a Bruno Bourgard pelo governo do Estado são possivelmente as que se seguem.
A
última noticia a respeito de Bruno Bourgard por nós encontrada data de 1918,
quando o jornal O Norte registrou o batizado de Neuza, filha de Bruno Burkhardt
e sua esposa Enedina Toscano Burkhardt, tendo sido padrinhos da menina o Cel.
Daniel Toscano Coelho e sua esposa Ana Uchoa de Andrade Coelho (O NORTE, 10/08/1918,
p.1).
De 1894, data da primeira menção a Bruno Bourgard em jornal
de Natal, até 1918, data em que o jornal O Norte registrou o batizado de sua
filha transcorrem 24 anos, considerando que Bruno já era adulto em 1894,
presumimos que ele já era um senhor de mais de 40 anos na época do batizado de
sua filha.
Na capital paraibana o atelier da Fotografia Alemã de Bruno Bourgard funcionava na rua Maciel Pinheiro nº 67 e na Viração nº 1 e de acordo com o anúncio publicado no jornal O Norte: “este atelier funciona regularmente, tanto nos dias claros, como nos de chuvosos, desde as 9 horas da manhã, até as 4 da tarde, com entrada pelas ruas M. Pinheiro 67 e Viração n.1” (O NORTE, 04/11/1908, p.3).
Sobre Max Bourgard os jornais silenciam completamente sobre
sua vida, não o citando mais que somente como fotografo em Recife.
A capela do bairro das Quintas em Natal
tem seu inicio em 06/06/1947 quando se reuniu a Sociedade Recreativa
Progressiva das Quintas para tratar da construção da capela de Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro, a qual segundo o jornal A Ordem: “ compareceu grande número
de sócios, senhoras e senhoritas daquele próspero subúrbio da Capital”.
A comissão central estava constituída pelo
Pe. Luis Klur, assistente eclesiástico, Raimundo de França, presidente e Arthur
Vilar, tesoureiro.
A sessão foi aberta pelo Sr. João Francisco
Filho, presidente da SRPQ, que em seguida concedeu a palavra ao Sr. Luis Dutra,
orador oficial da solenidade, que pronunciou vibrante discurso concitando todos
a trabalharem por aquela velha aspiração dos habitantes das Quintas, de possuírem
a sua igreja e que segundo ele, graças aos esforços do Sr. Raimundo de França,
grande incentivador do progresso das Quintas, coadjuvado pelos companheiros da
comissão central, ia ser concretizada.
Facultada a palavra, fez uso da mesma o
Sr. Sebastião Maaquias, também se externando sobre o assunto.Em seguida o Pe.
Luis Klur, coadjutor da paróquia do Alecrim e encarregado pelo Bispo Diocesano,
Dom Marcolino Dantas, para dirigir os trabalhos da construção da capela, fez ampla
exposição sobre os planos da construção, meios de adquirir donativos em
dinheiro e materiais, demorando-se ainda nas vantagens advindas aos habitantes
do lugar em possuírem a sua igreja com tão bela e significativa invocação de
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que haveria de abençoar os promotores desta
tão útil iniciativa.
Logo depois foram combinadas várias
medidas a fim de no menor prazo possível serem iniciados os trabalhos, ficando
organizada 10 sub-comissões locais presididas pelas seguintes pessoas: João
Francisco Filho, professora Maria das Dores, Luis Dutra, Eugenia Salvador,
Valda dos Santos Souza, Amélia Rodrigues, Maria Silva, Maria Pereira, Joaquim
Avelino e Alberto Pinheiro.
Encerrando a sessão usou da
palavra Raimundo de França, que se
congratulou com os presentes por mais este grande melhoramento para o povo católico
das Quintas, para o que esperava o
concurso de todos, afirmando já haver escolhida uma lista de paraninfos e
madrinhas da construção, e que já havia obtido valioso auxilio de Roberto Sinay
e Nola Volfson, respectivamente engenheiros chefe e auxiliar do 5º Distrito de
Portos, Rios e Canais (A ORDEM, 14/06/1947, p.2).
Sobre
as Quintas
Sobre
as Quintas escreveu Fernando de Oliveira em artigo para o jornal A Ordem: “As
Quintas é um dos bairros mais habitados de Natal. Lá reside toda uma população constituída,
em geral, de famílias pobres que ganham a vida vendendo produtos caseiros aqui
na cidade ou lavam a roupa dos mais afortunados. As ruas – por ser um bairro
muito distante, não tem calçamento e a poeira levantada pelos veículos que vão
e que vem tinge a cara das casas de uma cor cinzenta ou amarelo de barro”.
