Em matéria publicada no jornal A
noite em 1915 se dizia que o antigo convento dos padres jesuítas da vila de
Extremoz estava em ruinas (A NOITE, 1915 p. 6). Os padres da Companhia de Jesus data do século XVII e
estiveram presente naquela freguesia até o ano de 1759 quando por decreto do
Marquês de Pombal todos os jesuítas foram expulsos do Reino de Portugal, um ano
depois foi criado o município e a freguesia de Vila Nova de Extremoz[1].
O
complexo de edifícios religiosos erguidos pelos jesuítas constava de uma igreja
dedicada a Nossa Senhora do Prazeres e São Miguel, um convento anexo a igreja,
que era a residência dos padres, um hospício que à época tinha finalidade diferente
do que indica a palavra, era local de pouso de viajantes, espécie de hospital e
abrigo para pessoas pobres, havia ainda uma cruzeiro em frente a igreja e entre
esta e o cruzeiro uma imensa praça. Tal complexo deu início a vila de Extremoz
onde ao redor dessa igreja surgiram as primeiras casas da vila na margem
esquerda da lagoa.
As lendas de Extremoz
Desde
os tempos dos padres jesuítas até sua ruina, a antiga igreja de Extremoz sempre
esteve envolta em lendas e crendices populares, como a lenda das sereias
misteriosas e das mães d’águas, aparições sobrenaturais e ocorrências fantásticas
de outras eras.
As
ruinas do convento de Extremoz reluzia sobre as águas plácidas da lagoa rodeado
por quietude e solidão é que davam ensejo a imaginação das pessoas simples, era
uma terra de sonhos e mistérios.
A visão do jovem Joaquim
A
imprensa de Natal estava relatando naquele ano de 1915 a revelação misteriosa
de um jovem que residia nas imediações da igreja de Extremoz. Era Joaquim do
Santos, filho Honório J. dos Santos, segundo o qual, afirmava havia sonhando há
cerca de 3 meses com as lendas dos tesouros de Extremoz, onde ele fora acordado
por desconhecido trajado de preto, que lhe ordenou que escavasse um tesouro que
havia oculto ao lado do convento[2].O
jovem não deu atenção as visões, porém elas se repetiam sempre a noite em
sonhos.
O achamento do túnel subterrâneo da igreja de Extremoz e seus desdobramentos
Foi
então que Joaquim resolveu iniciar as buscas acompanhado de seus irmãos. Ao
escavarem o lugar indicado nos sonhos se deparou com uma galeria, porém, só
encontraram areia fina obstruindo o túnel.
O ocorrido chegou ao conhecimento da imprensa
de Natal que entrevistou o senhor Manoel Leopoldino que possuía uma planta do
complexo religioso dos jesuítas em Extremoz.
Segundo
Leopoldino o túnel subterrâneo do convento de Extremoz havia sido construído pelos
holandeses quando estes dominavam a capitania do Rio Grande em 1654 e era
composta, segundo a planta que estava em seu poder, por 19 quartos, que a
exceção do primeiro e do último quarto, todos os outros estavam cheios de
valores e objetos preciosos. O governador Ferreira Chaves chamou o senhor Leopoldino
a o palácio do governo a fim de prestar maiores informações sobre o ocorrido em
Extremoz, reafirmando que havia em determinado quarto do convento alfaias da
igreja de precioso metal, dinheiro e até armamentos segundo constava na planta
do convento.
O
chefe de polícia, o capitão João Fernandes de Almeida, foi pessoalmente
averiguar o túnel encontrado no subterrâneo do antigo convento de Extremoz, foi
então que os zeladores da igreja protestaram contra as escavações que estavam
ameaçando a estabilidade da estrutura do edifício religioso.
Considerando
que faltava documentos fidedignos sobre os tesouros ali existentes garantiu o direito
de propriedade da igreja, relíquia da fé católica do povo de Extremoz, tomando
providencias para salvaguardar o “tesouro” caso realmente existisse.
As
lendas e as histórias misteriosas continuaram seu curso infindável, já a
estrutura física da igreja sucumbiu a ganância humana por riquezas.
Considerações do autor do blog
O
túnel provavelmente seria uma rota de fuga em caso de ameaça ou invasão a vila
e ao convento, comuns naquele tempo, e não
teria a finalidade de esconder riquezas dos jesuítas que por sinal foram
expropriados de todos os bens que tinham quando se deu a expulsão tendo sido o
desembargador e ouvidor geral de Pernambuco Bernardo Coelho da Gama Vasco o responsável por
executar a sentença de expulsão e de sequestrar os bens dos jesuítas como de
fato o fez, se haviam tesouros dos jesuítas escondidos em Extremoz estes foram
certamente confiscado pelo executor da sentença de expulsão dos padres das terras
de Extremozenses.
O
ocorrido em Extremoz se assemelha ao que ocorreu nos subterrâneos do Castelo no
Rio de Janeiro em tempos idos[3].
enxerto do jornal onde foi extraído a lenda a contada a cima. |
[1] A toponímia
deve-se a Estremoz, uma cidade portuguesa no Distrito de Évora, na região do
Alentejo, sub-região do Alentejo Central. Conhecida internacionalmente pelas
suas jazidas de mármore branco, o chamado Mármore de Estremoz.
[2] O hábito
dos padres jesuítas era preto, terá sido um padre jesuíta aparecido em sonho ao
jovem? sem bem que todos os padres da época, fossem eles jesuítas ou não usavam hábito preto, a excessão dos jesuítas que usavam hábito marrom ou cinza.
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