quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O MUNICÍPIO DE TAIPU ENTRE 1891 E 1894




João Batista dos Santos

         O presente artigo pretende apresentar a configuração do município de Taipu a partir de sua emancipação política ocorrida em 10/03/1891 até o ano 1894, ou seja, os 4 primeiros anos de existência como município autônomo.Taipu é um município do Rio Grande do Norte, situado na região do Mato Grande a 50 km de distância da capital potiguar.
O município foi criado pelo Decreto-Lei nº 97 de 10 de março de 1891 desmembrado de Ceará-Mirim e instalado em 03 de abril de 1891 com a posse do primeiro intendente nomeado que foi o capitão Cândido Marcolino Monteiro da Rocha. Sua extensão territorial era de 942 km² tendo por municípios limítrofes Ceará-Mirim, Touros, Jardim de Angicos e São Gonçalo e população de 2.709 habitantes.
A economia do município estava baseada na produção agrícola, sobretudo na cultura do algodão, cereais e gado. Sendo a cultura agrícola desenvolvida no vale formado pelas águas do rio Ceará-Mirim.
Na Instrução pública o decreto Nº 95 de 28 de fevereiro de 1891 restabeleceu a cadeira de instrução primaria do sexo masculino da povoação de Taipu[2] e tinha por Professore de ensino primário o Capitão Joaquim José de Carvalho Pinto[3] e Emília Botelho Pinto.Açudes públicos eram 2, sendo um em Taipu e outro em Baixa Verde.
A vila
         Erguida na margem direita do rio Ceará-Mirim tinha 3 ruas, 173 casas, 1 escola, 1 delegacia, 1 igreja, 1 agência dos correios e telégrafos[4]. A feira era realizada embaixo de uma latada onde os habitantes compravam gêneros de primeira necessidade: milho, feijão, farinha, sal, batatas, etc.
Administração municipal
O primeiro intendente foi o Capitão Cândido Marcolino Monteiro tendo sido nomeado em 21/03/1891 e empossado em 03/04/1891.
As Finanças municipais foram as seguintes naquele ano de 1891:
Ano
Receita
Despesa
1891
588$270
588$130

A Administração policial constituía-se de 1 Delegacia de polícia civil.Havia  1 Distrito policial, o da Vila.O delegado de polícia era José Augusto Fonseca e Silva.Os Suplentes: Carlos Alfredo Davim, Manoel Eugênio Pereira de Andrade, Manoel Alves Jurema e Serafim José de Aquino.
         Foram nomeados para substituir respectivamente a Felipe Rodrigues Monteiro, Manoel, Pereira Caçumbú, João Félix do Nascimento, Vitaliano José Lucena e Laurentino Maria de Oliveira, os quais haviam sido exonerados dos respectivos cargos.
No tocante a questões territoriais foram registradas em 1891 questões territoriais entre os municípios de Taipu e Jardim de Angicos em virtude de cobranças de impostos entre ambos os municípios.
Naquele mesmo ano foram nomeados João Felix de Vasconcelos e Antônio Henrique Freire de Vasconcelos Barra para o cargo do conselho da intendência por se acharem vagos os lugares.
O Distrito eleitoral era constituído de duas seções eleitorais assim estabelecidas: a 1ª seção instalada na casa do cidadão João Estanislau de Oliveira, abrangia os eleitores do 1º quarteirão. Mesários: Elias Cardoso de Souza, presidente, João Augusto Ribeiro Bessa, Joaquim Manoel de Souza, João Soares da Silva Filho, Francisco Cardoso de Souza.
A 2ª seção foi instalada na sala de aula do sexo feminino da vila, abrangendo os eleitores dos 2º, 3º e 4º quarteirões.Mesários: Silvino Raposo de Oliveira, presidente, Estevão Alípio de Oliveira Pinto, Manoel Salustiano de Medeiros, João Estanislau de Oliveira e Miguel Ferreira da Câmara.
Na administração judiciária o município era pertencente a comarca de Ceará-Mirim.
Efemérides
         Em 04/04/1891 o líder político Pedro Velho visitou a vila de Taipu.
No ano de 1892 Foi exonerado do cargo de presidente da intendência Joaquim Manoel de Souza sendo nomeado Silvino Raposo de Oliveira Câmara em substituição daquele[5].
Realizou-se eleições para a escolha dos membros da intendência municipal de Taipu em 11/09/1892. A primeira após a emancipação política do município, sendo a 1ª seção: instalada na casa que servia de intendência municipal e a 2ª seção instalada na casa do cidadão Afonso Teixeira de Oliveira em Baixa Verde.
O numero dos eleitores eram 107 Republicanos 77 Oposicionistas[6], totalizando  177 eleitores.
Na eleição que ocorreu naquele ano de 1892 para assumir a administração municipal foram eleitos: Presidente: Francisco de Paula Paiva. Membros: Francisco Guedes da Costa Tabosa,  Henrique Basílio do Nascimento, João Estanislau de Oliveira, Manoel Eugênio de Andrade,  Manoel Gomes Cavalcante, Vicente Teixeira da Câmara. Os dois últimos ‘oposicionistas’, os demais republicanos.
As finanças municipais foram assim calculadas:
Ano
Receita
Despesa
1892
1:091$110
937$100

