quarta-feira, 9 de março de 2022

A BENÇÃO DE DOM NIVALDO MONTE DO SECRETARIADO PAROQUIAL DE TAIPU

 

         Em 05/01/1967 Dom Nivaldo Monte esteve  na paróquia de Taipu, sendo o motivo principal de sua ida a cidade a profissão perpétua da Irmã Teresinha,  religiosa das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, que era membro integrante da comissão arquidiocesana de catequese.

         Dom Nivaldo monte celebrou missa na igreja matriz com a participação de toda a comunidade, observando-se o ritual solene da profissão de votos naquela congregação.

         Após a santa missa dirigiram-se todos ao secretariado paroquial, onde Dom Nivaldo Monte deu a benção á magnífica casa adquirida pelas Irmãs do Imaculado Coração de Maria com a ajuda dos católicos alemães.

Disse o arcebispo de Natal que aquela casa era a casa de todos, uma vez que ali se planejava e se pensava nas necessidades de toda a comunidade humana e espiritualmente.

Dom Nivaldo Monte recebeu além das religiosas, o vigário cooperador de Ceará-Mirim, o Pe. José Pedro da Silva.Após as palavras de Dom Nivaldo Monte inaugurando o secretariado,falou um leigo em nome da comunidade ali reunida. (A ORDEM, 07/01/1967, p.4).

O secretariado paroquial foi uma inovação feita pela Irmã Natalina Rossetti que era administradora da paróquia ou como era mais conhecida a época irmã vigária, justamente por ser  responsável pela administração  e coordenação pastoral da paróquia de Taipu.

No prédio que foi adquirido pelas irmãs do ICM em nome da paróquia tinha a finalidade de reunir todos os movimentos de pastorais para alise fazerem as reuniões desses movimentos, além disso se realizavam ainda atividades culturais também da paróquia.Ali foi montada a biblioteca paroquial,outra inovação da irmã Natalina que muito prezava pela educação e formação cultural e religiosa dos fiéis e principalmente dos articuladores e lideres de movimentos de pastorais.

No prédio funcionava ainda a secretaria paroquial e a sede do grupo de escoteiros Dom Bosco assim como o Centro Social também denominado Dom Bosco.

A maior parte das atividades ali se realizaram até 1986 quando foi inaugurado o Centro Pastoral com sua estrutura maior que passou a receber os principais eventos da paróquia assim como da comunidade em geral.

A partir de 1998 o prédio passou a ser somente a sede do grupo de escoteiros Dom Bosco.

O prédio que pertence a paróquia se encontra atualmente em estado de ruínas.Ali se poderia após uma completa reforma em que se conservasse a fachada do edifício adaptá-lo internamente para servir como o memorial das Irmãs do Imaculado Coração de Maria a exemplo do que foi feito em Nísia Floresta onde se transformou a casa onde residiram as Irmãs de Jesus Crucificado num memorial daquela que foi a experiência piloto e pioneira na Arquidiocese de Natal e no Brasil das Irmãs Vigárias.





Dom Nivaldo Monte (o segundo a esquerda) em visita a Taipu. O penúltimo a direita era o então Pe.Antonio Soares  Costa que em 1972 seria eleito bispo auxiliar de Natal,a última a direita era a Ir. Natalina Rossetti, superiora da casa Coração de Maria e  vigária paroquial de Taipu.As demais pessoas na foto não foram identificadas por nós.

Reunião no secretariado paroquial.

A bibliotca que funcionava no prédio do secretarido paroquial
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segunda-feira, 7 de março de 2022

A INAUGURAÇÃO DO RAMAL CABEDELO A JOÃO PESSOA

A inauguração do ramal entre Cabedelo e João Pessoa da Estrada de Ferro Conde D’Eu foi marcada para ocorrer no dia 25/03/1889.A data foi escolhida por ser feriado nacional por ser o aniversário do juramento da constituição política do Império.

