Histórico
O ramal teve inicio na cidade
Lajes no km 140 do trecho ferroviário Natal-Angicos da EFCRGN. A construção do
trecho foi autorizado pelo decreto 11.235 de outubro de
1914.A construção teve inicio no ano de 1916.Após várias interrupções nos
trabalhos foi retomada no ano de 1956 por meio de um convênio entre o ministério
da guerra e viação sendo a obra delegada ao 1º Grupamento de Engenharia do
Exército em junho daquele ano.
O
trecho entre Afonso Bezerra e Macau tem 50 km e foi construído ao valor de Cr$ 73.000,000,00.Segundo o jornal diário de
Pernambuco o sistema ferroviário nacional havia ganhado mais uma ligação de
suma importância dentro do
desenvolvimento nordestino, sendo uma verdadeira aspiração do povo norteriograndense
havia quase um século.
O 1º Batalhão atacou os serviços em julho de
1956 concluindo precisamente 4 anos depois dentro dos limites do recursos que
anualmente foram dados pelo orçamento do governo federal. Conforme o jornal
Diário de Natal deslocou-se para o município de Afonso Bezerra um contingente
de 100 homens do Batalhão do Serviço de Engenharia do Exército, sob o comando
do capitão engenheiro Jeferson Bastos. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 22/07/1956, p.21)
A esse contingente será confiada a
tarefa do reinicio dos trabalhos de construção do trecho ferroviário Afonso
Bezerra-Macau que há mais de dois anos estavam paralisadas.
O
trecho ferroviário Afonso Bezerra-Macau tem como principal finalidade prolongar
a RFFSA até o importante proto salineiro de Macau interligando-o na RFN, o que
era considerado de grande importância para a economia do Estado.
O sal que é a principal riqueza da
região teria a partir de então novo destino através dos trilhos da RFN
destinados aos centros consumidores.Segundo
o jornal Diário de Pernambuco era esperada a presença do presidente Juscelino Kubitschek em janeiro para inaugurar o
trecho ferroviário entre Afonso Bezerra e Macauzinho. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO,
29/12/1959.p.3), no entanto, o presidente não se fez presente a inauguração.
Sobre a inauguração
As 04h00 da manhã do dia
27/08/1960 o trem conduzindo o vice-governador do estado José
Varela representando o governador Dinarte Mariz, as autoridades, convidados e jornalistas deixou a
estação central da EFSC na Ribeira com destino a cidade de Afonso Bezerra onde
seria iniciada a solenidade de inauguração do novo trecho ferroviário da RFN
entre Afonso Bezerra e Macau com uma extensão de 51,380 km.
O trem especial levava também grande parte dos engenheiros construtores do 3º
batalhão ferroviário comandado pelo Tenente-Coronel Auriz Coelho.
A solenidade em Afonso Bezerra
As 10h25 a composição atingiu a
cidade de Afonso Bezerra sendo recebida com grandes manifestações de entusiamo
pela população local, autoridades municipais presentes, o prefeito Sr. João Batista
Montenegro.
A banda de música municipal
executou a marcha civica a chegada da comitiva.Usaram da palavra o tenente-coronel
Auri Coelho pelo Batalhão de Engenharia e o engenheiro Alimir Braga,
superintendente da RFN que finalizando a solenidade cortou a fita simbolica.( DIÁRIO
DE NATAL, 29/08/1960, p.8).
O
trecho entregue tinha no percurso dois postos telegráficos servindo aos
povoados de Monsenhor Honório no km 18 (antigo Mulungu) e de Soldado Alberino
no km 44 (Macauzinho).Havia a previsão de construção de mais um posto telegráfico
no km 34 (São José).
A inauguração da Estação ferroviária de Afonso Bezerra
Momento da inauguração da estação ferroviária de Afonso Bezerra.Diário
de Pernambuco,30/08/1960,p.13. |
Em 1960 Afonso Bezerra contava com
uma população de 6.669 habitantes.
Logo após a inauguração da nova estação
de Afonso Bezerra, cuja a fita simbólica foi cortada pelo engenheiro Alimir
Braga, diretor-superintendente da RFN houve
uma benção realizada pelo monsenhor Honório e lido o boletim do Batalhão
ferroviário pelo coronel Auriz explicando a finalidade do Exercito junto a
coletividade, saudando em seguida o engenheiro Almir Braga aos construtores e
ao povo de Afonso Bezerra.Terminada a solenidade a administração da RFN seguiu
até Monsenhor Honório , a nova estação que levava o nome do velho pároco de
Macau, com 58 anos de sacerdócio dedicados ao povo daquela região naquela data.