Ainda de acordo com o citado autor havia muitas deficiências
naquele pedaço vivo de Natal.Entretanto, alguma coisa já se fazia para melhorar
a habitação daquela gente boa, tanto assim que a prefeitura já estava mandando
encostar material para a construção de casas populares naquele bairro.
Observou Fernando de Oliveira que os habitantes das Quintas
não tinham assistência religiosa, tanto que uma comissão de senhoras católicas
tendo a frente o Pe. Luis Klur, da paróquia do Alecrim, estava empenhada na
construção de uma vistosa capela que teria por padroeira Nossa Senhora do
Perpetuo Socorro. ”O local é magnífico! já os alicerces estão
prontos.Entretanto, como é doloroso constatar que os trabalhos estejam parados
por falta de recursos – mal hajam atingido os alicerces da pequena obra! Tanto
dinheiro gasto por ai a fora sem muita necessidade”, escreveu Fernando de
Oliveira.
Na
noite de Natal daquele ano de 1948, Fernando de Oliveira foi assistir a missa
do galo que iria ser celebrada nos alicerces da capela das Quintas, o qual
escreveu o mesmo: “meu coração de católico comoveu-se ao observar uma grande
multidão, religiosamente em silêncio, ouvindo a pregação do sacerdote. Como
aquele povo pobre sentiu-se orgulhoso e satisfeito por aquela primeira missa na
futura Capela”. Ainda de acordo com Fernando de Oliveira foram abençoados
naquele dia os alicerces da capela, tendo ele ouvido muitos dizerem ao
sacerdote: -Ah padre.Se Deus quiser, brevemente teremos a nossa Capela”, ao que
constataou Fernando de Oliveira:- Pobre povo das Quintas! Tanta vontade de
possuir uma capela! E já se contenta com os alicerces...Aquela pequena
construção em começo parece uma vergonta nova brotando nos galhos da grande
árvore da Igreja!...”. (A ORDEM, 08/01/1948, p.4).
Em 17/08/1951 o jornal A Ordem registrou que estava sentada
a última porta da capela das Quintas, obra que o Pe. Eimar Monteiro, Arthur
Vilar e outros resolveram levar a peito e estavam concluindo.
De acordo com o referido jornal o terreno para a construção
da capela das Quintas foi doado por Alfredo Edeltrudes, onde ali se foi
erguendo a capela de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro que muito bem faria
aquela região das Quintas e Carrasco (atual Dix Sept Rosado).
Os empreendedores da construção da capela das Quintas
começaram então a levar adiante a campanha do mosaico para o piso da igrejinha
que assim começaria brevemente a funcionar em caráter público (A ORDEM, 17/08/1951,
p.1).
Em 1958 já estava listada no rol das igrejas da capital
potiguar, sinal de que já havia sido inaugurada anteriormente.
A paróquia de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, segundo
consta no site da Arquidiocese de Natal,
foi criada em 12/09/1969, tendo sido por muitos anos administrada pelo Pe.
Thiago Theisen, sacerdote de origem belga, que desenvolveu intensa e duradoura
atividade social nos subúrbios de Natal entre os anos de 1960/1980.
Em 1982 com a criação da paróquia entre o rio Potengi e a
lagoa de Estremoz cuja sede seria o Conjunto Santa Catarina, esta passou a ser
administrada pelo Pe. Thiago Theisen, a paróquia das Quintas foi nomeado o Pe.
Antonio Cassiano para ser administrador.
A foto a baixo foi publicada originalmente no Diário de
Natal em 1971, há exatos 50 anos. Trata-se da igreja de Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro do bairro das Quintas em Natal, cuja paróquia foi criada em 12/09/1969
onde a antiga capela foi elevada a categoria e dignidade de igreja matriz. Em
1975 a igreja passou por uma grande reforma e ampliação da qual perdeu suas
feições originais.
A
época havia uma mentalidade vinda do Concilio Vaticano II onde se pretendia “modernizar”
a Igreja Católica para que ela se abrisse ao mundo moderno e isso se refletiu
nas construções de igrejas que passaram a preferir a concepção de simplicidade
nas construções de igrejas ao invés do estético, como espaços celebrativo
simples onde se pudesse acolher o maior número de pessoas possíveis no interior
das igrejas, as fachadas por sua vez perderam o gosto estético e característico
de igrejas, sendo até mesmo o termo ‘templo’ mais usado adequadamente para
definir as construções modernas da igreja católica a partir do Concílio
Vaticano II.