     De acordo com o Jornal da Paraíba a Companhia que administrava a referida ferrovia, no intuito de evitar confusão e falta de ordem, faria convites por cartões, sem a exibição dos quais ninguém teria acesso aos vagões do trem inaugural. (JORNAL DA PARAÍBA, 16/03/1889, p.4).

     O trem partiria da estação central as 10h00 da manhã e regressaria de Cabedelo as 17h00 da tarde. No grande armazém existente na então povoação de Cabedelo seria servido um profuso lanche para mais de 100 talheres.

    Ainda de acordo com o citado jornal, depois de inaugurada, a linha somente seria aberta ao tráfego em 02/04/1889, ainda dentro do prazo dado pelo Governo Imperial para tal fim o qual havia sido prorrogado até o dia 10/04/1889. (JORNAL DA PARAÍBA, 16/03/1889, p.4).

   Com o funcionamento do ramal se poderia considerar completamente aberto o porto da província para a saída em maior escala dos seus produtos agrícolas, por isso que a ele sucederia mais ativamente os trabalhos dos prolongamento, que já haviam sido feitas as concessões, do Pilar à Itabaiana e o de Mulungu a Alagoa Grande.Na ocasião foi inaugurada também a estação ferroviária da povoação do Cabedelo.

     Na edição do dia 30/03/1889 escreveu o Jornal da Paraiba sobre a inauguração do aludido ramal: “esteve esplendida, feérica mesmo, tomados estes dois termos na sua mais lata acepção, a festa com que a 25 do corrente foi solenemente inaugurado o ramal do Cabedelo” (JORNAL DA PARAÍBA,30/03/1889, p.4).

    Segundo o referido jornal foi calculada em mais de 500 pessoas o concurso de pessoas que se aglomerou na estação central da Estrada de Ferro Conde D’Eu e nos lugares circunvizinhos.

   A superintendência  da ferrovia, não obstante haver endereçado convites e em número limitado, compreendendo ser justo o desejo geral de participação nas alegrias e delicias do festival, deliberou ordenar que fosse livre o ingresso nos vagões a quantos o pretendessem embarcar no trem inaugural até a hora da partida.

Estação de Cabedelo


Evento social na estação de Cabedelo no inicio do século XX.

Teor do convite feito pela Superitendência da Estrada de Ferro Conde D'Eu para a solenidade da inauguração do ramal.Fonte: Gazeta da Paraíba, 31/03/1889,p.1.



Estação de Cabedelo, década de 1960.

Estação de Cabedelo, 2006.

Estação de Cabedelo.

Rua de acesso a estação de Cabedelo

Vista externa do pátio ferroviário de Cabedelo

Vista externa do pátio ferroviário de Cabedelo.

     Atualmente a estação de Cabedelo integra o sistema de trens metroplitanos da CBTU-João Pessoa.

sábado, 5 de março de 2022

SOBRE A DECADÊNCIA DE ESTREMOZ E ALGUNS MELHORAMENTOS NA DÉCADA DE 1930-40


         Sobre a então vila de Estremoz escreveu o jornal Diário de Pernambuco em 1933: “Estremoz, uma das primeiras vilas construídas no Brasil, é também uma das mais decadentes que se conhece”.A época a decadente vila de Estremoz fazia parte do município de Ceará-Mirim onde figurava como distrito.

        Apesar de se achar próxima a uma grande lagoa, em cujas margens a agricultura estava tendo muito incremento, e está apenas poucos quilômetros  da Capital,contando com trens diários de ida e volta, a vila de Estremoz quase nada tinha melhorado no tocante a edificações e movimentação comercial.

         Escreveu ainda o referido jornal que a igreja de Estremoz havia sido levantada há 300 anos pelos jesuítas incumbidos da catequese dos índios, era um templo espaçoso, onde conservava ainda naquele ano de 1933 as suas feições coloniais originais na fachada e no interior, apesar das grandes reformas por qual tinha passado.

