Abaixo a transcrição de um artigo
intitulado ‘o Sul no Nordeste, Baixa Verde e seu progresso’ de autoria do
engenheiro agrônomo Álvaro Ferreira Neves e publicado no jornal A Ordem em 1947.
Baixa
Verde é, sem favor, uma daquelas cidades do Nordeste que podem se alinhar com
outras tantas do sul: ruas alinhadas, calçadas novas, vários prédios novos e
majestosos, outros que estão em construção, inclusive a igreja que é um futuro
belo monumento artístico.
A
Prefeitura Municipal ocupa um belíssimo prédio amplo, moderno, limpo. Ali só se
vê entrar e sair gente de todo o matiz: uns carregando papéis outros de bolsas
e pastas, alguns com talões de impostos com a cara mais feia do mundo...
A
Estação da Estrada de Ferro, ao chegar o Trem é uma espécie de inferno, tal
azafama de gente, vacas, caixões de frutas, tabuleiros, esmoleres, um anegrada
danada a berrar como se estivesse com o diabo na barriga...
Ainda
bem nem escurece a Usina elétrica começa a papoucar, num soluçar gigantesco,
enquanto uma luz magnifica inunda a cidade, fazendo brilhar os seus encantos
como noiva ataviada para as bodas.
Transformaram-se
então os panoramas: famílias que passam para a igreja, namorados que passeiam
de mãos dadas, palestras alegres que se travam nas calçadas, onde as cadeiras
vão se distribuindo a proporção que vão chegando as visitas. Daqui a pouco uma
orquestra animada anuncia o início de um baile, mais além uma reunião familiar
festejando uma aniversário e lá para os lados do mato papouca uma safona
fanhosa como fantasma em noite de assombração... é a alegria que se expande
como justo prêmio de um dia de bem aproveitado.
Visitando
os arredores da cidade fui deparar com um vale cuja formidável verdura
indicou-me logo ser a causa do nome do lugar. Culturas diversas expandiam-se em
toda sua direção, enquanto um fio d’água cristalina precipita-se, desde a margem
da estrada de ferro nas proximidades do Açudinho, de onde se origina, até uma distância
considerável, fartura ali é mato.
Baixa
Verde é dotada de um prédio magnifico onde se acha instalado o Grupo Escolar
Capitão José da Penha. Este modelar estabelecimento é dirigido pela ilustre
professora Maria Guimarães, que alia à sua reconhecida capacidade profissional,
uma superior educação cívica, manifestada para com as colegas, os visitantes e
seus alunos. Entre suas auxiliares destaca-se a professora Maura Santos, que é
uma daquelas capacidades profissionais apaixonada pela profissão [...]. Baixa
Verde és o sul encravado no Nordeste! Em 17/06/1947.
Publicado
no jornal A Ordem em 08/07/1947, p.4
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