A
feira do Carrasco
A feira do Carrasco é uma tradicional
feira existente em Natal realizada as quartas-feiras no cruzamento da rua dos
Pegas com a avenida Bernardo Viera no atual bairro de Dix Sept Rosado.
Sua
origem deu-se em vista do grande número de habitantes residentes no Carrasco, então
subúrbio na capital, onde um grupo de comerciantes, tendo a frente os Srs. José
Joaquim de Andrade, Manoel Cândido filho, Pedro Ferreira da Silva, Aprizio Joaquim
de Oliveira e Francisco Lourenço dos Santos, que estiveram com o Prefeito da
capital pleiteando a instalação nas quartas-feiras, de uma feira livre naquele
local.
A ideia teve o pleno apoio do prefeito de
Natal, que por sua vez havia dado autorização ao fiscal geral da prefeitura
para fazer inaugurar no dia 07/02/1945, a feira do Carrasco.
Para
o jornal a Ordem prestava-se, assim, mais um grande benefício a população do
Carrasco, e as pessoas residentes nas circunvizinhanças, perante a bem
avantajada distância que as separava da
feira do Alecrim (A ORDEM, 01/02/1945, p.6).
Convém lembrar, nesta altura, que é bem
animador o movimento religioso no Carrasco, tanto assim que está ampliando a
capela São Sebastião, uma vez que a mesma se torna pequena para conter o grande
número de fiéis que a frequentam. (A ORDEM, 01/02/1945, p.6).
A inauguração
A
edição do dia 08/02/1945 do jornal A Ordem registrou a inauguração da feira do
Carrasco ocorrida no dia anterior.Segundo o referido jornal foi graças ao espírito
de iniciativa de um grupo de comerciantes conterrâneos, e ao apoio dado pelo
prefeito da capital que “foi inaugurado, ontem, a rua Baraúna, no trecho
popularmente conhecido por “Carrasco”, a feira livre daquele populoso subúrbio natalense”
(A ORDEM, 08/02/1945, p.6, aspas internas do original). O jornal registrou
ainda que a instalação da feira, ali, fez-se sob os mais entusiásticos auspícios,
pois, foi avultadíssimo o número de pessoas que a ela compareceu, o que bem
demonstrava o quanto traria a feira de benefícios às pessoas residentes
naquelas imediações (A ORDEM, 08/02/1945, p.6).
A
feira do Carrasco funcionaria todas as quartas-feiras (A ORDEM, 08/02/1945, p.6).
Rua dos Pegas onde ocorre a feira do Carrasco
Aspectos da feira do Carrasco
O bairro do Carrasco
Um
dos bairros ou subúrbios da cidade que estava crescendo aos pulos era o
Carrasco segundo o jornal A Ordem em 1946.
Dizia
o jornal que não se sabia exatamente a origem do seu nome, mas sem dúvida se
referia a vegetação rasteira que deveria ter sido sempre a característica
daquela região natalense.
Era
a zona mais afastada da Capital a época citada, situado nas proximidades da
estrada dos viajantes que vinham do sertão, “naquela tão perigosa marcha para
as cidades com o consequente abandono dos campos, é para onde se inclinam os
mais pobres a morar” ( A ORDEM, 10/06/1946,p.4) devido a maior soma de
facilidades encontradas ali como: terrenos mais em conta, aluguéis de casa, etc
dizia o jornal citado.
Ainda
para o jornal A Ordem outro fator para o crescimento do bairro do Carrasco foi
o fato de que “com a guerra e as grandes obras de Parnamirim, foi vertiginoso o
aumento de densidade de casas” (A ORDEM, 10/06/1946,p.4). E mesmo, passado o “rush” ainda continuavam as construções,
de toda espécie, não havendo da parte da prefeitura maiores exigências.
Nisto
vai uma censura, dizia o jornal A Ordem, “pois, é justo que se facilite até
certo ponto a construção de casas para gente pobre.Mas, o que nos parece que
urge fazer-se, é um plano de arruamento, a fim de evitar que fique a situação
de tal forma que vá custar, anos depois, uma fortuna em desapropriações” ( A
ORDEM, 10/06/1946,p.4).
Do
lado da estrada das Quintas para dentro já as casas estavam ficando mais ou
menos desarrumadas, sendo oportuno providenciar-se enquanto é tempo. “É uma
sugestão que fazemos ao ilustre prefeito da Capital” dizia o referido jornal (A
ORDEM, 10/06/1946, p.4).
Mas,
o Carrasco precisava de outros cuidados, segundo o mesmo jornal, de ordem sanitária e de ordem moral-religiosa.
Já tinha no bairro uma escola. Mas precisa a de assistência sanitária, “a fim
que uma população boa e honesta não se deixe seduzir pelas mentiras comunistas,
como está sucedendo”. (A ORDEM, 10/06/1946, p.4).Gente pobre e sem instrução,
carente de serviços públicos era o terreno fértil para o ataque comunista sobre
as mentes da população daquele lugar.
Em 1947 o Carrasco já figurava como um
dos 11 bairros da Capital potiguar. Os seus limites, segundo o jornal A Ordem eram:
ao norte pelo trecho da Avenida Bernardo Vieira desde o cruzamento com a
Estrada de Ferro Central até o cruzamento com a rua Romualdo Galvão. Seguindo
por esta rua ao sul até a Avenida Capitão-Mor Gouveia e continuando por esta
última em direção ao oeste indo encontrar a Estrada de Ferro Natal-Nova Cruz[1] por onde prosseguiria em
direção ao norte até o cruzamento da Avenida Bernardo Vieira donde partiu. (A
ORDEM, 06/10/1947, p.4).
A primeira escola do bairro do Carrasco
foi a Escola Isolada Getúlio Vargas.
Em 1947 deu-se inicio pela Ação
Católica de Natal a construção do abrigo
Bom Pastor para “mulheres descaídas”.O abrigo daria mais tarde nome ao atual
bairro do Bom Pastor.
[1]
A época só havia uma ferrovia cortando a capital potiguar devido a fusão em
1939 das duas que havia que passou a chamar-se unicamente de Estrada de Ferro
Central do Rio Grande do Norte, tendo sido o trecho Natal a Nova Cruz sido incorporado
a aquela.No entanto, no entendimento popular era como se houvesse duas
ferrovias distintas, por isso se citava os nomes das ferrovias como assim
fosse.
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