Igreja e convento de Estremoz em 1907.


       O jornal forneceu ainda uma descrição da igreja naquele ano, na qual de acordo o mesmo na arcada principal havia em alto relevo, a Coroa portuguesa (o brasão do reino de Portugal) e nos altares encontravam-se ainda as imagens trazidas de Lisboa por navegadores lusitanos no século XVII. Nos nichos da sacristia, existiam também três imagens, as quais, segundo a tradição, foram encontradas na lagoa.

        Em Estremoz viam-se ainda as ruínas do convento edificado ao lado da igreja,bem como o extenso subterrâneo que partindo de um dos corredores laterais da igreja,tomava a direção da lagoa.


Aspectos de Estremoz em 1914 e 1938, respectivamente.


      A descoberta deste túnel foi feita por pessoas que, desde o inicio do século XX eram levadas por sonhos e aparições, e que por isso mesmo vinham empregando muito tempo e dinheiro em escavações, a procura de tesouros.

      Em frente à igreja havia um majestoso cruzeiro e um pelourinho onde costumavam açoitar os escravos da vila.

    Um pouco adiante, no centro da praça, via-se um prédio bastantes carcomido e destelhado, era o antiquíssimo prédio da Câmara e Cadeia.As espessas paredes, apesar do abandono e da vegetação que surgia em vários pontos, sustentavam muitos cardeiros, que davam à ruína um aspecto bem bizarro.

Aspectos da Casa de Câmara e Cadeia de Estremoz em 1914 já esestado de abandono



Ruínas da Casa de Câmara e Cadeia de Estremoz em 1938.

      Não haviam ruas em Estremoz,segundo o Diário de Pernambuco.Existia apenas uma grande praça em torno da qual via-se quase todas as casas da localidade.

        Apesar desse cenário decadente, foi a partir da década de 1930 que já se começava a se notar certa diferença na vida de Estremoz.

       De acordo com o já citado jornal, a prefeitura de Ceará-Mirim havia construído ali um pequeno mercado e naquele ano de 1933 estava sendo edificado um prédio destinado ao grupo escolar localizado em frente a estação da EFCRGN e duas boas vivendas estavam quase concluídas.

        Assim, o poder público estava voltando suas vistas para esse lugar,que era um dos mais históricos do nordeste.

         Caso fosse levado a efeito o aumento do lastro da ponte de Igapó,de modo a permitir a passagem de automóveis, Estremoz seria uma das localidades mais beneficiadas com tal medida.

A festa de São Miguel Arcanjo

    No dia 08/10/1933 realizou-se a festa de São Miguel Arcanjo, padroeiro da vila de Estremoz.De acordo com o Diário de Pernambuco, desde a véspera da festa a noite a EFCRGN fizera correr um tremo de recreio entre Natal e Ceará-Mirim o qual transportou muitas pessoas para participar da festa.

       Pelas 11h00 foi celebrada pelo vigário de Ceará-Mirim, o cônego Celso Cicco, uma missa. Uma excelente orquestra e um grupo de senhoritas vindas de Natal ocuparam o coro da tradicional igreja.

       Durante o dia foram improvisadas animadas danças em algumas residências da vila. No centro da praça, o público tomou parte em várias diversões que decorreram em perfeita ordem. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 21/10/1933, p.7).

A agência postal de Estremoz

         Outro melhoramento ocorrido na povoação de Estremoz foi a inauguração da agência postal dos Correios que ocorreu em 12/10/1941. A solenidade foi presidida por Calazans Carneiro, representante da Diretoria Regional dos Correios em Natal, contando ainda com a presença de famílias e funcionários dos Correios. (A ORDEM, 14/10/1941, p.1).

         A agência postal de Estremoz ficou sob a direção da senhorita Olindina Honório dos Santos.

quinta-feira, 3 de março de 2022

A INAUGURAÇÃO DO PRÉDIO DAS ESCOLAS REUNIDAS DE ESTREMOZ


         Em 1934 Estremoz figurava como distrito do município de Ceará-Mirim.Naquele ano um importante melhoramento foi inaugurado na então povoação de Estremoz.Trata-se da inauguração do prédio das Escolas Reunidas de Estremoz que ocorreu solenemente em 24/06/1934 com a presença do Interventor Federal Mário Câmara, sua esposa e comitiva.

       Segundo o Diário de Pernambuco foi criado pelo Departamento de Educação na povoação de Estremoz, do município de Ceará-Mirim, duas Escolas Reunidas, ficando nelas absorvidas a escola rudimentar já existente ali. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 28/02/1934, p.4),o referido jornal escreveu ainda que fora nomeada a professora Antonia Guerra Jales para reger as Escolas Reunidas da povoação de Estremoz.

         Já de acordo com o jornal Diário da Manhã a construção do referido prédio foi iniciada pelo Sr. Carmelo Pignataro com o auxilio de particulares e concluída pelo Governo do Estado (DIÁRIO DA MANHÃ, PE,06/01/1933, p.1).Hoje em dia tal  atitude é conhecida pelo o termo parceria público-privado.

        Em viagem ao município de Ceará-Mirim, o interventor federal no Rio Grande do Norte, Mário Câmara, sua esposa e comitiva, haviam passado antes pela povoação de Estremoz, onde puderam visitar o novo edifício em construção, destinado ao funcionamento de uma escola, cuja direção dos trabalhos estava a cargo do Sr. Cornélio Pignataro, que era um proprietário naquela povoação. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 21/04/1934, p.2).

      Sobre a inauguração do prédio das Escolas Reunidas de Estremoz escreveu o citado jornal: “realizou-se ontem, coma presença do interventor Mário Câmara, a inauguração das Escolas Reunidas da Vila de Estremoz, tendo assistido ao ato, várias pessoas gradas da capital. Durante a inauguração toco abanda de música da Policia Militar”. (DIÁRIO DA MANHÃ, 01/07/1934, p.18).

         De uma entrevista concedida no Rio de Janeiro em 1935 por Câmara Cascudo sobre a instrução pública no Rio Grande do Norte disse ele a respeito das Escolas Reunidas de Estremoz: “a escola de Estremoz, há trinta minutos da capital, tinha uma mesa da recebedoria e três bancos de aroeira da Igreja.Hoje tem um grupo esplêndido,claro e amplo com salões acolhedores e material idôneo”. (DIÁRIO DA MANHÃ, PE, 05/05/1935, p.2).

         A construção do prédio das Escolas Reunidas de Estremoz foi incluída no programa de expansão da rede pública de ensino do governo do Interventor Federal no Rio Grande do Norte, Mário Câmara, o qual fez construir prédios escolares em povoados, vilas e cidades espalhados pelo território do estado.

         As Escolas Reunidas como o nome indica era a junção de todas as cadeiras primárias existentes em determinado lugar, geralmente haviam duas, uma para cada sexo, as vezes uma noturna para trabalhadores, que funcionavam na maioria das vezes na residência dos respectivos professores quando não possuíam prédios próprios.

      Não tenho a informação se o prédio das Escolas Reunidas de Estremoz que fora inaugurado em 1934 ainda existe ou se foi ao longo do tempo modificado em sua arquitetura.Seria, portanto, um dos prédios mais antigos do atual município de Estremoz.

      Quanto ao Sr.Carmelo Pignataro que ajudou a construir o referido prédio também não consegui encontrar maiores informações.

     Em 29/10/1937 foi assinado o decreto do interventor federal o qual denominava de Felipe Camarão as Escolas Reunidas de Estremoz (A ORDEM, 29/10/1937, p.2).


Aspecto da fachada do prédio das Escolas Reunidas de Estremoz no dia de sua inauguração.
Foto: A Noite,19/01/1935,p.24.

