O
jornal A Republica havia publicado os resultados das eleições em diversos
municípios do Rio Grande do Norte destacando o nome de Alzira Soriano, que fora
eleita “prefeito” de Lajes. O fato era tão extraordinário que a palavra ‘prefeita’
ainda não era usada, adotando-se a nomenclatura no masculino.
No jornal A Esquerda (RJ), se lia
“Mais uma vitória do feminismo no Rio Grande do Norte. A senhora Alzira
Soriano, recentemente eleita para o
cargo de prefeito de Lajes, recebeu ali da parte de suas conterrâneas, uma
expressiva manifestação de apreço” (A ESQUERDA, 1928, p.4, grifo
nosso).
No jornal A Província (PE) se lia:
“em muitos municípios notadamente em Lajes, Angicos, Baixa Verde e Apodi,
realizaram-se muitas festas por ocasião da posse dos novos prefeitos. Em Lajes
foi empossada d. Alzira Soriano, ultimamente eleita para dirigir os destinos
daquele município, sendo esse fato considerado como uma esplêndida vitória do
feminismo. Trata-se da primeira mulher que exerce essas funções no Brasil” (A PROVÍNCIA, 1929, p.4).
No O Imparcial (MA) se lia: “comunicam
de Natal que a senhora d. Alzira Soriano foi eleita para exercer as funções de prefeito municipal de S. José de Lajes” (O
IMPARCIAL, 1928, p. 4, grifo nosso).
O Imparcial (RJ) registrou o fato
com essas palavras: “nas eleições [de 1928] foram eleitas 5 intendentes
[vereadoras] e 1 prefeita, no município de Lajes e recaindo a escolha na Sra.
Alzira Soriano, elemento ativo no movimento feminino e de alto prestigio na
politica da sua terra, pelas suas grandes qualidades de caráter e força moral
(O IMPARCIAL, 1928, p.14).
Outros jornais de circulação
regional e nacional repercutiram o fato histórico da eleição da primeira
prefeita eleita do Brasil como o Correio Paulistano (SP) que registrou “para o
cargo de ‘prefeito” de Lajes (CORREIO PAULISTANO, 1928, p. 2), igualmente O
Ceará (1928,
p. 6), A Noite (1928, p. 7) e o Gazeta de Notícias (1928, p. 2).
No jornal A Cruz[1] o problema da nomenclatura
persistia ainda no ano de 1930, dois
anos após a eleição de Alzira Soriano “é uma prova o que vem fazendo de há um
ano a esta parte a mui digno prefeito de Lajes, no Rio Grande do Norte,
a Sra. Alzira Soriano” (A CRUZ, 1930, p.
4, grifo nosso).Já a revista Vida Doméstica (RJ) usou a nomenclatura no
feminino ao se referir o fato da eleição de Alzira Soriano “No Rio Grande do
Norte, as mulheres já exercem em toda a
plenitude os direitos políticos, podendo votar e serem votadas. Ali existe a
única mulher sul-americana que foi elevada ao posto de chefe do governo
executivo de um município, a senhora Alzira Soriano, Prefeita de Lajes,
cujo governo tem agradado grandemente aos seus munícipes (VIDA DOMÉSTICA, 1930,
p. 44, grifo nosso)
A novidade era tão extraordinária
que os jornais não sabiam lidar com a questão de nomenclatura na hora de se
registrar o predicativo alusivo ao cargo correspondente ao sexo da ocupante,
igualmente como se verificou em tempo mais recente com uma ocupante do cargo do
executivo da República cujo nome me recuso a mencionar neste trabalho.
Imagem de Alzira Soriano publicada no jornal O Paíz, 1928, p. 15. |
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÉ um enorme orgulho para o povo potiguar ter duas mulheres importantes na História do Brasil e da América Latina, como Alzira Soriano (primeira prefeita), Celina Viana (primeira eleitora).E por que não não mencionar outra ainda no século XIX? Nísia Floresta a primeira feminista de todos os tempos.
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