A
igreja das Quintas foi uma das igrejas que sofreram a ação equivocada dessa
mentalidade, o qual em sua ampliação perdeu-se a feição da fachada original que
possuía gosto e característica típica de igreja com seu frontão triangular
encimado por uma cruz, os janelões e portão central arqueados e o esboço das
duas torres que seriam erguidas caso fossem num futuro ampliada a igreja. Natal
tem uma carência de igreja bonitas e as que pouco tinha foram aos poucos dando
espaço a igrejas de gosto duvidoso como esta das Quintas.
E encerramos nossa série de
postagens sobre os mercados públicos de Natal com essa a cerca do mercado do
bairro de Nova Descoberta.
Em
11/01/1960 o jornal Diário de Natal publicou que finalmente seria construído o
Mercado Modelo do bairro Nova Descoberta, o qual viria a sanar velho problema
dos seus habitantes.
Em
entendimento com o proprietário do terreno naquele subúrbio da capital
potiguar, o prefeito José Pinto Freire conseguiu adquiri-lo sendo que o mesmo
estava localizado na rua principal de Nova Descoberta.
O
Mercado Modelo que obedeceria as novas linhas arquitetônicas, deveria ser construído
ainda no primeiro semestre daquele ano de 1960 (DIÁRIO DE NATAL, 11/01/1960, p.6).
De
acordo com o jornal Diário de Natal em 01/04/1960 seria realizada a cerimônia
solene de lançamento da pedra fundamental do Mercado Modelo de Nova Descoberta,
o qual seria, segundo o mesmo jornal, um dos mais modernos do Nordeste,
querendo o prefeito inaugurá-lo ainda em sua administração.
Conforme
havia anunciado a prefeitura o prédio desse mercado seria construído dentro dos
mais modernos requisitos constituindo-se um dos melhores do Nordeste depois de concluído.
A
sua construção deveria ter andamento por todo aquele ano de 1960, esperando o
prefeito José Pinto Freire inaugurá-lo antes do término do seu mandato.
O
jornal Diário de Natal recordava que o bairro de Nova Descoberta era um dos
mais novos da capital potiguar e até bem pouco tempo era apenas um abrigo de
refugiados das secas, que ali se instalaram em virtude de não terem onde
pousar.
Nos
últimos 3 anos a fisionomia do bairro havia se transformado de tal modo que
exigiu as atenções dos poderes públicos, o que vinha se verificando de maneira
progressiva aquela época (DIÁRIO DE NATAL, 18/03/1960, p.8).
A
solenidade de lançamento da pedra fundamental do Mercado Modelo de Nova Descoberta
foi antecipada para 20/03/1960 as 09h00, o prefeito José Pinto Freire resolveu
antecipar a solenidade a fim de providenciar o inicio dos serviços o mais breve
possível.
Tendo
o ato contado com a presença de autoridades e moradores do bairro. Inicialmente
lançou as bênçãos da igreja católica sobre o local do futuro mercado, o
monsenhor Alair Vilar, capelão do bairro, que em seguida proferiu palavras
enaltecendo o acontecimento.Falaram sem eguida o prefeito, José Pinto Freire,
os vereadores Severino Galvão e Raimundo Barreto, e representando o povo do
bairro, o Sr. Claudionor de Figueiredo.
Na
ocasião foi instalado o curso primário a ser mantido pela Secretaria de
Educação naquele bairro (DIÁRIO DE NATAL, 21/03/1960, p.8).
Francisco
Horácio Pereira Pinto fez um relato das obras de responsabilidade da prefeitura
no bairro de Nova Descoberta, elogiando o prefeito José Pinto Freire
principalmente o seu trabalho em prol da construção do mercado daquele bairro (DIÁRIO
DE NATAL, 03/04/1960, p.6).
Não
encontramos informações a cerca da inauguração do Mercado Modelo de Nova
Descoberta, porém, em entrevista 13 anos depois, o ex-prefeito de Natal, José
Pinto Freire disse em entrevista ao jornal O Poti que uma das suas realizações
a frente da administração da prefeitura de Natal foi a construção do referido
mercado (O POTI, 12/08/1973, p.9), de onde se presume que tenha sido inaugurado,
e se chegou a funcionar como tal é por nós desconhecido, assim como a sua
localização naquele bairro.
O matadouro público de Natal é citado em 1878 como um dos
locais onde não se tinha asseio na capital potiguar: “no matadouro público não
há também o escrúpulo que era para desejar, e assim é tudo mais” (CORREIO DO
NATAL, 26/10/1878, 3).
