O conhecimento
não tem sentido se não é repassado, por isso compartilho com todos os leitores
do blog um achado fotográfico raríssimo o qual me causou profunda
emoção.Trata-se de uma imagem de um procissão na vila de Extremoz onde é
possível vê a igreja ainda em pé e sendo utilizada para a liturgia.A foto
foi publicada na revista O Malho em 1923.
A legenda da foto dizia que eram romeiros voltando da Vila de Extremoz onde
foram ouvir missa no dia da festa do Santo Padroeiro. Dizia ainda que “junto a igreja existem
as grandes escavações feitas em procura de fantásticas riquezas ali deixada
pelos frades holandeses há anos atrás”.Há dois erros no tocante a nacionalidade dos religiosos nessa afirmação.Primeiro que não era holandeses os religiosos que em Extremoz habitavam mas sim padres da Companhia de Jesus, os chamados jesuítas, que evidentemente não eram frades e sim padres (sacerdotes).
No entanto há a confirmação das escavações que estavam acontecendo no complexo arquitetônico religioso de Extremoz que foi criminosamente destruído pela cobiça e interesse de pessoas que acreditavam que em baixo dos alicerces havia tesouros guardado pelos padres jesuítas.Pura ignorância, pra não dizer estultícia já que sabido historicamente comprovado que os jesuítas foram expulsos do Brasil e tiveram seus bens confiscados pelo Marquês de Pombal e quase não conseguiram navios que os quisesse levá-los de volta a Europa tamanha era a falta de recursos financeiros que a pilhagem de Pombal os deixou, como se diz no bom português estavam com uma mão na frente e outra atrás.
Igreja matriz de Extremoz
O Malho, 08/09/1923, p. |
Em matéria publicada no jornal A
noite em 1915 se dizia que o antigo convento dos padres jesuítas da vila de
Extremoz estava em ruínas (A NOITE, 1915 p. 6). Os padres da Companhia de
Jesus data do século XVII e estiveram presente naquela freguesia até o ano de
1759 quando por decreto do Marquês de Pombal todos os jesuítas foram expulsos
do Reino de Portugal, um ano depois foi criado o município e a freguesia de
Vila Nova de Extremoz[1].
O complexo de edifícios religiosos
erguidos pelos jesuítas constava de uma igreja dedicada a Nossa Senhora dos
Prazeres e São Miguel, um convento anexo a igreja, que era a residência dos
padres, um hospício que à época tinha finalidade diferente do que indica a
palavra, era local de pouso de viajantes, espécie de hospital e abrigo para
pessoas pobres, havia ainda uma cruzeiro em frente a igreja e entre esta e o
cruzeiro uma imensa praça. Tal complexo deu início a vila de Extremoz onde ao
redor dessa igreja surgiram as primeiras casas da vila na margem esquerda da
lagoa.
Atualmente restam apenas algumas paredes da antiga igreja de Extremoz que é tombada como patrimônio histórico.Pela importância simbólica para a história do Rio Grande do Norte e como reparação histórica a Fundação José Augusto deveria fazer um projeto de reconstrução da igreja como foi feito com o Patio do Colégio de São Paulo também dos jesuítas que foi reconstruído e hoje abriga um importante eponto turístico da capital paulista.
[1] A
toponímia deve-se a Estremoz, uma cidade portuguesa no Distrito de Évora, na
região do Alentejo, sub-região do Alentejo Central. Conhecida
internacionalmente pelas suas jazidas de mármore branco, o chamado Mármore de
Estremoz
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