Aspectos internos do prédio das Escolas Reunidas de Estremoz no dia de sua inauguração.
Foto: A Noite,19/01/1935, p.24.

Aspectos da vila de Estremoz em 1938.Foto: Revista Cruzeiro,1938.

Professores das Escolas Reunidas de Estremoz

         Em 05/02/1936 exercia função efetiva nas Escolas Reunidas de Estremoz a professora Severiana Alves Barbosa, tendo sido naquela data sido transferida interinamente para servir no Grupo Escolar Cel. Antonio Lago em Touros.(A ORDEM,05/02/1936, p.2).

         Em 25/01/1940 foi promovida a 3ª classe a professora Odí Freire de Oliveira, das Escolas Reunidas Felipe Camarão, de Estremoz. (A ORDEM, 25/01/1940, p. 40).

         Em 13/12/1940 foi removida a pedido, a professora Iolando Freire Cortês, das Escolas Reunidas Felipe Camarão, da povoação de Estremoz, para a escola isolada de Sertãzozinho, em Canguaretama.(A ORDEM,13/12/1940, p.4).

         Em 13/02/1942 foi nomeada Anita Barbosa para exercer interinamente como substituta a regência de uma das cadeiras das Escolas Reunidas Felipe Camarão, da vila de Estremoz, durante o impedimento da titular Silvia Paiva dos Santos.(A ORDEM,13/02/1942, p.2).Silvia Paiva foi citada como professora de 4ª classe desde 14/03/1941 pelo mesmo jornal (A ORDEM,14/03/1941,p.4).

         Em 21/05/1943 foi designada a professora Zilda Barbosa Lima, professora de 4ª classe, da escola isolada de Poço de Pedras, no município de São Gonçalo, para prestar serviços nas Escolas Reunidas Felipe Camarão, em Estremoz, durante o impedimento da professora Silvia Paiva dos Santos que se encontrava em gozo de licença de 6 meses para tratar de interesses particulares. (A ORDEM,21/05/1943, p.3).

         Em 09/09/1944 o secretário geral do Estado baixou portaria concedendo a Inácio Teixeira de Carvalho,ocupante do cargo de professor de 4ª classe, das Escolas Reunidas Felipe Câmarão,na povoação de Estremoz, 60 dias de licença para tratamento de saúde.(A ORDEM,09/09/1944, p.2).

         Em 25/09/1944 Almira Soares foi nomeada para reger interinamente como substituta, uma das cadeiras das Escolas Reunidas Felipe Camarão, da povoação de Estremoz, durante o impedimento da respectiva titular.(A ORDEM, 25/09/1944, p.2).

Em 05/09/1945 Antonia Arlinda Barbosa foi nomeada para exercer o cargo de professora primária das Escolas Reunidas Felipe Camarão da povoação de Estremoz. (A ORDEM, 05/09/1945, p.3).

Foram estes os mais antigos professores que lecionaram nas Escolas Reunidas de Estremoz após a construção do seu respectivo prédio em 1934.

Além destes professores em 15/07/1948 Valdira Honório dos Santos foi nomeada como zeladora das Escolas Reunidas Felipe Camarão em Estremoz.(A ORDEM, 15/07/1948, p.4).


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

A INAUGURAÇÃO DO TRECHO FERROVIÁRIO ENTRE BORBOREMA E BANANEIRAS


O ramal ferroviário de Bananeira a Boca do Túnel foi inaugurado em 22/10/1922 na Estrada de Ferro Guarabira a Picuí.

         De acordo com o relato do jornal O Norte houve trens especiais com a comitiva chefiada pelo secretário Álvaro de Carvalho, representando o governador do Estado, os quais se dirigiram para o local das solenidades as 06h00 partindo da estação central de João Pessoa.

         Além da comitiva do governo do estado estavam presentes nos trens o pessoal técnico da Estrada de Ferro Conde d’Eu os engenheiros J. White, chefe do tráfego, A. G. Cooper, chefe da conservação, Cesar Cartaxo e Pedro Carlile, engenheiros fiscais, Antonio Almeida e Manuel Costa, engenheiros eletricistas.

