Prolegômenos
Em 2018 se comemora os 90 anos do feito
histórico realizado pelos aviadores italianos Carlo Del Prette e Arturo Ferrarin
da travessia (raid) entre Roma na Itália e Natal, no Rio Grande do Norte, Brasil
em voo sem escalas.
Eis nossa modesta contribuição nas comemorações do histórico acontecimento que muito engrandece a história da aviação mundial e a nacional assim como a história do Rio Grande do Norte.
Quem eram os aviadores?
Carlo
Del Prette nasceu em Luca, na Itália no dia 21/08/1897 e começou sua carreira
militar na Academia Naval de Livorno. Participou de algumas operações da Guerra
da Líbia.
Na
I Guerra Mundial foi designado, pela
Marinha Real no Adriático, primeiro para o navio de guerra Giulio Cesare, e
depois para o explorador Aquila. Morreu no Rio de Janeiro 16/08/1928 aos 31
anos depois de intenso sofrimento em decorrência do acidente sofrido na baia da
Guanabara com o segundo avião Savoia-Marchetti.
Os aviadores italianos
Careta, 14/07/1928,p.16. |
Ferrarin de terno e Del Prete o de uniforme militar.
Arturo
Ferrarin nascido em Thiene a 13/02/1895. Tomou parte na Primeira
Guerra Mundial como um artilheiro no corpo de aviadores. Foi condecorado
veterano da Real Força Aérea Italiana durante a Primeira Guerra Mundial
Foi um aviador pioneiro e entre suas façanhas
incluem-se a vitória na corrida aérea "Raid Roma-Tokyo" em 1920 e um voo
direto da Itália para o Brasil em 1928 com o aviador Carlo Del Prete que estabeleceu o recorde mundial de distância
para um voo sem escalas.
Morreu
em um acidente de avião em Guidonia Montecelio em 18/07/1941.
O
raid aéreo Roma-Natal
Arturo
Ferrarin e Carlo Del Prette realizaram um feito histórico na aviação ao fazer a
travessia (raid) entre Roma e Natal, ou mais precisamente Roma a Touros no
litoral norte potiguar.
Partiram
no dia 03/07/1928 as 17h52 de Motecelio em Roma, capital da Itália e chegaram a
praia e cidade de Touros, a 100 km de Natal, a capital do Rio Grande do Norte na
região nordeste do Brasil na madrugada
do dia 05 seguinte a bordo do avião “Savoia S 6” de motor Fiat 500 HP que com
carga completa de combustível pesava 6.543 kg.
Uma viagem dificílima, sobretudo na
primeira noite, com o tempo péssimo, vento violentos e uma densa cerração.
Partiram do campo de Montecelio para a gloriosa viagem Roma-Natal as 17h52.Passaram
as 20h28 sobre o campo Fernando na Sardenha,as
05h07 do dia 04/07 em Gibraltar,as 12h15 o Cabo Juby, as 12h50 Vila
Cisnero e as 12h00 do dia 05/07 já estavam sobrevoando as costa brasileira.
As 16h27 os aviadores sobrevoaram o
porto de Natal seguindo para o sul recebendo a bordo um comunicado de boas
vindas do Embaixador da Itália via rádio
as 18h18. Voltando para Natal por motivos das condições atmosféricas adversas
desceram na capital potiguar as 18h46 tendo percorrido 7.188 km sem escala e
batendo todos os recordes mundiais até então.
No
dia 05/07/1928 o avião o Savoia-Machetti pilotado pelos aviadores italianos
Arturo Ferrarin e Carlo Del Prette aterrissou na praia de Touro, depois de
haver evoluído cerca de 20 minutos sobre a capital potiguar, mas que devido as
condições atmosféricas não permitiu aos pilotos avistarem o campo de pouso de
Parnamirim, “aerplace da Latecoere”, forçando-os a se dirigirem para o norte
onde a cerração era menor.
Os
pilotos conseguiram sobreviver a queda sem ferimentos e foram resgatados pela
população local de Touros.Após alguns dias vieram para Natal onde foram
recebidos como heróis por terem conseguido completar o percurso aéreo entre os
dois continentes.
A estadia em Natal
Natal
era a cidade estratégica para o avião em meados da década de 1920 quando a
aviação comercial tomava impulso.Segundo consta no relatório do governador
Juvenal Lamartine em 1928: “ nossa capital continua a ser o ponto preferido no
continente sulamericano para a descida de aviões e hidroaviões que atravessam o
Atlântico merecendo bem a denominação de
cais d a Europa que lhe deu o ministro Victor Konder”. (MENSAGENS DO GOVERNADOR
DO RIO GRANDE DO NORTE PARA ASSEMBLÉIA, 1928, p.68)[1].
Após
chegarem de Touros onde foram resgatados pelo povo daquela cidade os aviadores
Ferrarin e Del Prette foram recebidos
pelo governador Juvenal Lamartine e o povo que os receberam “com as mais justas e entusiásticas demonstrações de apreço e de admiração” ”. (MENSAGENS...,
1928, p.68).
Durante
os dias que permaneceram em Natal os aviadores aproveitaram para fazer reparos
no avião Savoia-Marchetti ancorado no rio Potengi, os aviadores foram hospedes
do Estado e receberam além de outras manifestações o diploma de cidadãos
natalenses.
