terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O PRIMEIRO ANO DE ADMINISTRAÇÃO DE LAJES SOB O GOVERNO DE ALZIRA SORIANO


  Passada as festas da eleição de Alzira Soriano, os olhos de todos, principalmente dos céticos do feminismo, dos adversários políticos e da imprensa se voltavam para a administração da prefeita
   Em entrevista ao jornal a Republica disse a prefeita Alzira Soriano ter renovado o contrato da luz elétrica pública, há muito suspenso, estando agora funcionando, iniciou a limpeza total da cidade, a construção da cadeia pública e em breve iniciaria a construção do campo de aviação de Lajes (apud O PAIZ 1929, p. 8).
     A prefeita havia saldado as dividas deixada pelo antecessor, pagas em parte, depois de escrupulosamente estudá-las, ficando por amortizar as outras no exercício entrante. Demonstrou-se um saldo, ficando provado o seu equilíbrio financeiro.
    Abriu mais duas escolas, além das três que já haviam, sendo a instrução publica o assunto de sua predileção. Reformou o mercado de Lajes, construiu outro em Jardim de Angicos, melhorou o cemitério e realizou muitas outras obras, como a construção de um jardim público. O serviço de limpeza foi reforçado, remodelou a sede do município, vilas e povoados, havendo com tudo isso economia para os cofres públicos.
     Ao assumir o cargo a Sra Alzira Soriano encontrou a cidade sem luz, devido ao mal pagamento à companhia fornecedora, saldou a dívida e melhorou a usina de energia com processos modernos. Melhorou os 155 km de estradas que ligavam Lajes aos municípios vizinhos.
      No tocante a administração da prefeita se dizia no jornal A Cruz: “o relatório do seu primeiro ano de governo enche-nos de nobre orgulho e satisfação” (A CRUZ, 1930, p. 4).

Criticas
    Além do descrédito para a administração pública Alzira Soriano foi muito criticada pela imprensa por ter manifestado apoio a Júlio Preste para presidente da República que o fez mediante orientação do governador Juvenal Lamartine.

O município
    Eis como se caracterizava o município de Lajes na época em que Alzira Soriano foi eleita para ser prefeita do município.
     O antigo município de Jardim de Angicos criado pela lei Nº 55 de 04 de outubro de 1890 com sede na vila de Jardim de Angicos, situada a margem esquerda do rio Ceará-Mirim, fora suprimido e transferido para a então povoação de lajes, elevada a categoria de vila, instalada em 01/03/1915.A vila foi elevada a categoria de cidade em outubro de 1927 e instalada a 06/11/1927.
    O município possuía 240 km², distante 150 km da capital, a época o município de lajes se limitava com Touros, Angicos, Santa Cruz, São Gonçalo e Taipu. Os distritos era Lajes e Jardim de Angicos. Os povoados eram Cauassu, Pedra Preta e Caiçara. Era servida pela estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, tinha ainda 4 estradas de rodagens. A economia do município girava em torno do cultivo de algodão e cereais. O município importava todos os artigos de consumo e exportava algodão, peles, couros, carnaúba, carnes e laticínios.
    A população era estimada em 8.75 habitantes e 40 eleitores. A sede municipal era igualmente sede de comarca.

Repartições federais
      Havia no município uma coletoria federal de rendas com um coletor e um escrivão. Uma agência dos correios com seu respectivo agente. O cargo de ajudante de procurador da República achava-se vago, havia um agente da estação e um telegrafista da EFCRN, sendo estes as repartições públicas do âmbito federal no município (ALMANAQUE LAEMMERT: ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL-RJ, 1929, p. 1015).
       No âmbito estadual as repartições e serviços eram: na comarca, um juiz de direito, adjunto do promotor, escrivão e tabelião e oficial de justiça. No tocante a segurança pública havia um delegado e um subdelegado. Na coletoria de rendas estadual havia um agente município (ALMANAQUE LAEMMERT: ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL-RJ, 1929, p. 1015).
     No tocante a instrução pública, na sede municipal existia o grupo escolar dom Pedro II e outras várias escolas nas povoações. Existiam 4 cemitérios, 1 paróquia. Duas associações: a União Operária e o Grêmio Musical de lajes município (Op. Cit.).
       No tocante ao comercio, indústria e profissões havia em lajes 1 alfaiate, 29 estabelecimentos comerciais de armarinhos, secos e molhados e fazendas. Barbeiros eram 6; bares e bilhares eram 10; 1 fábrica de cal; 1 fábrica de calçados, exportadores de carne seca eram 4; carpinteiros e marceneiros eram 10; cocheiras 3; curtumes 3; farmácia 1; fogueteiro 1. Funileiro 2; exportado de gado 2; hotel e pensão eram 2; livraria e papelaria 1; olarias eram 5; padaria 1; parteiras eram 4; pedreiros erma 14; fotografo 1; restaurante 1; sapateiros 12; agricultores e lavradores 53, criadores 44; capitalistas 5 (Op. Cit. p. 1015- 1016).

A administração municipal

   A administração municipal estava assim constituída: Presidente: Alzira Soriano, vice-presidente: Francisco Ferreira da Costa. Intendentes: Joaquim Macário Gomes Pinheiro; Mariano Avelino dos Santos; Francisco Damasceno Bezerra, João Alfredo de Góis, Aureliano Moura do Vale, Joaquim Ferreira Junior, José da Costa Alecrim, Manoel Rebouças de Oliveira, Sebastião Moura do Vale (Op. Cit. p. 1015).
    A época a administração pública era feita pela intendência municipal cujo intendentes eram eleitos e estes em votação elegiam o presidente que por sua vez exercia a função de presidente da intendência, o equivalente ao cargo de prefeito como hoje o conhecemos. O cargo de procurador estava vago e o tesoureiro era Francisco Avelino.

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