terça-feira, 10 de outubro de 2017

Baixa Verde pelo olhar do engenheiro agrônomo Álvaro Ferreira Neves em 1947

           Abaixo a transcrição de um artigo intitulado ‘o Sul no Nordeste, Baixa Verde e seu progresso’ de autoria do engenheiro agrônomo Álvaro Ferreira Neves e publicado no jornal A Ordem em 1947.
            Baixa Verde é, sem favor, uma daquelas cidades do Nordeste que podem se alinhar com outras tantas do sul: ruas alinhadas, calçadas novas, vários prédios novos e majestosos, outros que estão em construção, inclusive a igreja que é um futuro belo monumento artístico.
            A Prefeitura Municipal ocupa um belíssimo prédio amplo, moderno, limpo. Ali só se vê entrar e sair gente de todo o matiz: uns carregando papéis outros de bolsas e pastas, alguns com talões de impostos com a cara mais feia do mundo...
            A Estação da Estrada de Ferro, ao chegar o Trem é uma espécie de inferno, tal azafama de gente, vacas, caixões de frutas, tabuleiros, esmoleres, um anegrada danada a berrar como se estivesse com o diabo na barriga...
            Ainda bem nem escurece a Usina elétrica começa a papoucar, num soluçar gigantesco, enquanto uma luz magnifica inunda a cidade, fazendo brilhar os seus encantos como noiva ataviada para as bodas.
            Transformaram-se então os panoramas: famílias que passam para a igreja, namorados que passeiam de mãos dadas, palestras alegres que se travam nas calçadas, onde as cadeiras vão se distribuindo a proporção que vão chegando as visitas. Daqui a pouco uma orquestra animada anuncia o início de um baile, mais além uma reunião familiar festejando uma aniversário e lá para os lados do mato papouca uma safona fanhosa como fantasma em noite de assombração... é a alegria que se expande como justo prêmio de um dia de bem aproveitado.
            Visitando os arredores da cidade fui deparar com um vale cuja formidável verdura indicou-me logo ser a causa do nome do lugar. Culturas diversas expandiam-se em toda sua direção, enquanto um fio d’água cristalina precipita-se, desde a margem da estrada de ferro nas proximidades do Açudinho, de onde se origina, até uma distância considerável, fartura ali é mato.
            Baixa Verde é dotada de um prédio magnifico onde se acha instalado o Grupo Escolar Capitão José da Penha. Este modelar estabelecimento é dirigido pela ilustre professora Maria Guimarães, que alia à sua reconhecida capacidade profissional, uma superior educação cívica, manifestada para com as colegas, os visitantes e seus alunos. Entre suas auxiliares destaca-se a professora Maura Santos, que é uma daquelas capacidades profissionais apaixonada pela profissão [...]. Baixa Verde és o sul encravado no Nordeste! Em 17/06/1947.

            Publicado no jornal A Ordem em 08/07/1947, p.4

Nenhum comentário:

Postar um comentário