Foi destinado a quantia de 4:500$000 a comissão formada pelo
Capitão do porto Lisboa, o tenente-coronel José Domingues de Oliveira e o
presidente da Intendência Odilon Garcia para as obras do matadouro público da
capital (GAZETA DO NATAL, 15/11/1890, p.2).
Em 1891 havia um terreno já destinado a construção do
matadouro público de Natal e suas dependências, porém o mesmo terreno foi alvo
de reclamações por está situado próximo a casas residenciais, sendo recomendado
que a Intendência escolhesse outro local (RIO GRANDE DO NORTE 20/08/1891, p.1).
De acordo com o jornal Rio Grande do Norte foi marcado para
o dia 27/08/1891 o recebimento de propostas em cartas fechadas, a fim de serem
contratadas as obras necessárias ao matadouro público da capital potiguar de
acordo com o respectivo orçamento (RIO GRANDE DO NORTE, 26/08/1891, p.3).
Em 05/09/1891 um artigo do jornal A República criticava a atitude do Sr. Gurgel que havia mandado
construir o matadouro público na Cidade Alta, o qual não havia consultado os
interesses da população, nem atendeu as exigências da saúde pública.
De
acordo com o referido jornal: “o matadouro, dizem as regras mais comesinhas da
higiene, dizem todas as conveniências da população, não pode ser no meio da
cidade, antes se deve procurar um lugar a distância, a beira do rio onde haja
água em abundância para as lavagens necessárias a um estabelecimento de
semelhante natureza.O contrário disto, é de todo injustificável[...] (A
REPÚBLICA, 05/09/1891, p.2).
Mesmo
diante da escolha inadequada do matadouro a Intendência manteve a construção
dentro do orçamento da municipalidade e acrescentou ainda a construção de um
curral para o mesmo em 1892.
Em 1894 o jornal O Estado publicou nova critica a
localização e situação do matadouro da capital potiguar: “também merece a
vista e a atenção do digno Inspetor de
higiene – o matadouro publico da
capital, que está situado, por assim dizer, dentro da cidade, e onde não há o
devido asseio.É o caso de representar-se imediatamente ao governo municipal
sobre a necessidade urgente da escolha de outro local para matadouro público”.
(O ESTADO, 16/12/1894, p.3).
De
acordo com o relatório do governo do Estado de 1895 o estado sanitário da
capital era o mais agradável, achando-se a mesma asseada e os estabelecimentos
públicos nas melhores condições higiênicas, a exceção do matadouro e o mercado,
cujos reparos e melhoramentos já havia feito sentir a autoridade competente (RELATORIOS
DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1895, p.109).
Já o relatório do Governo de 1896 apontava que dentro dos
quatro melhoramentos julgados de grande alcance sanitário e indispensáveis à
capital potiguar o primeiro dizia respeito a remoção do matadouro público para
ponto mais compatível com as conveniências da higiene (RELATÓRIO...,1896, p.220).
Entretanto, mesmo as autoridades sabendo da inadequação que
era a localização do matadouro na Cidade Alta o mesmo permaneceu no mesmo
estado de coisas e falta de higiene por longos anos, até ser ventilada a
possibilidade de sua remoção para outro lugar.
O
prefeito Gentil Ferreira havia determinado em 1936 à Diretoria de Obras da
Prefeitura de Natal, o levantamento da planta para a construção d e um edifício
para o matadouro público da Capital potiguar, pois o que já havia não
satisfazia as exigências de higiene tão necessário a departamento dessa
natureza.
A cerimônia de lançamento da pedra fundamental do novo
matadouro público de Natal ocorreu em maio de 1938.
A prefeitura de Natal adquiriu um terreno a margem do rio
Potengi no bairro das Quintas. O novo equipamento público de Natal teria
capacidade de abatimento de mais de 200 animais por dia.
De
acordo com o jornal A Ordem na segunda semana de março de 1938 seriam iniciadas
as obras de construção do novo matadouro público de Natal nas Quintas, em
terrenos que foram desapropriados e pertenceram a Alfredo Edeltrudes de Souza (A
ORDEM, 10/03/1938, p.4).
A obra foi orçada em mais de 300 contos de réis, sendo a planta confeccionada pelo engenheiro George Munier. Os trabalhos foram confiados a Diretoria de Obras da Prefeitura.
Somente em 1947 foi adotada pela prefeitura de Natal a providência de transferir a matança de gado para o novo matadouro público construído na administração de Gentil Ferreira, nas Quintas, e foi medida que se fazia necessária desde o término daquele prédio.