Na configuração territorial foi criado o distrito de Baixa Verde anexado ao município de Taipu. Eram distritos e povoados: Boa Vista, Pitombeira, Passagem Funda, Baixa Verde, Barreto, Contador e Poço Branco.
Instrução pública
         A cadeira de ensino primário havia sido suprimida em virtude da reorganização da instrução primária do Estado. Alunos matriculados eram 52 meninos e 28 meninas. Eram professores naquele ano Manoel Ferreira de Mesquita e Josefa Carolina L. de Moura.
Tinha 5 estabelecimentos comerciais, dos quais eram proprietários: Carlos Davim & irmãos, João Soares da Silva, João Ferreira de Miranda Câmara, João Cassiano do Nascimento, Henrique Basílio do Nascimento. Em 1894 foi instalada uma nova padaria na vila inaugurada em 1º de outubro de propriedade de José Macário Freire.
         Eclesiasticamente o município constituía-se de capela filial da paróquia Nossa Senhora da Conceição de Ceará-Mirim, tendo como padroeira Nossa Senhora do Livramento com festa celebrada no último domingo de novembro.

Referências
A República, Natal, 1892, p. 1.
CÂMARA, Anfilóquio.Cenários municipais, 1943, p.393.
CÂMARA, Cascudo. Terras potiguares, 2002, p.260.
O Povo, Caicó, 1891, p.2.
Revista do IHGRN, vol. XVIII-XXIV, 1926-1927, p.103-104.


[2]Revista do IHGRN, vol. XVIII-XXIV, 1926-1927, p.103-104.

[3] Transferido da vila de Flores, atualmente Florânia em 06/05/1891. Cf. O Povo, 1891, p.2.
[4]Segundo Anfilóquio Câmara os serviços de correios em Taipu datavam desde 19 de fevereiro 1891 (CÂMARA, 1943, p.393).
[5]A República, 1892, p. 1.
[6] Leia-se: fiéis ao regime Imperial.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

O PROGRAMA DA INAUGURAÇÃO DA ESTRADA DE FERRO DO NATAL A NOVA CRUZ



A Imperial Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz foi a primeira ferrovia construída em solo potiguar e teve seu primeiro trecho inaugurado em 28/02/1881, entre Natal e São José de Mipibu num trecho de 39 km.
Segundo o jornal Reforma a empresa The imperial Brazilian Natal and Nova Cruz Railway Company Ltd, que era a empresa concessionária da referida ferrovia estava empenhada em empregar todos os meios para que a inauguração se realizasse com o maior brilhantismo possível (REFORMA, 24/09/1881, p.4).
Vejamos como foi elaborada a programação para o dia da inauguração do referido trecho inicial dessa ferrovia.
A programação
         Segundo constava no jornal A Reforma eis a programação da inauguração conforme foi enviado ao referido jornal pela direção da empresa.
         Ao amanhecer do dia 28/02/1881 uma salva de 21 tiros anunciaria a festa da indústria e do progresso[1].
         As 13h00, a Câmara Municipal da capital e as delegações que quisessem comparecer, reunidas ao superintendente da empresa, seriam recebidos no vestíbulo da Estação Central pelo presidente da Província, Rodrigo Lobato Machado, com as formalidades de estilo[2].
         O presidente da Província depois de percorrer o edifício, faria descer a cortina que cobria a pedra comemorativa e convidaria aos presentes a tomarem lugar no trem inaugural[3].
         Obtida a permissão, o trem partiria em marcha para a cidade de São José de Mipibu, estacionando antes nas paradas de Pitimbu, Cajupiranga e São José, onde os dois trens seriam reunidos depois de um intervalo de 2 minutos em cada ponto[4].
         Chegados a os trens a plataforma da estação de São José de Mipibu desembarcaria o presidente da Província e sua família e tomaria assento na mesa de honra, no salão da estação onde seria servido um lanche. Tomaria também assento nessa mesa os cavaleiros e senhoras convidados pelo presidente da província.
         Logo após a composição da mesa de honra e servido o lanche seria liberada a saída dos trens aos convidados que ocupariam as outras mesas no mesmo salão onde se serviria igual lanche.
         Em seguida o presidente da Província declararia aberto o tráfego da 1ª seção, sendo nessa ocasião permitida aos oradores proferirem discursos análogos ao ato.
         Terminada essa cerimônia convidaria o presidente da Província a todas as pessoas gradas a assinarem a ata da inauguração, que seria arquivada na secretaria da presidência  remetendo-se uma copia ao Ministério da Agricultura.
         Terminada a cerimônia os trens retornariam para Natal, parando antes na para de São José[5], em lugar apropriado, afim de os convidados visitarem a pitoresca cidade de São José de Mipibu onde os trens demoriam até as 17h00, em seguida partindo para a capital, passando por Cajupiranga e Pitimbu, com chegada prevista para as 18h00 na Estação Central da Ribeira em Natal.
         Ainda segundo o programa publicado no jornal Reforma só era permitida o ingresso nas estações e embarque nos trens as pessoas que tivessem obtido os convites acompanhados de bilhetes de ida e volta.
         Uma hora antes da inauguração as estações seriam vigiada spela policia que juntamente com os guardas da linha impediriam a entrada ao público, só permitindo depois o ingresso as pessoas que mostrassem seus bilhetes de passagem.
         No dia 27/02/1881 partiria de Lagoa de Montanhas para a capital um trem conduzindo os passageiros convidados de Nova Cruz, Penha, Goianinha e São José que quisessem se fazer presentes a festa de inauguração[6].

