quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

O CAICOENSE QUE TINHA UM RUBI NO UMBIGO



         Não menos interessante que a história do caicoense Joel Dantas, o cego que descobriu a xelita no Seridó, nos aparece esta outra história fantástica de outro caicoense.
A história de Pedro Alves Filho começou em Caicó, no Seridó potiguar, onde ao nascer, no inicio de 1938. Ao nascer ele teve o cordão umbilical mal cortado e para cicatrizar o umbigo que 8 meses depois ainda sangrava, o médico local quis usar um disco de platina, mas a avó de Pedro tinha um rubi, uma antiga joia de família trazida da Itália por sua mãe e quis que a pedra fosse usada em lugar do disco recomendado pelo médico.
As complicações por causa do rubi surgiram bem mais tarde, anos depois que a família já tinha se mudado para Jundiaí-SP. Mas  na vida de Pedro sempre houve algo de novela e filme policial.Aos 10 anos ele foi picado por uma cascavel, e aos 11, novamente picado por outra cascavel, aos 12 anos matou um homem acidentalmente ao disparar uma cartucheira.
         Pedro Alves Filho era o terceiro filho de uma família de 10 irmãos, tornou-se famoso por causa dessas peripécias em sua vida e pelo fato de carregar no interior do seu corpo (mais precisamente no umbigo) uma joia de alto valor econômico.
E o pior é que, quanto mais famoso, mas risco de vida ele corria, por causa da cobiça despertada pelo rubi,avaliado em 30 milhões de cruzeiros.A joia foi avaliada em montevidéu, no Uruguai, onde a joia passou por exame petrográfico, em novembro de 1961.
         Naquele ano em que Pedro viajou ao Uruguai o avião que ele deveria tomar explodiu pouco depois de decolar do aeroporto de Viracopos, causando a morte de todos os passageiros e tripulantes, Pedro, que chegou 15 minutos atrasado seguiu em outro avião e só tomou conhecimento da tragédia no Uruguai.
Pedro recebeu vários tiros, facadas e até uma rajada de metralhadora.No seu corpo havia várias cicatrizes de balas, na cabeça, na boca, no ombro, nos braços, no tórax, na barriga, nas nádegas e nas pernas.
         Par evitar novos atentados e garantir uma vida tranquila, Pedro pensou em submeter a uma cirurgia para extrair o rubi. Para isto procurou o Dr. Arnaldo de Aguiar, no Rio de Janeiro, “depois de tirar-me radiografias e radioscopias, o médico disse-me que, se eu tirasse o rubi, morreria”, disse Pedro Alves Filho a revista Cruzeiro.
         Diante disso, Pedro, decidiu doar em caso de falecimento, o rubi a sua irmã Teresinha Alves da Conceição, de 16 anos a época da reportagem na revista Cruzeiro. O testamento foi feito em agosto de 1965.
         Mais tarde Pedro recebeu uma carta do Dr. Jacques Charles Murfond, revisor clinico da Academia de Medicina de Paris, convidando-o a fazer uma cirurgia com todas as despesas pagas.Na hora de tirar a certidão negativa do imposto sobre a renda, foi surpreendido: cobraram-lhe 1 milhão e 200 mil cruzeiros.Seu advogado entrou com recurso e o delegado do imposto de renda, em Campinas, reconheceu a improcedência da cobrança, uma vez que o rubi não pode ser negociado.
         Pedro Alves aceitou com dupla satisfação o convite da Academia de Medicina de Paris, porque assim poderia realizar o velho sonho de conhecer a Europa (ao menos algumas de suas grandes cidades). Assim, o rubi que sempre deu preocupações e complicações lhe daria então alegrias ao ser retirado do seu corpo.
         A operação era considerada de alto risco, mas Pedro Alves resolveu enfrentá-la tranquilamente. Mesmo porque sua existência tem sido uma sucessão de risco. O rubi, que um dia ajudou a salvar sua vida, colocou-o, depois, por varias vezes a beira da morte.
         Pedro Alves Filho formou-se em medicina veterinária e exercia a profissão num consultório próprio.

Pedro Alves Filho e sua irmã Teresinha a quem deixou o rubi em testamento caso viesse a morrer.

Pedro Alves Filho mostrando as marcas de bala pelo corpo.

Pedro Alves filho exercendo a profissão de veterinário em São Paulo.



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Fonte: Revista Cruzeiro, 14/01/1967,p.44-45.









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