A estação Soldado Alberino
A Soldado Alberino estava localizada no
km 44 (Macauzinho).
Capitulo a parte mais tocante foi a
inauguração da estação que leva o nome do Soldado Alberino, cujo sacrifício de
vida foi reconhecido pelos companheiros do Batalhão Ferroviário, dando-lhe nome
como verdadeiro tributo pelo cumprimento do dever. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 30/08/1960,p.13).
Estavam presentes os pais e irmãos do
Soldado Alberino. O coronel Auriz Coelho muito emocionado externou a família do
soldado a tristeza de todos que aqueles que conviveram com o bravo soldado pela
trágica morte ocasionada pela queda de uma barreira que soterrou o soldado
durante a construção da estação que seria homenageada com seu nome.
Estação Soldado Alberino
O monsenhor Honório
abençoou a nova estação com palavras de
conforto a família do soldado encerrando a solenidade, quando todos os
presentes reverenciavam o jovem militar desaparecido.
Estação Soldado Alberino
A estação Monsenhor Honório
A estação Monsenhor Honório estava localizada no
km 18 (antigo Mulungu).
A
denominação de Monsenhor Honório ao posto telegráfico do km 18 foi homenagem ao
monsenhor Joaquim Honório da Silveira fundador do povoado e grande colaborador
moral e material na construção da estrada. A Câmara Municipal de Pendências por
unanimidade mudou a denominação do povoado de Mulungu para Monsenhor Honório.
A época o monsenhor Honório já contava 82 anos de idade dos quais 56 foram dedicados em prol do bem-estar moral e material da região.Ele era uma pessoa queridíssima pelo povo que o chamava carinhosamente de “meu padrinho Honório”. ( DIÁRIO DE NATAL, 29/08/1960, p.8).
A época o monsenhor Honório já contava 82 anos de idade dos quais 56 foram dedicados em prol do bem-estar moral e material da região.Ele era uma pessoa queridíssima pelo povo que o chamava carinhosamente de “meu padrinho Honório”. ( DIÁRIO DE NATAL, 29/08/1960, p.8).
Abordado pelo jornalista do Diário de
Natal expressou assim o venerando sacerdote: “estou feliz com esta
inauguração.Tudo que traz progresso para Macau é um motivo de satisfação para
mim, filho deste rincão e que tanto o estimo.Agradeço o nome que foi dado ao
antigo povoado de Mulungu e peço a Deus felicidade para todos”. ( DIÁRIO DE NATAL, 29/08/1960,
p.8).
Em Macau
As
12h50 o trem inaugural chegou a Macau.Eis como o Diário de Natal descreveu o
momento da chegada : “Macau se delineou no horizonte com suas pirâmides brancas
de sal enchendo os olhos e os corações de todos que viajavam no trem inaugural”. ( DIÁRIO DE NATAL, 29/08/1960,
p.8).
Num
ambiente festivo, o trem especial da RFN chegou a cidade de Macau.Era o final
daquela jornada ferroviária.Centenas de pirâmides de sal davam uma nota
característica da paisagem da zona salineira do Estado.Após a inauguração da
nova estação , cuja fita simbólica foi cortada pelo vice-governador do Estado.
Na
estação ferroviária de Macau, uma verdadeira multidão aguardava a composição
ovacionando-a delirantemente. Falou na ocasião em nome do povo macauense o industrial
João Fernandes de Melo que em vibrante discurso disse que aquilo era a concretização
de uma das mais justas aspirações do
povo de Macau.Em seguida, o tenente-coronel Auri Coelho agradeceu emocionado a
todos que colaboraram com o Batalhão de Engenharia para a execução daquela
obra.(DIÁRIO DE PERNAMBUCO,30/08/1960,p.13).
A estação de Macau
A estação de Macau
Diário de Natal,1978,p.5. |
Finalizando
a solenidade o vice-governador José Varela foi convidado a cortar a fita simbólica.
As 14h00 no Ginásio Municipal foi
oferecido um banquete pela prefeitura e pelo povo macauense a comitiva presente
aos festejos.
Durante o ágape varios oradores se
fizeram ouvir culminando com a palavra
do dr. Paulo Viveiros que em feliz oração disse que o Monsenhor Honório
era um monumento vivo na história de Macau e falou a relevância do
acontecimento para a economia da região. O retorno da comitiva se deu as 19h00
chegando o trem a Natal na madrugada. (DIÁRIO DE NATAL, 23/08/1960. p.6).