Reforma, 24/09/1881, p.4


[1] As ferrovias eram associadas a esses dois elementos de desenvolvimento, a indústria e ao progresso.
[2] Leia-se : conforme o protocolo exigido as formalidades oficiais.A estação Central é a que está situada na praça Augusto Severo na Ribeira, atualmente sede da CBTU-Natal.
[3] Nessa mesma ocasião deu-se a inauguração da Estação Central de Natal.
[4] Pitimbu a época era distrito de Natal.A estação atual é parada da CBTU.Cajupiranga a época era distrito de São José, atualmente de Parnamirim, a estação já foi demolida.A parada São José trata-se da parada São José do Alto que era a que se localizava próxima a cidade de São José de Mipibu, já demolida.
[5] Trata-se da parada de São José do Alto que ficava mais próxima da cidade de São José de Mipibu, já a estação citada como São José de Mipibu, trata-se da estação de Papari, que ficava no limite dos dois municípios e causa de contendas entre ambos pela posse da mesma que se consagrou como pertencente a Papari mesmo tendo o nome nos guias como São José de Baixo.
[6] Até essa data como visto os trilhos só atingiam ao povoado de  Lagoa de Montanhas, atual cidade de Montanhas.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

PROCURANDO BOTIJA NA FORTALEZA DOS REIS MAGOS


         A história a seguir vem a tona bem na época em que a Fortaleza dos Reis Magos está passando por um processo de restauração (obra interminável que promete ficar pronta antes do ano 2.500).Parece que já virou um jargão meu, mas, a história apresenta um roteiro cinematográfico misturando drama, terror e comédia. Ei-la segundo publicada no jornal A Ordem:
     De antemão cumpre dizer aos mais jovens que botija eram como se chamava os artefatos onde se guardavam objetos valiosos e dinheiros que eram enterrados para serem protegidos de roubos, os precursores dos cofres.
      O ano era 1937 e há tempos os pescadores que moravam na vizinhança da Fortaleza dos Reis Magos vinham observando, de 5ª para 6ª feira, dentro do velho forte, fenômenos estranhos. Todas as noites, entrando pela madrugada, apareciam fachos luminosos que andavam para um lado e para o outro.
      Ora, todos sabiam que ninguém morava na Fortaleza nem mesmo o guarda que para lá foi destacado. Dai ter o estranho acontecimento despertado a atenção da vizinhança.
      O investigador Paulo Vieira foi cientificado disso e resolveu perder uma noite, na tocaia. Escondeu-se na praia, por detrás de um rochedo e alta noite, viu também os fachos errantes. Mas, com a maré estava cheia, não pode chegar logo a Fortaleza, como pretendia, por cima dos arrecifes. Foi preciso deixar a maré vazar.
      Afinal, às 2 horas da madrugada, pé ante pé, penetrou meio assombrado, na Fortaleza dos Reis Magos. De ser vivo não viu ninguém, apenas uma pequena fogueira ardia no centro. Munido de uma lâmpada, o investigador Paulo Vieira virou e mexeu tudo, encontrando a cada passo, profundas escavações. Na laje do piso foi aberto um quadro e aprofundado a dois metros até dar na água.
       Nas grandes paredes abriram-se rasgões profundos, blocos enormes foram levantados. Dir-se-ia ter sido trabalho de ciclope, pois, os blocos removidos pesavam várias toneladas.
     Não foi poupado nem o quarto escuro (quem visitou a Fortaleza sabe do que se trata o quarto escuro) em tão pouco a capelinha.
     Depois dessa verificação, o investigador subiu para lançar a vista pelos arredores da Fortaleza. Perto, nenhum vestígio, mas ao longe, uma pequena embarcação de vela deslizava sobre as águas. Aqueles momentos antes da chegada do investigador a embarcação deixara o forte, mais uma vez desiludido de suas inúmeras tentativas...