         E evidentemente os representantes da imprensa paraibana que iriam fazer a cobertura da inauguração do referido trecho ferroviário.

         As 10h30 a comitiva desembarcou em Borborema ao som da banda de música de Bananeiras e uma grande girândola fendeu os ares.

         Se dirigiram todos a residência do Cel. Barôncio de Lucena que esperava os delegados do governo na estação e depois de ligeiro repouso tendo servido um lauto banquete foi saudado por Manuel Paiva, em nome do Cel. Barôncio de Lucena, ao dr. Álvaro de Carvalho que naquela ocasião representava o governador Solon de Lucena.

A inauguração da estação de Manitu

         De Borborema partiu o trem puxado pela locomotiva nº 197, toda embandeirada e coberta de ramos e flores, e onde se lia “Viva o Dr. Epitácio Pessoa” seguiu o trem que inaugurou o trecho citado, dando entrada na gare da estação de Manitu, recentemente construída, em baixo de entusiasmáticos vivas ao presidente da República.

         Na estação de Manitu havia sido estendida uma grande faixa onde se lia: “Viva o Dr. João Holmes” entre outros versos. Ao ser-lhe entregue um buquê  pela comissão de festejos o engenheiro João Holmes  derramou lágrimas de sincera comoção “pois se via a eloquência da sinceridade daquela manifestação”. (JORNAL DO RECIFE, 07/12/1922, p.2). João Holmes foi engenheiro responsável pela construção do trecho.

Fonte: Ilustração Brasileira,1922.
Prédio da antiga estaçao de Manitu.Foto: Jônatas Rodrigues, 2007.

            A estação de Manitu começou a ser construida em junho de 1922.A imagem a cima mostra a estação de Manitu estampada na revista Ilustração Brasileira em setembro de 1922, ou seja, um mês antes de sua inauguração.

         Após a saudação do acadêmico Claudie Maia em nome do povo o secretário Alvaro Carvalho declarou inaugurada a estação de Manitu. Havia sido ali preparada para mais de 500 mesas de café onde a todos  foram servidas cervejas em profusão segundo o jornal O Norte.

Subindo a serra da Viração

Subindo a serra a primeira locomotiva num apito agudo e prolongado anunciou a vitória do homem, mais uma vez, sobre a natureza bruta e assim as 14h40 depois de um rápido percurso, no qual se ouvia constantemente o pipocar dos foguetões, o comboio parou na estação provisória de Boca do Túnel, sendo os representantes do governo do Estado recebidos pelas autoridades locais de Bananeiras, tendo sido saudados por Pedro Anisio Maia e Floriano Mendes.

Na estação da Boca do Túnel esperava quaser toda a população de Bananeiras que promoveu uma carinhosa manifestação com todos os discursos protocolares.

         Dali saiu a comitiva para a cidade de Bananeiras que fica a 2 km do túnel em construção, o qual em muito facilitaria o acesso aquela comuna. Desse grande túnel só faltava ser perfurado 50 metros em rocha viva, sendo esse trabalho feito por poucos homens, avançando-se 8 metros por mês, segundo informação que foi prestada aos jornalistas.



Detalhes das obras em ambas bocasdo túnel na serra da Viração.Fonte: Ilustração Brasileira,1922.


         A novo trecho ferroviário cortava toda a propriedade “Carneiro” do Cel. Ascendino Neves.

O governador do Estado não esteve presente a inauguração devido a problemas de saúde.

         Foram feitos os registros fotográficos da inauguração do trecho ferroviário entre Borborema e Bananeiras.

         O extenso trem foi franqueado ao público que desejasse assistir a referida inauguração. Manitu era uma estação intermediária.



Aspectos do túnel da serra da Viração em Bananeiras.

Atualmente pelo antigo túnel ferroviário passa uma estrada municipal.