Ecoou dolorosamente em todo estado a
noticia do acidente em que ficaram gravemente feridos os aviadores que
experimentavam no Rio de Janeiro um novo aparelho Savoia-Marchetti. O povo
norteriograndense acompanhou com vivo interesse, o tratamento dos aviadores e
sentiu profundo abalo com a noticia da morte de Del Prette. (MENSAGENS..., 1928,
p.68).
Chegada dos aviadores em Natal
Careta, 11/08/1928,p.12. |
Del Prette e Ferrarin entre o governador Juvenal Lamartine
Paratodos,1928,p.12. |
A chegada dos aviadores em Natal e sua recepção pelas altas autoridades e pelo povo. No centro o governador Juvenal Lamartine que recebeu oficialmente os dois pilotos como hospedes do estado do Rio Grande do Norte.
Del Prete e Ferrarin no Rio de Janeiro
As imagens mostram aspectos dos aviadores Ferrarin e Del
Pret no Rio de Janeiro.
A
chegadas dos aviadores italianos ao Campo dos Afonsos.
Nas duas próximas imagens aspectos da assistência que receberam Ferrarin
e Del Prete no hangar do Campo dos Afonsos.
A seguir aspecto
da chegada dos aviadores Ferrarin e Del Pret. Os
aviadores italianos no momento da descida do avião em que completaram o raid transoceânico.
Os aviadores em visita ao monumento erguido a Santos Dumont.
Careta, 11/08/1928,p.16. |
Ferrarin e Del Prete em visita ao túmulo de Augusto Severo, o aeronauta potiguar, morto em Paris em acidente com o balão Pax.
Revista da Semana, 1928,p.20. |
O acidente com o Savoia-Marchetti
e a morte de Del Prete
Partindo
de Natal os pilotos foram recebidos no Rio de Janeiro com todas as honrarias possíveis,
inclusive sendo condecorados pelo presidente da república.Participaram de festas
em homenagem ao feito realizado, viveram dias de glória, que no entanto foram
de curtíssima duração devido a tragédia que ocorreu com os aviadores italianos.
Estavam eles no Campo dos Afonsos na
Ilha do Governador quando resolveram fazer uma demonstração com um novo avião batizado
como Savoia-Marchetti 2 logo após participarem de um almoço em sua homenagem
quando o avião caiu sobre as águas da baia da Guanabara.Estavam no avião além
dos dois pilotos italianos o mecânica brasileiro.
Nas imagens seguinte aspectos antes de acontecer o acidente com os aviadores.A inspeção no avião Savoia Marchetti 2 e no hangar do Campo dos Afonsos, respectivamente.
Careta, 18/08/1928,p.28 |
O
avião mal começou o voo caiu de uma altura de cerca de 40 metros.Os socorros
aos acidentados foram imediatos. Del Prete deu entrada no arsenal da marinha
numa maca da Assistência.Apresentando a maior serenidade, disse ao entrar: “-tenho
ambas as pernas quebradas’.E depois forte com, entusiasmo: -‘ Viva a Italia!”.
Os dois
aviadores eram muito amigos dos três que estavam no no avião, Del Prete foi o
que mais sofreu.Teve contusões e escoriações generalizadas, fraturas em ambas
as pernas.O mecânico brasileiro nada sofreu. Ferrarin teve alguns ferimentos.Os
dois aviadores eram muitos amigos. Ferrarin,cujo estado era lisonjeiro após o
acidente, indagava sempre pelo estado de Del Pretee exclamava várias vezes: “
Carlo, Carlo, pobre Carlo”.
Del
Prete logo no dia seguinte ao acidente, pediu a sagrada comunhão. Depois de
tê-lo ouvido em confissão o monsenhor E. Lari ministrou o viático.
Vitima de um acidente estúpido o
aviador italiano teve os ossos das pernas rompidos pelo choque brutal, a gangrena
invadiu-lhe o organismo, foi preciso fazer a amputação de um perna, mesmo assim
não foi possível salvar sua vida vindo a falecer depois de grande sofrimento no
leito da Casa de Saúde São Sebastião.
Longe da pátria e da família, ele
suportou os transes da sua longa agonia com uma serenidade extraordinária e
constância inigualável.
Del
Prete era um homem modesto e humilde, nada o incomodava tanto (e incomodava a ponto
de o fazer ruborizar-se) do que o elogio aos seus feitos arrojados, declinava
sempre todas as homenagens para Ferrarin, o seu companheiro e amigo.
Ecoou dolorosamente em todo estado a
noticia do acidente em que ficaram gravemente feridos os aviadores que
experimentavam no Rio de Janeiro um novo aparelho Savoia-Marchetti. O povo
norteriograndense acompanhou com vivo interesse, o tratamento dos aviadores e
sentiu profundo abalo com a noticia da morte de Del Prette. (MENSAGENS...,
1928, p.68).
A imagem a baixo mostra o
marujo e escoteiro Armando da Silva Magalhães que salvou Del Prete e Ferrarin
dos escombros do avião nas águas da baia da Guanabara.
Careta, 18/08/1928,p.32. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário