Da viagem
apostólica de Dom Adauto de Miranda Henriques, feita a Natal em março de 1902,
além dos frutos espirituais, resultou a inauguração do Colégio da Imaculada
Conceição, o qual foi designado pelo bispo da Paraíba, sob a direção das irmãs
Dorotéias, o qual segundo o jornal A República “se destina a ser um utilíssimo
estabelecimento de educação e ensino cristãos” (A REPÚBLICA, 03/03/1902, p.1).
O Colégio
da Imaculada Conceição foi instalado no prédio onde funcionou o antigo Hospital
Militar.
O Colégio da Imaculada Conceição foi inaugurado em
22/02/1902 e conforme o jornal A República, ás 06h00 da manhã, já era grande o
número que se aglomeravam em frente do edifício do Colégio,quando depois de
06h30 fez sua entrada naquele prédio o bispo diocesano da Paraiba, Dom Adauto
de Miranda Henriques, que estava em visita pastoral a Natal, acompanhado do seu
secretário, do vigário de Natal, Pe. João Maria e dos padres José de Calazans,
Agnelo Fernandes e João Evangelista.
A solenidade começou pela benção da Capela da Imaculada Conceição,
e de todo o edifício. Depois o bispo celebrou, tendo sido entoado o Tanto Ergo pela orquestra do Club Carlos
Gomes, na ocasião da elevação da hóstia.
Terminada a missa, foi instalado oficialmente o Colégio, lendo o padre José Tomás a respectiva ata de fundação do mesmo. A cerimônia foi acompanhada pela orquestra filarmônica de Luis Coelho, que ali compareceu espontaneamente.
Colégio da Imaculada Conceição, década de 1940/50. |
Segundo o jornal A República, que esteve presente a
solenidade, o espaçoso edifício do novo Colégio que estava sob a direção das
irmãs Dorotéias achava-se em excelentes condições higiênicas, e prometia ser um
estabelecimento de educação de primeira ordem.
Depois da inauguração,
houve uma ligeira refeição, na qual tomaram parte o bispo diocesano da Paraíba,
o governador do Estado, os sacerdotes presentes e algumas distintas senhoras.
De acordo com o citado jornal as inscrições para o referido
colégio estavam abertas e as aulas do novo estabelecimento de ensino em Natal
deveria ter inicio em 01/03/1902.
Ata da instalação do Colégio da Imaculada Conceição
Addmajorem Dei Gloriam.
Aos vinte e
dois de fevereiro de mil novecentos e dois, nesta Cidade do Natal, para maior
glória de Deus e desenvolvimento dos salutares princípios da educação cristã da
mocidade, sobre quem se fundam as mais belas garantias da felicidade da família
que o aviário sagrado das melhores bênçãos do céu, no sólido e confortável
edifício que patrioticamente foi cedido, pelo tempo de dez anos, pelo governo do
Estado, cujo ato foi aprovado pela Lei do Congresso do Estado, n. 153 de 2 de
setembro de 1901, foi solenemente instalado o Colégio da Imaculada Conceição,
sob os esforçados auspícios de S. Exma. e Sr. Bispo Diocesano, D. Adauto Aurélio
de Miranda Henriques e do valioso e espontâneo concurso de distintos cavaleiros
deste Estado, que obedeceram a um beneplácito particular da Providência Divina.
O
estabeleciemnto do Colégio ficou a cargo das religiosas de Santa Dorotéia,
tocando a missão de iniciá-lo a Revma. Madre Luigia Lucente, Provincial desta
Congregação no Brasil e Superiora do Colégio de São José do Recife, sendo suas
auxiliares as irmãs Maria das Dores Lira e Severina Melo.
As seis horas e
meias da manhã, S. Exma, Revma. Pároco de Natal, Padre João Maria Cavalcanti de Brito, Padre José Tomás Gomes
da Silva, secretário do bispado, Padre Agnelo Fernandes, coadjutor do
Ceará-Mirim e Padre José de Calazans Pinheiro, procedeu o cerimonial solene da
benção da capela do Colégio e de todo o edifício, celebrando em seguida o Santo
Sacrifício da missa, estando presente o que de mais seleto tem a sociedade
natalense.
Esta ata vai
assinada por S. Exma. Revma., e as
pessoas presentes.
Eu, Padre José
Tomás Gomes da Silva, secretário do bispado da Paraíba, a escrevi.
