Não
menos interessante que a história do caicoense Joel Dantas, o cego que
descobriu a xelita no Seridó, nos aparece esta outra história fantástica de
outro caicoense.
A história de Pedro Alves
Filho começou em Caicó, no Seridó potiguar, onde ao nascer, no inicio de 1938.
Ao nascer ele teve o cordão umbilical mal cortado e para cicatrizar o umbigo
que 8 meses depois ainda sangrava, o médico local quis usar um disco de
platina, mas a avó de Pedro tinha um rubi, uma antiga joia de família trazida
da Itália por sua mãe e quis que a pedra fosse usada em lugar do disco
recomendado pelo médico.
As complicações por causa
do rubi surgiram bem mais tarde, anos depois que a família já tinha se mudado
para Jundiaí-SP. Mas na vida de Pedro
sempre houve algo de novela e filme policial.Aos 10 anos ele foi picado por uma
cascavel, e aos 11, novamente picado por outra cascavel, aos 12 anos matou um
homem acidentalmente ao disparar uma cartucheira.
Pedro
Alves Filho era o terceiro filho de uma família de 10 irmãos, tornou-se famoso
por causa dessas peripécias em sua vida e pelo fato de carregar no interior do
seu corpo (mais precisamente no umbigo) uma joia de alto valor econômico.
E o pior é que, quanto mais
famoso, mas risco de vida ele corria, por causa da cobiça despertada pelo rubi,avaliado
em 30 milhões de cruzeiros.A joia foi avaliada em montevidéu, no Uruguai, onde
a joia passou por exame petrográfico, em novembro de 1961.
Naquele
ano em que Pedro viajou ao Uruguai o avião que ele deveria tomar explodiu pouco
depois de decolar do aeroporto de Viracopos, causando a morte de todos os
passageiros e tripulantes, Pedro, que chegou 15 minutos atrasado seguiu em
outro avião e só tomou conhecimento da tragédia no Uruguai.
Pedro recebeu vários tiros,
facadas e até uma rajada de metralhadora.No seu corpo havia várias cicatrizes
de balas, na cabeça, na boca, no ombro, nos braços, no tórax, na barriga, nas
nádegas e nas pernas.
Par
evitar novos atentados e garantir uma vida tranquila, Pedro pensou em submeter
a uma cirurgia para extrair o rubi. Para isto procurou o Dr. Arnaldo de Aguiar,
no Rio de Janeiro, “depois
de tirar-me radiografias e radioscopias, o médico disse-me que, se eu tirasse o
rubi, morreria”, disse Pedro Alves Filho a revista Cruzeiro.
Diante
disso, Pedro, decidiu doar em caso de falecimento, o rubi a sua irmã Teresinha
Alves da Conceição, de 16 anos a época da reportagem na revista Cruzeiro. O
testamento foi feito em agosto de 1965.
Mais
tarde Pedro recebeu uma carta do Dr. Jacques Charles Murfond, revisor clinico
da Academia de Medicina de Paris, convidando-o a fazer uma cirurgia com todas
as despesas pagas.Na hora de tirar a certidão negativa do imposto sobre a
renda, foi surpreendido: cobraram-lhe 1 milhão e 200 mil cruzeiros.Seu advogado
entrou com recurso e o delegado do imposto de renda, em Campinas, reconheceu a improcedência
da cobrança, uma vez que o rubi não pode ser negociado.
Pedro
Alves aceitou com dupla satisfação o convite da Academia de Medicina de Paris,
porque assim poderia realizar o velho sonho de conhecer a Europa (ao menos
algumas de suas grandes cidades). Assim, o rubi que sempre deu preocupações e
complicações lhe daria então alegrias ao ser retirado do seu corpo.
A
operação era considerada de alto risco, mas Pedro Alves resolveu enfrentá-la tranquilamente.
Mesmo porque sua existência tem sido uma sucessão de risco. O rubi, que um dia
ajudou a salvar sua vida, colocou-o, depois, por varias vezes a beira da morte.
Pedro
Alves Filho formou-se em medicina veterinária e exercia a profissão num
consultório próprio.
Pedro Alves Filho e sua irmã Teresinha a quem deixou o rubi em testamento caso viesse a morrer. |
Pedro Alves Filho mostrando as marcas de bala pelo corpo. |
Pedro Alves filho exercendo a profissão de veterinário em São Paulo. |
Fonte:
Revista Cruzeiro, 14/01/1967,p.44-45.
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