Havia mais de 50 anos que se abatia o gado e o fornecimento de carne verde à população natalense num prédio antiquado construído na rua da Salgadeira perto da linha férrea no Passo da Pátria, cujo local não se prestava mais para atender as necessidades do corte de gado, além do péssimo estado em que se encontrava o velho matadouro.
Mesmo com a transferência da atividade de corte do gado para o novo matadouro das Quintas o prédio ainda precisava de algumas adaptações a fim de ser definitivamente instalado o matadouro modelo de Natal.
A
Ampliação do matadouro de Natal
Por decreto de 15/02/1948 o prefeito da capital potiguar
desapropriou, por ter sido considerado de utilidade pública, uma faixa de
terreno no bairro das Quintas, de propriedade de Alfredo Edeltrudes de Souza
com 3 metros de largura e 305 de comprimento, a fim de no mesmo ser construído
o coletor do matadouro público ali existente (A ORDEM, 26/09/1947, p.2).
De acordo com o jornal A Ordem seriam inauguradas em
21/02/1948 as novas instalações do matadouro público de Natal.Para assistir as
solenidades foram convidadas autoridades civis e militares e o povo em geral (A
ORDEM, 21/02/1948, p.6).
Em 08/07/1948 uma comissão de vereadores esteve no matadouro
público, além do prefeito e um representante do Diário de Natal.A finalidade da
visita foi em decorrência de um requerimento apresentado a Câmara de
Vereadores, de autoria do vereador Antonio Gouveia de que o matadouro
necessitava melhorias urgentes da parte do prefeito, tendo citado entre outras
coisas, que o fornecimento de água ali
era insuficiente, sua iluminação precária, que uma de suas dependências se
encontrava ocupada por inflamáveis e outros materiais considerados perigosos.
Segundo o repórter do Diário de Natal realmente foram feitas
pelo prefeito Silvio Pedrosa as melhorias sugeridas pela Câmara Municipal comoo
fornecimento de água de forma abundante que provinha de um poço tubular ali
perfurado com capacidade para 75.000 litros cúbicos de água e movido por um motor a gasolina, com o auxilio de um
moinho de vento.
A sala onde eram abatidas as rezes estava completamente
higienizada, notando porém a reportagem, nuvens de moscas sabido mais tarde que
eram comuns em todos os matadouros a estes insetos.
Todas as dependências do moderno matadouro da capital foram
percorridas pela comissão de vereadores acompanhados do prefeito Silvio
Pedrosa, que dava as informações solicitadas. Na parte que foi apontada como
deposito de inflamáveis constatou o
repórter do Diário de Natal pilhas de pneumáticos, tambores de óleo lubrificantes,
graxas e outros acessórios.Esta dependência era alugada a uma empresa, o local
não tinha piso, as paredes em parte eram rebocadas, não tendo porém,
comunicação com as salas de operação do matadouro propriamente ditos,
funcionando ali um pequeno escritório daquela empresa.
As águas servidas corriam em sentido contrário, indo
desaguar em pequeno esgoto interno daí tomando a direção de um grande deposito
instalado em um dos lados, indo ter o seu fim no Potengi através de
canalizações (DIÁRIO DE NATAL, 09/07/1948, p.6).
Em
27/02/1958 a situação do matadouro público da capital potiguar voltava a ser
matéria do jornal Diário de Natal, cujo estado de higiene, que vinha sendo
constantemente reclamadas pelo povo ao referido jornal, não eram das
melhores.Segundo o jornal citado efetivamente o mau cheiro exalado dos resíduos
que escapavam daquele local para a via pública não nada agradável.
Ainda de acordo com o mesmo jornal já ia longe o tempo em
que se precisava de um matadouro moderno, dentro dos foros de uma cidade que
crescia a cada dia como era Natal (DIÁRIO DE NATAL, 27/02/1958, p.2).
Já em 1964 foi incluído no plano administrativo do prefeito de Natal o matadouro público. De acordo com o Diário de Natal naquele ano: “em matéria de matadouro somos uns criminosos. Aquele próprio municipal, legalmente não existe” (DIÁRIO DE NATAL, 04/05/1964, p.8).O povo seguia o velho ditado que dizia que “o que os olhos não veem o coração não sente”, tal era a situação de falta de higiene do matadouro público de Natal nas Quintas.
Em 1965
a solução do problema da falta de condições de higiene do matadouro de Natal
continuavam sem solução por parte da prefeitura.
A situação seria posta ao fim com a construção do FRIGONORTE, que é matéria para próximas postagens.
Presentemente o prédio do antigo matadouro de Natal é a sede da Urbana, autarquia que cuida da limpeza pública da capital potiguar.
Sede da Urbana, antigo matadouro de Natal. |