Adauto, Bispo Diocesano, Alberto
Maranhão, governador do Estado, Pe. João Maria C. de Brito, Pe. José Tomás G.
da Silva, Cônego J. Castro, Pe. José de Calazans Pinheiro, Pe
Agnelo Fernandes, Luiza Lucente, Sup. Prov., Inês Barreto Maranhão, José Mariano
Pinto, representante de A República, Pedro de Alcântara P. de Melo, representante
da Gazeta do Comércio. Seguem-se muitas assinaturas (A REPÚBLICA, 22/02/1902, p.1).
As respectivas senhoras Maria de
Miranda Galvão e Sofia Roselli fizeram o importante donativo de 500$000, cada
uma, destinado aquisição de um piano para o Colégio da Imaculada Conceição.
A diretoria do Colégio da Imaculada
Conceição fez celebrar nos dias 24, 25 e
26/02/1902 pelas 07h00 da manhã, na Capela do mesmo Colégio, uma missa de ação
de graças em intenção de todas as pessoas que concorreram para a fundação desse
que foi o pioneiro estabelecimento de ensino católico de Natal.
De acordo com o jornal A República
“informaram-nos com segurança estarem matriculadas oitenta e duas (82) alunas
nas diversas aulas do importante colégio da Imaculada Conceição, dirigido com
muita competência, por Irmãs Dorotéias” (A REPÚBLICA, 03/04/1902, p.4).
De 14 a 17/11/1902 realizaram-se os exames do
primeiro ano letivo do Colégio da Imaculada Conceição que pela estreiteza do
tempo decorrido desde o inicio do ano letivo em março até aquela data, pelo
pouco adiantamento que existia nas alunas, não possível as mesmas prestar os
exames finais, podendo apenas fazer os exames parciais do que estudaram nesse
decorrer de tempo.
Segundo o jornal A República as alunas do CIC em geral
revelaram grande adiantamento vantajoso, submetendo-se muitas pela excelência
de capacidade em umas e cuidadosa aplicação em outras.
Inaugurado em 22/02/1902 cuja criação de há muito se fazia
útil e necessária mesmo, abriu o ano letivo em 01/03/1902 e pela aceitação
geral que tinha conquistado, matriculou 110 alunas, sendo pela falta de cômodos
no estabelecimento que provisoriamente ocupavam, quase todas externas e somente
8 internas.
O colégio das Dorotéias na capital potiguar, “justiça se lhe
faça, como em todos os estados onde tem fundado, tem provado muito bem”.
Devido aos esforços do zeloso bispo da Diocese da Paraíba e
a correspondência generosa e patriótica dos filhos da terra, fundou-se não
fazia um ano, e até aquele presente momento o CIC tinha geralmente agradado a população
natalense.
Segundo o jornal A República "duas coisas ali se cultivavam, segundo o jornal A República, a inteligência e o coração, o que justamente forma o aperfeiçoamento moral da mulher" (A REPÚBLICA, 24/11/1902, p.3).
Sobre
o Colégio da Imaculada Conceição escreveu o relatório do governo do Estado em
1904 “é um dos melhores estabelecimentos de educação e ensino que possuímos. Criado
e mantido pela Congregação das Irmãs Dorotéias desde o seu inicio, tem sido um
colégio utilíssimo a mocidade feminina deste Estado”.
Suas diretoras aquele ano eram as madres Irene Daniel e
Maria Beltrão, que segundo o mesmo relatório “inspiram confiança aos pais de família,
e com justiça”.
No Colégio da Imaculada Conceição, além do ensino de português,
francês e inglês (de forma rudimentar) e elementos de matemática e noções de
geografia, ministrava-se ainda o ensino de desenho, música, canto e trabalho de
agulhas de toda espécie.
A matrícula em 1903 foi 120 alunas e frequência média de
100.
De acordo com o citado relatório “esse estabelecimento é,
sem dúvida, uma garantia à mocidade feminina e fazemos votos pela sua conservação”
(RELATÓRIO, 1904, p.176).
Em 1906
esteve em Natal o bispo diocesano da Paraíba, dom Adauto de Miranda Henrique
que veio a capital potiguar para proceder as solenidades de transferência do Colégio da Imaculada
Conceição (DIÁRIO DO NATAL, 23/06/1906, p.1), o qual passaria a funcionar na
rua Ulisses Caldas com a Av. Deodoro. O bispo ficou hospedado no Colégio Santo
Antônio na Cidade Alta. Até então o Colégio da Imaculada Conceição funcionava em
prédio cedido pelo governo do Estado temporariamente.
O novo
e imponente prédio do Colégio Da Imaculada Conceição foi inaugurado em 1939.O
Colégio da Imaculada Conceição encerrou suas atividades em 2016, o prédio foi
vendido para uma universidade particular.
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