Essa é daquelas histórias de arregalar os
olhos e que foi registrada pelo jornal Diário da Noite que tratava da luta do
jovem Francisco Guilherme Ferreira teve com uma onça nas matas da Serra Verde
em Parazinho.
O agricultor Francisco Guilherme Ferreira
foi tratado pelo jornal Diário da Noite
como o herói da Serra Verde em cujas matas lutou com uma onça, e se não a
venceu, ao menos não se deixou abater pela “pintada”.
O caso do homem atacado pela fera naquela
região vizinha a Parazinho ofereceu lances dramáticos narrados pelo próprio
protagonista aos jornais que foram ao seu encontro no hospital para saber os
detalhes dessa aventura no meio das matas do Mato Grande. Vejamos.
O
protagonista
O protagonista dessa aventura foi
Francisco Guilherme Ferreira, um jovem de 24 anos a época, era natural de
Parazinho, caboclo discreto e sobrevivia como jornaleiro. A narrativa
As primeiras perguntas feitas a Francisco
Guilherme dirigidas pelos jornalistas do Diário da Noite foram qual era a onça?
e quantos eram os caçadores?
-Devia ser a “pintada”, respondeu
Francisco Guilerme, porque no seu entender, a “outra” não seria capaz de tê-lo
deixado vivo.
Com ele estavam mais 4 homens que haviam saído
para caçar em noite alta pelo mato a dentro.
Por volta de 01h00 da madrugada estavam
todos de tocaia a espera do bicho e as armas por certo não falhariam.
No local a caça era abundante variadas.Só
não havia mocós onde não existia serrotes, os veados eram comuns e até porco do
mato aparecia com gosto.
- Nós 4 ficamos por ali “marombando”,
disse Francico Guilherme, cada qual no seu ponto esclhido a cerca de 50 braças
de distância do lugar onde os bichos teriam que ficar.
-depois adormecemos, prosseguiu na
narrativa Francisco Guilherme,sem que a principio pressentisse,notei que alguma
coisa estranha me pisava os peitos enfiando as unhas pelo pescoço.
Não tive dúvida. Ainda meio adormecido,
tonto de sono, como se costuma dizer, lancei mão de uma pequena faca que
conduzia e gritei: “pra quem for lá vai faca”...
Na escuridão não me foi fácil divisar o
tamanho da bicha... vi que tinha pulado de cima de mim e corrido. Corrido,
rosando, bravia...
Gritei pelos companheiros. Chegaram os
três.Contei-lhes o sucedido.Ficaram de olhos arregalados, surpreso e amedrontados.Nem
mesmo tiveram coragem aquelas horas de penetrar as tocaias.Estava ferido.Meia
légua, a mais estaria em Parazinho onde vivo.Sou solteiro e não tenho pais.É um
vidão a solta, relatou Francisco Guilherme.
Onça pintada
Os
primeiros socorros
Passei em casa de seu
Abel também morador em Serra Verde e repeti entre os companheiros o ocorrido.Fui
salvo quaser por um milagre, disse Francisco Guilherme.Seu Abel passou-me água
pelos pescoço,pra não haver sangue, e assim fui ter ao rancho onde me
agasalhei.
Logo nas primeiras horas do dia seguinte
muitos trabalhadores junto com Francisco Guilherme fora a pisada da onça e lá
encontram ainda os rastros da “bicha” no mato fechado e pingos de sangue pela
areia.Francisco Guilherme não havia errado a mão em ferir o animal.
-Os dias foram correndo. Eu ia
ficando meio amoletado para o trabalho, preguicento
mesmo e o pescoço inchado, quase a não poder engolir bocado..Aconselharam-me
que viesse ao hospital.Persistir em não sair de lá.Novos conselhos,novos
pedidos.E o pescoço a inchar cada vez mais.não fiz questão.Vim.Estou aqui desde
o dia 11.
Francisco
Guilherme foi imediatamente examinado e fizeram-lhe curativos nos ferimentos
que ficaram quase cicatrizadas durante a internação.
Francisco
Guilerme mostrou as feridas aos jornalistas e estes constaram: “De fato, em
forma de V, cujos vértices se dirigem para a região anti-lateral do pescoço, na
direção da carótida, são de observarem-se, claramente, as escoriações sofridas
pelo herói da tragédia de Parazinho”.
Ficou
internado no Hospital Juvino Barreto em Natal desde o dia 11 até 25/03/1930.
Parazinho está a 111 km de distância de
Natal, na região do Mato Grande e tem uma população de 5 215 habitantes.
Fonte: Diário da Noite,
02/04/1930, p.3.
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