Passada
as festas da eleição de Alzira Soriano, os olhos de todos, principalmente dos
céticos do feminismo, dos adversários políticos e da imprensa se voltavam para
a administração da prefeita
Em entrevista ao jornal a Republica
disse a prefeita Alzira Soriano ter renovado o contrato da luz elétrica
pública, há muito suspenso, estando agora funcionando, iniciou a limpeza total
da cidade, a construção da cadeia pública e em breve iniciaria a construção do
campo de aviação de Lajes (apud O PAIZ 1929, p. 8).
A prefeita havia saldado as dividas
deixada pelo antecessor, pagas em parte, depois de escrupulosamente estudá-las,
ficando por amortizar as outras no exercício entrante. Demonstrou-se um saldo,
ficando provado o seu equilíbrio financeiro.
Abriu mais duas escolas, além das três
que já haviam, sendo a instrução publica o assunto de sua predileção. Reformou
o mercado de Lajes, construiu outro em Jardim de Angicos, melhorou o cemitério
e realizou muitas outras obras, como a construção de um jardim público. O
serviço de limpeza foi reforçado, remodelou a sede do município, vilas e
povoados, havendo com tudo isso economia para os cofres públicos.
Ao assumir o cargo a Sra Alzira
Soriano encontrou a cidade sem luz, devido ao mal pagamento à companhia
fornecedora, saldou a dívida e melhorou a usina de energia com processos
modernos. Melhorou os 155 km de estradas que ligavam Lajes aos municípios
vizinhos.
No tocante a administração da
prefeita se dizia no jornal A Cruz: “o relatório do seu primeiro ano de governo
enche-nos de nobre orgulho e satisfação” (A CRUZ, 1930, p. 4).
Criticas
Além do descrédito para
a administração pública Alzira Soriano foi muito criticada pela imprensa por
ter manifestado apoio a Júlio Preste para presidente da República que o fez
mediante orientação do governador Juvenal Lamartine.
O município
Eis como se caracterizava o
município de Lajes na época em que Alzira Soriano foi eleita para ser prefeita
do município.
O antigo município de Jardim de
Angicos criado pela lei Nº 55 de 04 de outubro de 1890 com sede na vila de Jardim de
Angicos, situada a margem esquerda do rio Ceará-Mirim, fora suprimido e transferido
para a então povoação de lajes, elevada a categoria de vila, instalada em
01/03/1915.A vila foi elevada a categoria de cidade em outubro de 1927 e
instalada a 06/11/1927.
O município possuía 240 km²,
distante 150 km da capital, a época o município de lajes se limitava com
Touros, Angicos, Santa Cruz, São Gonçalo e Taipu. Os distritos era Lajes e
Jardim de Angicos. Os povoados eram Cauassu, Pedra Preta e Caiçara. Era servida
pela estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, tinha ainda 4 estradas de
rodagens. A economia do município girava em torno do cultivo de algodão e cereais.
O município importava todos os artigos de consumo e exportava algodão, peles,
couros, carnaúba, carnes e laticínios.
A população era estimada em 8.75
habitantes e 40 eleitores. A sede municipal era igualmente sede de comarca.
Repartições federais
Havia no município uma coletoria
federal de rendas com um coletor e um escrivão. Uma agência dos correios com
seu respectivo agente. O cargo de ajudante de procurador da República achava-se
vago, havia um agente da estação e um telegrafista da EFCRN, sendo estes as
repartições públicas do âmbito federal no município (ALMANAQUE LAEMMERT:
ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL-RJ, 1929, p. 1015).
No âmbito estadual as repartições e
serviços eram: na comarca, um juiz de direito, adjunto do promotor, escrivão e
tabelião e oficial de justiça. No tocante a segurança pública havia um delegado
e um subdelegado. Na coletoria de rendas estadual havia um agente município
(ALMANAQUE LAEMMERT: ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL-RJ, 1929, p. 1015).
No tocante a instrução pública, na
sede municipal existia o grupo escolar dom Pedro II e outras várias escolas nas
povoações. Existiam 4 cemitérios, 1 paróquia. Duas associações: a União
Operária e o Grêmio Musical de lajes município (Op. Cit.).
No tocante ao comercio, indústria e
profissões havia em lajes 1 alfaiate, 29 estabelecimentos comerciais de
armarinhos, secos e molhados e fazendas. Barbeiros eram 6; bares e bilhares
eram 10; 1 fábrica de cal; 1 fábrica de calçados, exportadores de carne seca eram
4; carpinteiros e marceneiros eram 10; cocheiras 3; curtumes 3; farmácia 1;
fogueteiro 1. Funileiro 2; exportado de gado 2; hotel e pensão eram 2; livraria
e papelaria 1; olarias eram 5; padaria 1; parteiras eram 4; pedreiros erma 14;
fotografo 1; restaurante 1; sapateiros 12; agricultores e lavradores 53,
criadores 44; capitalistas 5 (Op. Cit.
p. 1015- 1016).
A administração municipal
A administração municipal estava
assim constituída: Presidente: Alzira Soriano, vice-presidente: Francisco
Ferreira da Costa. Intendentes: Joaquim Macário Gomes Pinheiro; Mariano Avelino
dos Santos; Francisco Damasceno Bezerra, João Alfredo de Góis, Aureliano Moura
do Vale, Joaquim Ferreira Junior, José da Costa Alecrim, Manoel Rebouças de
Oliveira, Sebastião Moura do Vale (Op. Cit. p. 1015).
A época
a administração pública era feita pela intendência municipal cujo intendentes
eram eleitos e estes em votação elegiam o presidente que por sua vez exercia a
função de presidente da intendência, o equivalente ao cargo de prefeito como
hoje o conhecemos. O cargo de procurador estava vago e o tesoureiro era
Francisco Avelino.
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