Aviso de abertura das estações de Manitu e Boca do Túne pela GWBR.Fonte:O Norte,27/10/1922, p.2.

Aviso de abertura do tráfego entre Guarabira e a estação provisória da Boca do Túnel.Fonte:O Norte,02/12/1922,p.1
      

Sobre o trecho inaugurado

Esse trecho, como os demais da Estrada de Ferro de Guarabira a Picuí, foi construído em plena ascensão da serra, não havendo um só pedaço de linha sobre terreno natural, pois os grandes cortes de muitos metros de altura em barro e em rocha se alternavam sucessivamente com aterros de altura vertiginosas que muitas vezes foi preciso substituir por grandes pontes metálicas.

         A linha, contudo ainda não havia atingido a cidade de Bananeiras porque a cidade estava localizada num profundo vale e para chegar até lá foi necessário abrir um grande túnel de extensão pouco inferior a 200 metros e que deveria atravessar a serra.

         Os serviços já estavam em andamento adiantado de um lado e do outro uma extensão cavada em rocha não inferior a 30 metros.

         A estação de Boca do Túnel era provisória sendo preciso que para se chegar a cidade devia-se transpor a serra numa caminhada de pouco mais de 2 km.

Visita a cidade de Bananeiras

Foi entre aclamações, músicas e salvas que o secretário Álvaro de Carvalho e comitiva chegaram a residência  do Cel. Leopoldo Bezerra prefeito de Bananeiras.

         Poucos depois a comitiva foi convidada por Marques de Azevedo, chefe da Comissão de Estradas de Bananeiras, para ser inaugurada uma pequena e artística ponte na rua principal da cidade.

Houve uma sessão solene no Conselho Municipal ( Atual Câmara de Vereadores) onde na ocasião foi inaugurado seu novo prédio e fez-se a aposição do retrato do presidente da República Epitácio Pessoas.

       A comitiva visitou logo depois o Instituto Bananeirense voltando depois para a residência do Cel. Leopoldo Bezerra onde foi servido um banquete. (O NORTE, 25/10/1922, p.1).

         A cidade de Bananeiras estava toda embandeirada, ostentando arcos bem iluminados e com expressivas inserções artísticas. Na praça em construção tocava a banda de música local notando-se uma multidão de mais de mil pessoas assistiam o cinema ao ar livre.

         Segundo o relato do Jornal do Recife, Bananeiras de uma cidade velha e antiquada que era estava sendo transformada em uma “urbs” moderna graças às duas comissões de obras contras as secas, uma de estradas e outra de açudagem que lá haviam.

O velho riacho que cortava a cidade foi drenado com paralelepípedos de granito numa extensão superior a 2 km, as ruas estavam todas calçadas e macadamizadas, tinha uma bela praça com postes de cimento armado, um obelisco e um lindo coreto, uma escadaria de 70 degraus ligando a cidade baixa à alta onde se encontrava a igreja matriz e estava ligada a todas as localidades vizinhas por estradas de rodagens amplas e modernas. (JORNAL DO RECIFE, 07/12/1922, p.2).

No  dia seguinte, logo pela manhã, a comitiva fez uma demorada visita ao grande e belíssimo estabelecimento de ensino profissional que seria o patronato agrícola André Vidal de Negreiros que estava sendo construído com economia e sábia administração pelo jovem, modesto e talentoso engenheiro J.Trindade.

         Em seguida fez-se uma excursão até Moreno (atual Solânea).

         Depois do almoço houve sessão solene no salão da comissão de estradas com sede em Bananeiras, havendo então a aposição dos retratos do presidente Epitácio Pessoa e do governador Solon de Lucena.

         As 06h00 do dia seguinte partiu o trem da estação provisória Boca do Túnel conduzindo os excursionistas para a capital paraibana.

 

Aspectos da cidade de Bananeiras.Fonte: Ilustração Brasileira,1922.