Fonte: A ordem, 01/09/1937, p.4.

       A baixo a Fortaleza dos Reis Magos em 1938, um ano após o episódio descrito a cima.

Fonte: João Alves publicada em Revista da Semana, 1938,p.22.


Apêndice
         Ano vai, ano vem, entra governo e sai governo e a Fortaleza dos Reis Magos está lá mal conservada, em reformas intermináveis, sendo jogado feito uma batata quente nas mãos do governo estadual e federal, onde ninguém quer assumir o ônus da conservação do maior e mais antigo monumento histórico do Rio Grande do Norte.
     Foi iniciada pelo IPHAN uma reforma que esculhambou mais do que ajeitou o monumento (será que estavam procurando as botijas que tratamos a cima?), depois que nada ou quase nada fez, o IPHAN devolveu a Fortaleza ao governo do Estado que a cargo da Fundação José Augusto retomou a reforma, Deus sabe quando e como terminará.
        O fato é que a Fortaleza dos Reis Magos resiste estoicamente as agressões sofridas ao longo de seus 520 anos de existência. Resite as investidas do mar onde se acha erguido sobre os arrecifes, só não resistiu a ganância e a falta de respeito do ser humano.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

O CAICOENSE QUE TINHA UM RUBI NO UMBIGO



         Não menos interessante que a história do caicoense Joel Dantas, o cego que descobriu a xelita no Seridó, nos aparece esta outra história fantástica de outro caicoense.
A história de Pedro Alves Filho começou em Caicó, no Seridó potiguar, onde ao nascer, no inicio de 1938. Ao nascer ele teve o cordão umbilical mal cortado e para cicatrizar o umbigo que 8 meses depois ainda sangrava, o médico local quis usar um disco de platina, mas a avó de Pedro tinha um rubi, uma antiga joia de família trazida da Itália por sua mãe e quis que a pedra fosse usada em lugar do disco recomendado pelo médico.
As complicações por causa do rubi surgiram bem mais tarde, anos depois que a família já tinha se mudado para Jundiaí-SP. Mas  na vida de Pedro sempre houve algo de novela e filme policial.Aos 10 anos ele foi picado por uma cascavel, e aos 11, novamente picado por outra cascavel, aos 12 anos matou um homem acidentalmente ao disparar uma cartucheira.
         Pedro Alves Filho era o terceiro filho de uma família de 10 irmãos, tornou-se famoso por causa dessas peripécias em sua vida e pelo fato de carregar no interior do seu corpo (mais precisamente no umbigo) uma joia de alto valor econômico.
E o pior é que, quanto mais famoso, mas risco de vida ele corria, por causa da cobiça despertada pelo rubi,avaliado em 30 milhões de cruzeiros.A joia foi avaliada em montevidéu, no Uruguai, onde a joia passou por exame petrográfico, em novembro de 1961.
         Naquele ano em que Pedro viajou ao Uruguai o avião que ele deveria tomar explodiu pouco depois de decolar do aeroporto de Viracopos, causando a morte de todos os passageiros e tripulantes, Pedro, que chegou 15 minutos atrasado seguiu em outro avião e só tomou conhecimento da tragédia no Uruguai.
Pedro recebeu vários tiros, facadas e até uma rajada de metralhadora.No seu corpo havia várias cicatrizes de balas, na cabeça, na boca, no ombro, nos braços, no tórax, na barriga, nas nádegas e nas pernas.
         Par evitar novos atentados e garantir uma vida tranquila, Pedro pensou em submeter a uma cirurgia para extrair o rubi. Para isto procurou o Dr. Arnaldo de Aguiar, no Rio de Janeiro, “depois de tirar-me radiografias e radioscopias, o médico disse-me que, se eu tirasse o rubi, morreria”, disse Pedro Alves Filho a revista Cruzeiro.
         Diante disso, Pedro, decidiu doar em caso de falecimento, o rubi a sua irmã Teresinha Alves da Conceição, de 16 anos a época da reportagem na revista Cruzeiro. O testamento foi feito em agosto de 1965.
         Mais tarde Pedro recebeu uma carta do Dr. Jacques Charles Murfond, revisor clinico da Academia de Medicina de Paris, convidando-o a fazer uma cirurgia com todas as despesas pagas.Na hora de tirar a certidão negativa do imposto sobre a renda, foi surpreendido: cobraram-lhe 1 milhão e 200 mil cruzeiros.Seu advogado entrou com recurso e o delegado do imposto de renda, em Campinas, reconheceu a improcedência da cobrança, uma vez que o rubi não pode ser negociado.
         Pedro Alves aceitou com dupla satisfação o convite da Academia de Medicina de Paris, porque assim poderia realizar o velho sonho de conhecer a Europa (ao menos algumas de suas grandes cidades). Assim, o rubi que sempre deu preocupações e complicações lhe daria então alegrias ao ser retirado do seu corpo.
         A operação era considerada de alto risco, mas Pedro Alves resolveu enfrentá-la tranquilamente. Mesmo porque sua existência tem sido uma sucessão de risco. O rubi, que um dia ajudou a salvar sua vida, colocou-o, depois, por varias vezes a beira da morte.
         Pedro Alves Filho formou-se em medicina veterinária e exercia a profissão num consultório próprio.

Pedro Alves Filho e sua irmã Teresinha a quem deixou o rubi em testamento caso viesse a morrer.

Pedro Alves Filho mostrando as marcas de bala pelo corpo.

Pedro Alves filho exercendo a profissão de veterinário em São Paulo.



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Fonte: Revista Cruzeiro, 14/01/1967,p.44-45.









SOBRE A FESTA E AS OBRAS DA IGREJA MATRIZ DE TAIPU EM 1941



         O jornal A Ordem escreveu sobre a festa de Nossa Senhora do Livramento, padroeira de Taipu em 1941 que naquele ano “o povo católico de Taipu vai demonstrar mais uma vez o seu grande amor à Virgem do Livramento, sua Santa Padroeira, numa empolgante manifestação de Fé” (A ORDEM, 13/11/1941, p.4). Naquele ano a festa constou de um tríduo que ocorreu entre 27 e 30/11/1941.
         A realização da festa naquele ano tinha algumas motivações especiais que dizem respeito as obras que foram feitas na igreja matriz como a construção do novo altar, planta do desenhista do Departamento da Agricultura do Estado, o taipuense Pedro Soares, a compra do artístico sacrário em bronze e níquel, a remodelação completa da capela-mor com seus mosaicos e marmoritos pérolas. Tais obras impressionariam aos que sabem contemplar as obras de gosto e de estilo romano, dizia o citado jornal (A ORDEM, 13/11/1941, p.4).
         A comissão central da festa naquele ano esteve composta por Rosendo Leite, prefeito, Adão Marcelo da Rocha, presidente da comissão, Luiz Miranda, tesoureiro, Otávio Praxedes, Luis Gomes da Costa, Manoel Santiago, Alfredo Miranda, Raimundo Furtado, José Soares.
         A época era o vigário da paróquia o padre Bianor Aranha, foi ele o idealizador dessas intervenções feitas na igreja matriz de Taipu.
Infelizmente não se tem conhecimento de imagens do aspecto interno da igreja matriz na década de 1940 onde se poderia vê o altar desenhado pelo taipuense Pedro Soares citado a cima como funcionário do Departamento de Agricultura do Estado.
A matriz foi completamente reformulada na década de 1960 pelo cônego Rui Miranda que praticamente construiu uma igreja nova inteira, aproveitando-se pouca coisa da antiga, como apenas as paredes, cuja a ampliação iniciada pelo padre José Luiz da Silva em 1957 tinha deixado as mesma tortas, tendo sido necessário demolição e reiniciado tudo de novo.Tal ampliação da matriz de Taipu foi concluída em 1963.
         O cônego Rui Miranda manteve o estilo romano na parte interna da matriz com suas robustas fileiras de colunas e arcos dividindo a nave central, assim como a presença de elementos romanos nos altares e na capela-mor.

                                    Antiga e atual igreja matriz de Taipu


 O atual altar mor da igreja matriz de Taipu ao centro o sacrário em bronze e níquel adquirido em 1940


                           Padre Bianor Aranha vigário de Taipu em 1941

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Fonte: A Ordem, 13/11/1941, p.4.