A importância do acontecimento
A
inauguração do trecho Afonso Bezerra-Macau foi um importante acontecimento para
a vida econômica do estado ocorrido no dia 27/08/1960 completando a ligação ferroviária
direta entre Natal e a importante cidade salineira do Rio Grande do Norte.
Mesmo sendo entregue o referido trecho
ao trafego em caráter provisório, a sua inauguração teve importante significação,
não somente para a população de Macau, como para a extensa zona do hiterland potiguar, indicando que aos
poucos iam sendo feitas importantes ligações entre aquela região e a capital
potiguar.
O caráter provisório da entrega do trecho
ferroviário Afonso Bezerra-Macau decorreu conforme esclarecimento do próprio Batalhão
de Engenharia, pelo fato de ainda estarem em vias de conclusões obras
complementares, como o empedramento da linha, a construção de algumas casas
residenciais para o pessoal de conservação d alinha, edificação da parte das
cercas marginais e ainda pequenos acabamentos.
Por
esta razão, o Batalhão de Engenharia continuaria trabalhando ali, uma vez que
as obras estariam concluídas somente no ano seguinte segundo o comandante Auri
Coelho. (DIÁRIO DE NATAL, 23/08/1960, p.8).
A entrega definitiva do Trecho
Afonso Bezerra-Macau
Em
solenidade simples realizou-se no dia 23/04/1962 a entrega pelo Batalhão de
Engenharia ao Departamento Nacional de Estradas de Ferro que por sua vez passou
a responsabilidade de sua administração a Rede Ferroviária do Nordeste-RFN do
trecho de 51 km do trecho ferroviário que ligava Afonso Bezerra a Macau. (DIÁRIO
DE NATAL, 24/04/1962, p.6)
O
Batalhão de Engenharia foi representado neste ato pelo seu comandante o coronel
Norton Chaves, o DNRF pelo engenheiro Bartolomeu Morais e a RFN por uma comissão
presidida pelo engenheiro Waldo Sette.
Esta
comitiva partiu de Natal chegando a Afonso Bezerra as 09h00 em carro de linha
seguindo para Macau onde chegou as 13h00 depois de fazer diversas paradas para
observações e inspeções da linha que se inaugurava.
Este
percurso de Afonso Bezerra a Macau pode ser vencido regularmente num prazo de 1
hora.
A abertura do trafego
O trafego do trecho Afonso Bezerra-Macau foi aberto no dia 01/09/1960 conforme indica o aviso publicado no jornal O Poti mostrado abaixo.
O Poti,1960, p.28/08/1960,p.2. |
Em 1962 os chamados trens motriz já faziam o percurso pelo trecho Afonso Bezerra-Macau conforme a tabela de horários da RFFSA publicado no jornal O Poti em 11/11/1962.
. |
O Poti, 11/11/1962,p.4
Conforme o horário a cima os trens partiam de Lajes as segundas, quartas e sextas e retornavam de Macau as terças, quintas e sábados.
Trem levou 28 horas de Natal a
Macau
Após
a entrega do trecho as coisas pareciam não ser das melhores no tocante aos
serviços de trens de passageiros da RFN.
O
jornal Diário de Natal transmitiu a direção da RFN varias reclamações que
chegaram a redação do jornal a propósito do trem que fazia o percurso de Macau
a Natal, via Afonso Bezerra e que levou na viagem de ontem mais de 28 horas
para realizar o percurso. (DIÁRIO DE NATAL, 14/04/1961, p.8).
As
reclamações todas elas chamavam a atenção que a demora não se prendia ao estado
da linha em virtude das chuvas. Os funcionários da RFN encarregado do comboio
não tiveram os passageiros deixando-os a mercê de sua própria sorte. Acrescentaram
que houve demora inexplicável em várias
estações.Por exemplo: 6 horas na cidade de Lajes para abastecer a locomotiva.
Em Baixa Verde pro outro lado a demora foi de 5 horas.
Pode-se
presumir a situação dolorosa destes passageiros inclusive muitas crianças para
vencer o percurso que em época normal era feito em 10 horas de viagem.
Posso afirmar que morei em Afonso Bezerra justamente nesse período 1959/60 saindo de Baixa Verde onde nasci, e voltando um ano depois ...deixando Baixa Verde para morar em Lages desde 1962 a 1973.
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